Purple Light escrita por Isa


Capítulo 27
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Olá amoressssss
GRANDES EMOÇÕES!!! Só digo isso.



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POV OFF

 

Nina ficou encostada em um balcão no quarto enquanto Anne levava Harry até o banheiro para se trocar e começar os exames. O hospital parecia mais um hotel. Era luxuoso e quase reconfortante, mas aquele cheiro de álcool não enganava ninguém.

Ela estava totalmente desconfortável com a situação, mas não iria embora.

 

Anne fechou a porta do banheiro e lançou-lhe um olhar desafiador arqueando a sobrancelha.

 

—Nos conhecemos? – ela sussurrou

 

—Já disse, tudo o mais real possível. – Nina desviou o olhar não querendo olhar para ela.

 

—Não sabia que estaria com ele. Mas uma hora ia ter que acontecer, não é? – Anne parou ao seu lado se referindo ao encontro das duas e soltou um longo suspiro – Não achei que seria tão difícil.

 

Nina finalmente a olhou com um sorriso satisfeito.

 

—Mentir na cara dele? Bem-vinda a minha vida – um lampejo de ira passou por seus olhos, mas no momento em que Anne a encarou de novo ele sumiu. Os olhos de Anne quase gritavam de angustia. – O que são esses exames?

 

Anne apertava as próprias mãos em frente ao corpo inquieta.

 

—O neuro não encontra uma razão para cegueira, então tudo no cérebro de Harry é imprevisível. – Sua voz falhou por alguns segundos – Pode ser que em um desses exames apareça algo que mude tudo, e que os médicos consigam faze-lo enxergar de novo – o coração de Nina se encheu de esperança ao mesmo tempo que os olhos de Anne não seguraram suas lagrimas – Ou ele pode simplesmente ter algo mais grave. – um nó se formou na garganta de Nina – O ideal seria fazer esses exames de seis em seis meses, mas Harry se recusa. Então fazemos sempre perto da data que aconteceu. – Anne soluçou – Ele me mantem afastada porque eu sei o quanto sofre com tudo isso.

 

Nina sabia exatamente do que Anne estava falando. Por mais que as coisas estivessem melhores, nas últimas semanas ele estava extremamente abatido e por mais que não falasse a verdade pra ninguém era nítido o quanto aquilo mexia com ele. E ela nunca se perdoaria por ter ficado tanto tempo longe.

 

—Mas com você é diferente – Anne sorriu de leve – Ele não te afasta e você ameniza todo o sofrimento, Nina. Sei que talvez não entenda, mas colocar você na vida dele foi a melhor coisa que eu podia fazer por ele.

 

Então, pela primeira vez em todos aqueles meses Nina enxergou Anne como uma mãe devastada ao seu lado, e não simplesmente como a mulher mais manipuladora e odiável do planeta.

Pela primeira vez entendia todo o desespero que a fez recorrer a ela e a toda aquela farsa, e seus olhos também se encheram de lágrimas.

Ela não pensou antes de abraça-la e a apertou o mais forte que pode. Nina podia não entender antes, mas hoje via tudo. Convivia com as dificuldades de Harry, suas inseguranças, suas dores.

Estava conectada a Anne de um jeito que talvez nunca mais pudesse deixar de estar. Ambas sofriam pelo simples fato de ama-lo, e fariam tudo por ele

 Elas se soltaram sorrindo entra lágrimas uma para a outra. Naquele olhar silencioso trocavam muito mais do que apenas compreensão, mas um novo carinho que crescia e uma gratidão imensurável.

 

—Você o ama? – o sorriso de Nina se tornou triste com a pergunta de Anne e antes que pudesse responder a porta do banheiro se abriu.

 

Elas tentaram se recompor rápido limpando as lágrimas e Niall entrou no quarto também.

Ele arqueou a sobrancelha e as duas fizeram sinal para que não comentasse nada.

 

—E o café? – Nina perguntou e Niall deu de ombros

 

—Não achei.

 

—Puta merda!! – ela reclamou batendo as mãos do lado do corpo e Anne riu ajudando Harry a chegar até a cama.

 

—Eu vou pegar – ela foi em direção a Niall e o puxou pelo braço

 

—Acho que eu vou junto né? – ele riu saindo pela porta, Nina gargalhou.

 

Então foi até a cama sentando-se de frente para Harry. Ele sorriu quando percebeu sua aproximação. Acariciou sua perna e indagou:

 

—Como foi o interrogatório?

 

Ela sorriu.

 

—Nada que eu não dê conta. – Um dos cantos da boca de Harry se curvaram para cima junto com a testa franzida. Estava curioso e Nina se divertiu – Minha boca é um tumulo.

 

Harry deitou a cabeça nos travesseiros derrotado.

 

—Vocês mulheres... – Suspirou

 

 

 Foi um longo dia no hospital entre o raio-x, ressonância, tomografia e exames de sangue para no final o médico ainda levar uma hora dizendo que não havia nada de errado, mas também nada certo.

A situação de Harry era a mesma.

Anne apertou a mão de Harry assim que ouviram a noticia e no mesmo instante maxilar dele travou. Ele estava exausto e sabia que ela estava prestes a chorar ali, no fundo Anne sempre esperava por uma melhora.

No fundo talvez ele também.

Anne se ofereceu para leva-lo para casa, mas ele a dispensou.

Ela o abraçou forte quase não conseguindo segurar mais o choro. Deu um beijo em Niall e abraçou Nina também deixando um pedido silencioso para que cuidasse de seu menino.

 

Eles esperaram o carro e Nina tinha a impressão de que Harry despencaria a qualquer momento, ele parecia tão fraco, tão frágil. Sua respiração parecia mais lenta e não dizia uma palavra se quer. Quando finalmente estavam no carro ela perguntou talvez pela quinta vez se ele estava bem e ele se limitou a balançar a cabeça devagar.

Nina ficou angustiada com aquilo tudo. Queria poder melhorar as coisas como antes, mas não sabia como. Harry estava carregado demais, então pensou no que costumava fazer quando se sentia terrível e finalmente um lampejo passou por sua mente.

 

— JÁ SEI! – ela gritou do nada assustando os dois

 

—Puta merda, larga de ser maluca! – Niall a estapeou e ela riu

 

—Quero levar você em um lugar – ela disse para Harry que sorriu extremamente fraco sem dizer nada.

 

—Nina... – Niall balançou a cabeça negativamente, super preocupado. – Ele precisa descansar.

 

Nina mordeu o lábio inferior pensando que talvez não devesse insistir, mas realmente achava que aquilo ajudaria.

 

—Vai ser bom – ela queria convencer mais a si mesma do que a Niall

 

—Vamos – Harry disse baixo, sem emoção alguma, mas arrancou um sorriso dela só por ouvir sua voz rouca e arrastada.

 

—Liga pra Lay – ela pediu para Niall – Avisa que estamos passando para pega-la.

 

—Para onde vamos? – Harry perguntou e Niall a fitou curioso. Ela então abriu seu melhor sorriso, Niall desejou que o amigo pudesse ver aquilo.

 

—Nós vamos ver o mar!

 

 

 

Layla entrou no carro com um bico maior que qualquer coisa. Fechou a porta e não olhou para Nina, assim como ela também não olhou para Layla.

Lay colocou a mão no ombro de Harry.

 

—Você ta bem? – ele balançou a cabeça e Nina revirou os olhos com ato de Layla que não se importou e sussurrou para Niall – Para onde vamos?

 

—EU sou a motorista – Nina finalmente olhou no retrovisor – Se quer saber onde vamos pergunte a mim!

 

—Não quero falar com você – Layla provocou e Nina forçou uma gargalhada sarcástica.

 

—Ah, você não quer falar comigo? Cria vergonha nessa cara, Layla!

 

—Acha pouco o que disse pro Niall?

 

—Você MERECEU – Nina deu de ombros e Niall tampou o rosto

 

—EU? – Layla gritou e Nina encostou o carro.

 

—Contou pro Harry do Kyle! – ela apontou e Layla se sentiu culpada – NÃO TINHA ESSE DIREITO!

 

—Eu não contei – se defendeu – Mandei ele perguntar, é bem diferente.

 

—Vai se ferrar, Layla! – Nina saiu com o carro de novo e Layla cruzou os braços olhando para o lado de fora.

 

Meia hora de um silêncio constrangedor se passou, então Layla não aguentou.

 

—ME DESCULPA, TÁ LEGAL? – ela gritou assustando Niall e Harry assim como Nina tinha feito

 

—CARALHO! – Niall gritou de susto

 

—Me desculpa também – diferente de Layla Nina quase sussurrou, mas sorria para Lay pelo retrovisor. Ela sorriu de volta e as duas começaram a rir sozinhas.

 

—Vocês são loucas – A voz de Harry saiu como um sussurro e o sorriso de Nina sumiu. Continuava preocupara, e talvez não tivesse sido a melhor ideia.

 

A viagem de Londres até a praia de Holkham era de mais ou menos 2:43h, mas valia a pena.

Nate tinha um apartamento pé na areia e a praia era praticamente deserta.

Harry dormiu quase o resto da viagem, mas assim que Nina estacionou ele se ajeitou no banco vagarosamente.

 

—Vão abrindo o apartamento – jogou a chave para Niall e não se demorou, seguiu com Harry pelo caminho que daria na praia. Ela parou assim que chegaram a um deque que separava a grama da areia. – Daqui pra frente é areia. – explicou

 

—Quer me explicar o que é pra isso ser? – ele perguntou sério. Aquele não era seu dia preferido, estava cansado e sentia dor em lugares que nem sabia que tinha. Estava ali por ela, mas sentia uma necessidade imensa de se deitar.

 

—Quando eu me sinto mal, quando tudo dá errado... – suspirou – Eu venho pro mar.

 

—Nina... – ele ficou bem desanimado e ela apertou seu ombro e disse animada:

 

—Você precisa do mar!

 

—Não acho uma boa ideia – ele não se sentia nada confortável com a situação. – Hoje, excepcionalmente, sou mais cego do que nunca e, aparentemente, continuarei sendo pelo resto dos meus dias.

 

Estava magoado. 

 

—Me dá a Berta – Nina o ignorou por completo

 

—Berta? – ele não entendeu

 

—Sua bengala – ela explicou, tomando-a para si – Lydia, resolveu que ela deveria ter um nome. Decidimos que é Berta.

 

Ele finalmente riu de verdade naquele dia pavoroso.

 

—Eu gosto de Berta.

 

—Sabia que ia gostar. - ela ficou satisfeita por aquele sorriso – Agora tira a roupa.

 

Ele esperou alguns segundos achando que tinha ouvido errado, mas não.

 

—Você é louca! – gargalhou

 

—Já estou sem roupa, Harry, anda. – ela o acelerou e por alguns segundos ele teve que se concentrar em não ficar excitado com aquela informação.

 

Nina o ajudou a tirar as botas, depois a calça e finalmente o casaco e a blusa. Ele ficou só de boxer preta. E ela deu uma boa olhada em seu corpo tatuado.

Ela já tinha visto Harry sem camisa diversas vezes e outra milhares já tinha parado para admirar as tatuagens e suas singularidades, mas nada ali jamais perderia a graça pra ela. 

 

—Isso é injusto – ele disse tirando-a do transe

 

— O que? – ela perguntou segurando em seu braço

 

—Acha que eu não senti a checada que você deu no meu corpinho?

 

Nina riu nervosa

 

—Cala a boca. – Harry se limitou em molhar os lábios esperando por seus comandos – Pronto?

 

—Não. Ainda acho uma péssima ideia.

 

—Vamos descer um degrau – ela avisou e desceram.

 

Harry sentiu a areia em seus pés pela primeira vez em dois anos.

Era mais complicado de andar, mas a sensação era boa. O cheiro do mar, seu som. Nem mesmo sabia que tinha sentido falta disso.

A areia ficou mais firme e ele sentiu a água gelada bater em sua canela fazendo seu corpo se arrepiar por inteiro. Continuaram e quando uma onda se chocou contra eles Harry quase perdeu o equilíbrio. Segurou firme em Nina puxando-a para ele.

Ela o envolveu com seus braços e Harry pode sentir sua pele nua e quente chocando-se com a dele. Todo seu medo do mar desapareceu quando ele começou a prestar atenção no quão perto dela estava.

 

—Tudo bem. – Nina respirou fundo – Foi só uma onda.

 

Eles conseguiram chegar mais no fundo e não se contentando Nina o fez mergulhar com ela.

Podia parecer idiota ou loucura, talvez fosse altamente influenciável por Nina, mas Harry sentiu todo o peso de seus ombros sendo lavado pela água salgada.

Sentiu seu aperto no peito ir embora, sua frustração com aqueles benditos exames, sua raiva por ter que passar por isso, por ter que fazer as pessoas que amava passarem por isso. O ódio por ter sido ele naquele acidente, por ter perdido tudo o que mais amava fazer, pela sensação de ter se tornado um nada. TUDO, absolutamente tudo pareceu sair de uma vez e quando submergiu pela segunda vez percebeu que estava soluçando.

Suas lágrimas se misturavam com a água salgada e ali ele percebeu que não queria mais sofrer por aquela merda o resto da vida.

Nina não soltou sua mão nem por um segundo e em um determinado momento não aguentou simplesmente continuar ali apenas olhando-o. O envolveu em seus braços de novo como se seu abraço pudesse curar toda a dor que nele habitava.

 

—Poe tudo pra fora – ela sussurrou – Você vai ficar bem. Nós vamos ficar bem. 

 

Ele desmoronou nos braços de Nina, a apertando contra ele como se sua vida dependesse disso. Eram lágrimas de tristeza, mas lhe traziam uma paz a muito esquecida.

 

—Tudo bem. - ela o apertava tanto quanto ele.

 

 

Então ela se afastou limpando seu rosto com uma mistura de água do mar e lágrimas. Harry pareceu se acalmar com seu toque, prestando atenção em cada movimento dela. 

Nina segurou a nuca de Harry com uma de suas mãos e pousou a outra em sua bochecha contornando seus lábios com o dedo. 

Estava hipnotizada por aquele homem completamente exposto a ela. Os olhos verdes de Harry brilhavam com o que ainda restava dos raios do sol, seus cabelos estavam bagunçados com alguns fios soltos no rosto, e seus lábios rosados atraindo-a mais do que nunca.

A respiração de Harry tomara a mesma forma da de Nina, levemente descompassada, mas tranquila.

As enormes orbitas esverdeadas de Harry pareciam se encontrar com as dela, pareciam poder ver até mesmo sua alma, e antes que percebesse seus lábios macios tocavam os dele.

 

 

Harry ficou alguns segundos sem reação, mas quando a sentiu suspirar entre seus lábios soltou uma das mãos da cintura dela e a levou até sua nuca para não deixa-la fugir dessa vez, e a beijou de volta.

O beijo era exatamente o que Harry precisava ali. Os lábios macios e firmes de Nina contra os dele enquanto suas línguas começavam a acariciar uma a outra. O cheiro do mar e o calor do sol tocando suas peles maximizava toda a paz que crescia dentro dele.

 Então ela separou o beijo o deixando apreensivo por alguns segundos, mas logo o envolveu em um abraço de novo. Deitou a cabeça em seu ombro e deixou-se ser envolvida por ele também.

De repente o mundo pareceu parar e nada que não fosse aquele momento parecia suficientemente importante para tira-lo dali.

 

 


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Notas finais do capítulo

PRIMEIRO BEIJO, MIGSSSS!!!
Como será que as coisas vão ficar agora? Nina vai encara essa?
Me contem o que acharam. Estou esperando comentários!
Beijinhos



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