A Aurora de Castelobruxo - A Harry Potter Story escrita por ThaylonP


Capítulo 4
O Transporte Inusitado




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O dia chegara. Aurora não poderia estar mais nervosa. Aquele, de repente, tornou-se o momento mais esperado em toda sua vida. Sua primeira ida até Castelobruxo, primeiro dia de aula. Tentava não parecer apreensiva, o que era complicado por causa do falatório de Emília, que não parava de dar dicas de coisas à fazer e não fazer. A mesma nunca tinha ido para lá, mas se achava no direito de dizer o que quisesse. E, é claro, que absolutamente qualquer coisa que a boneca dizia, estremecia a garota de cima até embaixo.
Ela havia trocado de roupas diversas vezes. Porém, próximo ao horário de partida, decidiu pôr a camisa branca, suas galochas marrons e um shorts jeans. O verde em seu uniforme, era um quimono, semelhante a um cardigã. A cor se assemelhava a uma jade, e o tecido ainda continha diversas inscrições estampadas. Estou pronta, pensou, porém logo viu-se querendo trocar as peças outra vez.
Quando desistiu, faltando dez minutos para a partida, recolheu seus materiais escolares, que embora fossem um bocado e pesadíssimos, cabiam misteriosamente numa bolsa lateral. Magia poderia ter resolvido tanta coisa na minha vida, pensou Aurora, logo considerando se havia vivido tanto assim.

— Vamos filha, está na hora – disse o pai, a chamando para a sala de estar.

Ela saiu quarto afora, vendo o sr. Magalhães acompanhado de Emília, segurando um pequeno saco que parecia ter algo leve como conteúdo. Claro, que o pai n°1, naquela despedida, estava com os olhos totalmente lacrimejantes, observando o grande passo que Aurora dava. E isso, estava a deixando nervosa.

— Minha filha, está crescendo – disse ele, enxugando o olho com um lenço preparado.

— Nossa, que chorão – Emília disse.

Nada daquilo continha a ansiedade da menina. Imaginava que se passassem vinte e cinco elefantes em sua barriga, não sentiria a mesma pressão do que aquele momento.

— Vamos lá – disse o pai, limpando a última gota. - Você vai até a Estação com isso – apontou o saco. - É pó de Flu. É simples. Vou lançar nos seus pés e você diz, bem claro, Estação Equina Novecentos. Entendeu?

Faltavam apenas mais dois minutos para o transporte da mesma, então simplesmente concordou com a cabeça, pensando na execução das palavras. Não sabia o que aconteceria caso errasse, portanto repetia a frase sem parar em seu cérebro.

Estação Equina Novecentos. Estação Equina Novecentos. Estação Equinacentos. Estaquina Novecentação. Equicentação.

Tudo começava a se confundir. Enquanto ela ainda retornava a memorizar a sentença, bateram à porta de entrada seguidas vezes.

— Ei, gente, abre aqui. Perdi minha chave – disse a voz masculina.

O timbre era reconhecível demais. Era seu pai n°2. Havia chegado da viagem de modelos mais cedo, porque segundo o pai n°1, ele chegaria no Domingo e não no Sábado.

— Aurora! - sussurrou o pai. – É seu pai! Eu ainda não contei a ele que deixei você fazer aulas em Castelobruxo – disse ele.

— Você o quê? - começou o protesto.

— Ai, que drama – resmungou Emília, também sussurrando. - Não sou paga para essas coisas não…

— Tem alguém em casa? - gritou novamente o pai n°2.

— Droga… droga… temos que nos apressar – afirmou o pai.

— Ei! Alô? - novamente, o outro pai, impaciente.

— Aurora, vai! Espera… antes tenho que falar algumas coisas. Eu tinha um discurso pronto… - reclamou o sr. Magalhães.

— Gente, sério, abre aí! Estou cansado da viagem. - bateu novamente à porta.

— Filha, pensa positivo. Nada de namorar. Preste atenção às aulas. E mais uma coisa… - preparou o pai. O relógio à parede já batia às 15 h. - Não irrite as C…

— Ah, que demora! - Emília saltou da mão do pai, recolheu o pó e disparou aos pés de Aurora.

A menina teve tempo de gritar a frase, meio incompleta e embolada, e a frase do pai se perdeu em meio ao fogo amarelo que surgiu em volta de si. Sentiu cheiro de fuligem e de brasas recém-apagadas. Novamente, as chamas irradiaram à sua frente e ela caiu sentada em uma lareira de tijolos. Não conseguiu entender absolutamente nada do que presenciara e do que experimentara. Apenas havia chegado, seja lá onde a Estação Equina Novecentos era.
Logo, percebeu do que se tratava. A estrutura era moderna, com diversos arcos transversais e paralelos de metal reforçado que sustentavam o imenso teto abobado sobre sua cabeça. Se assemelhava a uma estação de trem, porém mais iluminada e moderna. Os números que marcavam as plataformas não existiam, apenas uma grande fila cheia de pessoas com vestes verdes, que ficava entre um lado e outro do local, com uma fenda característica no meio. A fenda era repleta de cascalho como as de trem, porém a falta de trilhos fez a mente de Aurora imaginar que tipo de transporte se tratava. Havia, além disso, estruturas metálicas com visores, que sinalizavam com bandeiras verdes e vermelhas. Os alunos de Castelobruxo, cochichavam, brincavam entre si e conversavam sobre o novo ano que se seguiria, todos animados e alguns, acostumados com o ambiente.
A viagem até ali havia gerado alguns danos. As roupas da garota, tão bem escolhidas a dedo, agora estavam cobertas de manchas negras de carvão, inclusive, seu rosto estava também repleto delas. Seu cabelo louro amarrado, lotado de cinzas que cheiravam a cigarro molhado. Sacudiu suas vestes, pretendendo limpá-las, porém viu algo que chamou sua atenção no momento. A via vazia, que se mostrava em vala, agora fazia um barulho ensurdecedor. Assemelhava-se a um terremoto, assustando a garota um bocado. As placas que sinalizavam o impedimento em vermelho, estavam verdes, liberando a passagem. A fila de Castelobruxo, diminuiu, pois uma dezena de cavalos com cavaleiros montados passaram zunindo pelo local onde deviam estar os trilhos. Ao reparar mais atentamente, Aurora notou um detalhe fantástico: nenhum dos cavalos possuía cabeça; apenas um bloco de chamas que ventava em alta velocidade pelos galopes intermitentes dos equinos. Todos possuíam cores distintas, variando do castanho escuro até o completamente negro. As rédeas, que deveriam estar ligadas à boca dos animais, iam até o vazio do fogo que vazava dos pescoços.

— Eu não… - a menina segurou as palavras.

— …acredito – disse um menino ao lado dela, completando sua frase.

Gorducho, bochechas vermelhas, cabelo ondulado rente aos ombros, indicavam que era Matheus, surpreso e também repleto de fuligem e sujeira de chaminé.

— São Mulas… - tentou confirmar, ainda em choque.

— ...sem cabeça. Acho que sim – disse ele, se aproximando. Ao notar a sujeira que envolvia a menina, continuou. – Nossa, você está péssima! O que aconteceu?

— Não é algo que se diga a uma garota, não acha? Mas… foi a viagem com o pó de Flu – respondeu, limpando suas vestes com pequenas batidas.

Ele a auxiliou, recolhendo sua pequena bolsa onde (ainda) inacreditavelmente cabiam todas as malas da menina. Aurora, fazendo o máximo para manter-se menos suja, viu que atrás de Matheus havia um malão marrom com uma gaiola em cima. Dentro da proteção ferrosa estava Chico, o mico preto, que agitado, sacudia as grades feito louco.

— Eu não estou sujo por milagre! - comentou, devolvendo a bolsa lateral à garota. – Minha Emília quase dormiu enquanto jogava o pó em mim.

— Sério? - Aurora arriscou uma gargalhada. – Seria do feitio dela, com certeza!

Apesar do nervosismo da dupla, estavam conseguindo compartilhar o momento de brincadeira, porém quando uma outra dezena de criaturas com pescoço vazio despontou no horizonte cavalgando, a ansiedade afetou os dois.

— Acho que… estamos por nossa conta… – gaguejou, arrastando uma mecha loura para trás da orelha.

— É… aventura… vamos lá! - confirmou, com falsa empolgação.

Os olhos apertados não mentiam. Os calouros compartilhavam a mesma sensação de apreensão e as borboletas no estômago podiam ser vistas até por pessoas sem conhecimento em magia.

— Como será lá? - a garota perguntou, se animando com as possibilidades. - E os aposentos? E as aulas? Será que vão ter dragões?

— Dragões? - Matheus estremeceu.

Já lhe parecia difícil carregar duas malas ao mesmo tempo, então o simples ato de considerar criaturas com asas de morcego e corpo de serpente voando pelos ares, era irreal. Mas dizer que algo era irreal, era irreal.
A fila diminuía sempre que os equinos partiam. A velocidade impressionava, muito acima de um cavalo de corrida, quase incendiando o chão onde passavam. A lufada de ar incomodava os dois novatos, mas o resto dos veteranos mal se movia. A cavalgada seguia até um clarão que entregava a passagem para fora. O tremeluzir do ar cortante dificultava a visão, porém ao lhe surgirem tons de verde, ela suspeitou que depois dali havia uma floresta.

— Quanto tempo vai demorar ainda? - questionou Matheus, batendo o pé repetidas vezes no chão, enquanto a fila diminuía mais um pouco. - Eles só estão saindo. Queria saber o tempo que vamos demorar para chegar em Castelobruxo – sua fala ficou confusa quando iniciou a roer a unha de seu polegar, contorcendo a mão inteira para angular as mordidas. - E se a gente se perder? Eu nunca cavalguei na vida! Não faço ideia do que fazer! Como eu, sei lá, peço para ele parar? Como eu vou mais rápido? Ou devagar? Não vai dar para parar! Aí posso bater em um poste ou sei lá! E se o bicho passar da escola? Ah não! Não posso passar! Os materiais foram caros! Não vai dar. Não vai dar Aurora!

As mãos lotadas de dobras suavam e os olhos estavam tão arregalados que a menina pensou que saltariam para fora.

— Matheus, tenta relaxar, por favor! - encorajou-o, fazendo um trabalho em dobro, pois primeiro encorajava a si própria. - Ficar nervoso só piora!

Verbalizar o óbvio foi eficaz. Para ambos. Agora, Aurora só queria matar sua curiosidade sobre todo o mundo bruxo.

— Tente ser mais positivo, o.k.? - incentivou, mais confiante.

— Tudo bem – suspirou ele.

A tentativa de recobrar a coragem foi cortada pela falta de pessoas à frente dos dois. A vez deles havia chegado. Foram dirigidos para baixo, por uma escada, em direção a área de partida, onde iriam, de fato, montar nas criaturas. Haviam vários, postos em linha, vindos de um outro lado da passagem e cada um teria que subir em um, na respectiva ordem da fila. O primeiro, foi ocupado por Aurora, que respirou fundo ao ver a falta de cabeça do animal.

— Rédeas? Rédeas? - perguntava-se, vasculhando o lombo da sua montaria.

As rédeas surgiram à mão da garota sem ela saber como. Como se a cabeça da criatura houvesse cuspido a corda de cânhamo que se ligava em lugar nenhum. Ela olhou para o lado, avistando alguns cavaleiros preparados, e outros, como Matheus, inexperientes, desajeitados e confusos.

— Atenção – uma voz ecoou pelo pequeno espaço onde estavam. – Bem-vindos à Estação Equina Novecentos. Segurem-se firme. Os Equiros sabem perfeitamente o caminho para a escola. Apenas deixem eles conduzirem. Se, por algum triste acaso - a voz doce e gentil passou para uma melancolia marcada -, desviarem o caminho… - a voz pausou o discurso. - Bem, boa sorte!

A pequena bruxa estranhou, porém ouviu Matheus gritar um protesto choroso.

— Vamos… - Aurora disse, rangendo os dentes e segurando firme.

Havia na frente deles, apenas o negro dos pontos de partida. Algo cobria a visão exata da rota. Aurora olhou para baixo, tomando forças. Os cascos dos equinos liberavam brasas como a aceleração de um motor. A loura trincou os dentes e a porta elevatória subiu alguns centímetros.

— Deixe-os seguir – repetiu as palavras da orientadora, controlando os nervos.

As criaturas estavam com o caminho livre. Expulsaram chamas de suas cabeças inexistes e a Aurora prendeu a respiração, pois sentiu o ar à sua volta ser puxado para trás com força quando seu Equiro partiu. Ele correu, na velocidade de um carro, por pouco não arrancando a menina da sela. Cerrou os olhos, pois o vento que entrava quase machucava suas retinas. O cascalho tostado perante as passadas agressivas das quatro dezenas de ferraduras mágicas construía uma visão impressionante. Toda a experiência era impressionante. Em menos de três curtos segundos, já passavam o arco que marcada a saída, libertando a visão da pequena bruxa a uma cena linda. A mata à sua frente era espetacular e aparentava abrir-se ante o cavalgar do bicho mágico. Não havia caminho para seguir, então sua montaria saltava galhos, troncos, musgos e caules exuberantes de árvores altíssimas. Aurora sentiu-se claustrofóbica por um momento com a vastidão de elementos florestais, porém interrompeu a sensação quando se permitiu inspirar o mais puro ar que já sentira na vida.
Além, agora floresta dentro, viu algumas folhagens longas que recurvavam de galhos até o chão, e quando os tocou, as mesmas fecharam-se tal qual uma dormideira. O Equiro saltou uma trilha de pedras e a garota voou por longos segundos. Em sua vista, não encontrava outros estudantes, o que ajudou a estabelecer contato com a natureza exuberante do bioma úmido. Avançou um pouco mais, fazendo a menina notar que o fogo não queimava nenhum pouco os ramos pelo qual passava; como desfilar num Sete de Setembro numa locomotiva de chamas infinitas. O animal acelerara mais, pois avistava um desafio à frente, um riacho longo, de cerca de seis metros de largura. Por um instante, calculando a distância, Aurora desacreditou na capacidade de salto da criatura e fechou os olhos. Quando os abriu, conseguiu presenciar o correr da água cristalina se chocando em pedras, o exibir de peixes multicoloridos. A garota lacrimejou ao aterrissar. Tudo era lindo.
O transporte finalmente diminuiu a velocidade, reduzindo a passada a um trote rápido por entre a mata, que espaçava-se entre um caule e outro. A menina aproveitou o momento para admirar mais um pouco, se beneficiando da vista de pequenos símios azuis de longos rabos, se enrolando uns nos outros e saltando de galho em galho. Um sorriso de satisfação confuso escapou de seus lábios.
O equino interrompeu o percurso, recuperando o fôlego. Aurora estava cercada de um ambiente florestal, portanto reparava, notava e memorizava tudo que podia.
Até ali, a menina calculava que a viagem havia durado cerca de vinte minutos; a sensação de chão corrido era gigantesca, como se tivesse atravessado cinquenta campos de futebol, porém o caminho parecia longo o bastante para setenta campos.
Aurora ouviu um barulho de galhos crepitando e o equino se sobressaltou, levantando a cabeça flamejante para olhar. A criatura, pouco maior que um cavalo comum, fez-a virar para o lado onde as chamas apontavam. Por entre o ar trêmulo, pôde ver apenas mais gramíneos e arbustos se mexendo com o vento.

— Acho que… – engoliu em seco. - não foi nada, garoto.

A sensação de que algo se aproximava ainda permanecia no ar. A pele da criatura, eriçada, indicava um estranhamento. Um barulho surgiu, semelhante a um terremoto, que o Equiro identificou mais uma vez. O chão tremeu, iniciando um som como um trovão, que começou pequeno e cresceu até seu ápice. Estava se aproximando. A menina assustou-se quando viu uma centena de equinos irromperem as árvores com uma velocidade surpreendente. Tentou girar a cabeça do bicho para a outra direção, mas ele agiu antes dela, partindo em disparada para fugir da debandada. Vários alunos estavam montados em cima dos animais, não parecendo reparar na garota ali. Avançaram, chegando próximo, passando por todos os lados e derrubando troncos mais finos que falhavam em crescer para virar árvores. Seu Equiro correu, derrubando a garota no caminho e seguindo para longe junto com a debandada. Por pouco, não foi pisoteada, mas a terra empurrada pelas patas em brasa, cobriram-na de poeira, barro e pedregulhos. Arfou de desespero por ter perdido seu transporte. Rapidamente, deu ação as suas pernas com o máximo de vigor que conseguiu, sentindo seu pulmão pedir por socorro depois de um minuto inteiro de perseguição, mas mesmo que pudesse correr para sempre, não os alcançaria. Ela parou, desistindo, recuperando o fôlego e sentindo o coração saltar da boca.

— Ok... eles vão dar falta de mim. Tenho certeza! Não tem como uma escola mágica, não ter um controle especial de alunos... alguém vai me buscar! – disse, sentando-se numa pedra, tentando ser racional.

A menina esperou um instante. Instantes que evoluíram para alguns minutos. E os minutos, evoluíram para meia hora. O desespero já era um hóspede, e tomava conta do seu lar de calmaria a cada segundo. Qualquer tipo de barulho parecia ser outra coisa naquela mente infanto-juvenil. Suas mãos já estavam secas da poeira e sua respiração estava irregular, apesar de não haver nada de perigoso na floresta aberta.

— Minhas coisas… papai deve ter posto algo aqui! - falou, sacando a pequena bolsa que estava pendurada em seu corpo a procura de algo que pudesse ser útil no momento. - Cajado… e livro de feitiço Américas Criaturas do Sul… - os itens despencavam das mãos apressadas, caindo na grama abaixo dela. - Deve haver algo aqui… não é possível que não tem algum tipo de "S.O.S Bruxo" - suas reclamações beiravam a histeria, agora lendo uma página do Livro Padrão de Feitiços do 1° ano.

Aurora leu um pedaço do volume, tentando identificar algo que pudesse ajudá-la naquela situação e que não fosse complicado demais para alguém que nunca havia realizado um feitiço antes. Uma parte lhe parecia interessante. Um feitiço simples.

— Muito bem… – disse, analisando as palavras. - Primeiro, devo erguer meu cajado... – realizou o movimento, sem parar de ler em voz alta. - Desse jeito. Segurar com cautela. Sim. Vou apontar para cima. Agora a conjuração. É só dizer a palavra – disse, ficando de pé, apontando o instrumento mágico para o céu sem nuvens, tentando mirar numa parte menos coberta pelos galhos e folhas.

A garota fechou os olhos, reunindo o pouco de coragem restante da estadia solitária na floresta.

Periculum! gritou.

Uma pressão invadiu o tórax da pequena. A pressão com que disse a palavra, tal qual um comandante de exército dando ordem, fez com que a magia fosse fosse executada com sucesso. O disparo de faíscas incendiou pigmentos vermelhos, subiu e explodiu no céu. Porém, não parou no primeiro disparo. As fagulhas continuaram saindo. Algo incontrolável, transbordando poder para o feitiço simples. Segurar a peça era difícil, então a menina pôs mais uma mão à guarda. As faíscas se espalharam, lançadas para direções para a qual ela apontava, sem controle. Aurora chicoteava seu antebraço tentando obrigá-la a parar, porém o cajado não obedecia. 

Algo afiado acertou a grama próximo a ela.

A emoção do susto a parou por completo. Não teve tempo de se virar, mas à sua frente uma lança prateada e espiritual estava cravada no chão. A menina mal conseguiu se mover. Encarava a lança com incredulidade, e embora seu cajado houvesse interrompido sua descarga mágica, sentiu-se desarmada pelo medo de utilizá-lo novamente. De relance, tremendo por um frio repentino, viu a figura de um homem sobre um dos falhos, seminu, trajado com um enorme cocar, coberto apenas por pele de animal. O rosto pintado de uma cor que a bruxa não conseguiu identificar. A figura totalmente prateada, translúcida. Pela primeira vez, moveu-se alguns centímetros, o suficiente, porém ainda em sinal de rendição. De fato, era um fantasma, que provavelmente preparava outro ataque, pois sua mão percorreu sua cintura atrás de uma zarabatana.

— Estou perdida… podem… me ajudar? - perguntou, trêmula.

Mais um despontou num galho à esquerda. E mais outro à direta. Um mais abaixo, por detrás de uma terceira árvore. O ambiente gelou mais, tornando os dedos de Aurora rígidos como pedra. Cercada por índios fantasmas, não havia o que fazer. Todos brandiam lanças, zarabatanas e arcos.

— Por que destrói nossas matas? - questionou o líder, descendo do galho para o chão.

As fagulhas que disparara, agora pipocavam azuis pela relva, não causando efeito incendiário algum, porém a expressão sisuda dos fantasmas dizia que não havia diferença.

— N-Não! Não foi a intenção! Estava… pedindo ajuda! Juro! - vociferou Aurora, desamparada.

— Devíamos matá-la! - gritou um deles, furioso.

— Maldita mulher! Está caçoando de nós com sua magia de homem branco! - rebateu outro.

A tribo gritava para se comunicar, porém por vezes, Aurora não entendia as palavras, pois a língua era confusa. O medo foi crescendo junto dos protestos dos espíritos indígenas, deixando a menina mais assustada que antes quando se perdera de seu Equiro. Um dos fantasmas, tomou à frente, com sua lança em mãos e expressão sinistra. O cocar de penas variadas, mais alto do que os outros, caía sobre suas costas e balançava ao vento etéreo.

— Mate-a, Cacique! - incentivou um deles, sádico.

O cacique se aproximou, caminhando em passos largos e determinados. Aurora ainda implorava piedade, entretanto, não a recebeu. Uma determinação preencheu o rosto etéreo por completo. Como líder, deveria realizar tal ato. O homem fantasmagórico ergueu a arma acima da cabeça e preparou para estocá-la no corpo fraco da garota. Aurora, em apuros, fechou os olhos e esperou o toque gelado da morte. Com uma postura quase ritualística, ele fechou as pálpebras prateadas, ocultando o castigo que era obrigado a aplicar. Tristonho, sem visão, condenou Aurora à pior sentença.

Um vulto escarlate invadiu o ar.


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