O Filho de Ares escrita por O Cartomante


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥

Obrigado pela oportunidade.

Boa leitura, sim? Nos vemos nas notas finais.



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Narração: Isabella Swan

Eu estava junto de Ártemis na Caçada já fazia quatro anos. Eu era promissora, como ela mesma costumava dizer, havia feito amizades inseparáveis e ganho batalhas que eu nunca imaginei que poderia vencer um dia. E foi por isso que eu desmoronei quando a notícia chegou até mim.

Não estava pronta para deixar de ser uma grande caçadora e voltar a ser apenas a órfã “Bella”, mesmo que fosse por aquele “pouco” tempo, como tentaram insistentemente me convencer de que era, no início.

— Eu sinto muito, Isabella... — Ártemis crispou os lábios e me olhou daquele jeito maternal. Daquele jeito Ártemis, que somente ela era capaz de fazer. — Mas agora que você está crescendo, se tornando uma grande heroína... Seu pai achou que seria conveniente reivindicar a paternidade... — Ela suspirou, franzindo o cenho. Meu coração parou. — Homens... Eu ainda não sei como é que ele teve coragem... — Ela rosnou, apertando os olhos e voltando-os para o lado com uma profunda amargura. — Questionar a minha competência, dizer que eu não sou capaz de treiná-la enquanto semideusa... Argh! Eu fui mais sua mãe do que ele jamais será seu pai!

Os dedos dela se contraíram quando ela fechou os punhos. Não consegui me locomover, nem falar nada. O estado de choque pegou-me de imediato. Senti minhas pernas bambearem, prevendo minha queda antes mesmo de chegar ao chão.

Nina, minha irmã, se aproximou para me acudir, seguida das outras caçadoras que nos acompanhavam. Eu podia sentir minha cabeça prestes a explodir quando meus dutos lacrimais incharam-se de uma só vez e as lágrimas desceram pelas maçãs do meu rosto.

Ártemis me fitou durante alguns instantes, como se meu choro lhe doesse mais do que qualquer outra coisa, e depois abaixou a cabeça, como se estivesse decepcionada consigo mesma por ter falhado comigo.

— Eu sinto muito, Bella... Sinto muito mesmo — ela tentou me consolar.

Por trás da fama que Ártemis havia conseguido ao longo dos séculos por conta da crueldade com que manifestava os castigos contra quem desrespeitava suas normas ou a enfrentava, havia uma deusa muito humana. Havia uma mãe que se importava com suas caçadoras.

E eu era a única do grupo que tinha o costume e a permissão de chamá-la daquela maneira. Porque por alguma razão, ela parecia se identificar mais comigo do que com qualquer uma das outras. Ela era minha mãe.

— Não quero ir, mamãe... — pedi, aos prantos.

Eu ainda era uma criança quando fui forçada a deixar a Caçada. Minha vida no orfanato antes de eu ser resgatada pela minha Senhora era limitada, então eu nunca tive tempo de ter vivências suficientes para formar uma personalidade decente, ou meramente humana.

Eu lutava como uma mulher, como uma guerreira forte e determinada, mas fora das batalhas contra criaturas assustadoras, eu tinha meus próprios fantasmas e traumas pessoais, que me assombravam durante as madrugadas e eram mais apavorantes do que qualquer monstro que eu pudesse vir a enfrentar algum dia.

Mas minhas irmãs, minha família... Elas faziam eu me sentir diferente. Traziam de volta a esperança que havia muito me tinha sido roubada. Primeiro pela minha mãe, que me abandonou na porta de um orfanato, e depois pelos gananciosos cuidadores que me criaram, que nunca foram capazes de me enxergar como se eu fosse gente de verdade.

Não queria ter perdido a minha inocência tão repentinamente.

Aquele baque me impactou de uma maneira tão brusca, tão brutal, que eu fui incapaz de me recuperar a tempo de aproveitar os momentos que me restavam com minha família. Nos dias que antecederam a minha partida, eu só conseguia pensar no quão terrível seria minha vida dali em diante.

Por determinação de Tânatos, eu teria minha imortalidade suspensa enquanto estivesse no acampamento, conjuntamente com todas as minhas habilidades que eu havia recebido de Ártemis.

Mas a pior parte não era essa. Era sentir novamente aquele vazio no peito. Aquela solidão. Aquela sensação estranha de não ter uma família. De não pertencer a lugar algum, simplesmente.

É claro que minhas irmãs acharam que se elas se empenhassem para tornar a noite anterior a de minha ida algo um pouco mais suportável, meus próximos doze meses no Acampamento Meio-Sangue não seriam tão horríveis assim. Normalmente, a surpresa que elas me haviam preparado seria tudo o que eu poderia desejar. Mas naquelas circunstâncias, eu esperava que elas percebessem que eu não estava com ânimo para festas, nem nenhum tipo de comemoração.

Tudo que eu queria era me isolar de todo o mundo na nossa barraca e chorar. Chorar até dormir ou até que toda aquela dor passasse.

— Bella, você precisa se animar — falou Nina, olhando-me com seriedade. — É apenas um ano. Um ano e você estará de volta.

Arregalei meus olhos psicoticamente diante da fogueira, ignorando toda a floresta a nossa volta.

— Apenas um ano... — murmurei para mim mesma, tentando me convencer daquilo.

— Você é tão jovem, tem apenas dezoito anos... — disse ela. — Está completando dezoito hoje, inclusive. Então podemos dizer que você tem apenas dezessete. Aceite esse conselho de alguém que já tem trezentos. Um ano não é nada para quem possui toda a eternidade. Você é uma guerreira. Lembre-se disso.

Nina sorriu para mim e eu olhei-a, me sentindo melhor durante alguns instantes. Era estranho pensar que eu estava completando dezoito anos e não havia mudado nem um pouco, biologicamente falando. Me perguntei se a minha suspensão da Caçada também resultaria no meu envelhecimento repentino. Se todos aqueles anos em que o meu corpo não havia mudado acabariam se passando em dias durante minha estadia no acampamento. Suspirei, tentando afastar essa ideia.

— Preciso de um cigarro — pedi, e Nina retirou uma unidade de seu maço de “Marlboro vermelho”, entregando-me e me oferecendo seu isqueiro para acendê-la.

Eu sabia que fumar era um péssimo hábito. Mas quando se tem a eternidade e a única coisa que pode te matar é o golpe de uma besta, há alguns luxos aos quais você pode se dar.

Por um momento, me permiti parar e observar as estrelas. Estavam lindas naquela noite, por sinal. Parei de me martirizar e me punir por algo que eu não tinha culpa por algumas horas e resolvi aproveitar o pouco tempo que me restava até eu perder de vez a minha família pelo período de um ano. Até mesmo nossa Senhora se juntou a nós para festejar e, sem perceber, quando consegui me distanciar de todos os problemas junto de minha mãe e minhas irmãs, eu consegui sorrir pela primeira vez em uma semana.

Suspirei aliviada, mentalmente, esquecendo-me do quão pavorosa viria a ser a manhã seguinte.


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Notas finais do capítulo

Se você gostou, comente, por favor! Se não gostou, comente mesmo assim para eu ficar sabendo onde posso melhorar.

Espero que possamos nos ver no próximo capítulo. :)



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