Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 23
Cinco Anos Depois


Notas iniciais do capítulo

O último capítulo...



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Sirius Black era oficialmente um homem livre. Pedro confessou tudo ao Ministério e atualmente mora em Azkaban, onde ficará até o fim de seus dias.

Depois da liberdade de Sirius ser concedida, nós abandonamos o Largo Grimmauld e nos mudamos para uma casa de campo. Harry aceitou de primeira vir morar com a gente. Era algo que ele tinha discutido com o padrinho anos atrás.

Nossa casa sempre vivia cheia: Os Weasley estavam sempre lá; Tonks e Remo traziam Ted, que adorava bagunçar minha sala; Hermione aparecia todo fim de semana e às vezes trazia os pais; Luna e Neville vinham de vez em quando.

Cinco anos depois da Batalha de Hogwarts, nossas vidas já estavam se ajeitando. Estávamos em paz.

Falando na escola, ela já tinha sido reformada e as aulas continuavam normalmente.

—Você está me trocando por esse jardim, Gruwell. -Sirius brincou, aparecendo atrás de mim.

—Meu jardim precisa de cuidados, você não. -Riu. -Terminei de plantar as sementes que Neville me deu. Agora é só esperar. -Fiquei de pé, tirando as luvas. -Recebi uma carta da escola hoje cedo.

—Eu a vi na mesinha. Sobre o que é?

—Hagrid vai sair de férias, após o casamento. Querem que eu dê aula no lugar dele.

—Você aceitou?

—Ainda não respondi. Lecionar em Hogwarts significa ficar lá quase lá todo ano letivo. E deixar você e Harry sozinhos.

—Nós não somos bebês, vamos ficar bem.

—Vocês quase destruíram minha cozinha semana passada, fazendo o almoço.

—Não precisa recusar o trabalho por nossa causa. -Toquei o rosto dele.

—Vou pensar no assunto. Tenho tempo. Hagrid e Maxime só vão casar daqui há dois meses.

—Falando em casamento... -Procurou algo nos bolsos. -Só um segundo... Ah, ótimo. Me esqueci dela. -Pegou a varinha. -Accio caixinha!-Uma caixa pequena voou pela janela, direto para a mão de Sirius. Guardou a varinha. -Meredith Gruwell...

—Oh, meu Deus, você está...?

—Aceita se casar comigo? Eu sei que moramos juntos há anos... Mas acho que podemos chamar isso de treino. -Ri. -E então...?

—Bem, considerando que tivemos um bom “treino”... Acho que posso aceitar. -Colocou o anel no meu dedo. -É lindo.

—Harry me ajudou a comprar. Eu ajudei Tiago quando foi a vez dele.

—E vai ajudar Harry quando for a vez dele.

—Acha que ele e Gina...?

—Minha intuição diz que sim. E eu nunca erro, Sirius Black. -Revirou os olhos.

—Já se passaram cinco anos, você nunca vai esquecer isso?-Sorri.

—Não enquanto eu puder jogar na sua cara que você estava errado e eu estava certa.

***

—Mocinho, aonde você vai?-Brinquei, vendo Harry entrar na cozinha rapidamente e todo arrumado.

—Gina e eu vamos à Hogsmeade.

—Certo, um encontro. -Tentei ajeitar o cabelo dele. -Você pelo menos tenta pentear isso?-Riu. -Não volte tarde e não faça besteiras.

—Você fez um curso intensivo de “como ser mãe” com a senhora Weasley, não foi?

—Acredite ou não, Potter, esse instinto materno apareceu do nada.

—Talvez... Bom, deixa pra lá. Tenho que ir. Não posso me atrasar.

Observei enquanto Harry saía e pegava a vassoura, sumindo no céu.

—Eles crescem tão rápido. -Ri. -Olha só quem fala.

Coloquei água na chaleira, precisava de um chá e de uns minutos de silêncio, estava exausta.

Alguém aparatou no jardim. Snape. Sorri e me apressei em abrir a porta.

—Olha só, finalmente o diretor de Hogwarts teve tempo para visitar os amigos. Achei que só te veria quando se aposentasse.

—Desculpe se eu tenho responsabilidades. -Passou por mim e entrou na cozinha.

—Eu não sou uma desocupada, Snape. Sou Magizoologista, dona de casa e escrevo para o Pasquim. É difícil conciliar. -Se sentou.

—Não colocou Black para trabalhar?

—Claro que sim! Mas digamos que ele é melhor como Auror do que fazendo trabalhos domésticos.

—Estou impressionado. -Revirei os olhos.

—E então, como estão as coisas em Hogwarts?

—Estão indo bem. Você vai aceitar o cargo?

—Ainda estou pensando nisso. Não sei se Harry e Sirius vão ficar bem sem mim.

—Eles são adultos, Meredith.

—Não diria isso se convivesse com eles como eu convivo. -Entreguei uma xícara de chá pra ele e peguei uma pra mim. -Não tem mais ninguém pra Trato de Criaturas Mágicas?

—Por enquanto não.

—Você só está me chamando por que está com saudade de mim, confesse. -Me sentei.

—Se quer continuar se iludindo... Vá em frente. Isso é um anel de noivado?-Apontou.

—É. Sirius me pediu em casamento ontem.

—Acho que seu lugar não é em Hogwarts, e sim num quarto no St. Mungus.

—Apenas me parabenize, seu morcego velho. -Suspirou.

—Parabéns, Meredith. Você se superou dessa vez, achava que não podia fazer nada pior do que começar a namorar Black, mas você conseguiu.

—Parei de ouvir no “Parabéns, Meredith”.

—Como queira.

—Você está convidado para o casamento. Vou mandar um convite.

—Não virei nesse show de horrores.

—Ah, você virá sim. Ou não haverá casamento.

—Se esse é o único modo de impedi-la de fazer besteira...

—Severo!

—Eu virei. -Sorri.

—Perfeito. -Uma coruja marrom entrou pela janela e deixou uma carta na mesa, então saiu voando. -Oh, é da Trelawney. -Snape ergueu uma sobrancelha.

—Vocês trocam correspondências?

—Não. -Abri a carta.

Querida Meredith, você nunca se interessou pelas minhas previsões, mas isso não me impede de ver seu futuro às vezes.

Quero parabenizar Sirius e você pelo casamento (vi isso há dois dias na minha bola de cristal) e pelo bebê.

P.S.: É um menino.

—Wou. Isso foi... Impressionante. -Murmurei.

—O que essa louca está dizendo agora? Quero tirá-la de Hogwarts há anos, mas Minerva não deixa.

—Acho que sei por que. Acabou de me parabenizar pelo casamento... E pelo bebê.

—Como?

—Ela não é uma charlatã. Eu estou grávida. Mas não contei a ninguém. Ela disse que é um menino.

—Por que está mantendo isso em segredo?

—Por que não sei como contar. Nem como Sirius reagiria.

—Agora está claro do por que você não foi para Corvinal. Você só precisa dizer “Estou grávida”. Black ficará tão feliz que em uma hora vai contar a todo mundo bruxo e trouxa. -Comecei a rir.

—É provável. Posso chamar meu bebê de Severo Black?

—Nem depois da minha morte. -Assenti.

—Foi o que eu pensei.

***

Naquela manhã, chegou um cartão postal de Dobby e Monstro. Os elfos estavam aproveitando suas férias em algum lugar da América do Sul.

A mais recente edição do Pasquim também chegou. Luna e seu amigo, Rolf Scamander, escreveram uma matéria engraçada sobre criaturas mágicas que eu nunca ouvi falar, provavelmente mais uma das loucuras dos Lovegood. Acho que por isso que eu adorava aquela família.

Revisei mais uma vez meu artigo sobre Pelúcios e enviei para Xenofílio.

—Potter, hora de acordar!-Gritei, usando um feitiço rápido para regar o jardim. -Potter, você vai se atrasar! Aurores precisam ser pontuais!

—Acho que todos os Potter do Reino Unido te ouviram. -O garoto resmungou, descendo as escadas.

—Se você acordasse com o despertador, eu não precisaria gritar. Isso eu aprendi com a Molly. -Riu. -O café está na mesa.

—Sirius já chegou?

—Não. -O segui até a cozinha. -Se encontrá-lo no Ministério, lembre-o que ele tem uma casa.

—Não precisa se preocupar. Sabe que o trabalho de Aurores às vezes nos ocupa muito.

—Você ainda não é um Auror. E, por Merlin, eu gostaria que nunca fosse. Ainda há bruxos das Trevas aí fora. Fico muito preocupada com vocês. -Cobri a boca com a mão, sentindo uma leve onda de enjoo.

—Você está bem?

—Não se preocupe comigo. -Comecei a juntar algumas ervas para um chá ótimo para parar enjoos. -Apresse-se, ou vai ganhar outro puxão de orelha por perder a hora.

—Você já contou à Sirius?

—Sobre o que?

—Sobre o bebê. -Olhei para Harry. -Acidentalmente li a carta que a Trelawney mandou. Já sabe como vai chamá-lo?

—Você tem alguma sugestão?-Deu de ombros.

—Desde a Batalha de Hogwarts, cresceu o número de bebês chamados Harry. -Rimos.

—Boa tentativa, Potter. Meu pai se chamava Thomas. Talvez... Se Sirius aceitar, o bebê se chame Thomas Black.

—Thomas Harry Black.

—Eu não vou alimentar seu ego, Potter. -Riu de novo.

—Tudo bem.

***

Estava arrumando meu armário quando Sirius chegou, parecendo exausto.

—Ah, você lembrou onde mora. -Brinquei.

—Juro que tentei sair mais cedo. Mas tive que fazer umas coisinhas antes.

—Tudo bem. Vá tomar um banho pra descansar. Tenho uma coisa pra te contar.

—O que é?

—Vai saber depois que voltar.

—Volto em cinco minutos.

Na verdade, ele voltou em três, de tão curioso que estava. Se sentou à minha frente na cama, o cabelo ainda molhado.

—Pode começar. -Respirei fundo.

—Eu não sei como deveria dizer isso. Então vou seguir o conselho de Snape. Eu estou grávida.

Sirius demorou um pouquinho para reagir. Espanto apareceu em seu rosto, depois surpresa, então alegria.

—Nós vamos ter um bebê?-Perguntou. -Assenti. -Nós vamos ter um bebê!-Me abraçou. -Um bebê! É verdade? O que vai ser? Precisamos planejar tudo... Arrumar um canto pra ele ou ela... Ou talvez sejam dois! Imagine se vier um casal!

—É um menino. A Trelawney previu. Eu estava pensando em chamá-lo de Thomas.

—É um ótimo nome. -Tocou minha barriga. -Olá, Thomas. Eu sou seu pai, vou te ensinar quadribol, e a voar... Temos muito espaço para isso. Um dia será o melhor jogador de quadribol da Grifinória. -Ri.

—Sirius, quem te disse que ele será da Grifinória? Eu ficarei feliz se ele estiver numa Casa que goste e se sinta bem. Independente de ser Lufa-Lufa, Corvinal ou Sonserina.

—Sonserina não.

—Talvez ele vá para Sonserina. Nem todos os Sonserinos são maus.

—Não cite o Ranhoso, por favor. -Dei um tapa no braço dele.

—Está mais do que na hora de vocês se acertarem.

—Eu consigo ficar no mesmo ambiente que ele sem azará-lo, isso não é bom o bastante?

—Por enquanto isso é ótimo. Mas vocês vão se acertar direitinho e logo. Antes do casamento. Eu o convidei. E não reclame sobre isso.

—Ouviu essa, Thomas? Se prepare, sua mãe é uma mandona. -Revirei os olhos.

—Se eu não fosse, teríamos problemas.

Sirius teve que voltar ao trabalho, então desci para continuar minhas tarefas. Harry estava ajeitando a sala quando o encontrei.

—Alguém me lançou um Confundus em mim ou estou vendo Harry Potter arrumando algo?-Provoquei.

—Achei que devia ajudar mais, agora que você está... Sabe, grávida. -Ri.

—Isso não faz de mim uma inválida, mas é bom que alguém colabore com as tarefas. Vem cá, garoto. -Se aproximou. -Eu sei que não sou bem uma figura materna, mas você é como um filho postiço. Sirius é seu padrinho, acho que isso me faz sua madrinha.

—Você tem sido ótima, Meri. De verdade. -Sorri. -É um pouco estranho, nós tínhamos a mesma idade e agora você está...

—Velha. -Rimos. -Sabe... Eu me acostumei. Quando aconteceu... Não envelheci só na minha aparência... Aconteceu aqui também. -Apontei na minha cabeça. -Estou feliz assim. Era como tudo devia ter acontecido. Desde o começo. Era... É... O Destino. Bem, essa casa não vai se arrumar sozinha. Mãos à obra.

***

Estávamos todos no jardim, naquele belo fim de tarde. Pelo menos uma vez por mês reuníamos todo mundo e fazíamos um jantar ou um almoço.

Ted e Victoire (filha de Gui e Fleur) corriam entre os outros, rindo e brincando.

—Em breve Thomas estará fazendo isso também. -Tonks disse, parando ao meu lado. -Acredite em mim, nessa idade eles têm muita disposição.

Harry, Rony e os gêmeos estavam colocando as mesas, mas pareciam achar mais divertido apostar corrida com elas, usando as varinhas. Gina e Hermione apenas assistiam, revirando os olhos, esperando que eles parassem para colocar o necessário nas mesas.

Luna, Rolf e Neville pareciam bem animados, conversando sobre plantas e animais do mundo bruxo.

Fleur estava com a Molly, terminando algumas sobremesas. Enquanto isso, os homens arrumavam a iluminação e tentavam fazer os garotos pararem de brincar.

—É como se ainda tivessem treze anos. -Remo comentou, divertido.

—Ei, nós somos adultos. -Fred protestou.

—E muito maduros. -Jorge completou.

—Então coloquem as mesas de Meredith no chão antes que ela os use para alimentar os Testrálios. -Ri.

—Eles vão adorar uma carne diferente. -Avisei. -Posso buscá-los no campo agora mesmo. -As mesas foram para seus lugares. -Ótimo, acho que eles vão continuar com suas dietas.

—Ela é assustadora. -Jorge sussurrou para Sirius. -Agora a gente sabe que vocês combinam. -Ri de novo.

—O jantar está pronto. -Molly anunciou, fazendo as travessas voarem para as mesas. -Todos lavando as mãos e se sentando para comer. Vocês dois também, Fred e Jorge. Não adianta tentar escapar...

—Snape não vem?-Tonks perguntou.

—Não sei. -Respondi. -Mandei uma coruja, mas ele não respondeu. Não tenho certeza se viria.

—Ele acabou de chegar com Minerva. -Apontou. Me virei.

—Vocês vieram!

—E perder a oportunidade de parabenizá-la pelo bebê?-Minerva perguntou, vindo me abraçar. -Sem chance. E alguém tinha que obrigar Severo a vir.

—Você não vinha?

—Eu sou diretor de uma escola, Meredith. -Disse. -Tenho responsabilidades.

—Não começa com isso de novo. Vamos, o jantar está pronto. -Fomos para a mesa. -Grávidas primeiro!

—Trapaceira!-Os gêmeos exclamaram. Ri.

—Prioridades, meninos.

Olhei em volta, para todos na mesa, e senti paz, felicidade. Cinco anos atrás parecia que tudo isso jamais ia acontecer, que a Batalha de Hogwarts era o fim, mas aqui estávamos nós, provando que esse pensamento estava errado.

Tivemos muitas perdas ao longo de todo o caminho, mas a vida é assim. Você perde e ganha. Não dava para controlar, apenas aceitar e viver.

Se eu ainda sentia falta daqueles que perdi? Sim, todos os dias. Em momentos como esse, com minha nova família reunida, eu me perguntava como seria se aqueles que se foram ainda estivessem aqui. Mas ainda assim, eu entendia. Entendia que assim era a vida. Você nasce, passa por ela e se vai. Por isso se deve aproveitar cada dia e cada segundo ao máximo. Viver, antes do fim.
Se eu puder dar um conselho, seria... Não se vá antes de viver de verdade.

Cinco anos se passaram desde a Batalha de Hogwarts, e nós estávamos vivos, juntos. Vivendo de verdade, antes do definitivo fim.


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Notas finais do capítulo

Eu tenho planos para uma história que seria quase a continuação dessa. Thomas será um dos protagonistas. Ainda não comecei a escrevê-la, mas assim que estiver pronta, eu vou postar.
Bem, é isso. Adorei escrever essa história. Obrigada por interagirem aqui.
E então, o que acharam do capítulo?
Bjs ♥