Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 10
Avada Kedrava


Notas iniciais do capítulo

Abaixem-se! Hoje tem gente usando a Maldição da Morte!



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Felizmente Hagrid não estava dormindo quando batemos na porta dele. Não pareceu muito surpreso em nos ver, achando que era uma visita, e ficou desanimado quando leu o recado do professor Snape.

—Vocês ganharam uma detenção? Você não disse que era tão grave, Meredith. -Dei de ombros. -Bom, vamos lá. Não queremos ficar a noite toda lá dentro. -Lancei um olhar para a escuridão entre as árvores.

—Quais as chances de sermos devorados?

—Noventa por cento. -Harry respondeu. -Mas estaremos com Hagrid. -Olhei para o professor, que estava um pouco atrapalhado se arrumando para ir.

—Isso não me deixa mais tranquila.

***

—Não consigo ver as luzes do Castelo. -Cochichei, olhando por cima do ombro. Hagrid estava indo na nossa frente, direto para o local onde Snape especificou no bilhete. -E se nos perdermos? E se formos comidos pelas aranhas gigantes?

—Pode ser um pouco mais positiva?-Harry sussurrou. -Está me deixando nervoso.

—Nós vamos morrer. É por isso que Snape nos mandou pra cá! Para sermos mortos pelas criaturas da floresta!

—Shh. Fale baixo.

—O que foi isso?-Parei de andar, movendo a varinha para iluminar em volta. -Vocês ouviram?

—Meredith, há muitos seres vivendo aqui. -Hagrid disse, se virando. -Você apenas ouviu algum deles.

—Qual deles? Algo grande e que devora humanos?

—Como foi que você entrou para a Grifinória?-Harry provocou. -Vamos logo, nós ficaremos bem.

Continuamos andando e enfim chegamos à área indicada por Snape. Na lista do professor, havia os nomes do que precisávamos e como identificar a planta/erva certa.

—Não consigo acreditar que Snape venha aqui durante a noite para pegar essas coisas. -Comentei, colhendo alguns ramos avermelhados.

—O professor Snape nunca entrou na floresta. -Hagrid disse. Ergui a cabeça.

—O QUE? Então o que estamos fazendo aqui?

—Cumprindo detenção. Não acharam que seria fácil, acharam?

—Mas Hagrid, como ele sabia onde devíamos ir?-Harry perguntou, enfiando umas ervas numa das bolsinhas que trouxemos.

—Ele conhece a Floresta Proibida e sabe onde essas coisas estão por que vocês não são os primeiros alunos que ele manda para cá.

—Então ele nunca entrou aqui?

—Não que eu saiba.

Revirei os olhos e fiquei de pé, procurando o próximo item da lista. O encontrei num canto mais afastado de onde estávamos.

Segurei a varinha entre os dentes e me abaixei para pegar a planta que parecia uns pequenos olhos amarelos, então algo abocanhou meu tornozelo.

Gritei, me afastando e caindo. Minha varinha iluminou algo se arrastando para longe de mim, uma cobra.

—O que aconteceu?-Harry perguntou. -Meredith?

—Uma cobra me picou. -Choraminguei, sentindo a área latejar.

—Hagrid!

—Wou, isso está péssimo. -O professor murmurou, um pouco assustado.

—Hagrid!

—Desculpe. Nós temos que levá-la para a enfermaria. Pegue a varinha dela. Meredith, aguente firme, vai ficar tudo bem.

Na verdade, não ficou tudo bem. Meu tornozelo inchou e escureceu, como se fosse uma coisa morta. E a dor era insuportável. Madame Pomfrey não fazia ideia de que tipo de cobra podia ter feito um estrago daqueles.

—Há tantas criaturas naquela floresta... Qualquer uma pode ter feito isso!

—É uma cobra. -Repeti. -Grande.

—Você não teria visto a cor ou...

—Não. Eu não vi. -Fechei os olhos. -Por favor, faça a dor parar...

***

Me sentei, respirando fundo. Eu não sentia mais dor, era como se nada tivesse acontecido na noite interior. Olhei para o meu tornozelo. Havia uma marca negra nele, e algo que podiam ser minhas veias, escurecidas.

—Como se sente, senhorita Gruwell?-Sorri, deixando minha perna longe do alcance visual dela.

—Me sinto ótima.

—Na verdade eu acho que... -Levantei e peguei minha varinha.

—Eu me sinto perfeitamente bem. Obrigada, madame Pomfrey. -E saí antes que ela pudesse me impedir.

Os corredores estavam vazios, devia ser muito cedo. Encontrei apenas Pirraça, que cantarolava alguma música bem suja.

Continuei andando, girando a varinha na mão.

—Gruwell?-Me virei. O professor Snape se aproximou, franzindo a testa. -O que está fazendo aqui? Não devia estar na enfermaria?

—Eu me sinto bem, então saí. -Olhou para baixo.

—O que é isso no seu... -Ergui a varinha.

Avada Kedrava!

***

—Não entendo como isso pode ter acontecido...

—Não foi culpa minha! Ela saiu e...

—Não estou culpando você, Papoula. Sei que...

—Acho que ela está acordando, senhoras.

Abri os olhos. Estava na enfermaria. Madame Pomfrey, Minerva e Dumbledore estavam perto da cama, olhando pra mim.

—Você lembra de alguma coisa, Meredith?-McGonagall perguntou.

—Harry e eu fomos para a Floresta Proibida, cumprir detenção... Uma cobra me picou... Hagrid me trouxe para cá... Eu dormi... E só.

—Você não se lembra do que aconteceu depois que acordou?

—Eu acabei de acordar, professora. -Ela lançou um rápido olhar para o diretor e voltou a me encarar.

—Meredith, o veneno da cobra que a atacou fez com que você saísse de si mesma. E... Você atacou o professor Snape.

—Ataquei? Como?-Respirou fundo.

—Você o atacou com uma maldição imperdoável, com um Avada Kedrava.

—O que?-Me sentei, o coração acelerado. -Eu matei Severo Snape?

Maldição. Eu ia para Azkaban por matar um antigo amigo, sendo que eu nem lembrava de matá-lo.

Sim, eu estava com raiva por Severo não me perdoar por algo que não fiz, mas eu não queria tê-lo matado. Eu ainda me lembrava do garoto magro e pálido que conheci no Expresso de Hogwarts. Ainda me lembrava de explorar o castelo com Lílian e ele, e de como estávamos empolgados com o mundo que se abria à nossa frente. Mas então Severo se tornou um adolescente mais estranho ainda, mais fechado e interessado nas Artes das Trevas. Começou a andar com simpatizantes de Lorde Voldemort e a amizade que tinha com Lílian e eu se desfez. Ao morrer, não vi Severo crescer e se tornar um adulto que vencia seu eu adolescente em frieza e maldade. O Severo Snape criança tinha sumido para todo o sempre. Mesmo assim... Eu não queria desistir dele... Agora era tarde demais.

—Senhorita Gruwell, por favor, se acalme. -Dumbledore pediu. -O professor Snape está bem. Você não conseguiu atingi-lo.

—O que? Ele... Ele está vivo?

—Sim. Ele escapou do feitiço e conseguiu contê-la, para trazê-la para cá.

—Mas... Ele está bem?

—Sim. Está bem. -Respirei fundo, aliviada.

—Bom... Acho que isso deve ter custado uns duzentos pontos para a Grifinória. -Dumbledore sorriu.

—Não, não. O professor percebeu que você estava fora de si e que isso foi causado pela picada de cobra. Bem, senhorita Gruwell, sugiro que descanse e mais tarde pode acalmar seus amigos e um tal de Almofadinhas. -Me sentei mais reta. -Ele me mandou uma carta e disse que se não fosse informado do seu estado, invadiria a escola com um Hipogrifo. -Arregalei os olhos. Dumbledore parecia divertido com a possibilidade.

O diretor sorriu e saiu da enfermaria com a professora McGonagall. Madame Pomfrey me fez deitar de novo e me cobriu.

—A marca no seu tornozelo já sumiu, mas quero garantir que você está cem por cento antes de deixá-la ir. -Antes de ir para sua sala, me fez engolir uma poção fortalecedora com gosto de menta e se foi, avisando que eu podia chamar se precisasse.

Me mantive deitada e imóvel, respirando devagar.

Eu não tinha matado Severo Snape.

Nem tudo estava perdido.

***

Felizmente ninguém entre os alunos sabia que eu tinha lançado um Avada Kedrava no professor de Poções. Bem, eu sabia. E o trio Potter, Weasley e Granger também, mas fora isso, ninguém mais.

Snape fingiu que nada tinha acontecido e não disse nada quando eu pedi desculpas por quase matá-lo. Na verdade, ele agiu como se não tivesse me ouvido.

Sirius não invadiu Hogwarts montado em Bicuço. Eu avisei que estava bem e que nada demais tinha acontecido.

“NADA DEMAIS?”, ele respondeu. “Você quase matou alguém, e por mais que eu não ligue para o Ranhoso, não quero vê-la ocupar minha cela em Azkaban!”.

Pelo menos ele não mandou um berrador.

Harry e eu cumprirmos detenção por mais duas semanas (não na Floresta Proibida), e fomos liberados.

E finalmente os jogos de Quadribol começaram. O primeiro jogo seria Grifinória contra Sonserina.

—Acabem com eles. -Pedi, acompanhando Harry para fora do Castelo. -Não aguento mais Malfoy fazendo gracinhas envolvendo fantasmas toda vez que passa por mim.

—Pode deixar, Meri, nós vamos derrubá-lo da vassoura!-Fred gritou, à nossa frente. Jorge assentiu.

—Obrigada, meninos!-Abaixei o tom de voz. -Eles vão derrubá-lo mesmo, não é?

—Não se eu derrubá-lo primeiro. -Harry brincou. -Ei, é amanhã o encontro com o pai da Luna, não é?

—É mesmo. Eu já tinha esquecido. Sabe, talvez eu não devesse...

—Por que não? Precisa fazer isso logo. Rita Skeeter já publicou o “Raio X” sobre você.

—Nem me lembre. -Um dia depois da edição sair, Draco me perguntou se eu ia visitar Sirius em Azkaban quando ele fosse pego. -Mas o que eu vou fazer? Isso vai ser um desastre ainda maior. Nem sei o que dizer.

—Hermione não contou?

—Contou o que?-Sorriu.

—Você vai ver. Não se preocupe, vai dar tudo certo.

—Espero que sim. Bem, boa sorte, Harry. Por favor, não caia e dê uma surra na Sonserina.

—Pode deixar.

Encontrei Hermione, então subimos juntas para o lugar mais alto das arquibancadas.

—Sabe, eu não entendo nada de Quadribol. -Comentei. -E são tantos jogadores... E funções... Confuso demais. -Riu.

—Exato. Eu ainda me perco um pouco. Mas não comente perto de Rony, ele pode iniciar uma longa explicação do assunto.

O jogo começou. Eu estava distraída com ele e não notei Hermione discutindo com Lilá Brown ao meu lado. Quando percebi, Mione já tinha agarrado uma edição do Profeta Diário das mãos da garota, que se apressou em sair de perto de nós com Parvati Patil.

—O que foi?-Perguntei.

—Ainda estão lendo isso. -Mostrou o jornal. Meu rosto estampava a capa com a inscrição “Meredith Gruwell: Tudo o que se pode encontrar”.

—Passa para cá.

—Meredith... -Tirei o jornal dela.

Eu ainda não tinha lido o que Rita escreveu sobre mim. Virei a página, olhando por cima, vendo algumas mentiras, algumas verdades e...

—Eu odeio essa mulher. -Murmurei.

Gruwell e Black – O casal inesperado

Meredith, em seus dezesseis anos, se envolveu romanticamente com Sirius Black, que, todos sabem, foi responsável pela morte do casal Potter e por pouco pela morte do pequeno Harry.

O casal formado pela figura número um dessa reportagem e Black era improvável. Sirius era muito popular em Hogwarts, um adolescente bonito e muito cobiçado pelas garotas. Meredith tinha poucos amigos, sempre grudada em Lílian Evans (mais tarde Potter), e tinha (ainda tem) uma beleza comum. Incrivelmente, a união de Tiago Potter e Lílian Evans aproximou Meredith e Sirius.

Quando a garota morreu, obviamente o relacionamento terminou. Mas, Sirius Black ainda amaria a pobre garota, assassinada tão jovem? Teria ele pedido ao Lorde das Trevas, seu mestre, para trazê-la de volta, prometendo eterna lealdade dos dois?

—Que tipo de bebidas essa mulher ingere?-Resmunguei, tirando os olhos do jornal. -Como ela se atreve... Como ela... Pode reproduzir isso? Eu... Não acredito que...

—Meri, calma. -Mione pediu. -Você sabe que a Rita é uma mentirosa.

—Ela disse que Sirius matou os Potter e é um seguidor de Você-Sabe-Quem.

—É o que as pessoas acham. Não conseguimos provar o contrário. Mas nós sabemos que é mentira.

—Ela afirmou que eu sou uma Comensal da Morte. Eu! A melhor amiga de Lílian. Como ela consegue inventar tantas mentiras?

—Meri... -Larguei o jornal.

—Eu preciso sair daqui. -Me levantei e comecei a sair.

Quando saí de perto do campo, corri para a entrada do Castelo, onde encontrei Dumbledore.

—Que bom que eu a achei, senhorita Gruwell. -Franzi a testa. -Preciso informá-la de que você tem uma audiência no Ministério.

—Quando?

—Agora mesmo.


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Notas finais do capítulo

Quem achou que o Snape tinha morrido levanta a mão! Kkkk
E finalmente Meri ficará frente a frente com o Ministério. O que será que eles querem?
No próximo capítulo... Mais uma bomba jogada na cabeça de Meredith ~ música de suspense ~
Até o próximo ♥