PASSADO

(Terceira Pessoa)

Já passava da meia noite. Hogwarts estava adormecida, sem nenhum som.

A garota estava correndo muito rápido. Não era o suficiente, ele ainda estava atrás dela, sem pressa de pegá-la, por que sabia que ia. Ela não ia escapar. Não havia ninguém que podia ajudá-la, ninguém para ouvir gritos, ou ver qualquer coisa que iria acontecer quando ela fosse alcançada.

A garota desacelerou, olhando por cima do ombro. Ele já não estava mais lá. Talvez tivesse desistido. Talvez tivesse se cansado, ou algum professor o pegou enquanto a seguia.

Respirou fundo, e parou. Estava na Torre do Relógio. Lá fora estava nevando, tudo parecia em paz, como num sonho. Alívio a invadiu. Estava a salvo.

Então, ele estava atrás dela, podia ver seu reflexo no vidro. Seu coração voltou a bater rapidamente, enquanto entrava em pânico. A garota virou, abrindo a boca pra gritar... Mas ele foi mais rápido e a empurrou.

Ela atravessou o vidro, caindo, caindo, caindo... Em direção à morte.

***

Os quatro professores se dirigiram aos dormitórios de seus alunos. Minerva McGonagall entrou no da Grifinória e despertou os alunos. Rapidamente todos foram para a Sala Comunal.

—Estão todos aqui?-Minerva perguntou, olhando para os rostos confusos e sonolentos. Estava prestes a acabar com a noite deles, mesmo que não quisesse. Lílian Evans olhou em volta rapidamente, preocupada.

—Hã... Meredith não está aqui, professora. –McGonagall se encolheu um pouco, apertando os lábios.

—Só falta Gruwell?

—Sim. Podemos esperá-la?

—Ela não virá, querida. –Lílian franziu a testa. Será que a amida havia escapado para se encontrar com Sirius de novo e havia sido pega? Mas não fazia sentido, o garoto estava ali... E para que acordar a Grifinória inteira?-Bom, muitos de vocês talvez... Certamente vão querer voltar para casa mais cedo, isso já está sendo planejado... –Olhou de rosto em rosto, todos estavam ainda mais confusos. –A aluna Meredith Gruwell, do sexto ano... Morreu.

Muitos alunos prenderam a respiração, algumas garotas soltaram gritos incrédulos. Lílian Evans começou a chorar. Tiago Potter se apressou em consolá-la, tentando se dividir entre a namorada e Sirius Black, o amigo, que estava pálido como uma folha de papel. Ele era namorado de Meredith.

—O que aconteceu, professora?-Lílian perguntou, soluçado. –O que houve com Meri?

—Ainda não sabemos. Meredith foi encontrada caída lá fora, parece que caiu da Torre do Relógio. Ainda não sabemos em que circunstâncias.

—Gruwell foi assassinada?-Um garoto perguntou, sentado nos fundos. –Alguém na escola a matou?

—Como eu disse, não sabemos o que aconteceu. A investigação ainda não terminou...

—Meri não teria se jogado de lá. –Lílian interrompeu. –Ela nunca... Nunca... –Caiu no choro de novo. Meredith era sua melhor amiga.

—Sei disso, e duvido muito dessa hipótese. Mas ainda assim... Precisamos investigar. Em breve saberemos exatamente o que houve com Meredith. Por agora... Podem voltar para cama. Ou fiquem acordados. –Acrescentou, vendo que agitados como estavam, nenhum deles dormiria.

Longe dali, nas masmorras, Severo Snape entrava sorrateiramente na Sala Comunal da Sonserina, a tempo de ouvir a mesma notícia dada por Minerva, mas ali pelo professor Slughorn.

Meredith Gruwell estava morta, havia sido assassinada em Hogwarts... Um lugar supostamente seguro.

***

PRESENTE

Havia muitas caixas no chão do quarto, Harry estava entre elas, vasculhando as coisas de Sirius. Em uma pasta, encontrou várias fotos de uma garota de cabelos escuros, expressão amigável e vestes da Grifinória.

—Quem é essa, Sirius?-Mostrou a foto ao padrinho.

—Meredith Gruwell. Estudou comigo e com seus pais desde que entramos em Hogwarts. Era grande amiga de Lílian. –Pegou outra foto, a mãe ao lado da tal garota, as duas riam e acenavam.

—O que aconteceu com ela?

—Meredith foi assassinada em Hogwarts, quando éramos estudantes.

—Achei que a escola fosse segura. –Sirius suspirou.

—E deveria ser. Todos acharam que foi alguém de dentro que a matou. Infelizmente, o assassino nunca foi encontrado, mesmo com extensas investigações. –Harry puxou outra foto da pasta: Sirius e Meredith abraçados, enquanto ele dizia algo que a fazia sorrir. Ergueu a foto sem falar nada. –Nós namoramos, até... Até ela... Ser assassinada.

—Sinto muito. –Pegou outra foto. Meredith e Severo, lado a lado. Franziu a testa. –Por que ela está com o professor Snape?

—Eles eram amigos. Até ela juntar Lílian e Tiago. Então brigaram feio e nunca mais se falaram. Alguns achavam que ele a matou, empurrando-a da Torre do Relógio.

—E você, o que acha? Acha que Snape a matou?

—Eu não sei, Harry, não sei. Ele realmente ficou com raiva dela, mas isso seria motivo para assassiná-la? Meredith não tinha inimigos. Havia quem que não gostava dela, mas não a ponto de matá-la. A verdade... É que nunca saberemos quem matou Meredith Gruwell.

***

A tempestade estava deixando todo mundo nervoso. Ninguém dormia. Então Minerva foi chamada pelo zelador Filch, no meio da noite. Ele a levou para fora do castelo.

A essa altura os alunos se amontoavam nos corredores, curiosos com o que viram pelas janelas.

Minerva parou nos degraus, olhando para a figura misteriosa. A garota estava de costas, descalça, e com uma camisola branca, que parecia antiga. Então se virou e pareceu surpresa.

—Professora Minerva!-Exclamou. A mulher colocou a mão no peito, espantada.

—Meredith? Meredith Gruwell?