Doente de saudade, me dei alta pra viver
Tô contando as horas, são dois dias sem te ver
Já deu pra entender que você me faz falta

Sexta Feira, 17h45min.

Faltavam quinze minutos para dar o horário do escritório, e então eu finalmente poderia sair daqui, pegar o meu carro e ir ver a pessoa com quem eu sonhava em ver. A cada dez segundos eu encarava o relógio preto pendurado na parede, o ponteiro parecia parado, e quão mais ansioso eu ficava, mais parecia que aquele maldito ponteiro andava para trás.

Quando me dei conta, eu estava com os cotovelos apoiados na mesa de madeira, com o computador desligado na minha frente, e encarando o relógio quase sem piscar, esperando ansiosamente pelas 18h00min.

A última vez que eu a vira, tinha sido em frente a portaria do prédio dela, onde eu tinha passado por uma meia hora, dois dias atrás. Mas pela saudade que já apertava meu coração, parecia que eu não via aquele sorriso lindo, e olhos brilhantes a anos.

E pra chegar até você eu já decorei
São 5 km, 7 sinais, 20 esquinas, 2 hospitais
7 Andares, são duas portas
Tô no seu quarto a hora é agora, a hora é agora

 18h00min, em ponto. Eu pego minhas coisas e quase saio voando do escritório, acenando rapidamente para Scott, que ainda digitava contratos no notebook. Ele sorri para mim e continua a digitar rapidamente, falando ao telefone ao mesmo tempo, provavelmente com Allison. Eu entro correndo no meu velho jeep, e acelero rumo ao prédio dela.

Estava tocando Happier no rádio, e eu cantava junto, tamborilando os dedos no volante enquanto eu lembrava de quanto Lydia gostava daquela música. Dos sete semáforos que havia no caminho, quatro deles estavam abertos, e eu precisei parar em três deles, um em frente a um dos dois hospitais que tinha no caminho, e onde uma ambulância saiu em alta velocidade, com a sirene a todo volume.

Paro um pouco antes da portaria do prédio dela, onde havia uma banca de flores. Como fazia tempo que não lhe fazia uma surpresa, eu comprei um ramalhete de flores. Então andei alguns metros, entrei no prédio, cumprimentei o porteiro e entrei no elevador, apertando o botão do sétimo andar.

701...702.

A porta branca parecia simples, mas atrás dela, ficava a pessoa que habitava meus pensamentos. Dia e noite. Noite e dia. Eu bato na porta levemente, escuto passos correndo dentro do apartamento, e uma ruiva descabelada de moletom, descalça e olhos verdes brilhantes a abre rápido demais.

Eu estendo as flores sorrindo, e ela as pega com uma face surpresa e um sorriso maior ainda, se ela soubesse o quanto eu lembrava daquele sorriso diariamente, ela jamais o tiraria do rosto.

Ela levanta na ponta dos pés e me dá um beijo curto, me puxa para dentro, ainda sorrindo e fecha a porta com um baque. Eu jogo a jaqueta em cima do sofá enquanto ela leva as flores para colocá-las na água.

— Gostou delas? – Pergunto, com uma voz que não conseguia esconder minha felicidade.

— Stiles, eu amei! – Ela dava pulinhos no lugar, e eu gargalhei, contagiado pela alegria da garota.

Nós vamos ao quarto dela, e deitamos na cama, prontos para assistir um filme.

Desliga esse abajur que o show não precisa de luz
Ação, romance ou suspense a escolha é sua
O filme é só pra arrumar desculpa
O filme é só pra arrumar desculpa

Ela se inclina por cima de mim para desligar o abajur que estava ao meu lado, roçando seus lábios nos meus quando faz isso. Depois se ajeita do meu lado, pegando o controle e começando a olhar as centenas de opções de filmes.

— Qual vai querer? – Ela me pergunta, ainda observando as várias opções disponíveis.

— Você escolhe – Sussurro ao seu ouvido, sentindo-a se arrepiar nos meus braços.

Ela continua procurando algum, até achar um que chame a nossa atenção. Quando o filme começa, ela pousa o controle no espaço ao seu lado da cama, e me envolve com seus brações, deitando no meu peito e assistindo. Enquanto eu mexia nos seus longos cabelos, e a abraçava, deixando-a bem próxima a mim.

Em certo momento, ela olha para cima, e me beija, eu retribuo com vontade, esquecendo-me completamente do filme que ainda passava na TV.

Desliga esse abajur que o show não precisa de luz
Ação, romance ou suspense a escolha é sua
O filme é só pra arrumar desculpa
A gente pausa, volta e continua

O filme foi totalmente esquecido, servindo apenas como som de fundo, enquanto nós nos beijávamos fervorosamente na cama, desarrumando-a toda, derrubando qualquer objeto que ocupasse nosso espaço, enquanto nós ficávamos cada vez mais próximos, cada vez mais quentes.

A cama estava já toda bagunçada, como os cabelos da Lydia e todo o resto do quarto, porém, nós não nos importávamos. Nós éramos um. Nossos corpos se encaixavam perfeitamente, como duas peças de quebra-cabeças especialmente feitas uma para a outra, e que depois de juntas, jamais deviam separar-se novamente, em hipótese alguma.

Desliga esse abajur que o show não precisa de luz
Ação, romance ou suspense a escolha é sua
O filme é só pra arrumar desculpa
A gente pausa, volta e continua

Fomos interrompidos pelo barulho dos créditos do filme, anunciando o seu fim, o que nos fez perceber que nós não tínhamos assistido quase nada do mesmo, resolvemos voltar e assisti-lo por inteiro.

Nos cobrindo agora apenas com um lençol branco e fino, Lydia deitava-se no meu peito nu, espalhando seu cabelo ruivo por ele e por suas costas. E Nós, abraçados, como se temêssemos algo que nos separasse, assistimos ao filme. Depois de pausá-lo algumas vezes, e voltar algumas cenas.

Demoramos quase a noite toda para ver o filme, pois existiam acontecimentos que nos distraíam do filme, como os belíssimos lábios vermelhos de Lydia nos meus. Realmente era algo que distraía. Mas eu não me importava, pois ela podia continuar com essa deliciosa distração por toda a sua vida, que eu jamais iria fazer objeções, desde que ela estivesse junto comigo.

Sempre, e para sempre.