Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 3
Lobos e dragões




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Depois de passar um bom tempo ao lado de Dany e Jon, Arya achou melhor deixar o irmão descansar, mas a rainha dos dragões, como muitos a chamavam, não saiu do lado dele. Arya então seguiu para procurar por Sansa, encontrou-a reunida com Sor Davos, Mindinho, Bran e Tyrion Lannister.

—Um ano, Jon partiu por um ano deixando o Norte sobre os meus cuidados. E agora volta machucado com a aquela mulher ao seu lado. Eu não a quero aqui. Ela não é bem vinda em Winterfell. - Arya ouviu a irmã dizer.

—Lady Sansa, como mão do Rei devo dizer que não é aconselhável expulsar um aliado, muito menos um aliado que não só está nos provendo com o material que precisamos para guerra, como também salvou a vida do seu irmão. -Davos afirmou.

—E não foi para provar a ela que Jon se enfiou naquele lugar para começo de conversa, meu lord? - Sansa perguntou com firmeza.

—Não seja injusta. - Tyrion Lannister disse. Arya olhou para o homem que era chamado de “duende”, um Lannister em Winterfell. O único dos Lannister decentes pelo que ela havia ouvido falar, o homem que matou Tywin Lannister e que foi acusado da morte de Joffrey, talvez ele tivesse mesmo matado o “reizinho”, Arya o invejaria se fosse verdade. Ambos estavam em sua lista.

—Deveria ouvir seu marido. - Arya disse entrando na sala. Ela estava sendo sarcástica, mas percebeu que a piada deixou ambos desconfortáveis, então se desculpou.

—A única coisa que importa é que Jon confia em vocês, ele quer a Targaryen aqui. -Bran disse.

—E como você sabe o que ele quer, meu lorde? - Mindinho perguntou. Arya podia sentir o tom de desdém nas últimas palavras de Baelish.

—Porque eu sei.

—Jon abriu os olhos poucos minutos atrás e depois disse o nome dela. Além disso, eu ainda conheço meus irmãos, ou pelo menos alguns deles. - Arya contou.

—O que importa é que ninguém mais saiba que aquela é Daenerys Targaryen - Tyrion disse. -Posso contar com isso? - Ele perguntou olhando para Sansa.

—Claro, meu lorde. - A ruiva disse deixando o recinto. Mindinho a seguiu.

—O que aquela criatura desprezível faz com vocês? - Tyrion perguntou, claramente se referindo a Mindinho.

—Ele foi fundamental para a vitória da batalha dos bastardos. Jon e seus homens lutaram bravamente, mas eles não tinha as melhores chances em números.

—Lorde Baelish é um agente do caos. E eu não quero ele perto de Daenerys.– Tyrion falou saindo.

Restaram então apenas Davos e Arya na sala.

—Acha que ele tem razão? - Arya perguntou ao homem, não conhecia, mas havia algo nele que inspirava confiança.

—O que a senhora acha, milady?

—Me chame de Arya. - Ela disse com firmeza. - Eu acho que não conversaria com ele sem minha espada, nem beberia um vinho que ele servisse.

—Então confie em seus instintos. Pelo que soube, eles são bons, te mantiveram viva todos esses anos, uma loba sozinha longe de casa.

Arya pensou na situação de Daenerys em paralelo a sua, "um dragão sozinho em Winterfell".

—Ah, tem alguém que veio conosco que vai gostar de vê-la. - Davos diz. -Ele está com o ferreiro cuidando das armas. Quando a senhora tiver tempo sei que ele ficará satisfeito em vê-la, disse ser um velho amigo.

Arya não tinha a menor ideia de quem poderia ser, mas isso não a impediu de ir conferir, não tinha mais nada a fazer de qualquer forma. Bran, ou melhor, o corvo de três olhos estava em algum momento do presente, passado ou futuro, mas definitivamente não estava ali. Sansa, por sua vez, estava cuidando de toda Winterfell com seu cão de caça particular rondando-a - Arya lembrou-se de tomar cuidado para não deixar a raiva crescer “não podemos brigar entre nós” a voz de Ned dizia fazendo-a se envergonhar. Então ela partiu para encontrar esse suposto velho amigo.

Quando chegou na oficina do ferreiro viu um jovem de costas, apesar do tempo, ela não poderia deixar de conhecê-lo.

—Gendry… - Disse. Sua voz quase não saiu.

—Arya! - Ele disse se aproximando. Ela deu um abraço apertado nele, na frente de todos, não se importava. Muitos dos homens de Winterfell a encararam.

—Vejo que não aprendeu nada, uma lady não deveria abraçar um qualquer. - Ele fala.

—Eu não sou uma lady. E você não é um qualquer. - Ela respondeu.

……………………….x…………………..

Tyrion entrou no quarto de Jon e deu a Daenerys um olhar de preocupação, que ela respondeu com desdém, nos últimos dias era como se ele fosse um pai protetor e ela uma filha insubordinada.

—Minha rainha, vejo que está aqui novamente. No leito do Rei do Norte.

—Você é mais inteligente do que essas observações óbvias. - Ela pontuou.

—Não pode ficar no quarto dele o tempo todo.

—E onde mais iria? - Ela perguntou. - Eu vim aqui para isso.

—Precisamos voltar para Pedra do Dragão. Seus filhos precisam de você. Precisamos seguir com o nosso plano.

—Tyrion, eu perdi um dos meus filhos por Jon Snow, se ele morrer, tudo terá sido em vão. - Ela confessa.

—E ele vai viver? - Tyrion pergunta se aproximando da cama. Fantasma, o lobo gigante, levanta a cabeça para encará-lo, exibindo os dentes afiados. Fazendo o homem recuar cautelosamente. Ele parece não ter gostado do tom de descrença de Tyrion.

—Fantasma. - Dany chama seu nome. - Está tudo bem garoto. - O lobo tira seus olhos de Tyrion e os desloca para Dany, em seguida, volta-se a deitar aos pés de Jon. Daenerys percebe o jeito que Tyrion olha para ela depois da cena. - Não diga nada. Você está lendo demais dessa situação.

—E seria a pior de toda as coisas?

—Me diga você, é minha Mão, não é? Que tipo de aliança eu deveria fazer?

—Existem nomes mais influentes, mais interessantes para a estabilidade do reino.

—Eu não te contei, não contei a ninguém, mas quando estávamos no navio, quando ele acordou. Jon disse que ajoelharia para mim. Que os nortenhos teriam que entender. - Dany disse mudando de assunto. Não queria ouvir Tyrion falando sobre outros nobres que poderia ocupar o cargo de Rei ao seu lado, ela não pretendia fazer outro casamento por conveniência, poderia muito bem reinar sozinha.

—Não deveríamos estar aqui caso ele viva e decida prosseguir com isso.

—É claro que ele vai viver, está melhorando. Meistre Wolkan acredita que Jon pode acordar a qualquer momento, que ele, por sinal, já deveria ter acordado.

—Não vou conseguir convencê-la a voltar, vou?

—Mais dois dias - Ela responde com firmeza. - Se ele não tiver melhor, nós podemos partir. -Dany fala aquilo mais para Tyrion do que como uma promessa, ela mesma não sabia se teria coragem de ir embora e deixar Jon ali, naquele estado.

—Ao menos saia do quarto um pouco, explore Winterfell, mas sempre acompanhada.

Mesmo a contragosto, Daenerys seguiu o conselho de Tyrion. Ela foi guiada até o Bosque Sagrado, onde encontrou Sansa e Arya, a ruiva parecia rezar concentradamente, enquanto a outra estava apenas parada encarando uma grande árvore. Bran também estava perto, mas parecia não estar de fato consciente do que se passava ao seu redor.

Me desculpe.- Disse Daenerys virando-se para sair no momento em que seus olhos encontraram com os de Arya. -Não queria interromper vocês.

Por que você ainda está aqui? - Sansa perguntou. -Achei que já teria voltado para os seus dragões.

—Sansa! -Arya disse.

—Por favor, entenda Lady Sansa. Não posso partir sem saber que Jon está bem.

—Você veio rezar? - Arya perguntou.

—Temo não saber muito sobre os deuses antigos. -Disse Daenerys - Apenas cansei de ficar esperando, mas talvez rezar ajude dessa vez, nunca ajudou antes. Apenas queria pode fazer algo por Jon... digo, Rei Jon Snow.

—Jon. Foi esse o nome que saiu da sua boca quando ele caiu no lago. -Bran disse. - Antes disso você apenas o chamava por seu nome completo.

—Como você sabe disso? - Perguntou Daenerys.

—Ele pediu sua ajuda e, em vez de enviar seu exército, você foi sozinha, com seus dragões. E isso custou caro. - Bran continuou falando, ignorando a pergunta de Daenerys. Era como ele estivesse vendo aquilo naquele momento, descobrindo os fatos.

—Você usou o outro dragão para ajudar aqueles homens a voltarem para a Eastwatch. Eles estariam mortos não fosse por você, mas Jon ficou. Ele tentou proteger os dragões, você queria voltar para salvá-lo quando ele caiu no lago, rompendo o gelo e isso significaria arriscar mais um de seus filhos, arriscar aquelas pessoas. Você chorou no caminho de volta, mas ninguém notou, chorou por seu filho e por Jon.

Sansa e Arya estavam tão surpresas quanto Daenerys, mas a ruiva se recuperou rapidamente e olhou-a nos olhos, tinha lindos olhos azuis, penetrantes.

—O que você quer com Jon?

—Eu ...-Aquela não era um pergunta fácil de responder. Daenerys não tinha certeza da resposta, a única que tinha certeza era de que queria ficar perto dele. -Seu irmão é um aliado. - Foi tudo que ela pode dizer.

—E como o Norte, governado por um Rei, se encaixa nos seus planos de tomar os Sete Reinos? -Sansa perguntou. -Por que você adiaria seu plano de tomar os sete reinos pelo que há além da muralha?

—Porque eu vi com meus olhos, vi que seu irmão tinha razão. Sobre o Norte, eu sinto muito, mas não acho que seja com você que devo ter essa conversa.

—É comigo sim, pelo menos enquanto Jon estiver desacordado.

—Parece que esse não vai ser mais um problema. - Bran disse. - Ela está acordando agora mesmo.

Daenerys observou enquanto Arya praticamente correu pela floresta, e a seguiu o mais depressa que pode. Quando entraram no quarto deram de cara com Jon Snow, sendo tratado pelo maistre de Winterfell, ele estava parcialmente sentado na cama, suas cicatrizes expostas, a expressão melancólica sumiu de seu rosto no momento em que Arya Stark se jogou em cima da cama abraçando-o.

—Arya! -Sansa recriminou-a entrando no quarto.

Então o meistre pediu para que todos saíssem, pois, precisava cuidar de Jon, mas Arya se negou dizendo que não ia a lugar nenhum. Então ficou, assim como Fantasma.

……………..x…………..

—Achei que nunca mais fosse te ver. - Jon disse encarando a irmã.

—Eu achei o mesmo, estou feliz que tenha acordado. Deveria ser mais cuidadoso em batalha, não lembrou de furar com a parte afiada? - Ela falou fazendo-o sorrir.

—Você ainda a tem? Agulha?

—Claro! Ela me manteve viva todo esse tempo.

—Vai me contar pode onde você esteve por todos esses anos? - Jon perguntou. Por muitas vezes ele temeu pela irmã, imaginou o que teria acontecido, como teria morrido.

—Mais tarde, quando você estiver recuperado. E assim que me contar como conseguiu todas essas cicatrizes- Ela disse.

—Certo, mas então pode pelo menos de dizer há quanto tempo estou aqui?

—Três dias. - Ela informa. - Daenerys Targaryen saiu poucas vezes do seu lado, quase menos do que fantasma. - Aquela informação acendeu algo dentro do peito de Jon. Daenerys estava em Winterfell, aquilo era um erro, era arriscado, ela deveria estar em Pedra do Dragão, ela nunca nem deveria ter deixado Pedra do Dragão. -Ela salvou mesmo a sua vida?

—Salvou! - Confirmo.

—Eu gosto dela. -Arya diz.

Meistre Wolkan lhe deu algumas gostas de um elixir e disse que ele deveria descansar mais um pouco, mas que a febre havia finalmente ido embora. Uma criada trouxe a comida e Sansa se reuniu a Jon e Arya, assim como Bran um tempo depois.

O irmão tinha perdido todo o ar juvenil que tinha no rosto, era agora um jovem alto, embora não pudesse se por de pé.

—Bran! - Jon disse. Bran parecia incapaz de demonstrar emoção. Tudo que ele disse foi que sabia que Jon viveria e que eles tinha muito que conversar em breve.

—Ele está… - Jon começou a dizer assim que Bran deixou o quarto.

—Estranho? Sim - Sansa disse.

—Aparentemente ele é o corvo de três olhos agora. Eu não sei que tipo de coisa acontece para lá da muralha, mas obviamente não é boa coisa. - Arya pontuou. A menção da muralha e das terras depois da mesma fizeram Jon lembrar de Viserion, do grito do dragão, do sangue, da dor nos olhos chocados de Daenerys.

—Arya, pode me deixar a sós com Jon por um minuto, por favor. - Sansa disse firmemente, não era um pedido, apesar do tom cordial.

—Claro, Lady Sansa. - Arya afirmou. Jon notou que a irmã mais nova mantinha seu comportamento rebelde e o deboche com relação a Sansa. Então observou enquanto Sansa ficou de pé, caminhando pelo quarto.

—O que está errado? - Ele perguntou.

—Eu não gosto da presença da Targaryen aqui.

Jon sabia que ela não ficaria nada contente com a ideia de se submeter a uma rainha sulista, principalmente depois de tudo que passou na mão de Cersei, Joffrey, Ramsay Bolton, mas Daenerys não era com nenhuma daquelas pessoas, ela era justa, leal, e se o Norte quisesse se rebelar, que fizesse, ele, pessoalmente, pertencia a Dany. E talvez aquele fosse o momento de contar isso a Sansa.

—Sansa, sente-se, eu preciso te contar uma coisa. - Ele disse, mas antes que pudesse continuar alguém bate na porta e abre-a em seguida. É Davos.

—Daenerys recebeu um corvo de Pedra do Dragão. Cersei Lannister marcou uma data para nos receber. Ela planeja voltar para Pedra do Dragão em poucos dias.

—Ótimo. - Jon respondeu. -Preciso de um banho.

—Vou pedir para que providenciem isso aqui no quarto. -Ele falou saindo do quarto apenas por tempo suficiente para falar com um dos escudeiros parados na porta.

—Por que tem escudeiros na minha porta? - Jon perguntou.

—Porque você é o Rei do Norte. - Sansa disse firmemente. - Ou esqueceu disso?

Realmente queria contar a Sansa sobre não ser mais um Rei, queria mesmo, mas a expressão no rosto da irmã acionou seu alarme de cautela.- Sansa sinto muito, podemos terminar a conversa em outro momento? Estou cansado.

—Claro. - Ela responde deixando o quarto obviamente contrariada.

—Quer saber a real razão dos escudeiros? Tyrion não confia em Lorde Baelish perto de Daenerys, e a rainha se negou a deixar seu quarto.  - Davos pontua.

—Ele tem razão. Eu também não confio em Lorde Baelish, principalmente perto dela.

Jon decidiu contar a Davos sobre o juramento que fez a Daenerys, o cavaleiro das cebolas, como era conhecido, era um homem de bom coração, e excelente bom senso, apesar de não se conhecerem por muito tempo, Jon sabia que podia confiar nele, sabia que Davos era capaz de conceder conselhos realistas, capazes de permitir que sua cabeça continuasse no lugar. Davos era um homem que tinha fortes valores sobre as coisas certas, seu amor por Shireen Baratheon, a quem tratava como sua própria filha, era a prova disso. Em alguns aspectos, Davos era semelhante ao falecido pai de Jon, Ned Stark. Talvez por isso Jon gostasse de tê-lo por perto.

—Depois do que ela fez por você, por aqueles homens, eu imaginei que você pudesse considerar isso. - Davos afirmou sem surpresa.

—Preciso contar a Sansa. Contar aos lordes nortenhos.

—Faça isso depois da guerra. Converse com Daenerys, ela vai entender. - Jon não achou que pudesse pedir aquilo de Daenerys, não depois de tudo que ela fez por ele.

Depois do banho e de um bom jantar, Jon havia recebido novamente a companhia de Arya. A irmã mais nova estava dormindo em sua cama, quando a porta se abriu e Daenerys entrou. Ela encarou Arya que dormia encolhida, e sentou-se perto de Jon na cama.

—É bom te ver finalmente acordado.

—Precisamos conversar. - Ele disse.

—Seja o que for, tenho certeza de que pode esperar. - Daenerys disse colocando seus lábios nos de Jon, passada a surpresa inicial, ele retribuiu o beijo, colocando uma de suas mãos no rosto da rainha.

—Você estava falando sério sobre o que disse no navio? -Ele perguntou.

—Sim. - Ela respondeu.

—Ótimo. -Jon disse passando os dedos carinhosamente na face branca de Daenerys. - Porque assim que eu puder, faço questão de me ajoelhar.


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