— Que maravilha, como não vimos esse buraco? — Lucy estava nervosa.

— Bom, por todos esses galhos e folhas que caíram com a gente acho que ele estava bem disfarçado.

— Foi o peso dela que derrubou a gente, eu disse pra ela não se empanturrar de peixe — Happy acusava, fazendo cara de inocente.

— COMO QUE É? — o chacoalhou enquanto gritava.

— Laaaaaaxuuuuus, soooocoooorrooooo — pediu com dificuldade. 

— Não sei se perceberam, mas tem uma escada de madeira bem ali — o loiro apontou para o outro lado do buraco.

— ESTAMOS SALVOS — Lucy comemorou, largando o gatinho.

— Deus seja louvado, eu sobrevivi ao ataque dessa ogra.

— O que você disse? — perguntou macabramente.

— Que você está linda, uma Deusa. Fez chapinha no cabelo? — se escondeu atrás do loiro.

— Francamente — subiu a escada.

— Você gosta de brincar com fogo, né? — seguiu a loira.

— Um pouco — disse em cima da cabeça do loiro.

— Essa grade está com energia... Isso não faz sentido — Lucy olhava para as faíscas. — Como vamos passar?

— Eu levo você por cima — ativou sua magia.

Quando os três já estavam do outro lado conseguiram observar melhor o local. O acampamento era composto por três casas de madeira quase que completamente destruídas e um círculo de pedras na frente delas.

As paredes de ambas as casas tinham menos de um metro de altura, sendo fácil ver seus interiores que se resumiam a nada. Todas estavam completamente vazias.

— Vocês devem estar perdidos, entrar aqui não é algo que qualquer um faria... — uma voz disse detrás da casa do meio.

— Quem está ai? — Lucy já se colocou em posição defensiva.

— Podem ficar calmos, não pretendo atacar, afinal eu sequer consigo lutar... — saiu de seus “esconderijo”.

A voz vinha de uma pequena coruja, mais ou menos do tamanho de uma mão de adulto. Ela era azul escura com alguns detalhes em branco e olhos também azuis, um pouco mais claros do que suas penas.

— Uma coruja — Happy a olhou assustado, pronto para se esconder.

— Sim, sou uma coruja. Prazer, me chamo Nights, sou um espírito celestial extinto (é uma coruja macho).

— Extinto? — Laxus estava perdido.

— Não acredito... Você é um dos espíritos com constelações extintas — Lucy o olhava admirada.

— Quê?

— Exatamente. Eu representava a Constelação de Noctua, mas ela foi extinta e se tornou parte da Constelação de Hydra (valeu Google). Quando uma constelação é extinta seu espírito celestial é exilado do Mundo Celestial...

— Se a constelação não existe mais... O espírito também não deveria deixar de existir? — perguntou curioso.

— Laxus! — estava surpresa com a pergunta.

— Eu também pensava assim, mas aqui estou eu. Tecnicamente eu deixei de ser um espírito celestial, perdi minhas magias e minha chave se tornou um mero artigo de decoração, com ela é impossível me invocar.

— Então... Você é um espírito celestial e ao mesmo tempo não é...

— Exatamente, agora sou apenas uma simples coruja, a única diferença é que continuo imortal como qualquer outro espírito.

— Que triste... — Happy se aproximou.

— Tem algo que possamos fazer para ajudar? — Lucy perguntou.

— Bem... Vivo assim faz anos, não tem nada que possa ser feito.

— Tem certeza?

— Absoluta. Não precisam se preocupar, já me acostumei com minha nova vida — sorriu.

— Ainda é possível fazer um contrato com você? — o loiro perguntou.

— Sim, mas como eu disse, não posso ser invocado. Minha chave não funciona mais, nenhum mago celestial quis fazer um contrato comigo depois do meu exílio.

— Bem... Eu adoraria fazer um contrato com você — sorriu.

— Você é uma maga celestial?

— Sou — mostrou as chaves.

— E você quer fazer um... Contrato comigo?

— Quero — disse com convicção.

— Sério? — arregalou os olhos.

— Claro!

— Eu adoraria, mas não vou ser de grande ajuda sabe... Não acho que eu posso ser útil para a senhorita.

— Ter magia é apenas um detalhe — sorriu. — Adoraríamos que fosse com a gente, com amigos é sempre mais divertido.

— Você me convenceu! Meu contrato é bem simples, apenas me leve com você quando precisar de algo — entregou sua chave, que era branca fosca com uma corujinha na ponta.

— Pode ter certeza que vou te levar para muitos lugares — se animou. — Aliás meu nome é Lucy, aqueles são Happy e Laxus — apontou pra os dois.

— Bem vindo a equipe — Laxus cumprimentou.

— Agora tem alguém pra voar comigo! — Happy pulou feliz.

— Obrigado — sorriu. — Bem... Se não for muito atrevimento, poderiam me dizer o que vieram fazer aqui?

— Estamos em busca da partes de um cajado mágico — a loira explicou resumidamente.

— Ah, vocês são os magos que a Tamandra disse...

— Você conhece a Dona Tamandra?

— Sim, ela me disse que vocês tinham conseguido passar pelo Lionard e eu deveria ajudar, só não esperava que fosse vocês...

— Lionard é aquele lobo?

— Sim, ele realmente não queria assustar vocês, na verdade ele é bem dócil, mas ele estava em dívida com a Tamandra assim como eu.

— Ele era o terceiro teste de coragem... Mas ele ainda é assustador — o gatinho se encolheu.

— Sim, ele sabe ser assustador as vezes, mas é um grande amigo. Bem, vou parar de enrolar e guiar vocês... Vou ser breve: esse é o acampamento errado!

— Errado?

— Sim — subiu no ombro da loira. — Esse acampamento onde estamos é uma área de paintball, ele simula um lugar destruído. O acampamento fica para aquele lado — apontou com a asa para um portão na esquerda.

— Tinha um portão e eu tive que voar com esses dois até aqui... Viu o que dá ser afobado?

— Que moral você tem pra falar da gente, gato? Você é sempre o primeiro a sair por ai apertando e mexendo nas coisas — o loiro o acusou.

— Eu? Eu sou um amor de gato, posso ser comparado ao um anjo — se fez de inocente.

— Nunca vi um anjo com chifres.

— E eu nunca vi uma tomada com pernas — resmungou.

— O que disse?

— Nada, eu estou mudinho! E então, vamos seguir o caminho? — saiu andando.

— Vocês são engraçados — a coruja riu.

— Você ainda não viu nada — a loira também riu. — Então, conto com você para ser nosso guia!

— Pode deixar, prometo não decepcionar! — sorriu.

Nights ainda não conseguia acreditar que tinha feito amigos para conversar e se aventurar, muito menos que encontrou uma maga celestial que o queria ao seu lado.

Pela primeira vez desde seu exílio ele sentiu realmente feliz, e tinha certeza que esse sentimento só tendia a aumentar.