Clary e Jace haviam decidido comemorar o quarto aniversário de casamento deles em Idris; o sol brilhava alto enquanto desembarcavam as malas na varanda da casa de verão da família Penhallow; quando os Lightwood estavam na cidade eles sempre eram muito generosos em emprestar uma das casas deles fora da cidade para a família.

A casa era uma vitoriana cinza com uma linda porta vermelha, de longe, parecia ser uma casa simples de verão, mas sendo propriedade dos Penhallow o interior era inteiramente luxuoso. Sempre que Clary e Jace podiam eles ficavam perto da família; apenas com 26 anos, Clary e o marido, Jace, tinham trabalho demais e precisavam relaxar periodicamente ou então os afazeres do Instituto os deixariam loucos.

Após desfazer as malas, Clary foi até a cozinha da casa, um cheiro delicioso estava pela casa inteira.

—Espero que não seja a Isabelle cozinhando –Disse enquanto chegava na porta da cozinha e via Isabelle sentada na bancada, no colo dela estava o bebezinho mais fofo que Clary já tinha visto, com os cabelinhos castanhos cacheadinhos e um sorriso banguela no rosto.

—Haha, muito engraçada mesmo, Clary –Isabelle ria ironicamente.

Com o canto do olho Clary viu que uma mulher rechonchuda e com bochechas vermelhas colocava uma carne linda no forno. Clary sorriu para a mulher quando a olhou e a senhora apenas continuou seu trabalho, sem nem mesmo dizer um oi.

Clary deixou para lá e foi até Isabelle e o bebezinho. –E quem é esse bebê fofíssimo? –Clary disse enquanto passava a mão pelos cabelos da criança. Ele estava colocando um brinquedo de madeira todo babado na boca.

—Esse é o pequeno Samuel –Isabelle disse enquanto pegava na mãozinha da criança. –A Sra. Patmore cuida do orfanato em Alicante e quando vem cozinhar ela traz ele porque ele é o menorzinho.

Agora que Clary olhava melhor, ela via como a mulher parecia cansada, cuidar de um orfanato e ainda trabalhar como cozinheira deve cansar muito, Clary imaginava.

—Bem –Izzy disse enquanto entregava o bebê para Clary. Um bebê tão pequenininho, não poderia ter um pouco mais que 2 anos. –eu e Simon temos que resolver algumas coisas em Alicante.

Então Clary olhou Isabelle passar pela porta da cozinha, deixando Clary sozinha com a Sra. Patmore e o pequeno Samuel. O menino parecia ser muito calmo, pois tudo que fez ao ir para o colo de Clary foi bocejar preguiçosamente, e ao olhar para os olhos verdes do garoto Clary imaginou como alguém poderia abandonar um bebê tão fofo. Ao ver que a Sra. Patmore não havia nem levantado os olhos do fogão para o menino Clary perguntou brevemente se poderia levar o bebê para brincar com alguns brinquedos guardados no sótão, que Clary na última viagem para Idris tinha visto, a senhora apenas balançou a cabeça em concordância sem dizer nada.

 

 

—Jace, você sabe onde estão aqueles brinquedos que ficavam no sótão? –Clary perguntou enquanto entrava no quarto de hóspedes que ela e Jace haviam invadido. Jace arrumava pacientemente as camisas em cima da cama.

Ele continuou o trabalho sem nem olhar para trás. –Brinquedos? –Perguntou com a voz maliciosa. –Não sabia que queria deixar o nosso aniversário de casamento tão quente.

Ao falar isso ele virou para Clary com um olhar de malicia no rosto, antes ver Samuel e desfazer o sorriso.

—Eu sabia que meu poder de sedução era eficiente, mas isso já um pouco demais. –Disse e com o sorriso voltando ao rosto ele pegou Clary pela cintura, envolvendo Clary, e consequentemente Samuel, em um abraço.

—Engraçadinho –Disse Clary enquanto revirava os olhos.

Jace apenas deu uma risadinha baixa e apertou levemente a bochecha de Samuel, que respondeu com uma gargalhada banguela para Jace.

—Quem é esse agarrado na minha esposa? –Jace perguntou enquanto balançava os bracinhos do bebê para cima e para baixo, o fazendo rir ainda mais.

—Esse é o Samuel. –Disse Clary não resistindo a brincadeira dos dois e rindo junto com eles. –Parece que é uma das crianças do orfanato da cozinheira da casa, Sra. Patmore.

—Bem, sendo assim –Jace disse enquanto tirava o menino do colo de Clary delicadamente – Temos que pegar alguns brinquedos para você, não é, garotão?

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Nos 12 dias que estavam hospedados na casa Penhallow Clary e Jace haviam aproveitado muito o aniversário de casamento, conseguiram passar bastante tempo juntos, mas também passavam bastante tempo com Samuel, haviam pegado um carinho enorme pela criança, uma conexão que não conseguiam explicar de jeito algum, só sabiam que adoram o garoto. A cada dia que se passava eles viam como ele era esperto para a idade, ágil pelo tamanho e carinhoso apesar da maneira como vivia, constante ignorado pela tutora, Sra. Patmore. Em uma noite até mesmo haviam pedido que a senhora deixasse o garoto dormir na casa e ela não havia nem mesmo hesitado.

Agora que estavam indo embora, Jace parecia um pouco distante, talvez porque pensava em como seria difícil voltar para o Instituto depois, ou talvez fosse outra coisa que Clary não sabia dizer.

Haviam terminado o jantar e subiram para o quarto; Jace olhava com a testa franzida para a janela enquanto Clary chegava atrás do marido sem que ele percebesse.

—Vai me contar qual é o problema? –Clary chegou atrás de Jace e o abraçou, de baixo da jaqueta de couro ela podia sentir que ele estava tenso.

Jace suspirou pesarosamente antes de se virar e olhar para Clary.

—Eu não sei você, Clary –Jace passou a mão no rosto de Clary antes de continuar. –Mas eu não posso voltar para casa sem Samuel.

Clary não esperava que ele tivesse essa reação; claro que havia notado que Jace havia se apegado muito ao garoto, mas será que eles estavam prontos para dar um passo tão grande?

Clary não sabia se estava pronta, mas quem realmente estava totalmente pronto para um filho? Ela não sabia dizer porque, mas no fundo também achava que não conseguiria voltar para Nova York sem levar Samuel com eles. Então havia decidido, teria que contar o que também estava acontecendo com ela para Jace.

—Bem –Clary disse enquanto olhava nos olhos de Jace. –Teríamos que arranjar um espaço no Instituto para eles. –disse com um sorriso singelo para Jace.

Jace sorriu para Clary e foi abraça-la, mas no meio do caminho parou e franziu a testa.

—Eles? –Jace perguntou com um olhar indagador para Clary, percebendo finalmente o que a esposa queria dizer.

Com um aceno positivo de cabeça e um sorriso no rosto ela confirmou para Jace que já iriam começar a família não só com Samuel, mas também com a criança ainda no ventre de Clary.

Jace foi até Clary e a beijou, um beijo de pura felicidade e orgulho. Quando a conheceu ele não pensava ela o faria tão feliz, o permitiria ser o pai e o marido que sempre pensou secretamente em ser.

Eles ficaram assim por uns minutos, a claridade da lua atravessando a janela do quarto, a respiração de um contra a do outro. Pousaram a testa junto a do outro e apreciaram aquele momento juntos.

Jace saiu do abraço de Clary, a pegou pela mão e olhou para a porta do quarto, logo depois para ela novamente.

—Vamos buscar nosso filho então. –E juntos, eles começaram a traçar o caminho que os levaria até Samuel.