Niklaus se perguntava a que ponto havia chegado?

Se sentindo perdido segurava um copo de Bourbon pela metade, sua respiração estava acelerada e extremamente pesada. Inquieto deixou um suspiro sair pelos seus lábios, enquanto levantava-se e caminhava de um lado para o outro dentro do quarto. Minutos se passaram e seu olhar repousou em um pequeno móvel de madeira ao lado de sua cama, revirou com ferocidade uma de suas gavetas até encontrar algo esquecido no fundo dela. Sentou-se a beirada de sua cama numa tentativa de fazer suas pernas pararem de tremerem, passou uma das mãos pelos cabelos desgrenhando ainda mais os fios que já estavam cumpridos fazendo os ficarem ainda mais rebeldes na tentativa de reprimir um grito de socorro.

De: Niklaus Mikaelson

Para: Marjorie Ann Maragon M.

“Minha pequena e geniosa Jorie, com todo o meu amor escrevo-te esta carta para dizer quantas saudades sinto de teus beijos, não tela em meus braços deixa-me vazio, angustiado. Já estou a caminho da capital avise a Rebekah e Kol para prepararem as bagagens eu, Elijah e Finn estaremos de volta em breve os Gorgan’s e nós fizemos um delicioso acordo e ele nos cedeu gentilmente seu navio para chegarmos ao nosso próximo destino. Com saudades suas teu amado marido Niklaus M”.

O papel degastado foi colocado cuidadosamente dentro da caixa dourada, junto dele havia mais dois papeis e uma pequena caixinha vermelha, um dos papeis era um retrato de toda a família ainda em preto e branco durante a comemoração do primeiro ano em New Orleans significando o começo de uma nova era. O ultimo era um desenho já desgasto de uma mulher que sorria enquanto colhia maçãs.  

Flashback On

“A brisa suave da manhã bagunçava seus longos cabelos ruivos enquanto a jovem corria com um sorriso brincalhão em seu rosto

— Eu vou pegar você love não adianta se esconder. - Marjorie abafou o riso com uma das mãos enquanto se abaixava por trás de uma framboeseira silvestre. – Minha pequena joia não seja má.

— Ah! – exclamou surpresa ao sentir braços entrelaçarem a sua cintura. – Você fez a brincadeira perder a graça Nik.

— Eu sempre irei te buscar querida não importa onde estejas eu sempre voltarei quando você me chamar, ou quando eu achar que precisas. – disse Niklaus enquanto ajudava a moça levantar.

— Isso soou um tanto possesivo.

— Eu sou possesivo love. Cuido do que é meu e do que eu tenho que certeza que vai ser sempre meu, sempre para sempre.

— Sempre para sempre sua Niklaus.”

***

Niklaus abriu a caixinha vermelha por ultimo já sabendo do que se tratava, retirou com cuidado analisando a peça em sua palma da mão. Era tão pequenino. Sentiu uma lágrima descer sobre seu rosto enquanto segurava o sapatinho amarelo. Maldita hora que resolveu ligar a sua humanidade.

“- É tudo culpa sua você me traiu! As bruxas avisaram sobre o mau presságio, eu fui cego e não quis acreditar, você Marjorie me feriu profundamente e se eu não posso te arrancar do meu coração eu arrancarei eu do seu. – Sua voz estava carregada de sotaque e a cada palavra dita fazia a mulher a sua frente chorar ainda mais.

 – Eu nunca lhe trai, ao contrário de você que para conseguir acordos leva mulheres promiscuas para a sua cama, eu estou grávida Niklaus, não pode fazer isso comigo com o nosso filho!  – a jovem gritava enquanto apontava o dedo em sua face, as maças de seu rosto estavam sobressaltadas e seus olhos demonstravam irritação por onde lágrimas escorriam sobre ele.  

— Não! Esse filho não é meu. Vampiros não procriam e você deitou-se com outro homem, é a única explicação. – berrava ele enquanto segurava os punhos da mulher que jurou amar por toda a sua eternidade, Niklaus estava cego de ódio. – Você é uma loba imunda Jorie. – sussurrou ironicamente o seu apelido enquanto a soltava bruscamente.

— E você por acaso é só a droga de um vampiro? Lobisomens procriam Niklaus. E eu sou um maldito de um desvio, se eu posso ser loba e bruxa ao mesmo tempo eu posso ativar a sua maldição Nik. Eu lhe suplico acredite em mim por todos esses anos que eu estive e estarei ao seu lado. – disse Marjorie enquanto procurava se afasta com uma dor aguda em seu ventre.

— Irmão. Pare! Você está a machucá-la. – disse Elijah enquanto passava pela porta principal e via o casal brigar do alto da escada.

Então tudo ocorreu em fração de segundos, em um estavam brigando e no outro Jorie já rolava escadaria a baixo, o Original ficou a princípio sem reação e no outro já correu para ajudá-la. Ele estava arrependido. Suas mãos pressionaram a barriga da jovem que estava de olhos fechados, ela estava sangrando suspirou então afastando. Estava desnorteado.

O que foi que ele fez?

— Jorie fale comigo. Preciso que você me responda se está tudo bem. – Perguntava Elijah enquanto colocava agilmente a mulher sobre o sofá importado não ligando pelo o fato de que a mesma se encontrava encharcada de sangue e provavelmente mancharia todo o tecido.

— Está doendo Eli, dói muito. – sussurrou levando uma das mãos a barriga de cinco meses, seu corpo arqueou para frente enquanto Jorie se engasgava com seu próprio sangue.

— O que está a acontecer nesta casa e oh meu deus Jorie oque aconteceu? – gritou Rebekah largando a sacola de compras de qualquer jeito pela casa seguida de Marcellus que já era um homem.

— Ela está perdendo muito sangue Niklaus faça algo não fique parado. – gritou o irmão mais velho.

— Não adianta. O feto já está morto. – dito isso deu as costas e saiu do cômodo mais antes pode ouvir o grito de dor agonizante dela. Suas mãos estavam manchadas com o sangue de seu próprio filho, ele havia perdido as duas pessoas mais importantes da sua vida naquele momento”.

***

Porque ele havia sido tão estupido? Tinha vários inimigos e se deixou levar por tão pouco. Seus ciúmes pela sua mulher eram agressivos, muitas vezes chegaram a brigar pelos olhares indesejados de homens da sociedade sobre ela. E foram aumentando, cada vez mais. Marjorie era uma loba conheceram-se ainda humanos, e se se apaixonaram. Fizeram planos para o futuro Niklaus só queria fazer dela sua esposa e ir viver bem longe de sua família, em especial Mikael. Intitulado seu pai adotivo. Ele tinha nojo por ele ser um bastardo, já perdera as contas de quantas vezes jogara isso em sua cara. Jorie não era uma loba por natureza, ela era um desvio. Seu pai um lobo, e sua mãe uma bruxa.  Ela ainda não havia ativado a maldição, e vivia normalmente como uma aldeã.

Dois dias após o funeral de seu irmão mais novo Henrik, Esther proporcionou a todos um farto jantar e os ligou em um único feitiço para logo em seguida Mikael enterrar a lamina de sua espada por seus corações. Klaus se lembra daquele dia como se fosse há algumas horas atrás, os gritos aterrorizados, as mulheres correndo com suas crianças pelos braços os homens lutando por sua própria vida. Era tudo um completo caos. Seus irmãos estavam descontrolados e ele era o pior de todos uma besta abominável.

Destroçava corpos por onde passava, a fome era incontrolável e Mikael estava ainda mais transtornado. Soube na hora que a mulher lhe traíra e obrigou a esposa a trancar seu lado lobo. Marjorie assistiu tudo amordaçada, ela seria a próxima se seus irmãos não tivessem reagido os ajudado a fugirem.

Assim foi-se passando os anos, até o fatídico dia em que resolveram desembarcarem em New Orleans, o lugar cuja ergueram como um império e resolveram o chamar de lar. Niklaus era rei e Marjorie era a sua rainha. Os anos se passaram e todos estavam felizes menos Finn ele se encontrava no caixão já que se recusou seguir os passos de seus irmãos.

Encontraram Marcellus durante um enterro do filho do prefeito, que era namorado de Rebekah, Niklaus o matou graças a uma de suas muitas impulsividades, ele era um bastardo e estava sendo chicoteado na casa da plantação onde passaram por uma breve estadia pouco antes de se mudarem para o quartel francês.

Jorie acolheu o menino como estivesse saído de seu ventre, o mimou, lhe deu uma boa educação e não mediu esforços para ensina-lo amar e o demonstrou como era bom ser amado. Mais a vida nem sempre é aquilo que se parece ser, os Originais arcaram muito cedo com o peso de seus inimigos que começaram a atacar assim que acharam uma brecha. Os ciúmes.

 Infiltraram-se como uma praga na plantação de maças, as bruxas plantaram a sementinha da discórdia em sua cabeça e regaram com pequenos atos. Klaus tinha tudo para ser feliz, ele tinha poder, uma família, seus súditos, um império e uma mulher para governar ao seu lado a espera de um milagre.

Seu milagre foi morto por ele mesmo, sua família estava a caminho da ruina e a mulher que um dia radiava felicidade havia se apagado quase que completamente.

“ – Jorie eu...

— Não respire, fale ou se quer toque-me. Uma loba imunda como eu não sirvo para satisfazer a sua majestade. Deixe-me em paz com a minha dor. Você já me machucou demais. – falou debulhando-se em lagrimas  encolhida em um canto escuro do quarto.

— Nós podemos conviver com isso, não foi sua culpa, deixe-me ajuda-la. – Niklaus em uma tentativa falha de se aproximar foi empurrado pela parede violentamente.

— NÃO! Como você pode ser tão insensível? Você tem razão à culpa não foi minha ela é sua inteiramente sua. Eu me pergunto a que ponto eu queria chegar amando um monstro – Marjorie sorriu com sarcasmo na medida em que andava lentamente em sua direção - Você é abominável Niklaus e eu não esperaria nada menos que isso de você. Lamento o momento em que liguei a minha vida a ti e odeio-me mais ainda por não conseguir parar de te amar.”

Desceu as escadarias que dava ao subsolo da casa em sua velocidade vampírica, a fim de afastar as más lembranças... Ele abriu a tampa do caixão com ferocidade, não poderia viver com essa culpa corroendo dentro de si. Retirou o punhal e beijou os lábios cinza da jovem.

— Está na hora de acordar minha querida.

Me desculpe, eu sou tão difícil
Eu juro por Deus, eu serei bom
de agora em diante.*