Xanadu escrita por magalud


Capítulo 17
Capítulo 17




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/7398/chapter/17

 

Capítulo 17 - Na direção do mar sem sol


Em Xanadu, o pôr-do-sol sempre fora magnífico. O céu pintava-se de dourados, púrpuras e vermelhos, em rajadas furiosas, como se aquela luz fosse a última oportunidade da Natureza fazer uma declaração. Eram momentos mágicos.


Literalmente mágicos, eram esses momentos para Severus, que observava, com o coração partido, os últimos raios de sol sobre o pêlo negro de Snuffles. Ele sentia os músculos reclamando, os ossos se realinhando já naquele momento, e uma raiva o consumia. "Por favor, mais um pouco. Só mais um pouco", quase rezou.


O pêlo se recolhia, pedaços de pele humana começavam a aparecer. Mas Severus ficava de olhos grudados na cabeça. Via o focinho se encolher, os olhos separarem-se, tornarem-se cinza. Os pêlos iam dando lugar a um rosto humano, ao rosto amado. Severus começava a reconhecer o rosto de Sirius, seus olhos se enchiam de água, ele tentava ignorar a dor em seu próprio corpo, quando as penas brotavam de sua pele.


Ele esticava o braço, tentava fazer os dedos tocaram o rosto que tanto amava, mas logo já não eram dedos, e sim garras, e não era um braço, mas uma asa, que não tinha pele, e sim penas negras.


O rosto de Sirius o via, e mal o reconhecia. Snuffles rapidamente estava sumindo, dando lugar ao humano Sirius.


Eles só tinham alguns segundos. Eles só tinham aqueles segundos.


O sol sumia por trás das montanhas. E no exato momento em que sua luz desaparecia, Severus não mais enxergava Sirius. Seus olhos tinham mudado. Todo o seu corpo tinha mudado.


Não havia mais Severus. Só Nilyx, a fênix negra. Menor que a fênix de fogo, como Fawkes, a fênix da noite tinha as penas negras e um faixa prateada no peito. Eram extremamente raras, fiéis se fossem adotadas como animais de bruxos e magos, com algumas capacidades mágicas próprias.


Nilyx soltou um grito na noite e agitou as asas. Sirius cobriu o braço com o braçador de couro que tinham confeccionado especialmente para Nilyx e esticou-o, convidando a fênix negra a se aproximar. Nilyx sobrevoou o quarto da mudança, alongando as asas, até pousar gentilmente no braço de Sirius.


O ex-animago sorriu com doçura para a ave e fez seus dedos alisarem a cabeça do bicho, depois o peito prateado.


- Olá, Nilyx.


A fênix abriu o bico e soltou outro grito, agitando as asas. Sirius andou com a ave empoleirada no braço e depositou-a no poleiro, dizendo:


- Eu solto você mais tarde. Por enquanto, tome uma água.


Nilyx abriu as asas novamente, encarrapitada no seu poleiro.


- Que agitação é essa? Ah, um bilhete. É isso que quer me mostrar?


Sirius leu o bilhete, e isso pareceu aquietar a fênix um pouco mais. Ele leu e releu as palavras, e depois cheirou o papel. Fechou os olhos, absorvendo o cheiro de Severus. Como ele sentia saudade...


Com um suspiro, ele desceu para ver os livros. A fênix continuou no seu poleiro, procurando água no bebedouro. Mais tarde, ela sairia para voar na noite.


Sirius voltou para se sentar à escrivaninha e examinar os livros vindos do Nepal. Ali poderia estar a resposta. Eles tinham que encontrar a resposta.


o0o o0o o0o o0o o0o o0o



Tudo acontecera assim que eles declararam amor um ao outro. Precisamente na mesma noite, cinco longos anos antes. Mais tarde, eles perceberam que esse tinha sido o gatilho que detonara a maldição. Até descobrir isso, contudo, o susto tinha sido grande.


Severus acordou naquela manhã e viu-se na cama não com Sirius, mas com Snuffles. Ficou intrigado, porque Snuffles raramente fazia uma aparição, a menos que Sirius estivesse chateado.


- Sirius? - Severus se dirigiu ao cachorro, e sentiu-se idiota fazendo isso. - O que foi? Vamos conversar sobre isso?


O cachorro (até então dormindo) latiu para ele baixinho, e depois se sentou na cama. Então, ele começou a ganir, e a chegar perto de Severus, que não entendeu o comportamento.


- Se quer me dizer alguma coisa, não seria melhor voltar ao normal para podermos conversar?


Snuffles chorou ainda mais alto, as orelhas caídas, um ar extremamente triste e angustiado. Severus deu de ombros:


- Está bem. Se não quer, não posso obrigá-lo. Mas também não vou saber o que quer me dizer.


O dia inteiro, porém, Severus sentiu que Sirius estava agindo como uma criança: transformado em cão, ele não podia falar. Então do que estava reclamando? Ele desceu ao laboratório e ficou lá. Snuffles não deixou seu lado.


Trabalhando no laboratório, Severus perdeu a noção do tempo, e estava morrendo de fome quando subiu para a cozinha. A tarde estava chegando ao fim, e mais um glorioso pôr-do-sol se anunciava.


- Não está com fome? Prefere jantar comigo à mesa ou vou ter que fazer uma tigela de ração para você?


Snuffles latiu, parecendo magoado.


- Ora, que droga, Sirius! Por que não volta logo e falamos sobre o que está chateando você?


Ganido. Uivo curto.


- Droga, eu nem sei se você pode me ouvir, mas se estiver, por favor, escute isso. . Se você está mudando de idéia sobre nós dois ou nosso... arranjo, eu preciso saber. - Severus engoliu em seco. - Se vai me deixar, se quiser que eu deixe essa casa, então me diga. Mas você vai ter que me dizer. Vamos ter que conversar sobre isso.


Snuffles chegou perto dele e puxou suas vestes com os dentes, quase uivando de tão angustiado. Severus perdeu a paciência.


- Pare com isso! Eu tenho que fazer o jantar! E já que prefere continuar assim, vai ser ração para você!


Foi quando o Sol se pôs.


De repente, Severus sentiu uma dor lancinante percorrer-lhe o corpo todo. Ele se dobrou, gemendo, e logo não se sustentou mais nas pernas. Quando caiu no chão da cozinha e tentou se apoiar nos braços, viu que eles estavam mudando. Criando coisas pretas. Coisas que furavam sua pele, saindo de baixo da pele.


Pareciam... penas.


Uma confusão terrível seguiu-se, e Severus não se lembrou de mais nada.


Sirius ergueu-se, intrigado como tinha passado tanto tempo como Snuffles, mesmo sem querer. Mas não teve tempo de ficar muito intrigado. Estava na cozinha, onde naquele momento havia um pássaro voando, enlouquecido, esbarrando em tudo, derrubando coisas das prateleiras, tentando desesperadamente achar uma saída.


Sirius tentou acalmar a ave, notando que ela não era uma coruja. Era toda preta, e podia ser um corvo. Mas era grande demais para ser um corvo. Era magnífica, também.


O bicho fugia de Sirius, que tentou abrir uma janela para deixá-lo voltar lá para fora. Quando a ave pousou na borda de um armário, Sirius notou que ela possuía uma mancha grande e prateada no peito, e não era um corvo, nem águia nem um falcão, muito comuns na região.


De repente, o bicho desapareceu diante de seus olhos, com uma nuvem negra. Sirius arregalou os olhos: era uma fênix negra, uma fênix da noite, um bicho que se julgava estar extinto.


E aquela fênix era Severus.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Xanadu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.