Xanadu escrita por magalud


Capítulo 10
Capítulo 10




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Capítulo 10 - Grutas de gelo no palácio ensolarado


Em poucos dias, Severus estava recuperado de saúde, mas sua cabeça estava um tanto confusa. Aquela relação com Sirius não era nada daquilo que imaginara.


Ele esperava sexo impessoal, com Sirius se satisfazendo e usando seu corpo. Não estranhou que tudo fosse feito sempre de luzes apagadas: Sirius provavelmente estava se lembrando de seu amante morto enquanto usava as mãos para se satisfazer.


Depois ele insistiu em satisfazer Severus, também. Aquilo foi totalmente inesperado. Afinal, Severus mal se lembrava de como era. Mas, desde que esta estranha relação com Sirius começara, ele se via diante de coisas inesperadas: os toques quentes e suaves das mãos de Sirius, os lábios macios na sua pele, uns beijos roubados no canto de seu lábio, os toques sensuais. E sem dor! Severus às vezes mal podia acreditar.


E embora provavelmente Sirius estivesse pensando em Lupin naqueles momentos, Severus quase achava que ele era parte de uma dupla. Mesmo sendo um mero dublê de corpo, ele era bem-tratado, considerado. Severus tinha demorado até se certificar de que aquilo não era apenas um truque de Sirius, mais um resquício da Era Marotos. Não, agora ele finalmente acreditava que Sirius não iria machucá-lo. Sexo, agora, era mais relaxado, já que ele não esperava ser furado, queimado, espancado ou abusado.


A coisa foi num crescendo. Eles trocavam apenas carícias, mas agora eram bem mais apaixonadas e sensuais. Severus descobriu que Sirius tinha mamilos sensíveis. Só mas lambidas e uns puxõezinhos e pronto: o Animago já estava tão ereto que Severus podia levar muito tempo fazendo dele seu pirulito particular. Ah, aquilo era algo que Sirius adorava, Severus podia notar. Tanto a parte da lambidinha quanto do pirulito.


Aos poucos, eles eram mais vocais na cama. Sirius pedia coisas, "Mais aqui, mais ali, assim é bom", e Severus ficava calado, limitando-se a soltar gemidos. Ele não falava, pois sua voz poderia lembrar Sirius de que ele não era um amante de verdade, só um substituto. Severus podia sentir a mudança em Sirius se ele percebia que Remus não estava lá.


Era uma pena que eles não fossem realmente amantes, porque Severus podia se acostumar a ser tratado daquela maneira. Pela primeira vez, ele não estava sendo machucado, não era alvo de violência ou de escárnio. Para Severus, isso era quase amor.


As lembranças não o deixavam... Lembranças muito, muito antigas.


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Lord Voldemort sempre fora um homem carismático. O jovem Severus, que já se sentia prestigiado por ter sido escolhido para entrar nas fileiras do poderoso mago, ficou duplamente orgulhoso por ter despertado outro interesse do Lord. Bom, houve a iniciação pública, que deixou Severus desconfortável. Os seus novos colegas cumprimentaram sua performance, e o jovem pôde sentir a malícia de seus pares. Mas depois houve aquele dia em que o Lord indicou que ele seria aceito na alcova privada.


Nada poderia ter deixado Severus mais orgulhoso. Aquele homem poderoso e carismático não só o aceitara, mas também o incluía na sua intimidade. Severus sentiu-se amado, sentiu-se especial. Ele podia se apaixonar.


Até que ele entrou na alcova. Além do Lord, também estavam Lucius e Crabbe, que tinham deixado o Lord feliz naquele dia. Ambos encararam Severus com olhares predatórios. Sim, porque Severus era a presa. Era o prêmio dos dois.


- Você é especial, Severus - disse Voldemort, acariciando-lhe o queixo. - Sirva seus irmãos como serviria a mim. Não me desaponte.


Irmãos não fariam o que Lucius e Crabbe fizeram com ele. Ele amanheceu o dia ensangüentado, doído, ardido, desiludido. O Lord não achou sequer interessante participar na festa, nem elogiou Severus. Severus estava decepcionado porque ele tinha vindo ali para satisfazer seu Lord, e tinha sido usado.


O jovem ainda não estava forte o suficiente em Oclumência para bloquear seu Lord, que sentiu toda a sua decepção. A resposta de Voldemort foi colocá-lo no seu lugar, fazer ver exatamente sua colocação na hierarquia da organização. Ele era bom com poções e bom como objeto. Durante 18 meses, ele foi usado, abusado, menosprezado, humilhado, afrontado, ultrajado. Durante 18 meses, ele aperfeiçoou suas habilidades de Oclumência. Depois desse tempo, foi chamado a ser espião junto a Dumbledore.


Mas jamais deixou de ser apenas uma coisa, um objeto. Naquele tempo todo. Quase 20 anos. Ele aprendeu a usar a Oclumência e a Legilimência, portanto, ele sabia que era apenas uma coisa, um objeto. Quando sua traição foi descoberta, 20 anos depois, aí ele passou a ser pior do que isso: era um objeto nocivo, pior do que um leproso. Obviamente, foi tratado como tal.


Ele mal se lembrava da coleira, mas sabia que ele quase tinha enlouquecido por tê-la usado. Nem sabia explicar como tinha conseguido fugir. Pelo menos, ele não tinha formado qualquer tipo de laço emocional com o bebê que fora obrigado a carregar. No íntimo, ele estava satisfeito pela criança não ter sobrevivido. Como se o mundo bruxo já não tivesse motivos suficientes para odiá-lo, o fato de ele ser responsável (ainda que involuntário) pela progênie do Lord das Trevas seria definitivamente a pá de cal.


Por isso Severus era tão grato a Sirius, mesmo que não dissesse em voz alta. Ser dublê de corpo para um lobisomem morto era um preço baixo a se exigir pelo que tinha em troca.


Droga, assim ele podia até se envolver emocionalmente. Nesse caso, pensou, era uma confusão e tanto para uma pessoa já danificada como ele. Sem esquecer que isso só reafirmava o vaticínio de Lord Voldemort, que ele nunca seria amado. Era verdade, porque obviamente Sirius jamais retornaria qualquer sentimento. Severus achou melhor, portanto, esforçar-se para não deixar que esses sentimentos se desenvolvessem em primeiro lugar.



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