'' Mas, se você fechar os olhos

É quase como se

Absolutamente nada mudasse?

E se você fechar os olhos

É quase como se

Você tivesse estado aqui antes?

Como posso ser otimista quanto a isto?'' 

— Pompeii/ Bastille

Quando eu nasci,me rotularam como '' a garota órfã'' pelo simples motivo de que meus pai havia morrido há meses atras e a minha mãe não havia resistido ao parto.

Mas esse titulo de rotulo não pertencia a mim,não mesmo. Por que nomear as duas pessoas que me ''conceberam'' de pai e mãe? Por que não chamar de pai e mãe os meus avós? Aqueles que sempre me deram amor e carinho,sempre fizeram de tudo para o meu melhor.

Pai e mãe na verdade são aqueles que criam,dão amor,carinho e atenção. Elliot e Mercedes Blanche foram as pessoas em que eu mais amei durante todos esses anos. Eles me ensinaram e me fizeram ser quem eu sou hoje em dia. Mas infelizmente a vida esta disposta a fuder com a gente.

É como no jogo de vôlei,mas no caso,nós somos a bola e a vida é o jogador. Ela te arremessa lá em cima e depois te joga pra baixo sem mais nem menos.

Eu perdi meus avós há exatamente 10 meses,eu não tive por perto quando eles precisaram de mim,eu nao estive por perto para dizer um simples ''adeus''.

Tudo culpa da minha ambição com o meu maldito trabalho. Desde que me mudei há cinco anos atra para França,quando me formei em psicologia. Eu simplesmente coloquei na cabeça de que faria de tudo para ser a melhor psicologa que Paris poderia ter,e eu fui. Era muito reconhecida e bem falada por todos,eu ganhava muito bem,estava no topo.

Mas tudo acabou quando eu recebi a noticia de que meus avós morrem afogados em um lango,em um maldito lago. Só de pensar neles dois agonizando e pedindo ajuda,me faz sentir a pior pessoa do mundo. E é isso que eu sou.

E no final sabe o que aconteceu? Eu me afundei em uma depressão,larguei o meu ''adorável'' emprego,me afastei dos meus amigos,eu simplesmente desisti de tudo. Quem diria né,alguém que sempre ajuda os outros está precisando de mais do que uma ajuda agora.

Só que depois de meses eu parei pra pensar,minha avó jamais permitiria que eu deixasse me levar por uma depressão ridícula. Ela não permitiria que eu chegasse ao fundo do poço como eu cheguei. E então eu resolvi começar do zero novamente,e quando eu digo do zero,é voltando para a minha amada Nova Orleans,de onde eu nunca deveria ter saído.

(.....)

16:05 pm

Quando o uber parou bem na frente da minha casa,a primeira coisa em que reparei foi a mansão branca um pouco mais a frente. Desde quando ela está lá? Que eu me lembre a unica casa por aqui é a minha,uma das mais afastada da cidade,mas isso nao importa agora.

Coloquei o troco de qualquer jeito dentro da minha calça jeans e peguei minhas duas bagens do porta malas. É pouco eu sei,mas eu nao quis trazer nada de Paris,por isso acabei vendendo o meu apartamento com absolutamente tudo que tinha dentro.

Subi as escadinhas que davam acesso a porta principal e deixei as bagagens no chão enquanto procurava pelas chaves dadas pelo corretor.

Era como se eu estivesse de volta a minha infância,a minha adolescência. Ate podia sentir o cheiro dos biscoitos de manteiga que a vovó fazia todas as quartas. Soltei um longo suspiro ao girar a chave dentro da porta umas três vezes,eu estava de volta.

Tudo estava exatamente como era antes,cada coisa em seu devido lugar. O cheiro de lavanda indicando que a casa fora recém limpa pela empresa em que havia contratado a alguns dias. Os panos brancos cobriam os eletrodomésticos,as janelas fechadas.

— Eu estou de volta meus amores. - Falei,como se fosse possível sentir a presença dos meus avós naquela sala.

Arrastei as malas com o pé ate a parte de dentro e fechei a porta atras de mim.É hora de espantar essa energia triste dentro dessa casa.

(....)

Em menos de duas horas eu consegui colocar tudo no lugar. A casa finalmente estava com o aspecto de viva,era outra coisa.

Fiquei bem animada quando vi através da janela da cozinha que a rede favorito do vovó ainda estava montada na arvore,sem pensar duas vezes e fui ate lá,terminar de comer a minha maravilha maça,ou melhor,o meu almoço.

Eu estava praticamente dormindo,sentindo aquela brisa gostosa passar em meu rosto com o vai e vem da rede,quando o som de passos de alguem correndo me fez despertar no mesmo segundo.

— Olá . - Suspirei aliviada quando vi que era apenas uma menininha,muito bonita por sinal.

— Olá querida,posso ajudar? - Perguntei a encarando de onde estava e ela abriu um sorriso.

— Eu me chamo Hope,moro na casa grandona lá de tras. - Ela era uma gracinha,com o rostinho de boneca,Hope tinha cabelos em tom ruivo e olhos extremamente verdes,encantadores.

— Muito prazer Hope,eu me chamo Amber. - Digo,me pondo de pé e esticando a mão para que a criança pudesse me cumprimentar e assim ela fez. - Você esta sozinha?

— Sim,a minha mamãe e a tia bekah estavam discutindo muito e então eu resolvi dar uma volta. - A garotinha respondeu com tamanha naturalidade e eu sorri com o ato. - Mas eles não sabem que eu fugi.

— Sua família vai pensar que eu sequestrei você,não quero arrumar problemas bonequinha. - Falei de imediato, vendo a mesma passar por mim e se sentar na rede.

— Não vão não,eu protejo você Amber. - Definitivamente,eu adorei essa garotinha. - Você mora sozinha nessa casa grande? 

— Sim,eu cheguei voltei a morar aqui hoje.

— Não é chato ficar só? - Eu neguei dando de ombros. - Se você quiser,posso te fazer companhia sempre que quiser.

— Seria ado....

— HOPE,O QUE VOCÊ ESTA FAZENDO AQUI?