A Profecia dos Renegados escrita por SBFernanda


Capítulo 5
V. A Profecia




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A Profecia dos Renegados

Escrito por Fernanda Barroso

 

V.

A Profecia

 

[Washington — Estados Unidos da América]

 

Assim como em Salem, Alexander arrumara um galpão abandonado para que ele e Isaac pudessem ficar e observar de longe, o quanto pudessem, o alvo que Rachel lhes designara.

Agatha Hughes era uma mulher baixa — deveria ter no máximo 1,65 metros —, de cabelos enrolados e pretos e uma pele morena que destacava seus olhos verde-claros. Ela não deveria ter mais do que 30 anos, provavelmente regulando idade com os dois homens.

A rotina de Agatha era tão escondida quanto todos os membros do coven. Apesar de ser uma renegada, ela não estava fugindo, eles perceberam. Agatha vivia na mesma casa de sempre, saía todos os dias e falava com todas as pessoas com naturalidade. Era como se ela pertencesse àquele lugar ainda.

E este era o caso. Alexander conhecia Agatha muito bem. Ela havia sido a Alta Sacerdotisa de seu coven desde antes de ele se tornar, estava caminhando para ser a anciã quando a atual morresse. Havia sido ela também quem declarou o motim e ele não duvidava que fosse a organizadora também.

Se não fossem as ordens de Rachel, o vampiro estaria tentado a matá-la o quão rápido conseguisse. Iria começar a sua vingança.

Mas nunca conseguiria ir contra as ordens de Rachel. E graças a isso a mulher estava segura, pensava ele enquanto a observava de longe.

Isaac, curioso, lembrou-se que Alexander dissera que fora expulso sem qualquer poder. Foi assim que descobriu que Rachel cedeu poderes pelo menos para um de seus soldados: aquele que ela tanto prezava a vida.

Três dias depois da chegada em Washington, Alexander e Isaac tinham um plano pronto para pôr em prática. Tudo indicava que daria certo, não havia erro. Mesmo que Agatha ainda tivesse poderes, tudo o que ela menos esperaria é que Alexander pudesse atacá-la da mesma forma.

E eles não queriam atacá-la, lembrou Isaac. Agatha se tornaria uma aliada.

Quando a mulher saiu de casa para sua “ronda” costumeira, os dois vampiros entraram na casa. O plano era procurar indícios de magia e caso nada encontrassem, conseguiriam imobilizá-la, transformá-la e só então convencê-la. O método de Rachel.

O que eles não esperavam é que Agatha soubesse o tempo todo quem e o que eram os seres que a vigiava todos os dias.

Assim que entraram na casa, os dois vampiros caíram no chão. Havia uma forte dor em suas cabeças e era como se toda a sua vida estivesse sendo sugada. Arrastando-se, os dois começaram a seguir o caminho da porta, gritando de dor, sem se importarem em estarem chamando atenção.

Agatha apareceu naquele momento. Ela estava de pé, de frente para os dois e tinha um sorriso de escárnio no rosto. No mesmo instante, eles foram cercados por um círculo de fogo. Dor e fogo. Tinham caído na armadilha da bruxa.

— Alexander, não consigo acreditar que se tornou o que mais desprezamos e ainda tem coragem de voltar aqui. — A voz era calma e profunda.

— Armadilha... — ele murmurou, soltando um grito de dor em seguida. — Não é renegada.

— Ah, não! Eu sou sim. Minhas ideias foram opostas às do coven e eles me renegaram. Tentaram até mesmo tirar meus poderes, mas como sua criadora, eu consegui evitar isso. Digamos que estamos vivendo em paz para o bem de todos.

Quando um bruxo era muito poderoso, alianças e acordos para uma boa convivência eram feitos para não chamar a atenção da população. Alexander tinha certeza que esse era o caso. Agatha mantinha um feitiço poderoso em sua casa, sem precisar de esforçar sobre nenhum dos dois para isso.

— Sei para o que vieram aqui e a resposta é não. Não vão me transformar em um monstro sedento por sangue. Mas também sei que, de certa forma, a culpa é minha...

A bruxa caminhou até Alexander e se abaixou para conseguir ver os olhos do vampiro. Havia agonia e ele começava a secar devido ao feitiço.

— Quando tive o vislumbre do que poderia acontecer, recebi a ordem de lhe matar. Agora vejo que eu deveria garantir sua morte ou nunca tê-lo expulsado do coven.

Ela se ergueu, caminhou até Isaac e o encarou por longos segundos antes de falar:

— Sua salvação não se encontra nesse país. Essa vingança não é sua, Isaac Whindbourg. — Ela acenou com a mão e o fogo sumiu, mas os dois vampiros ainda estavam ajoelhados no chão. — Como prova de que quero concertar as coisas, lhes darei a minha visão. Espero que volte para o seu lugar, Isaac...

Um vento forte passou pela casa, como se viesse apenas da porta aberta. Quando atingiu os vampiros, eles caíram desacordados.  

 

Uma voz ecoava em suas cabeças. Uma voz profunda e calma, mas que em vez de paz, lhes gelava a alma:

 

“Dois monstros descendentes de seus criadores, negando seus poderes e sua família em busca da sua verdade, com um destino selado estão.

Renegados pelos seus, unos se tornarão e apenas um pequeno anjo demônio seus destinos pode selar.

Capaz de acabar com o tormento que lhes aflige a alma e voltar ao que sempre foram. Poderoso anjo será.

Com um poder ameaçador para os que em seu caminho entrar, um tenebroso demônio pode se tornar.

Capaz de terminar o que há séculos foi firmado.”

 

Pouco antes de recobrarem a consciência, a visão de uma pequena garotinha de cabelos loiros e pulando por uma rua quase deserta preencheu a mente dos dois vampiros. Isaac foi quem reconheceu o lugar primeiro. Exatamente o lugar onde Rachel o transformou: o cemitério de Pendle Hill.

Ao despertarem, os dois olharam em volta, procurando qualquer indício de Agatha, mas a bruxa já havia ido há tempos.

— Precisamos voltar para a Inglaterra.

— O que? Está louco? Como...? — Antes que pudesse terminar de falar, Alexander foi interrompido:

— A criança está em Pendle Hill...

— Pode ser nossa destruição, Isaac.

— Nunca. — O vampiro já estava de pé e tinha um sorriso no rosto. — Eu reconheceria minha filha em qualquer lugar, mesmo sem a ver.

Alexander não teve reação perante aquelas palavras. Se a filha de Isaac era a resposta para o seu tormento eterno, e para isso ele não precisaria pensar muito para descobrir ser o próprio vampirismo, do que essa pequena criança não era capaz?

O que Alexander não lembrava, mas Isaac sim, é que sua esposa fora escolhida para ser o sacrifício por conta de seu grande poder. Mesmo grávida, ela continuou sendo a escolha perfeita. Mas e se, na verdade, ela só foi a escolha perfeita por estar carregando aquela criança?

Isaac tinha certeza que encontraria as respostas em Pendle Hill, mas precisava de Alexander. Afinal, eram dois renegados.

Rachel não estava inclusa. Nem mesmo sua vingança.


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