My Little Angel escrita por Babi Lemos


Capítulo 1
Short Fic


Notas iniciais do capítulo

Momento inspiração enquanto ouvia Phantom Rider.
Lê com a música, é mais legls e se a música terminar antes de você terminar de ler, d´replay http://www.youtube.com/watch?v=swMbIZRsZ2M



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“Gas and blood is all I've got, in you I trust, the final exit's passin' by,  the wheels run free under me, it's you I feel a million sparks are falling down, I turn the wheel around...”

 

 

 Já não podia agüentar tudo aquilo. Meu mundo desmoronava mais a cada minuto que passava e eu não tinha motivos para continuar ali, vivo. Isso é meio ridículo de se dizer, se você for olhar minha vida: Sou famoso, tenho milhares de pessoas aos meus pés, minha banda faz sucesso em todo o mundo, tenho os melhores amigos que poderia pedir, mas sempre falta algo... O que mais eu poderia pedir, além Dela? Aquela que me fez escrever cada música, aquela que me fazia por um pé na frente do outro, aquela que me fez acordar todas as manhãs, aquela que eu nem sequer sei o nome.

 

“Like a phantom rider, I'm dying tonight...So dark and cold, I drive alone, like a phantom rider, can't make it all on my own...”

 

  As fãs se perguntam por que me sinto tão mal, por que emagreço mais e mais a cada dia que passa, por que estou fumando mais que nunca, por que tenho me metido em tantas encrencas, se esse sempre foi o trabalho do Tom. Elas não entendem, porque eu nunca disse. Aliás, até disse, mas não do jeito certo. Eu morri há muito tempo, isso é só uma casca, minha alma parece ter sido levada a séculos. Como pode alguém que tem tudo, querer mais ainda? Por que esse vazio todos os dias? Por que meu estomago revira ao ver os casais na rua? Por que não posso voltar a ser o que era?

 Correr era tudo que me sobrava. Varava noites percorrendo as ruas desertas de onde quer que estivéssemos, não tinha limite de velocidade, multas eram acumuladas no porta-luvas, mas não por não poder pagar, e sim por não ter o mínimo ânimo para mais nada. Nem os shows me animavam mais, apenas a velocidade supria em partes, o vazio que eu sentia.

 

“Promises, I scratched so deep...In your empty seat, the sky is turning upside down, I turn the wheel around...”

 

 Mais uma noite virando a cidade de cabeça para baixo, procurando aquela que parecia não querer aparecer, aquela que me deixou sozinho, antes mesmo de me conhecer. Eu sonhava com ela todas as noites... Os olhos azuis, o cabelo loiro ao vento, uma roupa branca, com enorme asas de anjo... Era meu anjo, aquela que me ajudava a não fazer o pior, mas “era o anjo que me tenta, e não me guarda”  e eu já não sabia o que fazer. Como varrer o mundo atrás daquela que nem sequer sei se existe? Será que se existir, ela sabe que eu existo? Conhece a banda? Conhece-me? Conhece minhas músicas? Aquilo era totalmente torturante, incrivelmente doloroso, algo que eu já não sabia se podia suportar.

 

 

“I don't know your name, but still believe, now it's the time  gor you and me...Time for you and me...”

 

 

 Que cidade era aquela? Pouco me importava. As músicas escapavam da memória, vaias eram ouvidas constantemente, assim como eu podia ver lágrimas nos olhos que deveriam sorrir. Aquilo me matava, porque eu sabia que ao me matar, matava muita gente comigo, matava aqueles que davam a vida por um sorriso meu, um sorriso que há tempos não era visto por ninguém. Corri os olhos pelo local, alguém não sorria, não chorava, não vaiava. Seus olhos azuis apenas estavam parados sob mim, seu cabelo loiro estava preso por um coque bagunçado, suas roupas não eram brancas como nos meus sonhos, mas seus olhos, seu rosto...Reconheceria aqueles olhos e aquele rosto mesmo que não tivesse sonhado com eles em todas as noites dos últimos dois anos. De repente, as letras de música voltaram a minha mente, eu me senti renovado. Saí correndo do palco e fui no backstrage, me olhei no espelho, estava um trapo. Acho que jamais me vi em tal situação, assim como jamais me arrumei tão depressa. Voltei ao palco e Tom me olhou, sem entender nada. Georg tinha colocado o baixo de lado e Gustav batucava a bateria de leve. Olhei o público novamente e não a vi ali. Meu anjo havia sumido, havia saído de minhas mãos, como água pelos dedos, como um grito ao vento e eu a havia perdido. Mas algo parecia ter mudado, aquele foi o melhor show que já fiz na minha vida, pois sabia que Ela estava ali em algum lugar e se não estivesse, esteve. Os sorrisos voltaram, para o meu rosto e para o rosto das pessoas ali presentes. Nunca vi um show tão lindo. Terminei agradecendo por cada pessoa ali presente, falei tudo que queria falar a tanto tempo e ao sair do palco, fui direto para o carro.

 

 

“Now I'm here, no more fears...Angel, don't you cry, I'll meet you on the other side...”

 

 

 Corri pelas ruas, mas dessa vez, parecia saber para onde ir, e ia a cada segundo, entrando mais na mata, no meio das árvores, no meio da noite. Ouvi um choro baixinho, e meu coração se apertou, saí do carro e segui o som, chegando até uma cachoeira, onde Ela estava sentada, na mais alta pedra, com os pés na água, olhando a noite estrelada. Eu queria gritar, mas gritar o quê? Eu não sabia seu nome, não sabia quem era, nada... Apenas a chamei por Anjo. Por dois longos anos, Ela foi Meu Pequeno Anjo. Subi o mais rápido que pude, Ela olhou para mim e uma lágrima brilhou em seu rosto tão pequeno e delicado. Não entendi o porque daquele choro, mas eu simplesmente não conseguia falar...

 

 

- Por que choras? – tomei seu rosto em minhas mãos, que pareceram grandes demais, para sua pequena face. –

 

 

- Fui expulsa de casa. – ela disse, em meio a um sorriso triste. –

 

 

- Expulsa de casa? – não entendi. Ela afirmou. –  Por quê?

 

 

- Me apaixonei por quem não devia. – ela baixou o rosto e me senti mal por não poder mais olhar no azul de seus olhos. –

 

- Quer que eu te leve até lá? Podemos conversar com seus pais. – falei, preocupado. Por mais que me doesse saber que Meu Anjo estava apaixonada por outro, eu faria tudo para vê-la feliz novamente. Ela me olhou, meio sorrindo. –

 

 

- Meu pai não perdoa meu erro, pois é o erro mais puro que existe. – ela disse, mas aquilo não fazia sentido...Erro puro? Aquilo era possível? –

 

 

- Desculpe, mas isso não faz sentido. – falei e ela sorriu. –

 

 

- Sou seu Anjo da Guarda, Bill. Meu dever é te proteger de todo e qualquer mal, mas eu me apaixonei por você. Pequei diante do Pai, que só aceitou meu erro, porque o que sinto por você, é o mais puro dos sentimentos. – ela colocou as pequenas mãos sob as minhas, e percebi que ela era gelada. – Isso não é mais um sonho. – ela disse, como se adivinhasse meus pensamentos. –

 

 

- Você não pode voltar ao céu? – aquela conversa poderia parecer estranha, mas eu simplesmente não podia não acompanhar...Era involuntário. –

 

 

- Você quer que eu volte? – seus olhos brilharam de tal forma, que me senti perdido no azul do mar. –

 

 

- Não. – falei rápido, ela sorriu, porém seu sorriso logo se fechou. – O que foi?

 

 

- Eu não posso ficar. – ela disse. – Sou um anjo, não posso ficar na terra.

 

 

- E pra onde vai?

 

 

- Meu espectro irá vagar por toda a eternidade.

 

 

- E eu?

 

 

- Você tem de seguir em frente.

 

 

- Não sem você!

 

- BILL! – ouvi a voz de Tom, gritar por mim. Desviei o olhar do meu Anjo e olhei meu irmão gêmeo. Sua cara era uma interrogação. Olhei de volta para frente e Ela havia sumido. –

 

 

- Não... Cadê Ela? – desci correndo. Tom não entendia nada. –

 

 

- Ela quem? – ele olhava ao redor. –

 

 

- O Anjo! – falei, sentindo o desespero tomar conta da minha voz. –

 

 

- Anjo? Que anjo? – ele riu. – Vem, Bill, vamos pro hotel.

 

 

Hey! I'm here with you, I am here, here... Leave me alone...”

 

 

 Não foi preciso muito tempo para que Tom e os outros caíssem no mais profundo sono. Peguei as chaves do carro e dirigi de volta para a cachoeira, rapidamente. Não importava o que eu tivesse de fazer, eu faria para tê-la para mim. Ao chegar, subi até a pedra mais alta e me sentei ali, esperei por algo que pareceram horas, mas ela não apareceu. Dormi e sonhei com ela, tomando banho nas águas da cachoeira. Acordei assustado e olhei para a água, tão azuis quanto seus olhos. Sem pensar duas vezes, pulei. Seu rosto sorrindo foi a última coisa que vi, antes de me sentir atingido por algo na cabeça, e uma paz imensa tomar conta de mim.

 

 

“Phantom rider always die on their own...”


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Notas finais do capítulo

reviews seriam bem - vindas =D