Dragões do Norte escrita por Snowfall


Capítulo 25
Magia de Sangue - PARTE DOIS




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O Rei do Norte não tinha um castelo.

Foi a primeira coisa que surpreendeu Davos quando entrou nos domínios de Jon Snow. A primeira de muitas.

Chegou a Porto Branco em um navio pequeno e mal tripulado. Um que havia sobrevivido por pura sorte à batalha da Baia da Água Negra.

Fogo-vivo levou seus melhores homens, seus melhores navios. Seus filhos.

Uma derrota avassaladora que quebrara seu exército, e pior ainda, destruíra o espírito de seus apoiadores.

Alguém pensaria que depois de tudo que havia acontecido, os Lannisters estivessem fartos de fogo. Mas o contrário acontecera e os usurpadores haviam aprendido com os nortenhos como queimar tudo pode ser a solução para todos os problemas.

Davos, por sua vez, estava cansado de fogo. E por ironia, assim que chegou a essa conclusão, Rei Stannis achou por bem mandá-lo ao Norte. A terra dos dragões.

Como Mão do legítimo Rei de Westeros.

Estava ali para cobrar fidelidade e conseguir aliados a sua causa. Ao menos era seu objetivo oficial. Uma ideia tola e impossível.

Sua missão na verdade era observar o inimigo de perto. Conhecer o caráter de Jon Snow. Para que quando voltasse, pudesse apontar ao menos um caminho para que Stannis reconquistasse essa parte de seu reino.

Porque se o Trono de Ferro era um objetivo difícil de ser atingido. O Norte há muito saíra do alcance.

Mas ainda havia esperanças.

Três sanguessugas, a Mulher Vermelha jogou no fogo, para três falsos reis.

Balon caiu de sua ilha para a morte.

Joffrey morreu em seu casamento.

Porém, depois de meio ano, Jon Snow ainda reinava no Norte.

Por isso estava ali. Para encontrar uma fraqueza.

Stannis mandou um corvo para Ned Stark. E agora, Davos chegara aos domínios do homem mais poderoso do mundo para fazer o impossível.

Os Manderly, avisados de sua chegada, lhe receberam com os direitos de hóspede e lhe ofereceram transporte até seu rei. Qual não foi sua surpresa quando não seguiram para Winterfell.

Subiram para as terras ao pé da Muralha.

As Dádivas estavam perdendo seu verde à proporção que  o inverno se aproximava, contudo ainda ofereciam paisagens a se admirar.

A jornada durou semanas e à medida que adentravam mais, ele via coisas que nunca tinha esperado ver na vida.

Logo no começo da viagem, se deparou com carroças de comida sendo carregadas no porto. O que não seria nada demais se não fossem puxadas por mamutes e guiadas por Gigantes.

“- Todos os produtos de mamute saem de Atalaia Leste, mas boa parte da comida comprada nas Cidades Livres chega aqui – explicou Lorde Manderly, que depois de uma desconfiança inicial começou a responder as perguntas de Davos – Esse carregamento vai para o acampamento dos Gigantes. Frutas e verduras. Eles não comem carne, acredita? ”

Já havia avistado dois dragões. Um voou tão baixo sobre suas cabeças que um dos guardas que Stannis lhe cedera caiu do cavalo, quebrou o joelho e teve que voltar ao navio.

O primeiro que viu era amarelo. Ele passava para o mar quase todos os dias. Pelo que soube, o dragão gostava de se alimentar de grandes peixes.

O segundo era branco. O vira apenas uma vez, mas foi o suficiente para suar frio e suas mãos tremerem um pouco. Aquele era o dragão de Fogo-vivo. Ouvira histórias suficientes para saber.

Ainda no caminho, conheceu os gigantes de perto. Começaram a jornada pela mesma estrada, mas mantinham uma distância respeitosa. Até que a trilha se partiu, e a maioria seguiu para Karhold.

Um grupo se juntou a eles, pois também subiam para falar com o rei. Ou ao menos foi o que entenderam pelos gestos que faziam. Jon Snow; foram as únicas palavras que entenderam do que diziam.

Ao passo que seguiam, a Estrada do Rei se tornava estreita e tortuosa até que se tornou apenas uma trilha na floresta.

—É melhor mandar um mensageiro avisar que estamos chegando – sugeriu quando estavam a meio dia de viagem da Torre da Coroa da Rainha.

— Acredite, o rei sabe que estamos chegando.

Na torre, uma construção circular no meio de um lago, ouviu sobre Jaime Lannister.

O Guarda Real havia ficado aprisionado naquela torre por mais de um ano. Até que o tempo acordado com o pai finalmente chegou e Sor Jaime foi devolvido à família.

— Kevan Lannister foi libertado primeiro – esclareceu seu guia – Mas sua majestade só libertou o regicida agora. Ele passou mais de um ano preso aqui.

No dia seguinte, partiram ao encontro do rei.

O povo selvagem não se aglomerou. Os nortenhos lhe explicaram que mais de uma centena de milhar de pessoas atravessou para esse lado, contudo os grupos que via eram pequenos.

Tribos. Dezenas delas.

Davos percebeu que estavam chegando, quando vários caminhos culminaram em um só.

Na encruzilhada, Ned Stark lhe esperava.

— Seja bem-vindo às terras da coroa, Sor Davos.

Como marinheiro, ele já havia lidado com todo tipo de gente na vida. Aprendera a avalar uma situação rapidamente.

Percebeu que era recebido apenas por cordialidade. Aquela gente não o queria ali.

De novo, foi servido de pão e sal.

Depois deixaram a estrada do rei. Ned Stark e seus homens não lhe fizeram perguntas e o silêncio pairou pesado sobre eles.

Ao longe percebeu uma grande copa vermelha e fumaça. O que indicava a presença humana.

Chegaram, enfim, até o que pode definir como: ou uma pequena cidade ou grande vila.

As árvores grandes do local foram mantidas e as casas se espalharam entre elas. Estas eram de madeira, cobertas de cascas ou musgo. Havia grandes tendas de pele também.

Em um descampado no centro, uma grande estrutura de madeira se destacava por seu tamanho.

Mas não foi pra lá que se dirigiram. Desmontaram e atravessaram a vila sob o olhar desconfiado das pessoas que passavam e até chegar a grande árvore de folhas vermelhas.

Sentiu-se esfriar quando absorveu o que via.

Jon Snow sentava em um trono preso ao Represeiro. Aos seus pés um lobo branco deitava-se indolente. Atrás deles, um grande dragão azul também dormia. Suas escamas reluziam no brilho tímido do sol.

O rapaz não devia ter chegado aos vinte ainda. Era parecido com o pai, percebeu mesmo a distância. Usava uma grande pele negra que o tornava maior.Ele reclinava-se um pouco no braço de seu assento para conversar com algumas crianças acocoradas ao seu lado.

Quando Jon Snow levantou o olhar para os recém-chegados, Davos teve vontade de dar meia volta e correr para o mar.

Os olhos cinzentos pareciam de alguém muito mais velho. E lhe avaliavam impassíveis.

— Espero que tenha feito boa viagem, Sor Davos – começou enquanto se reclinava no assento e entrelaçava os dedos.

— Na medida do possível, vossa graça – não sentia-se bem em chamar qualquer pessoa que não fosse Stannis da tal alcunha mas não queria começar as animosidades tão cedo.

— Por que está aqui?- indagou o rapaz. O lobo aos seus pés levantou a cabeça.

Davos respirou e preparou-se para repetir o discurso que treinara durante todo o caminho. Palavras que esperava que transmitissem a mensagem de Stannis sem que ele perdesse a cabeça. Ou virasse cinzas.

— No ano em que Vossa Graça nasceu, seu pai venceu uma guerra. Stark e Baratheon se juntaram contra a tirania. Depois da rebelião, o Norte se ajoelhou e jurou lealdade a Robert. Começando uma nova dinastia. Agora, venho aqui em nome de Stannis da Casa Baratheon, perguntar: O quanto ainda vale a palavra de um Stark?

— Viajou todo esse caminho por nada, então. Não sei se reparou, mas meu nome é Snow, não Stark. Não fiz juramento nenhum a ninguém.

— Stannis é o rei legítimo dos Sete Reinos.

— Stannis diz que é o rei legítimo dos Sete Reinos. Dizer e ser são duas coisas completamente diferentes.

Antes que pudesse responder, Lorde Stark se adiantou.

— Já lutou em uma guerra, Sor Davos?

— Estive em algumas batalhas, mas não sou um guerreiro.

— Eu lutei em mais do que gostaria. Em todas elas, o futuro de tudo que me é querido foi posto em jogo. Robert e eu lutamos juntos, vencemos juntos e eu jurei fidelidade. Por causa desse juramento e por amizade eu desci ao Sul para ser Mão do Rei. E então, arrastei minha família para outra guerra. - o senhor de Winterfell tinha os punhos fechados em raiva refreada - Onde estava Stannis quando lutávamos por nossa sobrevivência? Onde estava o legíimo rei dos Sete Reinos enquanto enfrentávamos os Lannisters?

— Isso eu posso responder – Jon Snow tomou a palavra – Estava em Pedra do Dragão esperando que o conflito terminasse e um dos lados fosse massacrado. Um adversário a menos. Enquanto lutávamos contra o seu inimigo, que supostamente usurpou o seu trono, Stannis Baratheon estava em seu castelo com sua Bruxa Vermelha brincando com magia de sangue.

Davos deu um passo para trás. Sua pulsação acelerada.

— Stannis se diz herdeiro de um irmão enquanto usa de bruxaria para matar o outro.

— Como...? Mas como? – as palavras desconexas eram provas de seu atordoamento.

— Já viu o que tinha de ver aqui, Sor Davos? – cortou o rapaz levantando-se – Já falou o que tinha de falar?

Apenas assentiu. O que mais havia para ver ou falar. Tudo que aprendeu nessa viagem foi o tamanho da discrepância entre o poder dos dois reis.

— Muito bem. Agora que já transmitiu a mensagem de seu rei. Vai levar uma minha até ele.

Davos deixou a presença do Rei no Norte ainda naquele dia. O caminho de volta ao porto parecia mais longo enquanto corria o mais rápido que podia.

Esperava que não chegasse tarde demais.

Quando finalmente desembarcou em Pedra do Dragão, Stannis lhe recebeu na sala do mapa. Para seu desgosto a Mulher Vermelha estava com ele.

— E então? – inquiriu o Rei em seu tom desimpaciente de sempre. Enquanto um servo enchia seu copo.

— Aconteceu como esperado. O Rei no Norte reafirma o desligamento com o Trono de Ferro. Há também uma mensagem para sua majestade.

— O que é?

— Jon Snow diz para lembrá-lo o que os deuses fazem com Assassinos de Parentes.

Stannis tossiu em desconforto. A feiticeira sustentou o seu sorriso desdenhoso. Mas Davos percebeu que ela se afastou um pouco. Saindo do alcance de Stannis. Uma reação instintiva de alguém que cresceu acostumado a violência.

— Disse também que precisará de muito mais que uma sanguessuga e umas poucas palavras para matá-lo.

O rei tossiu novamente e afrouxou a gola da camisa.

Ainda esfriava ao relembrar tudo que ouvira do garoto. Mais novo que seu caçula, ainda assim falava com a firmeza que faltava a muitos homens vividos.

“ – Eu tenho muito o que fazer antes de morrer, Sor Davos. Não tenho tempo para temer uma bruxa estrangeira e seu deus de fogo. Diga a Stannis que magia cobra um preço alto demais.

Antes que pudesse replicar, uma das criaturas se pôs em pé ao lado do rei. E pode enfim, perceber seus traços não-humanos.

— Três nomes foram dados às chamas. –falou ela em uma voz milenar - Três falsos reis. Não tem falso rei aqui. Aonde os deuses cobrarão o terceiro impostor?

Davos segurou as mãos com força a frente de si. Um costume que adquiriu quando os dedos foram cortados.

— O preço foi pago – continuou ela – Mas o nome foi trocado. O deus da morte virá buscar seu débito. Quem protegerá o Assassino de parentes?”

O tom dela fez Davos corre até ali. Suspeitava do que aquelas palavras significavam e não sabia nem como alertar seu rei sem parecer um louco.

— Jon Snow tem Filhos da Floresta com ele na Dádiva.

— O que disse... – Stannis foi interrompido por um fluxo de tosse e bebeu o resto de seu cálice para aliviar sua garganta – Filhos da Floresta?

— Sim, meu rei. Uma das criaturas alertou... – foi a vez de Davos ser interrompido pois Stannis se curvava com as mãos na garanta.

Quando levantou a cabeça para pedir ajuda, seu semblante mudara. A face retorcida pela falta de ar, estava vermelha e os olhos estavam esbugalhados.

— Chame o Meistre! – gritou para Melissandre enquanto corria para sustentar o rei que despencava.

A feiticeira, pela primeira vez, obedeceu em silêncio. Pânico, finalmente, eliminando aquele ar de sabedoria divina que ela gostava de transmitir.

Stannis arranhava a garganta em busca de ar. Davos rasgou a frente de sua camisa, colocou-o de bruços e bateu em suas costas como vira fazerem com afogados.

Contudo seus esforços não pareciam surtir efeito.

Stannis adquiriu uma cor arroxeada e começou a babar. Um liquido amarelado era derramado no chão.

Veneno.

Quando o Meistre chegou já havia acabado. O rei jazia morto em seus braços.

— O copeiro. O rapaz que serviu vinho ao rei. Encontrem ele – ordenou aos homens que se amontoavam na sala.

Quando o corpo foi levado, Davos se voltou a Mulher vermelha.

— Magia cobra o preço alto demais.

— O quê? – ela tinha medo.

— Foi o que me disse Jon Snow.

Ela sentou e apoio os braços na mesa.

— Eu não vi... Como eu poderia saber. Eu pensei que Stannis era Aquele Que Foi Prometido. Deve me culpar...

— Sim – interveio – Sua bruxaria causou isto.

— Magia é uma espada sem punho, não há onde segurar sem que seja ferido.

— Não acho que essa seja explicação suficiente para Shireen.

Davos resolveu sair antes que sua raiva transbordasse de uma maneira que viesse a se arrepender depois.

Rei Stannis foi queimado na manhã seguinte. Davos ateou fogo a pira uma vez que a Mulher Vermelha não foi encontrada.

Todavia, foi encontrado o corpo sem rosto do Copeiro-real. Que embora, tivesse sido visto ainda ontem, se encontrava em avançado estado de decomposição.

Os lordes da tempestade deixaram Pedra do Dragão, o mais rápido que puderam. Logo, só uns poucos criados restaram no castelo.

Procurou pela rainha para saber de seus próximos passos e foi informado que ela havia se trancado com a filha em seus aposentos logo após a cremação e não saíra mais.

Decidiu respeitar seu luto.

Na manhã seguinte, quando uma dama de companhia veio lhe avisar que a Rainha Selyse e Shireen não respondiam, ele mesmo resolveu bater.

Não houve resposta.

Quando arrombaram a porta, se depararam com a mãe e filha abraçadas na cama. Mortas.

O choro que soltou foi alto o bastante para espantar as garças pousadas nas gárgulas próximas.

No fim, nada restou a ele. A não ser esperar que o veneno que a rainha usou tenha sido mais piedoso do que aquele usado em Stannis.

..........

Ned sentia uma expectativa enorme enquanto guiava Jon pelos corredores de Winterfell.

Esperara mais de uma década para ter o filho de volta ao seu teto. Depois de todo esse tempo, a família inteira estava reunida em Winterfell.

— Não precisava vir comigo – observou o filho – Conheço o castelo.

— Quero lhe mostrar uma coisa.

Entraram em um quarto ao lado do de Robb. Um quarto que uma vez fora de Lyanna.

Os aposentos eram amplos e a lareira crepitava mesmo que fosse meio da tarde. Por ordem sua, um banho quente foi preparado.

Sabia que o voo de dragão até ali tinha sido frio.

Mas o filho não atentou para a lareira ou a banheira de água quente. E sim para a estatueta de um cavaleiro em uma mesinha próxima.

— O Cavaleiro de Dorne – murmurou ele, enquanto acionava a alavanca na vase do cavalo.

O cavaleiro ergueu a cimitarra.  

— Ele esteve aqui esperando por você todos esses anos – contou se aproximando – Assim como eu, meu filho.

— O senhor sabia que tentei fazer um igual. Muitas vezes. O velho Klint ria de minhas frustrações quando não dava certo.

Ned pôs a mão no ombro do filho, em uma tentativa de transmitir toda a felicidade e alivio que sentia naquele momento.

— Gostaria de ficar sozinho um instante, por favor.

—Reis não pedem por favor – ressaltou com um sorriso.

Jon sorriu também.       

Deixou o Rei no Norte com seus pensamentos. E foi ver os preparativos para o banquete.

Em meio a toda a correria que tiveram nos últimos meses para consolidar o reino. Não houve tempo para uma comemoração em Winterfell pelo fim da guerra.

E hoje, que Jon descera até ali para negociar com alguns lordes do Vale, achou a oportunidade perfeita para comemorar a vitória.

Ned tinha muito o que comemorar. Muito o que agradecer.

Encontrou Cat e Meistre Luwin no Grande Salão. Servos iam e viam, levando e trazendo coisas.

— Tudo correndo como o previsto, meu lorde- garantiu o Meistre antes mesmo que Ned perguntasse qualquer coisa.

— Ótimo. Essa noite, quero tudo perfeito.

— Lorde Royce perguntou pelo rei – a voz de sua esposa era fria.

— Jon se reunirá com os enviados de sua irmã logo. Ele quer falar com você antes.

— Comigo?

— Sim. Sobre Lysa.

Catelyn apenas aquiesceu com a cabeça.

Reuniram-se na mesa do grande salão. Jon assumindo a cadeira central como o rei que era.

— Já deve saber que sua irmã casou com seu amigo de infância, Petyr Baelish. – começou Jon.

— Sim.

— Sabe também da traição dele.

Ned ainda se culpava pela tolice de confiar naquele homem, mesmo que todos os seus instintos gritassem o contrário.

— Sim – confirmou Cat – Petyr sempre teve um jeito para manipular Lysa. Desde criança, ela sempre fez de tudo para agradá-lo.

— E esse tudo pode nos causar problemas.

— Não precisamos do Vale para nada – observou ela. – Eles precisam de nós.

— Não quer dizer que nossos inimigos não vão usar o desespero deles para nos atingir. Dividimos uma fronteira muito grande com ele para ignorar seus problemas.

O Vale se encontrava numa situação critica. Tecnicamente, estavam ainda ligados ao Trono de Ferro, contudo, todas as suas fronteiras terrestres eram com as Terras do Rio.

As estradas que seus comerciantes usavam para escoar suas mercadorias estavam ligadas ao reino de Jon.

Lorde Arryn era uma criança doentia e era governado pela mãe. Uma desequilibrada que também era manipulada por Mindinho.

Tudo isso somado ao fato de que o Vale não ter se aliado a nenhum lado durante a guerra, tornou sua situação muito preocupante.

Tanto que Lorde Royce veio até ali sem a permissão de Lysa Arryn.

— Tenho que mandar um representante negociar com sua irmã. E pensei que a senhora fosse a pessoa certa para a tarefa.

— Lysa não me ouviu antes e duvido que o fará agora com Petyr sussurrando ao seu ouvido.

— Ele vai matar sua irmã – afirmou Jon convicto.

Cat olhou para Ned meio desamparada. Era verdade. Todos sabiam que o que Mendinho realmente queria era o poder no Vale. Lysa era só um meio para um fim.

— A vida dela não lhe é importante para valer um ultimo esforço?

— Como ousa... – começou ela mas foi silenciada por um toque de Ned.

Sua esposa fechou os olhos para se centrar. E depois respondeu com toda a sua dignidade.

— Está bem.

Depois que Cat concordou, Jon mandou chamar os lordes do Vale.

Lorde Royce tomou logo a palavra depois que apresentações de praxe foram feitas.

O orgulho daqueles homens era grande, porém a gravidade de sua situação era maior ainda.

— Vossa graça, viemos até aqui tratar de assuntos relacionados as nossas terras. O Vale não pode pagar pedágio para dois reis.

— Então, meu lorde, não era melhor que o Vale tivesse escolhido um rei. A meu ver, estão pagando pelo seu silêncio durante a guerra. Não olharam seu mapa antes de decidir se calar quando pedimos ajuda. Ou quando o Trono de Ferro convocou os estandartes?

— Não foi nossa escolha ficar em silêncio, vossa majestade. Não somos covardes. Conte a ele, minha senhora – pediu a Cat – Conte como a lealdade ao nosso senhor foi a única coisa que nos impediu de lutar ao seu lado.

— Lady Catelyn já me informou de tudo que aconteceu em seu poleiro. Como deixaram o anão escapar, como ele conseguiu um exercito de clãs da floresta em suas terras. Também soube do casamento de sua senhora com lorde Baelish. Um dos responsáveis pela prisão de Lorde Stark em Porto Real.

— Só vim pedir, meu rei...

— Não sou seu rei. Graças a sua hesitação, o Vale não estava incluído no acordo que firmei com o Trono de Ferro. Qualquer ajuda minha agora, seria vista como quebra de acordo. Diga meu lorde, devo reiniciar a guerra por vocês?

Royce baixou a cabeça. Os homens atrás dele não proferiam uma palavra.

Jon entrelaçou os dedos:

— Lady Catelyn descerá ao Vale como minha representante. Ela tentará convencer Lady Lysa a ir até a capital jurar fidelidade.

Todos olharam para Jon, espantados.

O rei explicou que depois que Lysa fizesse isso. Ela clamaria aos Lannister sobre sua situação e pediria que o rei ao sul escrevesse a Jon sobre a situação dos impostos das estradas.

Assim, o acordo se manteria ao mesmo tempo em que conseguiam solucionar o problema.

— Lady Catelyn irá conversar com a irmã em meu nome. Um dragão a acompanhará como um lembrete do que pode acontecer se ela não retornar sã e salva ao Norte.

Ned pode sentir fisicamente a surpresa da esposa ao ouvir essas palavras.

— Lady Lysa não vai...

— Lady Lysa vai aceitar ou é melhor que os senhores comecem a construir pontes.

Jon se levantou.       

— E digam a Lorde Baelish que qualquer acordo firmado não se estende a ele. Se um dia ele pisar em minhas terras, eu vou saber. E vou a punição será a morte.

O festim começou e enquanto os senhores sulistas conversavam baixinho em um canto, Jon sussurrava algo com Robb em outro. Sobre o quê não sabia dizer.

Despois disso, Jon foi arrastado por Arya para uma mesa e se ocupou em responder as perguntas que ela disparava sem parar. Sansa assumiu o lugar vago ao lado do irmão. Robb também se juntou a eles depois de Bran e Rickon.

Ned vendo suas crianças todas juntas, compartilhando o mesmo pão e a mesma lareira, finalmente sentiu-se em paz.

Os lordes do Vale desceram ao sul três dias depois. Cat e Robb, que insistira em acompanhar a mãe, foram junto com eles.

Tinha a impressão de que os filhos mais velhos tramavam alguma coisa e descobriria o que era.

Ned encontrou Jon na Árvore Coração, lendo uma mensagem.  

— Espero que não se importe em guardar o reino por um tempo. Tenho que ir às Cidades Livres.

Isso pôs a pergunta sobre a súbita vontade de Robb de conhecer o Vale em segundo plano.

— O que fará lá?

— Cumprirei uma promessa – respondeu lhe entregando a carta.

Ela falava sobre um incidente com a Rainha Dragão em uma arena de gladiadores.


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Notas finais do capítulo

Proximo capitulo 11 de Abril



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