— Levanta. – Alvo jogou seu travesseiro na cara de Scorpius na intenção de acorda-lo.

O Potter já tinha se trocado e estava pronto para tomar um café rápido antes de toda a família seguir para o tradicional almoço de domingo na Toca.

— Scorpius, eu tentei te acordar assim que eu acordei e você nem ao menos se mexeu, ou você levanta agora ou eu serei obrigado a usar algum feitiço. – O moreno já estava impaciente, odiava quando o trabalho de tirar o loiro da cama ficava para ele.

— Tá... Já vou. – A voz sonolenta do garoto era abafada pelo travesseiro ainda em seu rosto.

— É sério. – O amigo abriu as cortinas do quarto e tirou o travesseiro que ele mesmo jogou no Malfoy, um tanto quanto emburrado, o outro levantou a contragosto e foi em caminho para o banheiro.

Quando abriu a porta encontrou Lily que estava em frente ao espelho terminando de se arrumar, a garota espirrou uma quantidade generosa de um perfume de tom alaranjado e começou a escovar os cabelos, até ver o loiro parado no batente da porta enquanto a observava.

— O que faz aqui? – Um tanto quanto assustada ela se virou para ele e agradeceu mentalmente por ele não ter entrado dez minutos antes, quando a ruiva ainda se encontrava de toalha e com a cara lavada.

—Er... Eu achei que esse fosse o banheiro do Alvo. Me Desculpe Lily. – Normalmente ele poderia ter feito alguma piadinha sobre aquela situação, mas estava realmente incomodado em encontrar a ruiva toda arrumada, e ele aquele bagaço que geralmente é quando acorda.

— Hum, esse costumava ser o banheiro dele, mas depois de ter se mudado eu me apoderei dele, afinal era bem maior. – A garota teve que se concentrar muito para juntar aquelas palavras, quando percebeu que Scorpius dormia apenas de calças e ali na sua frente ele se encontrava com o peito totalmente nu, ela teve de se esforçar muito para soar normal.

— Bom, pode usar o meu mesmo, eu já estava de saída. – Soltou um sorrisinho para o garoto que ficou um tanto quanto atordoado com o gesto da menina e passou por ele dando passagem para o banheiro, quando Lily passou pela porta, o loiro não pode deixar de sentir um perfume conhecido, ele já tinha sentido aquele aroma frutal em algum lugar.

***

Os Potter’s e seu convidado foram os últimos a chegaram na Toca. Assim que Alvo entrou na cozinha da casa de seus avós vários familiares vieram abraça-lo, desde que tinha se mudado o garoto apareceu algumas poucas vezes em reuniões de famílias.

Como sempre todos eram muito acolhedores com Scorpius, até mesmo Fred, que no tempo de Hogwarts gostava de implicar com o ele e com Alvo apenas por serem sonserinos.

Lily mal tinha cumprimentado toda a família e Victorie puxou ela e a irmã, Dominique, que mesmo com seus vinte e quatro anos, seria dama de honra de seu casamento com Teddy, junto da mais nova dos Potter’s para um dos andares de cima.

***

Como de costume o almoço de família na Toca era sempre recheado de risadas e de muito carinho, todos lá faziam parte da família, tanto o garoto Malfoy, como a família Scamander e isso fazia com que o loiro se sentisse muito bem, muito acolhido.

A Sra.Weasley pediu para que Scorpius fosse buscar algumas amoras no pomar das proximidades, ela pretendia fazer Muffins de amora por pedido de Lily, a ruiva amava Muffins de amora.

Ele lembrava muito bem como a menina passou a ter essa paixão, logo após ter terminado seu primeiro ano, durante a primeira semana de férias, lembra que Alvo lhe enviou uma coruja o convidando para dormir em sua casa, disse na carta que tinha sido extremamente difícil que seu pai concordasse com isso, e agora que ele tinha aceitado, Scorpius não podia recusar, sua mãe, Astória, deixou assim que o filho pediu, mas seu pai, Draco, foi um tanto quanto relutante. No dia seguinte, quando a Sra.Malfoy foi buscar pequeno na casa do amigo, levou uma fornada de Muffins de amora - afinal eram sua especialidade, além de seus preferidos – Gina Potter convidou o garoto e a mãe para que ficasse para o café da manhã, e junto da mesa farta preparada pelo elfo doméstico, Monstro, também tinha os muffins, a pequena Lily ficou apaixonada a cada mordida, ele lembra da menina ter comido pelo menos três.

Sorriu com a lembrança, achou a garotinha extremamente fofa naquele dia.

Depois de encher um pote com muitas amoras, Scorpius decidiu voltar por um caminho mais longo até a Toca, afinal várias memórias foram criadas ao longo daquele trajeto.

Perto dali tinham as árvores a qual o Sr.Potter costumava cortar durante o recesso de inverno para poder ascender a lareira, lembrava que ele e Alvo sempre queriam ajudar Harry a levar as lenhas até a casa, mas o pai de seu amigo sempre pediu ajuda para o filho mais velho que concordava muito a contragosto, Lily ficava encantada com o fogo queimando na lenha, ela dizia que o barulho da brasa e o cheiro de madeira queimada tinham o mesmo valor que casa para ela, e por isso sempre gostava de tentar ajudar, no fim ela apenas atrapalhava.

Novamente ele sorriu, não tinha nada que lembrasse mais Lily Potter do que uma boa lareira, Alvo sempre dizia isso quando ele e o amigo decidiam ascender a que continha no apartamento deles da Alemanha. E o moreno tinha razão, Scorpius conseguia enxergar a garota em tudo que conteste fogo.

Quando estava se aproximando da casa torta, o loiro pode ver a garota ruiva que vinha rondando seus pensamentos, ela estava sentada sozinha em um balanço, e Lorcan Scamander tinha acabado de sair de lá, um tanto quanto furioso. Observando melhor a menina, pode ver que ela estava chateada. Pensou em ir até ela, mas antes que pudesse tomar uma decisão a garota levantou e foi de encontro com Teddy.

Queria poder saber o que tinha acontecido, o que ela tinha.

Ele não sabia o motivo, mas sabia que aquela pequena era importante para ele. Talvez por ser irmã de seu melhor amigo, vai ver sentia que tinha de protege-la. Scorpius tinha total consciência de que a menina o atraia, afinal ela era linda, sabia ser divertida, e normalmente quando engatava uma conversa com a Potter, ela sempre o fazia rir. Ele já tinha beijado ela, e não se arrependia, afinal ela beijava bem, e o beijo de Lily Potter fora um daqueles que o Malfoy nunca esquecera, e que certamente ele repetiria, mas aquilo era terminantemente proibido, ela era irmã de seu melhor amigo, e como ele mesmo já tinha concluído, ele sentia um carinho pela garota, um instinto de proteção, tudo aquilo que Alvo também sentia por ela, no fundo ele devia ver a ruiva apenas como aquela irmã mais nova que ele nunca teve.

Entregou as amoras para a Sra.Weasley, e foi se sentar na sala. Lily estava sentada em uma poltrona afastada, estava um tanto quanto cabisbaixa.

— O que sua irmã tem? – O loiro pergunta se aproximando do melhor amigo.

— Parece que ela e Lorcan brigaram. – O moreno deu de ombros,

— Ué, qual o motivo?

— Ah você sabe né, o Scamander é apaixonado na Li e bom, ela nunca correspondeu ele, sempre o viu como um melhor amigo.

— E? – Ele não entendeu, se sempre foi assim não tinha motivo para brigarem agora por conta daquilo.

— Ele deve ter enquadrado ela, colocado contra a parede. Provavelmente a Lily já deve ter ficado com ele algumas vezes, com certeza seu primeiro beijo foi com Lorcan, e por mais que ela não tenha feito nada na maldade, ele deve ter se iludido. Agora deu nisso aí. – Alvo deu de ombros novamente.

— Realmente acha que o primeiro beijo dela foi com ele? Por quê? Não se incomoda com isso? – Mesmo que não soubesse, Scorpius tinha que perceber que quem estava incomodado era ele.

— É chato imaginar minha irmã beijando alguém, afinal ela sempre será muito nova para mim, mas eu vou fazer o que? É óbvio que ela vai beijar, casar e ter filhos um dia. Então não, não me incomodo. Não sou o James. E acho que pode ter sido com o Lorcan sim, a única coisa que eu sei sobre o primeiro beijo de Lily, é que o garoto era loiro.

— Hum, como você sabe que o primeiro beijo dela foi com um garoto loiro?

— Eu vi.

— Você viu? E não fez nada?

— Estava bêbado demais para isso. – O garoto Malfoy riu com o comentário do amigo.

— Quando foi isso?

— Foi naquela última festa que James fez em seu sétimo ano, a gente estava no quinto e eles no terceiro.

O corpo de Scorpius gelou, seus músculos se enrijeceram, ele ficou inteiro tenso. Lily só tinha beijado uma pessoa naquela festa, e aquela pessoa estava bem longe de ser Lorcan Scamander.

— E você tem certeza que era o Lorcan? – A voz do garoto saiu mais nervosa do que ele imaginava.

— Não, eu não vi o rosto de quem era, mas era loiro, alto e bom quem mais nessas características poderia beijar ela, não é mesmo? Afinal, ele já gostava dela, e meninas tem essa coisa de que o primeiro beijo tem de ser especial, acho plausível que tenha sido com ele.

O corpo dele relaxou novamente.

— Concordo. E como você sabe que foi o primeiro beijo dela?

— Na semana anterior ela tinha comentado comigo que nunca tinha beijado, então ficou um tanto quanto óbvio.

— Hum, compreendi.

A única coisa que passava na cabeça de Scorpius é que o primeiro beijo de Lily tinha sido com ele.

— Não aguento mais ver ela tristinha assim, vamos levar ela para passear, quem sabe ela se anima. – Alvo levantou da poltrona e foi de encontro com os pais, disse que queria dar uma volta com Lily e que logo mais eles voltariam.

Chamou a ruiva, que se animou, apenas pediu para que esperassem que a fornada de muffins ficassem pronto, o que não demorou muito, e logo aquele cheiro de bolo de amora penetrou as narinas do loiro.

***

Alvo, Scorpius e Lily aparataram na frente do Caldeirão Furado, decidiram ir no Beco Diagonal, afinal lá tinha a matriz das Gemialidades Weasley, e aquela loja com certeza levantava o ânimo da pequena Potter rapidinho.

Os três se espalharam pela loja, Scorpius ficou interessado em algumas fitas adesivas que quando grudados na pele juravam simular um osso quebrado. Como aquilo era possível? Riu consigo mesmo, afinal estudava medicina bruxa, e conhecendo bem aquela loja, ele não deveria questionar nada. Até ponderou se levava um ou não, mas realmente não queria sentir essa tal simulação.

Avistou Lily observando as Poções do Amor.

— Querendo conquistar alguém Lils? – O loiro chegou por trás dando um susto na menina, que colocou a mão em cima do peito e riu em seguida.

— Não, não preciso disso Scorp. – Disse dando uma piscada convencida para o garoto, que riu em seguida. – Apenas acho a Amortentia realmente muito curiosa, afinal a pessoa não se apaixona de verdade por você é apenas uma ilusão. Deveria chamar Poção da Ilusão, ou do Iludidos, também serve. – Ele sorriu com o comentário da ruiva.

— Mas o cheiro dela realmente varia de pessoa para pessoa, de acordo com o que mais a atrai.

— Sim, eu acho que essa parte seja real, mas o efeito não. Ele não é. – Scorpius assentiu concordando com a menina.

Em seguida ela abriu um dos frasquinhos, uma fumaça perolada que subia em espiral saiu pelo buraco da tampinha e logo atingiu o nariz de ambos.

Scorpius sentiu um aroma forte de manga, em seguida a fruta foi substituída por um odor característico de lenha sendo queimada e por fim o cheiro dos famosos muffins de amora que sua mãe costumava fazer.

Aqueles eram os mesmos cheiro que saíram da Amortentia que o loiro tinha preparado em seu sexto ano.