Wherever I go escrita por Luna Lovegood


Capítulo 1
Capítulo 1 - Olhos fechados


Notas iniciais do capítulo

Primeiro eu quero agradecer por ter clicado na história, mesmo quando a sinopse revelou tão pouco dela... Essa história vai ser curtinha (com quatro capítulos) e é uma songfic de uma música que eu amo: Aonde quer que eu vá do Paralamas do sucesso, eu recomendo que você a escute enquanto lê.

Como está marcado nos avisos, essa história tem muito drama. É a essência dela, é como a história deve ser contada, com todos os sentimentos bem a flor da pele, e eu não irei mudar isso. Então, preparem seus lencinhos e boa leitura!



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Olhos fechados

Pra te encontrar

Não estou ao seu lado

Mas posso sonhar

Aonde quer que eu vá

Levo você no olhar

Aonde quer que eu vá

Aonde quer que eu vá

 ♥

Felicity Smoak

Dizem que os olhos são a janela da alma, que é através deles que expressamos nossas emoções, nossos sentimentos. E embora todos nós tenhamos o terrível hábito de nos esconder atrás de um sorriso polido ou um semblante feliz, de forjar uma armadura para o mundo a nossa volta e fingir que tudo está perfeitamente bem, nossos olhos não são capazes de mentir, de simular sentimentos que não existem ou esconder as emoções quando estas estão impregnadas em nós.

Não importa o quão bom ator ou atriz você seja, seus olhos sempre irão te entregar.

Eles vão brilhar de euforia quando algo o fizer feliz, vão se estreitar de forma furtiva quando você estiver desconfiado de algo e se arregalar quando estiver surpreso. Nossas pupilas até mesmo dilatam quando vemos algo que desejamos.

Há tantas coisas que um único olhar pode expressar.

E há também as lágrimas. Se nossos olhos são a janela da alma, nossas lágrimas nada mais são do que a vazão de sentimentos tão fortes que nem mesmo nossa alma consegue conter. Elas podem passar através uma rachadura na janela ou ainda porque em nossa distração a esquecemos entreaberta, não importa, elas são aquela parte de nós mesmos que não somos capazes de controlar ou esconder. Nossa vulnerabilidade.

Às vezes vamos chorar de felicidade, alívio ou porque encontramos algo bom na vida e isso tocou o nosso coração de um jeito nunca antes imaginado. Vamos sorrir, suspirar ao sentir a paz e uma sensação de plenitude tomar conta de nós depois de secarmos essas lágrimas felizes. Mas há também aquelas outras lágrimas, quentes e salgadas, que trilham um caminho de dor em nossa face. Elas aparecem quando o nosso coração estiver sangrando, porque até mesmo a alma precisa liberar um pouco da dor, ou então estamos fadados a nos afogarmos no mar de tristeza que guardamos dentro de nós.

Com sorte, nós passaremos pela vida com mais lágrimas de felicidade do que lágrimas de dor.

Eu fui uma dessas pessoas sortudas.

Eu chorei muitas vezes, mas a maioria delas foi de felicidade. E mesmo quando eu chorava de tristeza, eu tinha dedos suaves em meu rosto prontos para secarem minhas lágrimas, eu tinha braços fortes que apetavam meu corpo num abraço afetuoso e confortador, e bastava eu erguer meu rosto um pouco e encontrava um par de belos olhos azuis a minha frente dizendo que me amava.

Oh, sim, porque olhos também podem dizer “eu te amo” e de um jeito ainda mais poderoso do que palavras, porque palavras podem mentir, mas olhares não.

É possível ver o amor de alguém em seus olhos.

E eu via isso nos de Oliver.

Eu tinha certeza de que seu olhar para mim jamais mudaria.

Eu vi o primeiro vislumbre do amor no dia em que ele roubou um beijo meu na cachoeira em que costumávamos ir com alguns amigos na época da faculdade. Mas naquele dia quente de verão, éramos só nós dois. Depois de algumas brincadeiras na água, Oliver apenas se aproximou, tirou uma mecha molhada do meu cabelo do rosto, eu senti a atmosfera ao nosso redor mudar, eu senti tudo dentro de mim mudar e então Oliver simplesmente puxou meu rosto com delicadeza aproximando-o do seu, nossas respirações se mesclaram e ele me beijou. Foi de um jeito tão intenso e apaixonado, que me assustei com a minha própria reação. Eu precisava de Oliver, eu precisava do seu beijo, do seu toque, precisava tão desesperadamente dele na minha vida como jamais precisei de ninguém e foi por isso que o empurrei  para longe enquanto saía da água.

Tentado forçar alguma distância entre nós.

Tentando entender como foi que  um único beijo mudou tudo dentro de mim.

Oliver me seguiu pedindo desculpas e dizendo que nunca deveria ter ultrapassado a linha da amizade, mas que ele não conseguia mais se conter quando estava comigo. Eu olhei em seus olhos azuis, tão sinceros e cheios de amor e eu simplesmente o beijei, parando de fugir e me entregando aquele sentimento novo dentro de mim.

O amor também estava em seus olhos no nosso primeiro encontro, no segundo e no quinquagésimo, sempre crescendo gradativamente.

Ele dizia que me amava com seus olhos quando fazíamos amor.

Eu também vi o seu amor por mim quando numa noite estrelada no mesmo lugar onde trocamos o nosso primeiro beijo, Oliver se ajoelhou a borda da cachoeira e pediu para que eu me casasse com ele. Eu via seu amor, transbordando por lágrimas de felicidade quando poucas semanas antes de nos casarmos eu lhe disse que estava grávida. Eu vi esse amor em seus olhos no dia do nosso casamento, quando antes da cerimônia ele conseguiu driblar nossas mães e sua irmã e vir até mim,  ignorando qualquer regra de que daria azar ver a noiva antes do casamento. Seu olhar para mim foi de pura adoração, fazendo as lágrimas de felicidade passarem pela pequena fresta da janela da minha alma, enquanto eu me dava conta de que tinha a minha frente aquele algo bom que a maioria das pessoas passa a vida inteira procurando.

Eu sabia que no instante em que eu entrelaçasse a minha vida na de Oliver só haveria amor.

E hoje, cinco anos depois, eu via esse mesmo amor brilhar nos olhos da minha pequena Olívia, que era em tantos níveis parecida fisicamente comigo, exceto os olhos. Ela tinha os olhos azuis e expressivos do pai.

Sempre mostrando o seu amor.

Mas eu não via mais esse amor nos olhos da única pessoa que eu daria tudo para ver. Eu estava deitada ao seu lado na cama, olhando para o seu rosto belo e sereno, a cabeça repousando sobre o travesseiro, os cabelos estavam um pouco maiores do que ele gostava, assim como a barba densa que tomava conta do seu rosto desde o alto do maxilar, descendo até o queixo. Eu cheguei mais perto do corpo dele, mas não muito, porque eu estava temerosa em tocá-lo. Por isso apenas me atrevi a colocar minha mão suavemente sobre seu peito, sentindo o calor da pele dele através do tecido da blusa e me confortando ao escutar as batidas ritmadas do seu coração.

Ele parecia dormir tão pacificamente.

E a qualquer momento ele acordaria, eu veria aquele sorriso preguiçoso se espalhar vagarosamente pelo seu rosto enquanto ele se dava conta de que eu estava deitada ao seu lado. Oliver iria girar o corpo na minha direção ficando de frente para mim, e iria roçar o nariz dele com o meu daquele jeito terno e carinhoso, seus belos olhos azuis iriam encontrar os meus e se perderem ali por um longo tempo enquanto ele diria que me amava apenas com um olhar.

Pisquei meus olhos, a umidade acumulada ali fazendo-os arder. Senti a lágrima grossa e quente rolar pela minha pele fria, chegar até a ponta do nariz e cair se juntando a mancha molhada de outras lágrimas no travesseiro. Eu ainda fitei seu rosto como fazia todas as manhãs e esperei tolamente para que ele abrisse os olhos e me olhasse daquele jeito, com os seus olhos cheios de amor como ele sempre costumava a me olhar, e eu esperei, mesmo sabendo que isso não aconteceria.

E não era porque Oliver não me amava mais.

Mas porque Oliver não abria seus olhos há cinco longos anos.



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Notas finais do capítulo

Esse começo foi bem pequeno, apenas um gostinho do que vem por aí. Eu espero que tenham gostado da ideia, vai ser algo curtinho com quatro capítulos apenas, mas bem emocional e tocante. Eu espero que curtam!

Ahhh, deixem seus comentários para eu saber o que acharam ♥