Anjo Caído

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by: Pixie Cheryl

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Capítulo 02

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A lua jazia bela no céu negro e estrelado, deserto de nuvens. O movimento nas ruas resumia-se as folhas sendo carregadas pelo vento gelado. A noite estava aconchegante para casais apaixonados, mas sombrias para aqueles que não tinham com quem compartilhar tão bela criação divina. E Uchiha Sasuke encaixava-se perfeitamente dentro do segundo grupo. Estava farto daquela noite insuportável e interminável. Tentou assistir televisão, mas programas supérfluos lotavam os canais aquele horário.

Desistiu e foi dormir mais cedo, o que achava um saco. Em plena sexta feira a noite dormir às nove e quinze, logo ele, que todas as sextas feiras madrugava desde os quinze anos. Naruto até que tentou levá-lo para uma festa, mas a festa era organizada por Haruno Sakura, uma insuportável que adorava intitular-se sua namorada, ou melhor dizendo, a futura senhora Uchiha. Detestava aquela idiota de cabelos pintados.

O telefone começou a tocar estridente e insuportavelmente. Olhou no relógio na cabeceira de sua cama. Uma hora e cinco minutos da madrugada. Se fosse Naruto ligando bêbado, faria questão de socá-lo até a morte amanhã. Desceu as escadas, tropeçando e quando caindo nos últimos degraus devido a sonolência.

- Alô? – atendeu rude, deixando claro que era bom que o motivo para tirá-lo da cama em plena madrugada seja importante.

- Senhor Uchiha Sasuke? – a voz calma do outro lado da linha fez a garganta de Sasuke secar – Desculpe a incoveniência. Aqui é o doutor Yakushi Kabu...

- O que aconteceu com meu irmão? – ele perguntou com a voz alterada, interrompendo o médico responsável pelo paciente Uchiha Itachi.

- Acalme-se – instruiu Kabuto com sua voz mansa – Seu irmão acordou!

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Mesmo sendo noite na Terra, havia um lugar onde o sol nunca deixava de brilhar: o Reino dos Céus. O arcanjo Hiruzen voava de um lado para o outro, preocupado com a notícia que acabara de receber - o desaparecimento de um anjo cupido. Como explicar a Ele que uma de suas criaturas havia sumido? Principalmente um cupido, talvez a casta mais importante de todas, pois são eles que plantam o amor nos corações dos humanos. Sem a presença deles, talvez o mundo hoje em dia se resumisse ao caos total. Sabia que a culpa não era sua, é claro, mas não deixava de se culpa constantemente, afinal, havia recebido um cargo de confiança Dele para supervisionar os anjos.

Um pouco mais distante, o cupido Hiashi observava o nervosismo de Hiruzen. Queria ajudá-lo de alguma forma, só não sabia por onde começar...

Instantes depois, passou pela porta um anjo afobado na sala do arcanjo, o anjo da guarda Ino.

- Arcanjo, temos um problema!

"Era só o que me faltava!" – pensou Hiruzen, enquanto seguia Ino e era acompanhado de Hiashi.

Voaram até a saída, atravessaram os grandes portões de ouro celestial. Avistaram um aglomerado de anjos sobre uma nuvem ao longe e apressaram-se ainda mais. Hiruzen abriu caminho entre os diferentes tipos de anjos e observou chocado o par de asas que atraía a atenção de todos os presentes. As asas do cupido desaparecido. As asas de Hinata.

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Sasuke irrompeu as grandes portas de vidro do Hospital de Konoha tomado pelo desespero e alegria. Depois de sete anos em coma, finalmente Itachi acordara da escuridão que o engolira no dia daquele acidente. Viu Kabuto parado na recepção, esperando-o. Seu semblante era aliviado.

- Senhor Uchiha, acompanhe-me, por favor.

Sem respondê-lo, Sasuke tratou de seguí-lo pelos enormes corredores daquele hospital. Sem perceber, um sorriso abria-se tímido em seus lábios finos.

- Não sabemos como aconteceu - o doutor iniciou as explicações – Uma das enfermeiras viu as luzes do quarto do seu irmão e pensou que alguém havia esquecido-as acesas, mas quando entrou, viu-o acordado, em pé, olhando pela janela. Ele chamou pelo senhor e pelos pais...

Sasuke sentiu o coração apertar, agora teria que explicar muitas coisas para o irmão, principalmente o fato dos pais não estarem mais vivos. Olhou para frente e deparou-se com a porta branca, com o número 63 posto em uma grafia bem visível na placa de metal pendurada na parede pintada em um tom amarelado claro. Respirou fundo tomando coragem para entrar.

Após tantos anos, não veria mais o irmão inerte em uma cama, mas sim vivo!

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Itachi ainda observava o movimento quase nulo da cidade, apenas um grupo de amigos passava pela rua, aparentemente todos bêbados, já que falavam alto e com palavras incompreensíveis. Riu, lembrando-se de quando era ele que voltava desse jeito para casa, para o desespero de Mikoto, sua mãe. Ah, como queria voltar para casa e reencontrá-la. Não só ela, mas seu pai e seu irmão também.

- Irmão... – a voz de Sasuke soou tímida, com receio de que o irmão não o reconhecesse, afinal, a última lembrança que Itachi tinha do irmão caçula era de quando o mesmo tinha apenas dez anos de idade.

O mais velho virou-se lentamente. Aquela era a voz de Sasuke, no entanto estava mais grossa, bem diferente daquela infantil que lembrava. Arregalou os olhos ao ver seu irmão mais novo, mas que estava mais velho.

- Sasuke? É você? – Itachi aproximou-se espantado. Lembrava-se do acidente sim, mesmo que em poucas partes, mas achava que havia ficado desacordado por dias, ou até mesmo um ou dois meses, mas não anos! – Caramba! Em que ano nós estamos?

- 2010. – respondeu Sasuke para o irmão, que estava desacreditado que passara sete anos em coma profundo.

- Impossível! Sasuke deixe de mentir para mim! Ainda estamos em 2003...

"Pelo visto a reabilitação e a aceitação será difícil" – pensava Kabuto, olhando algumas lágrimas escorrerem pelo rosto de Itachi e o de Sasuke. Itachi não acreditara que havia dormido com quinze anos e acordado com vinte e dois. Sua aparência não era viva como a do seu irmão. Seu rosto tinha a aparência cansada e a pele era pálida, quase invisível. Estava magro, logo ele, que sempre exibia um corpo forte e definido.

- Você passou sete anos em coma, Itachi – tentou dizer Sasuke, sendo interrompido pelo irmão.

- Pare de mentir, Sasuke! Não vou ficar escutando besteiras suas. Já chega! Cadê a mamãe e o papai?

- Eles... Morreram.

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Ino era um anjo da guarda em treinamento. Prestara a prova para finalmente vigiar um ser humano, mas reprovara as três vezes que tentara. Não que fosse incapaz, mas era muito destrambelhada e podia "esquecer" de seu protegido, deixando-o desvirtuar-se na vida errada.

Neji era um anjo cupido. Era o que mais visitava a Terra atualmente, em tempos que não existe mais amor, somente a ganância pelo dinheiro. Anjo exímio, espalhava o amor no ar, fazendo até os corações mais ásperos amarem verdadeiramente.

Os dois estavam diante de Hiruzen. Haviam sido escolhidos para acharem Hinata. Ino estava radiante, finalmente poderia visitar a Terra, sonho desde que se tornara anjo da guarda. Quando o arcanjo disse que o motivo para sua escolha era a falta de um anjo competente, deixou-a triste, mas dessa vez provaria que não era uma incompetente como todos achavam. Já Neji, por ser o anjo mais próximo de Hinata, seria realmente de grande ajuda, pois os dois tinham uma conexão muito forte, o que faria com que o trabalho deles fosse mais fácil.

- Vocês irão como humanos – disse Hiruzen, e no mesmo instante as asas de Ino e Neji desapareceram, assustando a ambos, nunca suas asas haviam sido retiradas – Achem-na rápido. Ela enfraquecerá sem suas asas e acabará por adoecer e morrer, mas sua existência será apagada do universo. Ela nunca mais irá voltar. Sejam rápidos! – e com um estalar de dedos, os dois anjos desapareceram de sua frente.

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Após aquela conversa desastrosa, Itachi precisou ser sedado. Em suas condições, emoções fortes estavam fora de cogitação. Sasuke agora conversava com o médico, que lhe explicava o estado de não-aceitação que seu irmão estava vivendo, e que era normal. Acordar após sete anos de um estado vegetativo e descobrir uma vida que se passou no tempo em que esteve "morto", como o próprio Uchiha mais velho referiu-se, e ainda mais descobrir que seus pais não estão mais vivos foi um baque para o moreno.

Sasuke compreendia o sofrimento do irmão, mas e o dele? Durante sete anos ele viveu naquela casa com as lembranças constantes dos dias em que foi feliz com a família, mas que se reduzira a uma solidão sufocante. Pensara em vender a casa diversas vezes, mas como viveria sem o seu passado impresso em cada centímetro daquele amplo terreno?

Pensou em ligar para Naruto, mas ele deveria estar no mínimo bêbado e a procura de Sakura, que provavelmente lhe daria um fora pior do que o de anteontem. Quando o loiro iria abrir os olhos e enxergar que a Haruno não era a mulher certa para ele... Nem para ninguém?

Resolveu esfriar a cabeça no jardim do hospital. Quem sabe o vento frio não acalmava seu espírito?

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Quarto 63. Novamente Hinata estava parada de frente para a porta branca. Sentia o quarto envolvido por uma energia mais negativa ainda. Além da tristeza impregnada das paredes daquele cômodo, novos sentimentos se instalaram lá, como a raiva e a desconfiança, mas mesmo que pequeno, havia um sentimento puro, o amor fraterno.

Entrou novamente na escuridão e fechou a porta. Encontrou Itachi dormindo, estava sedado e um bip incomodo avisava que seu coração estava batendo normalmente. Envolveu a mão delgada de Itachi nas suas. Fechou os olhos em seguida uma luz emanou. Lágrimas começaram a ser derramadas por ela, enquanto Itachi franzia o cenho com força e a máquina acelerava a intensidade do barulho da máquina.

Estava se lembrando do momento do acidente que vitimara seus pais.