Abiodun sorriu quando o brilho da lua inundou sua visão, criando um caleidoscópio de azuis. Riu, inalou o cheiro de solo molhado.

 Ofegava, exausto. Já estava mil passos distante da senzala que o prendia e ninguém o vira fugir. Deitou-se naquela terra, sujou as mãos, revirou-a entre os dedos dos pés, saudando-a; ela era, ao mesmo tempo, a marca de seu cativeiro e de sua liberdade.

Liberdade. O gosto da palavra em sua língua era doce como mel. Pela primeira vez em muitos anos, sentiu-se pleno.

Não se conteve, gritou. Naquele momento, não lhe importava que o Brasil todo ouvisse.