Sete anos em uma noite de Natal escrita por Jupiter rousse


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Uma one-shot que fez parte de um Especial de Natal há uns anos atrás



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Nunca gostei de crianças birrentas como aquelas menininhas que sentavam no Beco Diagonal e choravam até a mãe dar o que queriam. Achava ainda pior as meninas mais velhas que se comportavam da mesma maneira mimada  com os país. Então, não sei como não estou sentindo vergonha de mim mesma enquanto fico deitada em minha cama escutando meus pais aos berros na porta de meu quarto tentando quebrar o meu feitiço.

 

— ROSE WEASLEY ABRA ESSA PORTA IMEDIATAMENTE!

 

Eu sei que meu comportamento estava sendo ridículo e que fugia completamente do meu normal, mas eu não poderia agir de outra forma numa situação dessas. Não quando eu morreria de vergonha ao sair por aquela porta.

 

Era tudo culpa do Malfoy obviamente, aquele maldito abusado. O loiro despertava o pior e o melhor em mim, e quando o digo pior me refiro a minha impulsividade absurda.

 

“Estava tarde e eu retornava ao meu dormitório, havia acabado de ajudar a professora Minerva a responder algumas cartas de pais. Apesar de Hogwarts ser meu lar, devo admitir que fico assustada em andar pelo Castelo a noite. Entenda, toda aquela decoração medieval no escuro podia ser um ótimo combustível para minha imaginação fértil. Andava rápido querendo chegar logo ao meu dormitório, mas o som que meus pés faziam ao bater no chão não estavam ajudando em nada para que eu mantivesse a calma.

 

Eu viraria a direita no próximo corredor e depois a segunda esquerda e logo estaria no Salão Comunal da Grifinória, sã e salva. Assim que virei no corredor, quase correndo de tão estupidamente assustada, quase sofri uma parada cardíaca pois dei de cara com o Malfoy.

 

— Mas que merda Malfoy, quer me matar de susto?

 

Apesar de escuro, podia enxergar perfeitamente aqueles malditos olhos tão lindos que me deixavam completamente perdida em qualquer conversa.

 

— Calma Weasley pode ter certeza que quando eu te matar - ele deu um sorriso safado se inclinando até que colasse os lábios em meu ouvido - vai ser de prazer.

 

Ignorei o arrepio que percorreu pelo meu corpo e o empurrei pra longe revirando os olhos.

 

— Você não cansa dessas cantadas baratas não?

 

Scorpius esperou para estar novamente a centímetro de mim para responder, que merda esse garoto tem problema com proximidade? Ele não entende que ficar tão perto assim dificulta as coisas para mim? Ah é obvio que ele entende e é por isso mesmo que fica dessa maneira.

 

— E você não vai cansar de se fazer de difícil não?

 

Controlei o impulso de chegar para trás e ergui o queixo o encarando diretamente nos olhos.

 

— Não sei do que você está falando.

 

Também não sei quando eu comecei a mentir tão descaradamente.

 

— Ah talvez isso refresque a sua memória.

 

Scorpius afastou os meu cabelos do pescoço e começou a depositar beijos ali, ainda bem que suas mãos me seguravam firmemente pela cintura pois comecei a sentir meu mundo todo rodar. Nossos narizes já se encostavam e nossos olhos já estavam petrificados encarando uns aos outros. Scorpius se aproximou um pouco mais, deixando nossos lábios roçando. Ele apertou minha cintura possessivamente.

 

— Eu não vou me mexer nem mais um centímetro, eu sei que você quer Rose… Abaixe um pouco a guarda, só dessa vez.

 

Eu não esperei que ele pedisse de novo, ataquei seus lábios com voracidade e Scorpius correspondeu a altura. Nem senti quando começamos a andar, mas senti minhas costas sendo prensadas fortemente na parede. As mãos de Scorpius pareciam estar em todo lugar, me enlouquecendo e espalhando um fogo avassalador que tomava conta de meu corpo.

 

Minhas mãos se divertiam com aquele cabelo macio, enquanto o puxava cada vez mais para perto de mim. Maldito, me faz perder completamente o controle.

 

— Scorpius espera.

 

Sim, eu sou a pessoa mais chata e estúpida do planeta. Por que fui nascer tão malditamente orgulhosa? A questão era que não podia evitar sentir que tinha algo errado, não podia ceder assim tão facilmente. Eu odiava perder o controle das situações e estar com Scorpius sempre me levava a fazer isso.

 

Ele respirou fundo, ainda perto de mim, parecia cansado pois sabia exatamente o que eu iria dizer. Era o que eu sempre dizia.

 

— Malfoy isso não…

 

— O que Rose? - seu tom era furioso quando se afastou de mim - Vai falar de novo que não é certo? Que não deveria ter acontecido? Eu estou cansado das nossas brigas, estou cansado de fazer você baixar a guarda para me dizer que não gostou. Olhe para você Weasley, fica arrepiada toda vez que beijo seu pescoço, que sussurro em seu ouvido, quando nos beijamos tem tanto desejo quanto eu.

 

Era tudo verdade, por isso só fiquei calada e encolhida feito uma garotinha sendo repreendida enquanto Scorpius jogava todas aquelas verdades que pareciam entaladas na boca dele.

 

— Eu sei que quer ficar comigo Weasley e não é só por desejo, mas cansei de ser jogado de lado toda vez. Quando você decidir parar de ser a porra de um cubo de gelo, me avise.

 

Scorpius disparou pelo o corredor que a poucos minutos eu estava, demorou alguns segundos para que eu reagisse. Peguei o caderno em minha mochila e sai correndo atrás dele.

 

— MALFOY!

 

Quando o loiro se virou, nem ao menos olhei para seu rosto apenas joguei aquele caderno correndo logo em seguida tendo certeza de que me arrependeria.

 

Eu tinha dado a Scorpius nada mais nada menos do que o meu diário. "

 

— ROSE QUANTOS FEITIÇOS VOCÊ JOGOU NESSA MALDITA PORTA? ESTÁ PARECENDO UMA MENININHA MIMADA, EU NÃO TE CRIEI ASSIM!

 

Acontece que hoje era ceia de Natal, o que significava que pela grande amizade que Al tinha com Scorpius os Malfoy passariam aqui novamente. E eu não podia ver Scorpius, não depois dele ter lido meu diário no qual deixo claro todos os meus sentimentos por ele.

 

— RONY FAÇA ALGUMA COISA, ELA VAI OUVIR VOCÊ!

 

Escutei o barulho de passos enfurecidos descendo pela escada, coitado do Hugo teria que lidar com a mamãe furiosa sozinho.

 

— Rose, querida, abra a porta….

 

É pura injustiça quando meu pai fala com essa voz, não tem como negar nada. Fiz um aceno de varinha e permaneci deitada na cama, de olhos fechados.

 

— Está aberta.

 

Mal ouvi seus passos quando senti a cama afundando ao meu lado, assim como eu era pequena meu pai começou a afagar meus cabelos delicadamente.

 

— Ah querida… - abri de leve os olhos para vê-lo - O que aconteceu?

 

— Papai, entenda eu não posso descer…

 

Meu pai franziu o cenho, as rugas perto de seus olhos gentis ficavam ainda mais adoráveis vistas de perto.

 

— Não estou entendendo Rose, você sempre amou o Natal…

 

Coloquei um travesseiro por cima do rosto, queria ficar trancada no meu quarto pelo resto da eternidade.

 

— Eu não quero ver o Malfoy - minha voz saiu esquisitamente abafada pelo travesseiro.

 

— Aquele moleque lhe fez alguma coisa? Eu mesmo acabo com ele filha, é só falar.

 

Eu ri, tirando o travesseiro do rosto, meu pai sempre seria meu pai mesmo depois de superar as rixas imbecis entre as famílias alguns anos atrás.

 

— Não papai, eu… Bem da última vez que nos encontramos Scorpius e eu… É complicado, mas eu acabei dizendo mais do que gostaria.

 

Na verdade, meu diário disse por mim.

 

— Filha - ele repousou a mão sobre minha testa - Eu sei que gosta dele, vocês dois vivem brigando e competindo mas dá pra ver que se gostam. Uma hora ou outra teria que dizer a ele ou iria acabar perdendo-o.

 

E eu sabia de tudo aquilo, mas por algum motivo eu precisava que pessoas constantemente jogassem na minha cara a verdade para que eu aceitasse. Assim como aconteceu com Scorpius.

 

— Obrigada pai, ajudou mais do que imagina.

 

— Estou aqui para isso - ele piscou um olho sorrindo para mim, retribui o sorriso.

 

— Está bem pai, vou vestir alguma coisa e desço em alguns minutos.

 

Papai se inclinou para me dar um beijo na testa, fiquei o observando de costas até fechar a porta atrás de si. Coloquei o travesseiro sobre o rosto novamente e gemi.

 

Merda, não acredito que vou ter que ver o Scorpius.

 

Coloquei uma meia calça preta bem grossa por conta do frio que fazia lá fora, por cima botei uma daquelas saias quadriculadas vermelha com azul junto com um suéter bem quentinho preto. Estava colocando meu all star de cano alto vermelho. Deixei meu cabelo como estava e fiz apenas uma maquiagem leve. Desci as escadas correndo enquanto colocava um gorro e o sobretudo.

 

Ver Scorpius essa noite seria torturante, saber que ele teria lido meu diário fazia meu estômago revirar. Ele agora saberia porque tanta resistência, saberia que fujo dele por me fazer perder o controle e a habilidade de pensar racionalmente quando estou perto dele. Saberia que eu simplesmente odeio que tudo seja tão fácil para ele, não é justo que o Sonserino mimado consiga tudo o que quer.

 

Também saberia que eu o amo.

 

Quando desci as escadas, rapidamente aparatamos para a Toca que já estava repleta de Weasley's da maneira que eu gostava. Sorri ao abraçar meus avós e tios. Abandonei meus pais no canto e fui correndo onde meus primos estavam.

 

Estava tão feliz em ver todos juntos que mal reparei Scorpius sentado numa poltrona ao fundo da sala perto de Al. Me aproximei temerosa e abracei meu primo com todo carinho do mundo. Quando nos separamos encarei Scorpius que tinha o mesmo sorriso de sempre no rosto, ele se aproximou de mim me deixando um beijo na bochecha e  me abraçando acolhedoramente.

 

O abraço de Scorpius era perfeito, quentinho, seguro fora que podia sentir seu cheiro delicioso e tão característico. Passou uma eternidade até que nos separamos e Scorpius não falou nada.

 

[…]

 

 

A ceia de Natal foi maravilhosa como todos os anos, rimos enquanto escutávamos as palhaçadas de meus tios e primos, nos deliciamos com a comida da vovó Molly e no final da noite ainda trocamos os presentes.

 

Achei estranho que Scorpius não tivesse falado comigo até agora, estava preocupada. E se ele tivesse se assustado com que eu falo no diário? Ele com certeza me acha uma imbecil agora.

 

Estava encolhida em uma poltrona em frente a janela e próximo a lareira. Me sentia absurdamente confortável enquanto tomava um chocolate quente e me mantinha aquecida pelo calor da lareira. Lá fora podia ver a neve caindo de maneira tão expontânea, tão diferente de mim que precisava controlar tudo.

 

— Acho que temos que conversar, não?

 

Scorpius adorava ser o homem das sombras, era impressionante como gostava de se esgueirar por ai misteriosamente. Faz parte do meu charme, ruiva me disse uma vez quando o questionei.

 

— Sim, acho que temos.

 

O loiro caminhou até que ficasse na minha frente, em sua mão um caderno de capa vermelha que eu reconheceria em qualquer lugar.

 

— Tomei a liberdade de marcar alguns páginas que eu gostaria de ler agora. Tudo bem por você?

 

Reparei pela primeira vez em quão lindo ele estava. Com uma calça jeans escura e um suéter verde sonserina, acompanhados pelo típico cabelo bagunçado e pelo sorriso sedutor não havia quem resistisse a ele.

 

Dei um gole em meu chocolate quente antes de acenar com a cabeça. Com minha permissão, ele abriu o diário em uma página.

 

Querido Diário,

 

“ A estação estava cheia. Crianças corriam de um lado para outro com malões, pais choravam já que ficariam um ano sem verem os filhos e a fumaça do expresso só deixava o clima ainda mais pesado. Porém, eu estava radiante. Seria meu primeiro ano em Hogwarts e eu mal podia esperar para começar as aulas. Eu tinha passado o verão inteiro contando os dias para que hoje chegasse. E finalmente chegou.

 

Rose, querida, posso falar com você?

 

Por mais ansiosa que eu estivesse para estudar em Hogwarts, não podia deixar de ficar triste em pensar que não veria meus pais todos os dias. Então, quando meu pai me chamou abracei-o com lágrimas nos olhos.

 

Você sabe que é minha princesinha e meu maior orgulho, não sabe?

 

Assenti com a cabeça, vi que ele sorriu para mim. Aquele sorriso caloroso típico de Ronald Weasley.

 

— Preste bem atenção Rose, você herdou o cérebro da sua mãe, graças a Merlin - tive que rir com essa, mas agora meu pai estava sério. Ele encarava um ponto fixo alguns metros de nós, segui seu olhar - Você está vendo aquele garoto, Rose?

 

Era uma família. Um homem alto com cabelos platinados estava abaixado conversando algo com um garoto, ele devia ter a minha idade, com certeza seu primeiro ano em Hogwarts também começaria hoje. A mulher tinha feições delicadas e parecia ser uma mãe carinhosa, olhava para o marido e filho com amor.

 

— Sim, pai. O que tem ele?

 

O nome dele é Scorpius Malfoy, ele é filho de Draco Malfoy. Rose, prometa que ficará longe dele e o vencerá em tudo?

 

Eu tinha ficado confusa, confesso. Meu primeiro instinto ao olhar para aquele garoto foi perguntar se ele queria sentar no vagão comigo, por algum motivo queria ser sua amiga. Mas meu pai sempre me deu tudo que eu quis, tudo que eu sempre pedi, não podia negar nada a ele. Portanto, sorri e voltei minha atenção para o ruivo a minha frente.

 

Eu prometo.

 

Quando voltei a olhar para a família Malfoy, notei que o garoto também me olhava de volta. Prendi a respiração, ele tinha os olhos mais lindos que eu já tinha visto. Azuis quase acizentados, uma cor de gelo que me fascinou, olhos que refletiam uma mistura de sentimentos que eu não conseguia identificar, seus olhos eram misteriosos, tentadores, lindos.

 

Levou apenas alguns segundos para que eu retomasse a consciência de meus pensamentos e estreitasse meus olhos para ele em tom de desafio. Demorou menos do que uma fração de segundo para ele retribuir o olhar com um sorriso debochado. Sabia que naquele momento, sem ao menos nos conhecermos, tínhamos declarado guerra. "

 

Foi o momento em que nos conhecemos, não poderia esquecer nem mesmo que tentasse. Mal sabia eu, que aqueles olhos que me afetaram tanto no primeiro dia me atormentariam por sete anos em Hogwarts.

 

“ Querido diário,

 

— GRIFINÓRIA!

 

Meu coração batia com tanta força que achei que ele fosse sair do peito. Cada milímetro do meu corpo radiava alegria, não acreditava que tinha sido escolhida para Grifinória. Se bem que lá no fundo talvez eu soubesse que essa sempre fora minha casa. Meus primos me receberam  na mesa com gritos, palmas e abraços apertados, me sentia tão em casa que parecia que eu frequentava Hogwarts há séculos.

 

Depois do delicioso banquete - sério melhor comida que eu já provei na vida, que a minha mãe não me escute falando isso - nós seguimos os monitores para nossos respectivos salões comunais.

 

Eu estava fascinada. Tudo no lugar era… por falta de palavra melhor, mágico. Os quadros falavam e se mexiam, as escadas mudavam as posições, o Castelo era gigantesco e lindo. Nem mesmo todas as histórias que meus familiares me contavam, podiam me preparam para a real sensação de estar em Hogwarts.

 

Estava tão desligada que nem mesmo percebi que esbarrara em alguém.

 

— Ah eu sinto muit… - Minha garganta secou no momento em que vi quem era.

 

Eu tenho certeza que meu pai esperaria que eu desse um soco nele por ter sequer tocado em mim, mas eu não conseguia me mexer. Se seus olhos eram maravilhosos de longe, eu não tinha nem palavras para descrever de perto. Aliás, não só seus olhos, mas tudo. Seu cabelo platinado que parecia ser tão macio, suas feições finas e esnobes, seu nariz arrebitado e sua boca fina.

 

— De todas as pessoas que eu poderia esbarrar nesse castelo, tinha que ser uma Weasley.

 

Arquei as sobrancelhas, então ele já sabia quem eu era.

 

— E qual o problema de eu ser uma Weasley, Malfoy?

 

Ao contrário de mim, ele não pareceu surpreso por saber quem ele era.

 

— Nenhum, desde que você fique longe de mim.

 

Senti meu rosto ficando vermelho de raiva.

 

— E por que eu ficaria perto de uma doninha albina que nem você?

 

Ahh sim, meu pai tinha me contado histórias do tempo dele. Alguns sonserinos atrás dele riram, o Malfoy estreitou os olhos.

 

— Cuidado Weasley, um dia você vai implorar para ficar perto de mim - e piscou com aquele típico sorriso debochado dele.

 

Dessa vez eu fique vermelha, mas não foi de raiva.

 

— Rose vamos - vi que meu primo me chamava, acenando com a mão.

 

Virei as costas e sai correndo atrás de Alvo. “

 

 

Meu primeiro conflito com Scorpius, tive que sorrir ao relembrar aquele dia, mesmo naquela época o loiro já arrumava um jeito de ser provocante com apenas 11 anos de idade.

 

 

"Querido Diário,

 

 

“ - SILÊNCIO!

 

Todos olharam assustados para o capitão do time da Grifinória.

 

— Eu sei que todos nós nos odiamos - ele olhou com repulsa para os sonserinos apenas alguns metros afastados - Mas infelizmente ouve um erro administrativo na hora de reservar o campo e nós teremos que dividir.

 

Os barulhos recomeçaram, vaias, gritos e xingamentos foram proferidos. Eu estava apenas contados os segundos antes que alguém começasse a brigar serio.

 

— CALEM A MALDITA BOCA!

 

Dessa vez, tinha sido o capitão da Sonserina que gritou.

 

— Nós vamos dividir o campo e fazer a porcaria do teste para que todos possam voltar para o Castelo. Agora, fiquem quietos e subam nas vassouras ou vão embora daqui.

 

Ninguém precisou dizer mais nada, com um impulso todos já subiam no ar, inclusive eu.

 

— Weasley, não acredito que você gosta tanto assim de se humilhar em público a ponto de fazer a audição.

 

Revirei os olhos e respirei fundo, reprimindo a vontade de estuporar o Malfoy e vê-lo cair da vassoura.

 

— Malfoy, não estou com paciência para sua estupidez hoje - dei um sorriso sarcástico - E aposto que jogo quadribol muito melhor do que você.

 

Malfoy começou a rir descontroladamente, o que aumentou ainda mais minha raiva.

 

— Não seja tola Weasley.

 

Rangi os dentes.

 

— O que eu tenho que fazer para provar fuinha?

 

Malfoy estreitou os olhos e um sorriso malicioso preencheu seu rosto.

 

— Sendo filha de Ronald Weasley, imagino que seja goleira, certo?

 

Assenti.

 

— Ótimo, eu jogo como artilheiro. 3 bolas Weasley, se você defender mais você ganha, se eu acertar mais eu ganho. Simples.

 

— Vamos tornar essa aposta interessante Malfoy - eu sorri maliciosa, a essa altura todos tinham parado para ver nossa discussão - Quem ganhar fica com o campo por hoje.

 

— WEASLEY! - me encolhi quando ouvi a voz repreendedora do capitão - O que pensa que está fazendo?

 

— Oliver - meu primo James o chamou - Confia em mim, Rose é boa o suficiente.

 

Oliver estreitou os olhos para mim.

 

— Que se foda, gostei da atitude garota. Mas James fique sabendo que se a gente perder a culpa é sua também!

 

Sorri mais do que satisfeita e me virei novamente para a fuinha.

 

— Então Malfoy, o que me diz?

 

— Malfoy acho melhor ganhar isso - disse o capitão da Sonserina, que eu não lembro o nome.

 

— Certo Weasley, vamos nessa.

 

Eu mentiria se disse que não estava nervosa, mas sabia que podia vence-lo, eu tinha que vence-lo. É só me lembrar de todas as vezes que ele me tirava do sério.

 

Scorpius me encarava com a goles na mão, sentia seus olhos vasculhando cada milímetro do meu corpo, assim como eu fazia com ele. Eu estava atenta. Sentia todos os meus sentidos aguçados.

 

O braço de Scorpius se moveu com uma habilidade nata, rápido como um pombo de ouro. Ainda sim, eu fui mais rápida.

 

Rose Weasley 1 X 0 Scorpius Malfoy

 

Dei um sorriso presunçoso, enquanto retomava a posição inicial, no centro do aro do meio. Malfoy estava irritado, eu podia ver isso. Ele impulsionou seu corpo para direito e ergueu o braço, eu fui idiota - admito - e por instinto me movi para a direita deixando o aro esquerdo desprotegido que foi exatamente onde ele acertou.

 

Os jogadores estavam animados, gritando incentivos e vaias, fazendo apostas e discutindo. Respirei fundo e tentei abafar todos aqueles sons. Papai sempre me dissera que a maior parte de ser um bom goleiro é aguentar com a pressão.

 

“ Você é o último obstáculo entre a goles e o aro, minha filha, nunca se esqueça disso. Por mais que a culpa também seja do time, os olhos acusadores sempre estarão voltados para você"

 

Soltei o ar com calma encarando aqueles olhos cinzas que me fitavam de volta. Merda, como eram bonitos. Eu não soube naquela hora, mas essa foi uma das poucas vezes que eu realmente decifrei o que Malfoy estava pensado. Ali, por trás de toda aquela frieza que ele sempre fazia questão de mostrar, eu vi divertimento.

 

Eu vi o exato momento em que seu braço largou a goles na direção do aro esquerdo, me movi tão rápido que nem ao menos percebi que tinha defendido a bola. Pelo menos não até o time inteiro da grifinória vir ao meu redor, comemorando e gritando.

 

— WEASLEY! WEASLEY! WEASLEY! “

 

Fiquei surpreso que Scorpius tivesse escolhido essa. Era o nosso terceiro ano e uma das muitas vezes que eu o ganhei no quadribol.

 

 

Querido Diário,

 

 

Acho malditamente irritante ter que aturar Scorpius Malfoy se agarrando com qualquer menina que apareça por ai. Por favor, não posso nem mesmo andar pelos corredores em paz. Falo isso porque acabei de sair de um corredor e me deparei com essa cena nojenta e desagradável, eles deveriam arrumar um quarto.

 

 

Ai meu Merlin, quem eu estou querendo enganar, é obvio que estou morta de ciúmes. Urgh que raiva maldito seja Scorpius Malfoy, como um garoto pode ser tão lindo?

 

Eu simplesmente odeio que ele consiga boas notas, seja o capitão do time de quadribol, monitor chefe e ainda o “senhor popularidade” tendo todas as garotas que quer e sempre rodeado de amigos. A vida de Scorpius é perfeita e isso me tira do sério.

 

Me tira do sério porque qualquer um também acharia minha vida perfeita, mas eu estou sempre exausta de tanto estudar, faço rondas a noite mal me aguentando em pé, subo em cima da vassoura quase morta e todos os garotos com quem eu já fiquei reclamam que eu nunca lhes dou atenção. Não é justo que tudo seja tão fácil para ele. 

 

Odeio a maneira que ele me faz perder o controle, agir impulsivamente, me deixar levar pelos meus sentimentos. E por mais estranho que seja, talvez isso me faça gostar ainda mais dele.

 

E não posso evitar pensar que talvez fossemos, de fato, perfeitos um para o outro como Lily insistia em me dizer. Ou quem sabe, aquilo era só o que eu queria acreditar.

 

Acho que foi a primeira vez que admiti sentir alguma coisa por Scorpius de verdade no diário e lembro que demorei horas até conseguir escrever aquelas poucas palavras no papel, de tanta negação que eu tinha. Scorpius não tinha olhado para mim nenhuma vez desde que começara a ler.

 

 

Querido Diário,

 

Era baile de inverno e eu e Scorpius, por sermos monitores chefes, passamos a semana toda organizando. E agora, já no baile era realmente satisfatório ver como a decoração estava impecável depois de tanto trabalho.

 

O chão fora enfeitiçado para lembrar o piso de um lago congelado e por mais que Scorpius insistisse em deixá-lo escorregadio, eu garanti que ninguém se machucasse. Fizemos com que a iluminação ficasse em um tom azulado, trazendo aquele atmosfera de inverno ao ambiente. Espalhados pelo salão tinham várias esculturas de gelo que se mexiam (eu adorava magia). Eu e Scorpius passamos horas aperfeiçoando um feitiço para que nevasse sem que fizesse frio e no final dera certo.

 

— Hey ruiva, parece que fizemos um ótimo trabalho ein? - Scorpius sorriu colocando o braço por cima de meus ombros.

 

— É Malfoy… Não foi tão ruim assim trabalhar com você.

 

— Senhorita Weasley! Senhor Malfoy! Graças a Merlin encontrei vocês! - Minerva veio em nossa direção correndo quase sem ar - Vamos, vamos está na hora de abrirem o Baile.

 

— An… Diretora Minerva como assim abrir o Baile? - perguntei confusa.

 

— Ah não Senhorita Weasley, não me diga que esqueci de avisar que você e o Senhor Malfoy, como monitores chefes tem que dançar para abrir o Baile. É uma tradição muito antiga em nossa escola!

 

— Não diretora, você não avisou absolutamente nada - falei entrando em desespero. Eu simplesmente não podia dançar na frente da escola inteira, principalmente com o Malfoy!

 

— Bom, agora estão avisados - a professora nos puxou em direção a entrada - Andem por favor.

 

— Malfoy, eu sei que você é um inútil, mas quer fazer o favor de falar alguma coisa - sussurrei baixo para que Mcgonagall não me ouvisse.

 

Ele olhou para mim com a expressão divertida.

 

— O que quer que eu faça ruivinha? - ele balançou a cabeça - Só relaxe e aproveite a dança.

 

Antes que eu pudesse responder alguma coisa, a diretora me interrompeu.

 

— Muito bem, os dois esperem o meu sinal aqui. - Mcgonagall nos deixou fora do salão e bateu a porta.

 

— Argh não acredito nisso - resmunguei enquanto segurava no braço do Malfoy.

 

Pude ouvir a voz da Diretora ampliada por todo o salão.

 

— Espero que todos tenham uma noite maravilhosa e como é de tradição os monitores chefes, Rose Weasley e Scorpius Malfoy, abrirão o baile com uma dança. Uma salva de palmas para os dois, por favor.

 

— Hora do show - Scorpius piscou para mim e eu ri de seu jeito relaxado.

 

Tinha certeza que acabaria tropeçando em meu vestido de tão nervosa que estava, sentia os olhos de toda escola em cima de mim, literalmente. Fomos até metade do salão de braços dados até chegarmos próximo a orquestra que logo começou a tocar uma melodia calma. Eu e Scorpius dançávamos lentamente, estávamos em uma posição constrangedora em que nossos rostos estavam tão perto que a única opção era focar nos olhos um do outro.

 

— Eu esqueci de falar - ele comentou próximo ao meu ouvido - Você está linda hoje.

 

Senti meu estômago afundando e me puxando junto, foi inevitável que abrisse um sorriso de orelha a orelha.

 

— Você também não está nada mal, Scorp.

 

Scorpius olhou para mim pela primeira vez desde que sentara a minha frente. Seu rosto estava tão sereno que parecia quase irreconhecível, os olhos calmos me traziam um conforto tão grande, uma sensação de lar.

 

Desviei os olhos de seu rosto quando escutei o barulho do diário se fechando, Scorpius se levantou e sentou no braço da poltrona onde eu estava sentada. Sua mão delicadamente subiu em direção ao meu rosto, afagando-o com cuidado.

 

— Quando li esse diário, Rose - Scorpius sorriu para mim pela primeira vez ali - Revivi os nosso últimos sete anos em Hogwarts e foi como me apaixonar por você de novo.

 

Meu coração falhou uma batida e tudo que consegui fazer foi ficar petrificada em choque, emocionada por tão poucas mas ao mesmo tempo tão belas palavras. Foram sete anos que passamos juntos, sete anos de brigas, sete anos de beijos roubados, sete anos de competições infundadas, sete anos de negação e finalmente sete anos em que me apaixonei por Scorpius Malfoy.

 

Levou alguns segundos para que eu saísse do meu estado vegetativo e lhe desse o sorriso mais sincero do mundo. Quando olhei seus olhos enquanto me aproximava de Scorpius, fui capaz de decifrar o carinho por detrás deles e fiz questão de guardar em minha memória aquele momento. Um dos únicos em que eu, Rose Weasley, soube o que Scorpius estava pensando.

 

Quando finalmente nos beijamos, naquela sala em meio a Toca, me senti como a neve que caia lá fora, não pensava apenas deixava as coisas fluírem. Porque era esse o efeito que Scorpius Malfoy, tinha em mim.   


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Notas finais do capítulo

Eu amo one-shots *-* E esse casal... ai ai, sem palavras!!!



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