Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 5
04.




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04 |

 

Eu não queria chegar atrasado. Eu juro como eu não queria, mas foi impossível resistir os cinco minutos adicionais no vestiário, sozinho, relaxando os músculos doloridos sob a água quente.

Eu só não achava que a professora ia gostar do meu atraso. Principalmente da minha justificativa.

— Senhor Malfoy – ela sentenciou assim que passei discretamente pela porta da sala, rezando para ninguém notar minha entrada.

A professora Anne gostava de constrangimentos, só podia ser. E deveria ser ainda melhor quando era comigo, devido ao tamanho do seu sorriso ao me pegar no flagra na frente de todos.

— Professora Anne. – respondi no mesmo tom assim que achei a cabeleira azul de Kellen e me dirigi para a cadeira ao seu lado.

— Agradeço por ter nos dado a honra de sua presença em nossa aula, senhor.

Professora Anne não podia ser mais ferina.

— Não há de quê, professora – retruquei com um sorriso de lado e parte da turma soltou uma risada.

— Bem, deixe de brincadeiras e se concentre – a professora murmurou irritada.

Bom, quem fala o quer, ouve o que não quer.

Kellen Brice era uma sonserina muito ousada, tratemos assim. Era uma garota alta, muito magricela, com os cabelos azuis (tingidos, obviamente, ela dizia adorar azul) repicados e com um piercing em seu nariz galês. Assim como o significado de seu nome em sua terra, País de Gales, Kellen era a personificação do que se diz ‘filho da guerra’. Não mexa com essa garota, mesmo que a julgue fraca pelo seu porte nada atlético. Kellen era uma das únicas pessoas que eu conhecia que tinha o poder de nocautear, em cinco segundos, uma pessoa bem maior que ela.

Quer dizer, qualquer uma não. Eu não. E também o Montanha não.

Falando no saco de músculos, ele estava sentado com seu grupinho mais na frente, perto da professora e perto dos lugares onde os cdf’s se alojavam cinco minutos antes do começo das aulas. Para minha não surpresa, a bola vermelha volumosa pertencente à pequena criatura que havia trombado comigo hoje mais cedo estava lá, em seu lugar de sempre.

Para minha felicidade, a aula de tarde de Botânica era uma reposição do ano, então uma exceção. Já para minha infelicidade, eu não poderia faltá-la porque, mesmo que tivesse facilidade com as outras matérias e tirasse boas notas, não era exemplar na matéria. Onde já se viu ser bom numa matéria que disserta sobre folhas, vegetais, árvores?!

— Você tá no mundo da lua, garoto? – Kellen me cutucou com o lápis.

— Certamente no seu mundo não, estranha – retruquei, sorrindo de lado para a garota.

Embora eu não fosse de querer ter amigos ou me abrir mais intimamente para as pessoas, eu tinha um relacionamento equilibrado com todos na escola, principalmente por causa dos anos sendo um dos jogadores principais do colégio. Kellen havia se aproximado de mim de forma parecida com a de Alvo, quando nos envolvemos num erro grotesco da escola em relação aos dormitórios no quarto ano, desde então era a única menina que eu nunca fiquei e falava comigo. Essas duas coisas eram excludentes para caras como eu.

— Voce é um idiota. Sabe que essa megera pega no seu pé sem ter motivo e ainda motivo. É um burrão mesmo.

Olhei de soslaio para o caderno de Kellen e vi seus desenhos em vez da matéria que estava sendo escrita no quadro. Eu ri.

— Para de me questionar, estranha. Por que você não faz aula de desenho? Percebemos obviamente que você liga mais pra eles do que a aula da professora Anne.

— Percebemos que você se intromete demais e deveria me deixar em paz.

— Tão gentil você, minha querida galesa.

— Senhor Malfoy e senhorita Brice! Querem conversar lá fora? – a megera ribombou na sala e todos se viraram para nos fitar.

Eu não me importava em ser o centro das atenções, mas minha amiga ficou de uma coloração estranhamente vermelha com azul.

— Para de rir, idiota – ela me cutucou, com raiva e voltou a rabiscar, me deixando em paz.

— Bom, alunos, vocês sabem que todo ano temos um projeto, e este ano teremos o cultivo de flores exóticas para o fim do ano apresentá-los no baile de formatura de vocês! – Anne iniciou seu monólogo. – Quero um trabalho dedicado por parte de vocês e dividi em dois grandes grupos a escola, cada um com duas casas. O primeiro grupo vai ser composto pela Sonserina e a Grifinória...

A sala começou a chiar, porque ainda tinha gente que levava a sério a tal ‘rixa’ das duas casas e não aceitavam uma tentativa de misturá-los. Não preciso dizer que o leãozinho do Montanha estava entre um dos, não é?

— Professora, por que não nos junta com a Corvinal? Tenho certeza que sairão resultados melhores!

Outros alunos começaram a protestar com Montanha, alguns concordaram.

— Não suja a Grifinória com você, Scott! – o amigo de Alvo, que estava dividindo a mesa com ele, falou e mais barulho foi ouvido.

— Fiquem quietos! Eu não pedi a opinião de nenhum de vocês! – Anne retomou a ordem. – Eu comuniquei, então calados! Bom, voltando... O outro grupo vocês já sabem que será feito com a Corvinal e a Lufa-lufa, ponto final— Anne falou mais alto depois que alguns ainda quiseram falar. – E eu trouxe todo o material para que possamos realizar um sorteio de duplas! Separei vocês em duplas porque quero variedade de resultados e poderá ser uma dupla heterogênea, ou seja, da mesma casa ou de casas diferentes!

— Como será feito o sorteio, professora? – uma garota que dividia a mesa lá na frente com a bola ruiva perguntou.

— Senhorita Stark, eu irei distribuir fichas enumeradas a todos e com a ajuda disto... – Anne tirou a capa protetora de algo que estava encoberto em sua mesa: uma grande bola metálica com várias bolinhas brancas dentro. -... que irá misturar todos os números e nos dar cada dupla! Portanto, já que iniciou a pergunta, Stark, me ajude a entregar os números de cada um.

A professora Anne e a menina de cabelos lisos e castanhos começaram a entregar os papéis. Como eu estava com Kellen mais atrás na sala, não me preocupei logo. Ao meu lado, Kellen  estava esboçando a figura de dois olhos. Muito bem trabalhados, por sinal.

Por mais que eu brincasse com Kellen sobre seus desenhos, ela realmente tinha um dom para a coisa.

— Anda pensando em alguém?

Kellen me olhou.

— Não. Só quis desenhar, mesmo.

Assenti lentamente. Ela estava estranha, então tentei conversar.

— E que cor eles seriam?

— Hm... Acho que azuis... É azul combina com o olhar.

— Não poderia ser outra cor, não é? – eu sorri para a menina de cabelos azuis.

Pela primeira vez no dia, ela riu de leve. No mesmo instantes, fomos abordados pela senhorita Stark, como Anne estava se referindo. Ela era tão branca que seus malares eram rosados.

— Er... Aqui – ela entregou o papel para Kellen. Hesitante, se virou para mim. – Este é o seu, Malfoy.

Eu sorri por ter noção de que todos me conheciam no colégio. Provavelmente, além do rugby, pelos constantes chamados nas salas pelos professores.

— Obrigado. – peguei o papel, mas nem o verifiquei, por isso de repente Kellen se virou para trás e gritou:

— Una! O papel do Malfoy está danificado!

Quando observei, vi a mancha em todo o número do papel, que nem dava para saber qual era.

— Ah, então toma esse – ela voltou, ficando mais vermelha. – Temos uns a mais caso dê errado.

Peguei meu novo papel e dessa vez me certifiquei com ele. Era o número 33.

— Eu peguei o numero 30 – Kellen disse.

— Por que não está na ordem, se estou do teu lado?

— Provavelmente para ser mais aleatório ainda, embaralharam as cartas.

Kellen voltou para seu desenho de olhos e eu fiquei quase vegetando naquela sala que tinha cheiro de mato.

A professora Anne começou seu sorteio e parecia uma louca cada vez que a bola gigante pegava duas peças e ela gritava o numero querendo saber quem era.

Alvo foi sorteado com a tal Una Stark, a garota que entregou os papéis. O Montanha fez dupla com um sonserino do time de rugby (o que deixou Scott puto, mas não tanto porque ele ainda falava com o cara). Kellen foi sorteada com uma sonserina que nunca falou, mas teria a oportuniddade de dialogar, não iria?

Pela metade do sorteio, a professora Anne pegou uma bolinha e gritou:

— Número 33!

Subitamente, fiquei nervoso. Eu não era um aluno desleixado, eu faria o trabalho bem feito, com mais esforço que o normal, sim, mas eu tinha consciência de que seria bom, mas naquele clima de junção com o desconhecido eu fiquei temeroso.

Será que eu cairia com alguma menina que já fiquei, nem lembro o nome, mas ela acha que foi a escolhida para eu me apaixonar?

Eu esperava que não, era muito chato fazê-las chorar.

Levantei a mão, mas não falei nada.

— Ora, ora, é o senhor Malfoy. – Anne disse e algumas pessoas se viraram para trás a fim de olhar. – Vamos ver sua dupla de pesquisa.

A bolsa grande girou com força e caiu uma pequenininha na abertura. Anne estendeu a mão para pegá-la e disse:

— Número 13!

As pessoas já sorteadas olhavam para todos os cantos querendo saber quem era o escolhido e os outros conferiam seus próprios papéis. Vi que algumas meninas conferiram seus números e suspiraram desgostosas a ver a incompatibilidade.

— Sou eu... – uma voz soou baixinha lá na frente.- Fui eu, professora.

Para minha surpresa, o braço fino pertencente ao novelo ruivo se ergueu no ar e quando a turma captou a mensagem, pareceu que todos prenderam a respiração.

A sala ficou em silêncio e alguns indiscretos começaram a olhar para a ruiva e depois para mim, cochichando.

Eu suspirei de alívio por não ser uma ex psicótica, mas sim a pequena prima de meu amigo. Se Alvo lidava com ela, eu poderia também. Sem contar que ela era conhecida por ser a mais inteligente, então eu não precisaria me incomodar por fazer o trabalho sozinho.

Porém a turma fervilhou estranhamente com notícia. Professora Anne também.

— Oh, Rose querida – ela murmurou, com a boca aberta. – Foi você?!

Ela parecia pesarosa. Devia pensar ‘tanta inteligência desperdiçada num trabalho com o senhor Encrenqueiro-Malfoy’.

Santa paciência.

Rose Weasley só mexeu a cabeça, assentindo, mas não disse mais nada. Ela poupou palavras feito eu.

Eu não sabia o que ela estava pensando, mas eu estava de consciência limpa, afinal, o que de ruim pode se originar de um simples trabalho em dupla?

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 Bom, gente, o resto sai quando eu tiver um retorno, mínimo, de 3 coments! Como será que vai ser esse trabalho?


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