Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 21
18.


Notas iniciais do capítulo

Procurem a música Say You Won't Let Go - Boyce Avenue cover



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Say You Won't Let Go - Boyce Avenue cover

 

 


18|

Rose Weasley

Eu não fazia ideia de quanto tempo nós estávamos naquela torre, eu e minha professora, anotando cada mínino movimento no céu por trás das lentes dos microscópios.

— Professora, talvez não tenhamos acabado o trabalho? - perguntei, arriscando levar um grito já que ela era um pouco sentimental demais.

— Rose, daqui a pouco! Olhe o movimento daquele corpo celeste! - ela se voltou empolgadíssima para seu lugar e eu afundei no meu.

Parecia que estávamos ali há séculos. Até a apresentação de dia das bruxas no colégio já havia iniciado, porque eu consegui mover meu microscópio para os jardins e vi o grupo musical de deslocando. Até mesmo naquela festa brega de Halloween eu preferia estar a perder mais segundo anotando coisa.

— Professora, me desculpa, mas eu passei o dia todo estudando hoje. Não consigo nem escrever um 'A', quanto mais entender esses números que se embaralham em minha cabeça e dão um nó!

Suspirei, cansada, e ela notou. Deslocou o banquinho da posição de observação e me sorriu. Pensei que estranha.

— Tudo bem, senhorita Weasley. Pode se deslocar e agradeço muito sua ajuda. Vemos-nos numa próxima vez. Divirta-se na festa lá embaixo.

Nem a questionei. Pus-me de pé na primeira oportunidade e sai tentando não correr da sala. As intermináveis escadas me levaram um bom tempo até que passei na frente do salão principal. Algumas pessoas circulavam por ali, aproveitando da comida e da música.

Meus olhos passaram por cada um, na tentativa de encontrar cabelos platinados, porém encontrei somente uma cabeça azul e me dirigi a ela.

A amiga de Scorpius estava sentada na escadaria ao lado do salão principal e mantinha aquele caderno nas pernas enquanto desenhava.

— Ahn... Oi, tudo bem? - me aproximei, pondo as mãos nos bolsos traseiros, envergonhada por interrompê-la para perguntar de Scorpius. - Sou a Rose. Rose Weasley, da Grifinória.

Meu Deus, Rose, você é uma antissocial. Nem conhece as regras básicas da socialização.

— Ah, oi, Rose Weasley, eu já te conheço. - ela abriu um sorriso de lado e descansou o lápis sobre o desenho que eu notei ser de olhos.

— Belos olhos. - fui incapaz de me manter calada.

— Obrigada. Me chamo Kellen. Kellen Brice, se você for daquelas que se apega com sobrenomes.

— Ah, não, não mesmo. Costumo esquecer - comentei e sorri, rezando mentalmente para não parecer uma idiota. Mais idiota do que eu já achava. - Será que você sabe onde o Scorpius está?

A menina mordeu a boca e pareceu pensar.

— Acho que aquele projeto de zumbi mal feito foi para os jardins. Sim, ele disse que ia mesmo. Deve estar por lá, Rose.

Tentei expulsar a sensação irritante de... Ciúmes? Ora, Rose, ela é amiga dele, pode muito bem ser informada da vida dele, não é como se você também não soubesse das dos seus!

— Ah, obrigada, Kellen. Bom, adorei seu desenho. Vou lá. Precisamos falar do... Precisamos falar do trabalho, sim? Obrigada de novo.

Me atrapalhei toda para sair e quase dei de cara com a parede quando me virei abruptamente. Ouvi a risada espontânea - e bonita— da menina na escadaria e fiquei mais vermelha que meu cabelo. Sorri sem graça e sai quase correndo.

Tudo bem que a amiga de Scorpius fosse bonita, mesmo que tentasse se esconder todas as vezes. Os cabelos azuis nem eram feios, minha nossa, só destacava o rosto alvo e belamente esculpido. Ela tinha um nariz invejável!

Toquei meu próprio nariz, inutilmente tentando me lembrar de sua forma para compará-lo quando tropecei na figura de quem eu estava procurando.

— Uau, Rose, isso é que é chegar com estilo. E ainda mexendo no nariz?

Fiquei vermelha de novo em menos de cinco minutos e me xinguei mentalmente.

— Não é nada disso, seu idiota. - resmunguei e fitei Scorpius deitado no gramado com um violão no colo. - Estava planejando uma serenata pra alguém, por acaso?

— Só se você quisesse, furacão, quer? - ele brincou e foi impossível não corar. De novo. Scorpius riu e dei um tapa em sua cabeça.

— Você só quer ser o piadista, hein. Ótima pessoa você.

— Sou maravilhoso. Confessa, vai. - ele puxou minhas pernas para baixo até que eu sentasse ao seu lado. - Estava passando umas músicas. Me deu vontade. Sabe como é, o tédio.

Dessa vez, ele não estava mais maquiado, mas eu ainda sentia vontade de passar meus dedos em sua bochecha. Na realidade, me parecia muito bom querer aspirar mais do perfume que ele emanava.

— Qual o seu perfume?

— Você é aleatória. - ele riu e tentei não parecer uma retardada fitando seus lábios bonitos.

O que estava acontecendo comigo? Minha mente estava entrando em curto depois de um dia estressante, com certeza.

— 'Tava brincando com você, Malfoy. - tentei me defender depois de a vergonha bater. - Mas então... Se acha tão tedioso ficar no colégio, por que não foi pra casa?

Scorpius deixou morrer o sorriso e desviou o olhar. Miramos juntos o começo da densa floresta na qual já havíamos estado perdidos juntos.

— Se eu te contar algo, você guarda segredo? - Scorpius pigarreou depois de um tempo e tentei amenizar o clima tenso.

— Se for confessar um crime, por favor, não me faça de cúmplice.

— Não, sua boba. - serviu para ele rir. Encostado na grama com o violão no colo, Scorpius apreciava o ar e parecia pensativo. - É que é algo pessoal, da minha história daí prefiro ser mais sigiloso.

— Claro que pode contar comigo. Fico caladinha, prometo. - brinquei e ele me fitou. Sorriu e esticou a mão para brincar com a minha no gramado. Revirou meus dedos e continuou a tocar neles. Meus olhos olhavam nossas mãos juntas e eu só pensava no quão boa era aquela sensação.

— É que... Quando eu era pequeno, minha mãe tentou muito ter um outro filho. Ela tinha fixa a ideia de que irmão era algo que eu precisava. E de que mais filho ia tornar ela mais feliz ainda.

Scorpius iniciou sua narração e fiquei paralisada, olhando nosso contato físico e acalmando minha mente dizendo que ele precisava de um apoio pelo que parecia querer contar. Dividir comigo.

— Eu era pequeno, nem entendia direito. Mas ela tentou muitas vezes, falhou um tanto delas, com certeza sofreu abortos. Me lembro dela adoentada uma porção de vezes.

"Até que ela conseguiu engravidar e era a maior felicidade da casa, da família. Eu lembro de ter tido ciúme, pensado que a tal irmãzinha que estava na barriga dela ia tirar a minha mãe de mim, afinal ela já vivia todo tempo com ela. Lá, naquela barriga gigante."  Scorpius pareceu angustiado, os olhos presos em nossas mãos e um riso sem humor nos lábios.

Pelo seu tom, eu já me sentia triste com a história.

— Não precisa continuar, Scorpius, se for doloroso demais. - sussurrei, com medo de ser desrespeitosa com a dor dele.

— Não, quero continuar, furacão... Você disse que sabia guardar segredo.

Não respondi, mas apertei seus dedos com os meus e aquilo fez ele me olhar. Aquele cinza me fitando era novo. Era como se eu pudesse ver sua fragilidade, um Scorpius que não vemos por aí.

— Então, minha mãe estava radiante. Um dia, ela saiu para fazer alguma coisa e nunca mais voltou. Digo, ela sofreu um acidente de carro, eu soube depois. Mas meu eu criança só se perguntava quando minha mãe iria aparecer pela porta e se já traria minha irmãzinha que ela dizia ser a companheira que eu iria ter para toda vida.

"Só sei que meu pai era muito apaixonado por ela. Todos éramos. Mas ele não conseguiu sair do afogamento em que vivia e me deixou afogar também. Começamos a cultivar uma péssima relação, um precipício se formou entre nós que parece até hoje intransponível."

— Ah, Scorpius... Eu sinto muito. Sinto mesmo, nem falo só por educação. Nem imagino o que seria de mim sem a minha mãe.

— Ah, é verdade. Imagino todo dia como seria minha vida se ela ainda estivesse aqui. Se eu ainda seria quem sou hoje.

Scorpius soltou nossas mãos e respirou fundo. Não chorava, não tinha indício de que iria chorar. Só aquela dor incompreendida estampada em seus olhos e minha vontade de livrá-lo daquilo.

— Cassiopeia. É uma constelação, por isso é a minha outra tatuagem. - ele disse e nem precisou ele mostrar os desenhos novamente porque eu podia lembrar dos traços como se estivessem gravados sob meus olhos.
Sua pele nua delineada pelas curvas pretas. Até hoje os desenhos pareciam chamar meus dedos para tocá-los.

— É uma bela homenagem.

— Sim. Foi isso que sobrou. - ele disse. - Perguntou porque não volto pra casa, furacão. Aí está. Eu e meu pai não somos fãs um do outro.

Eu nem podia imaginar o que Scorpius passava porque mal podia pensar em viver longe de meu pai. Era uma dor lancinante hipotetizar e por isso me sentia tão mal em em ver Scorpius daquela maneira.

— Agora me sinto mal em ter sido tão curiosa. Desculpe.

— Não, furacão, não era pra se sentir culpada. - ele se sentou melhor de frente pra mim e suas mãos tocaram meu queixo para me olhar. - Gostei de ter conversado sobre isso com você. Agora pode tirar melhores conclusões de mim, é só isso. Sua curiosidade não foi nada demais... Que tal eu tocar e você cantar para esse climão sair?

Tive que rir e senti meu coração se expandir no peito ao observar sua atitude. Ele preferia sorrir e mudar de assunto a que me culpar por machucá-lo mais uma vez ao recontar um passado dolorido.

— Sim. Sabia que terei que cantar na apresentação? De aniversário para a diretora. Estou morrendo de vergonha.

— Nem vem que você canta muito bem,  quê isso! Aprende a cultivar uma confiança, mesmo que falsa, todos os dias ao pensar nisso e então estará pronta e verdadeiramente confiante!

— Ah, é? Que bom que tenho um ótimo conselheiro comigo para me salvar.

Scorpius riu e começou a correr os dedos pelas cordas. Estávamos sentados um de frente pro outro.

— Começo tocando uma música e você canta se souber, ok? Se cantar com mais frequência, vai se adaptar mais fácil, furacão.

Assenti e prestei atenção em como seu corpo se transformava. Tensionava e ficava mais bonito enquanto os dedos se movimentavam nas cordas e a voz saía arrastada para acompanhar a melodia.

Primeiramente, ele precisou me despertar do transe de olhá-lo bobamente para que só então eu tentasse me concentrar em ver se sabia a letra da canção ou não.

No começo, eu não sabia. Ouvia a voz melodiosa e rouca de Scorpius sair e até arriscava fechar os olhos para aproveitar o momento. Mas então começamos algumas conhecidas e cantávamos juntos, algumas vezes com os olhares cruzados que não se desgrudavam.

Ele iniciou uma nova canção e fiquei a observá-lo.

Eu te conheci no escuro
Você me iluminou
Você me fez sentir como se
Eu fosse o suficiente
Nós dançamos a noite toda
Nós bebemos demais
Eu segurei seu cabelo quando
Você estava vomitando

Tive que rir da letra e ele também riu. Reconheci e tentei cantar junto.

Eu já sabia que te amava
Mas você jamais saberia
Porque eu fiquei na boa quando eu estava com medo de te deixar ir
Eu sei que eu precisava de você
Mas eu nunca demonstrei
Mas eu quero ficar com você
Até que nós fiquemos grisalhos e velhos
Apenas diga que você não vai embora
Apenas diga que você não vai embora

Cantamos juntos a música e fui me apaixonando por seu tom de voz. E também em como fechava os olhos e se entregava na canção.

As letras morreram em minha boca até seus dedos também cessarem. Olhávamos como se estivéssemos presos dentro de uma bolha e sem se importar com o que estava acontecendo ou se éramos Rose e Scorpius.

Ele se aproximou primeiro. Pousou o violão na grama ao lado e puxou minhas mãos. Ficou de joelhos e me levou junto.
Tocou meu cabelo e sussurrou um "você é linda.".
Coloquei as mãos em seu ombro e fui tateando-o, conhecendo suas entranhas que me pareciam a melhor coisa do mundo.

Colocou o nariz entre minha orelha e meu pescoço. Sorriu e senti o ar quente me arrepiar. 

"Um furacão." As palavras dele bateram em minha pele e a aqueceu, bem como sua respiração. As mãos passearam por meu corpo, tão ávidas quanto as minhas. Nos conhecendo, sondando partes que só reconheceríamos se tocássemos.

Dedilhou meu rosto e abriu um sorriso lindo, que me fez beijar estupidamente cada olho cinza que brilhava me olhando. Me presenteou com mais um sorriso.

"O que estamos fazendo?" Minha boca teimosa se pronunciou, e ele a fitou com desejo.

"Não sei. Você quer?" Ele respondeu e sua mão pesada em minha nuca derretia todos meus pensamentos coerentes.

Eu queria. Muito. E nem sabia direito o quê.
Mas ele juntou nossas bocas e eu soube que eu queria aquilo.

Queria me misturar a ele naquele abraço quente, na boca molhada, na língua ousada. Queria as cócegas que me deixavam nervosa na barriga, o desejo e frenesi de espalmar minha mão no ombro largo e nos braços fortes. Queria respirar sofregamente entre um beijo e outro para voltarmos para o momento inconsciente que era quando nos juntávamos.

Ele era quente. Eu, fria.

Bagunçou meus cabelos e gemeu um "Rose" tão lindamente que pedi por mais beijo.

"É só um beijo." Ele conseguiu dizer entre algum beijo e outro.

"É." Eu confirmei sem nem lembrar meu nome. Só queria que ele não se afastasse. Que ele não se afastasse nunca mais.

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Notas finais do capítulo

Eita Jeová! Sem palavras! O que acharam do First Kiss?? Me falem porque fui dormir 4h da manhã escrevendo!

P.S.: n tô tendo retorno de vcs, gente, aí fica difícil... :(



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