Lufano sim, alegre também escrita por Maga Clari


Capítulo 5
A vez em que me senti o Don Juan


Notas iniciais do capítulo

Oi oi
Here it is!
Espero que gostem!
Estou postando com sono e sem revisar, perdoem os erros (se tiver)



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― Hugo ― Louis tinha o semblante extremamente sério, nem parecia que era ele ― Nós três precisamos conversar.

Quando Louis disse isso, pensei que fosse desmaiar de novo. Por sorte, eu havia acabado de tomar um desjejum reforçado no Salão Principal e acho que foi isso que me deixou de pé naquela hora.

Alice exibia um olhar ferido e não conseguia tirar o foco de seus próprios sapatos amarelos. Comecei a reparar no quanto ela era bonita, em seu avental de girassóis, seu cabelo curtinho, na ponta do queixo, e no quanto ela devia ter ficado brava por eu não ter contado a ela do meu segredo da Amortentia.

No entanto, a julgar pelo modo que Louis estava naquele momento, as mãos na cintura, o topete pendendo numa curvatura quase alcançando o nariz, como um irmão mais velho, pronto para o sermão, comecei a entender que havia muito mais do que um simples aborrecimento.

― Por favor, explica para Alice que o nosso beijo foi uma projeção do seu inconsciente quando você abriu a caixinha dos segredos e precisava extravasar a sua aura colorida?!

― Extravasar minha o quê?!

Louis revirou os olhos. Alice bateu a mão na própria testa.

― Hugo ― minha melhor amiga tomou finalmente a palavra ― Por que você beijou o Louis naquele dia?

― Eu não acabei de dizer?! Hugo está projetando a parte dele que se interessa por meninos em mim!  

Parte dele? ― Alice questionou, incrédula.

Louis e eu compartilhamos um olhar significativo. Ele havia entendido a verdadeira intenção por trás daquele poema ridículo. Não era uma questão de lua ou meia-lua. Era uma questão minha, de gostar de meninos e meninas.

― Escute, Louis, não adianta você me chamar aqui pra tentar me convencer de que Hugo beijar você foi totalmente aleatório e casual.

― Não seja ridícula!

― Quem está sendo ridículo é você, com essas teorias que não fazem o menor sentido. Hugo, você está apaixonado pelo Louis?

― Para com isso, Alice! Deixa o menino em paz! Eu já não aguento mais esse comportamento dentro da própria casa dos texugos, pelo amor de Merlim!

Alice deu uma boa olhada em nós dois antes de balançar a cabeça, tirar o avental e jogar no chão, teatralmente.

― E você, não vai dizer nada? ― Louis virou-se pra mim ― Pensei que já houvesse aberto a sua caixa das emoções.

―  E-eu… Eu não…

― Olha, Hugo ― Alice respirou fundo e brincou com meu cabelo ― Eu não estou brava por você ser gay. Mas se tivesse me contado antes, pouparia muitas coisas, sabe? De qualquer maneira ― ela voltou a olhar Louis antes de se dirigir à porta ― Preciso ir resolver uma questão com Frank.

Ninguém chegou a pensar em impedi-la de ir embora. Fiquei triste por ela. Porque se fosse eu, gostaria que fossem atrás de mim. No entanto, eu ainda estava em estado de choque.

Louis atirou-se num puff ao lado do balcão gourmet e esperou que eu o imitasse. E foi o que eu fiz. Deitei no outro puff e fiquei quieto por alguns infinitos minutos. Então senti que Louis me puxava para um abraço lateral, fazendo carinho em meus ombros.

― Você precisa aprender a se defender, cara ― Louis disse, finalmente.

― O problema não foi esse. Pelo menos, não dessa vez.

― E o que foi?

― Odeio desapontar meus amigos.

― Não estou entendendo…

― É tão óbvio, Louis! Alice gosta de você!

Louis abriu um sorrisão que depois se transformou em gargalhadas.

―  Ei! Não é engraçado! ― reclamei.

―  Alice gosta de você, idiota. Se toca.

―  Não!

―  Sim!

Senti as bochechas esquentarem. Virei o rosto na direção da janela, só para disfarçar.

―  Por favor, nem brinque com uma coisa dessas, Lulu.

―  Eu nunca faria isso.

―  Louis, eu não tenho nenhum atrativo.

― Falsa modéstia comigo não cola, Cenouritcha!

― Escute, Louis ― encarei-o, adotando seu antigo tom de seriedade ― Lysander veio me falar. Tem alguém ameaçando você?

Louis respirou fundo e fechou os olhos.

― Faz muito sentido isso ― continuei, tentando não prestar atenção no cheiro da colônia de Louis, agora que estávamos muito perto um do outro. O braço dele ainda estava ao redor de mim ― Você é o líder do movimento, certo? E não podia ser mais ninguém mesmo. Porque você é bonito, inteligente, extrovertido, não tem medo do que as pessoas pensam… Isso tem cara de algum sonserino com paixão platônica.

Parei por alguns instantes, não somente para conferir se Louis prestava atenção, mas principalmente para acalmar meu coração que rodopiava sem parar. Recuperando o fôlego, continuei.

― Por essa mesma lógica podemos concordar que faz mais sentido Alice gostar de você do que de mim.

Antes que eu terminasse aquele discurso ensaiado, a porta se abriu, revelando alguns de nossos colegas de casa. Por impulso, Louis tirou o braço dos meus ombros e limpou a garganta, lançando aos nossos colegas de casa um olhar que certamente dizia: quem deu ordem para vocês, plebeus, entrarem em meu santuário?

― Ah, é ― retomei a palavra, explicando-o baixinho ― Achamos melhor fazer esse protesto de uma vez. Não queremos que ninguém se machuque.

Mas Louis preferiu ficar sem responder. Ao invés disso, levantou-se, num pulo, batendo a palma das mãos. Foi engraçado, porque exatamente na mesma hora todo mundo ficou quieto. Acho legal isso de toda a Lufa-Lufa respeitá-lo.

― Tudo bem. Já que vocês querem realmente fazer isso agora, o que estão esperando? Onde estão os outros?

― O combinado foi meia-noite, de acordo com Lysander ― Dustin apressou-se em explicar.

― Lysander?! ― Louis pareceu ficar surpreso. Sei disso porque ele costuma balançar a cabeça lentamente e fazer uma careta quando fica surpreso ― Okay. Muito bem, muito bem, e cadê ele?

― Tentando convencer Alice a participar ― foi a vez de Natalie ― Não sei o que houve, mas ela não parece muito animada. Aliás, qual foi o motivo do adiamento, afinal?

Senti que Louis não queria tocar no assunto. Ele simplesmente desviou o olhar e aumentou a voz:

― Não importa o que nos levou a adiar o protesto. O que importa é que vamos invadir aquela cozinha dos deuses, fazer barulho e mostrar pra todo o castelo o que acontece quando alguém cutuca a toca dos lufanos!

Palmas sobressaíram-se aos gritos de Louis. Sou capaz de jurar ter visto um sorrisinho desenhar-se em seu rosto.

― Esqueçam as partes ruins agora ― ele continuou ― Foquem no que faz a Lufa-Lufa ser a casa mais divertida, mais animada, mais sexy ― nessa hora, Louis arrancou algumas gargalhadas e suspiros com sua melhor imitação de astro do cinema ― E, acima de tudo, a casa mais acolhedora de Hogwarts.

― Plano novo? ― perguntei, já sabendo a resposta.

Mas Louis finalizou sua fala como se eu não o tivesse interrompido, exceto pelo recado mudo através de seu largo sorriso, que certamente dizia: Até que você me conhece bem, Cenouritcha.


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