Pov Adam

— Cadê Ethan com a droga dessa chave?

Lucy não abria a porta de jeito algum então a única solução que achamos foi abrir com a chave mestra. Ethan foi atrás do chefe da guarda real, pois era ele quem ficava com a chave. Eu achava isso meio perigoso mas foi assim desde meus avós,  bisavós, sei lá. Digamos que sempre foi assim.

— Deus como será que ela está?

Olhei para minha mãe que andava de um lado para outro sem parar. Ela já estava me deixando enjoado de tanto dar voltas. Daqui a pouco iria furar o chão. 

— Mãe, por favor, pare de dar voltas.

Ela parou e suspirou me encarando.

— Desculpe filho, é que...

Me aproximei dela e segurei seus ombros.

— Eu sei, todos estamos preocupados, sabe se lá o que aquela maluca pode tá fazendo trancada nesse quarto.

— Eu não sou maluca

"Diabos". Acho que eu nunca me virei tão rápido na minha vida. Meu coração quase saiu pela boca com o susto, jurava que ela não sairia dali tão cedo, mas para me contrariar Lucy estava parada na porta do quarto nos encarando.

— Obrigado pelo susto - Resmunguei e levei uma bela cotovelada na costelas

— Oh minha querida como você está?

Minha mãe a abraçou. " Um caos", eu diria. Estava visivelmente tremendo, os olhos e as bochecha avermelhadas de tanto chorar. E a maquiagem, não consigo nem descrever o quão horrível estava. bem é que ela não estava.

— Eu quero ir para casa - Sussurrou.

Minha mãe ia responder mas me adiantei. Sabia que a Rainha Eloísa não iria se opôr.

— Nem pensar, hoje você não vai a lugar nenhum.

— Mas...

— Não Lucy!

Ela me encarou espantada. Minha mãe também, mas não falou nada. Lucy podia gritar e espernear mas não sairia do castelo hoje de jeito nenhum.

— POR QUÊ!? - Gritou -Porque é tão ruim comigo? Eu só quero ver meu irmão.

Deus eu odiava isso, nunca soube lidar com Júlia quando chorava porque diabos conseguiria com Lucy. Aproximei-me dela cautelosamente, não queria deixá-la com mais raiva.

— Lucy hoje você não vai e está decidido, você estando lá ou aqui não vai mudar nada

— Mas... Lyan, ele...

Mais lágrimas ótimo, não esperava vê-la assim nunca. Lucy irritada era uma coisa e que até era fácil de se lidar, mas uma chorosa e frágil me deixava sem saber o que fazer. Então eu num impulso a abracei, se alguém perguntasse depois eu negaria, mas foi a primeira coisa que me veio a mente. Talvez fosse pelo fato de lembrar de minha irmãzinha e do quanto odiava vê-la magoada.

— Amanhã, amanhã nós iremos, hoje você fica aqui e então amanhã pela manhã nós vamos, tudo bem? - Sussurrei.

Ela se afastou um pouco de mim e me encarou.

— Promete?

Vamos aproveitar a oportunidade e acrescentar mais uma coisa que odeio nela. "Odeio quando esse olhos verdes me encaram".

— Prometo.

Ela assentiu.

— Mãe eu vou falar com papai, fica com ela?

— Claro meu filho

A soltei

— Se acalma ok?

Andei rapidamente até o escritório de meu pai, não sabia se ele concordaria em nos deixar ir amanhã, mas eu tinha que tentar. Apesar de tudo entendia ela, era sua família se fosse eu no seu lugar faria de tudo para estar com minha família.

Bati na porta mas nem esperei ele responder e apenas entrei, o Rei estava com um livro em mãos.

— De que adianta bater se entra sem consentimento?

Bufei.

— O assunto é sério pai.

— O que foi?

— Amanhã eu vou para Aymis com Lucy.

— Ah sim claro, a mãe dela não é?

— Sim, nós podemos ir então?

Ele nem me olhou continuou com sua atenção no livro.

— Claro vão sim

"Cedeu fácil demais"

— Pai você ouviu?

— Sim Adam, pode levar Lucy para Aymis amanhã.

"Ótimo". Fui praticamente voando para o quarto de Lucy. Conseguia imaginar a dor que ela estava sentindo e apesar de odiar a idéia de me casar sabia que ela não era a verdadeira culpada por essa ideia maluca. Também tinha de admitir que odiei vê-la tão abatida. Minha mãe estava saindo do quarto quando cheguei.

— Como ela está?

— Bastante triste, mas bem.

Isso é meio óbvio

— Falou com seu pai?

— Sim, não acho que ele tenha me ouvido mas deu permissão para irmos.

— Que bom, eu estou indo verificar algo, seu irmão está com Lucy

Assenti e a observei desaparecer no corredor.

Pov Lúcia ( Lucy )

Nunca imaginei que doeria tanto perdê-la. Não foi a mesma dor que senti quando perdi meu pai, mas doía bastante. Sempre pensei que quando ela se fosse eu não iria sentir tanto pois a Rainha Cassandra não foi uma mãe exemplar, mas apesar de tudo isso eu sentia a dor de sua perda.

— Lucy...?

Me virei e vi Adam sentado ao meu lado na beira da minha cama. Era estranho ver ele assim, menos Adam e mais humano.

— O quê?

— Sinto muito.

Apenas assenti, se começasse a falar nesse assunto eu acabaria chorando novamente. Precisava de Lyan aqui, para me abraçar e dizer que tudo ficaria bem. Porque por mais que eu não acreditasse nisso, queria ouvir nem que fosse para me iludir.

— Quer um chá ou algo assim?

Olhei para ele e neguei, sabendo que nada passaria pelo nó formado em minha garganta.

— Não adianta ficar assim.

Suspirei.

— É minha mãe, e pode ter todos os defeitos que tem mas não posso fingir que nada aconteceu.

— Não é fingir Lucy, mas você não quer morrer também não é?

Morrer? Claro que não, mas quem pensa em comer ou beber algo em uma hora como essa.

— Eu não vou morrer por isso e não precisa fingir que se importa apenas por pena.

— Lucy...

— Você me odeia, agradeço por falar com seu pai mas não precisa achar que isso é sua obrigação.

— Lucy, droga, eu não te odeio ok? E não fiz isso por pena ou qualquer coisa idiota que esteja passando na sua cabecinha.

Fiquei quieta, não entendia o que ele queria dizer. Não conseguia decifrar Adam, em uma hora ele era um doce e em outra um ogro.

— Adam?

— O que?

— Fica comigo?

Ele me encarou, Deus, não era assim que eu queria dizer isso, me senti envergonhada. Ele poderia estar pensando tantas besteiras.

— Eu não...

— Eu entendi Lucy - Ele me cortou

"Que bom"

— Não vou sair daqui, fica tranquila

Assenti, não queria ficar sozinha, sempre tive Lyan para me apoiar e cuidar de mim e eu precisava tanto dele nesse momento.

— Se alguém perguntar, eu nunca te pedi isso - Sussurrei.

Adam riu.

— Digo o mesmo princesa.

Sorri, se fosse sempre assim seria tão bom me casar, mas sabia que a qualquer momento ele iria voltar ao velho e irritante Adam. Ao menos ia aproveitar esse momento de trégua. 

Deitei a cabeça no ombro dele e deixei que as lágrimas caíssem. Ela não era um ótima pessoa, mas era minha mãe e eu a amava. Não tinha mais meu pai e agora minha mãe foi assassinada, não importa quanto tempo passe, eu ainda vou descobrir quem fez isso e esse desgraçado vai pagar caro.