Sempre ao seu Lado escrita por Aquela Trouxa


Capítulo 27
25 de Julho ➶


Notas iniciais do capítulo

Oie, aqui está a segunda parte do capítulo 25! Mas decidi manter o segmento numérico...
O quão surpresa eu estou ao aparecer aqui para postar esse capítulo e me deparar com a SEGUNDA RECOMENDAÇÃO de SASL!!!! Haja coração, viu!! Muito obrigada pelo carinho e pela demonstração de satisfação Renesmee! Sério mesmo, é muito bom saber o quanto gostou da história, obrigadaa! Obrigada também aos novos leitores que estão acompanhando cada capítulo! Sejam bem-vindos! ♥ ♥
Bora aproveitar mais um capítulo, meu povo! ♥


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Sempre ao Seu Lado 

Capítulo 26 

 

 

Surpreendentemente, lá estava aquele que faz meus ossos vibrarem de maneira fervorosa, do qual eu poderia comparar com sua temperatura. A alguns passos de Renesmee, Cole caminhava com toda a postura máscula envolvente que possui em nossa direção, sua altura contrastava com a dela mesmo com a distância um do outro e pareciam concentrados no assunto que desenrolavam. Aos poucos o ritmo de seus passos diminuiu, até que pararam. Cole virou-se e abaixou sobre seus joelhos no mesmo momento, antes que eu me perguntasse sobre o motivo, Hilary entrou no campo de visão com seus passinhos apressados, como se ainda estivesse com medo de conseguir correr descalça por entre a grama. Seus bracinhos se abriam conforme se aproximava do corpo enorme de Cole e quando estava diante dele, minha filha se jogou em seus braços e cercou seu pescoço. Cole a sustentou sem esforço algum e envolvendo o corpo miúdo de Hilary, que se tornou ainda mais pequeno e delicado ao estar com ele, colocou-se em pé dando um beijo na bochecha rosada dela e continuou seu caminho com Renesmee, tornando a conversarem. Pisquei meus olhos diversas vezes, enquanto repassava a cena que havia acabado de acontecer diante de meus olhos, talvez a cena pudesse ser gravada em minha mente e se eternizar dentro de mim, não queria perder esse momento por nada! Senti meu coração se comprimir dentro do peito e logo parecia se derreter na mesma velocidade em que pulsava dentro mim. Renesmee desacelerou seus passos virando-se para responder alguma coisa que Cole deveria ter dito, o movimento fez com que seus cachos se movimentassem de forma graciosa. A resposta que Cole recebeu, fez com que o lindo sorriso que estava em seus lábios fosse substituído por uma gargalhada forte e alta o suficiente para que eu pudesse ouvir da distância em que estávamos. O som vindo dele foi como um choque aquecendo todo meu corpo, senti os pelinhos dos meus braços se arrepiarem e vendo-o com minha filha nos braços, entendi o desejo saudoso que senti ao acordar, era exatamente disso que eu ansiava ver com meus próprios olhos. 

 Me assustei quando eu senti a baixa temperatura dos dedos de Emmett passar na curvatura do meu queixo, em reflexo, meu corpo se afastou do seu toque e contra minha vontade, movi meus olhos para sua direção interrogando-o pelo gesto. 

 

 — Desculpe, é que eu estava tentando limpar toda a baba que você deixou escorrer da sua boca. — disse sorrindo, mas logo sua expressão se alterou — Você, eu até entendo; mas agora Hilary também se render ao charme dele, já é demais! — cruzou seus braços, descontente. 

 

— Não estou me rendendo a charme nenhum! — neguei movendo meus olhos para eles novamente, esfregando meus lábios um no outro e só para que eu não ficasse em dúvida, levei a ponta do dedo nos cantos dos lábios para verificar se eu realmente tinha babado. Por sorte, Emmett estava apenas brincando. 

 

— Deixe-a, Emmett. — repreendeu Esme. 

 

 — Aham, — seus lábios puxaram um sorriso debochado — claro que não. — desdenhou voltando a jogar no celular. 

 

Após uma boa distância entre Cole, Hilary e Renesmee, estavam Jasper e Rosalie caminhando lado a lado, pareciam conversar também, suas mãos estavam ocupadas, Jasper trazia uma pequena cesta de piquenique em uma mão e na outra, uma jarra de suco, pela cor, deveria ser de laranja. Já Rosalie trazia uma das pequenas bolsas de Hilary e sua sandalinha. Me ajeitei na cadeira passando minha mão pelos fios do meu cabelo após um vento soprar atrás de mim e seguindo seu caminho por entre o caminho das flores, levando algumas mechas do cabelo no meu rosto, no ato do movimento de minhas mãos, o rosto de Cole se ergueu passando a me notar na distância em que estávamos. Renesmee seguiu o seu olhar e sorriu para mim levantando a travessa na altura de seu queixo, Cole olhou para o doce nas mãos dela e tornou seu olhar para os meus olhos novamente e por fim, sorriu, fazendo-me estremecer. Repuxei apenas um dos cantos dos meus lábios enquanto apertava-os contra os dentes, logo senti meu rosto começar a esquentar e desviei meus olhos para a caixa aberta que Alice mantinha em cima da mesa. Eu havia até me esquecido dos álbuns. 

 

 — Quando vamos ver as fotos?! — mostrei-me ansiosa — Disse que havia uma surpresa com elas, Alice! 

 

 — Espero que fique muito feliz com cada uma! — movimentou a caixa entre suas mãos — Mas vamos esperar eles estarem com a gente. Não se importa do Cole?... 

 

 — Não me importo não. — respondi dando uma olhadela na direção dele — Está tudo bem. 

 

 — Que bom! Não havia te falado antes, mas aprecio seu bom gosto para o look de hoje! — Alice sorriu — O vestido está mais valorizado em você hoje, bem mais do que no dia do ensaio. — aprovou. 

 

 — Obrigada. — agradeci — Eu gostei muito desse vestido, posso usá-lo sem aparentar estar indo a uma cerimônia luxuosa. — passei a mão no tecido. 

 

— Mas não deixa de perder a elegância. — Alice pontuou. Assenti em concordância, nada que passe pelas mãos dela poderia ter menos que isso. 

 

 Desviei minha atenção para ver Hilary, agora livre pelo gramado, apressar seus passinhos na minha direção. Passei minhas pernas para o lado de fora da cadeira esperando para sentá-la no espaço que ainda havia disponível em minhas coxas. Hilary como sempre, estava linda. Seus cabelos estavam soltos e do lado esquerdo havia uma presilha de laço rosa com renda guipure, seu vestidinho seguia quase o mesmo modelo, sendo em renda na cor salmão, só que numa tonalidade mais viva, quase beirando a um tom laranja. Hilary chegou bem animada, soltando risadinha e a cada três ou quatro passadas, ela se abaixava para tocar na grama e dava mais risadinhas. 

 

— Mamãe!! — exclamou evidenciando seus pequenos dentinhos no sorriso — Oi mamãe! — estendeu seus braços para que pudesse pegá-la. 

 

 — Oi Hilary! Amor da mãe! — puxei-a para mim com a mão livre de agulha, ajeitando-a nas coxas envolvendo seu corpinho cheiroso num abraço — Nossa, como a neném da mamãe está cheirosa!... — passei meu nariz pelo seu cangote inalando a essência infantil. Hilary se encolheu e soltou pequenas risadinhas gostosas de se ouvir. 

 

— Não mamãe, para! — falou entre seus risinhos — A neném é cheirosa! A bebê da mamãe toma banho! — se encolheu e riu ainda mais quando cheirei seu pescoço novamente. Me deliciei com seu riso. Parei com a carícia e dei um beijinho no local e afastei-me com um sorriso feliz nos lábios. 

 

 — Era um sorriso como este que eu estava esperando. — Esme disse. Ainda com o sorriso em meus lábios eu direcionei meu olhar para ela, que sorriu acentuando as covinhas de suas bochechas. 

 

— Deem espaço para a melhor sobremesa do mundo passar! — pediu Renesmee estendendo a travessa na direção da mesa. Alice afastou a caixa do centro para que o alimento tomasse o lugar. — Obrigada tia. 

 

— De nada, meu anjo. — Alice respondeu colocando o tampo na caixa novamente — Agora que a comida de vocês já está aqui, comam logo para que possamos ver as fotografias! — ordenou — Daqui alguns dias o álbum com todas as fotos da Hilary estará em nossas mãos. Acho que irei me inspirar num modelo similar ao de Angie. — comentou. 

 

 — Tá bom, apressada... — Renesmee ajeitou a travessa sobre a madeira. 

 

 — Bom dia, Amberli! — Rosalie deixou a bolsinha e o calçado da minha filha sobre uma das cadeiras e me saudou passando seu braço sobre meus ombros, apertando suavemente — É bom te ver acordada. — beijou o topo de minha cabeça e entregou-me o babador da Hilary. Atrás dela, Jasper colocava a cesta e a jarra sobre a mesa enquanto respondia alguma coisa para sua esposa. 

 

 — É bom estar bem novamente. — concordei olhando em seus olhos dourados, logo passei meu olhar para os demais que estavam a uma boa distância dela. Logo Rosalie se distanciou indo falar com sua mãe — Oi Jasper, oi Cole. — os cumprimentei tentando soar simpática, e não nervosa pela presença do quileute. 

 

 — Oi Amberli. — Jasper cumprimentou com um pequeno sorriso nos lábios. Me senti na obrigação que agradecê-lo pelo favor que me fez. 

 

 — Oi... — Cole resfolegou quase que no mesmo momento em que Jasper mal terminava de me cumprimentar — É muito bom vê-la num ambiente mais, saudável. — Cole também me saudou, fazendo com que a hipótese de manter algum diálogo com Jasper fosse deixada em segundo plano. Direcionei meus olhos para cima encontrando os seus, sentindo meu corpo se energizar de uma forma muito estranha. A maneira que a palma de minhas mãos e a ponta dos meus dedos dos pés formigavam era quase prazeroso de sentir. O motivo das reações nervosas do meu corpo parecia imergir do homem a minha frente. “Se eu apenas pudesse tocá-lo, as sensações iriam embora, ou ficariam mais gostosas de serem sentidas?” me perguntei enquanto mantinha meu olhar para cima, concentrada em seus olhos — Na verdade, é surpreendente! — sorri para ele e concordei com suas palavras. 

 

— É muito bom estar aqui, longe de todos aqueles aparelhos... — franzi minha testa tentando pensar em outro assunto — É um jardim muito lindo para não querer aproveitar, não acha? Esme possui o paisagismo mais lindo que eu já vi na vida! — exaltei a paisagem. Cole assentiu um sim e admirou o jardim. Continuei com meus olhos sobre ele, analisando detalhadamente cada ação. 

  

 — Não posso negar. — tornou a olhar-me e passou seus olhos para Esme — Ela está certa senhora Cullen, um local tão florido dentro de Forks, é uma surpresa. 

 

— Ah!... — Esme me pareceu ficar sem graça quando recebeu o elogio dele. Pausando sua conversa com Rosalie, Esme o respondeu: — Eu apenas gosto de envolver-me com jardinagem. — sorriu e continuou o assunto com a filha. 

 

— Sabe o que é surpreendente? — tornei a falar com Cole, que prestou a atenção — Você estar aqui. — pontuei e ajeitei Hilary no colo prendendo o babador envolta do seu pescoço — Não parecia estar confortável na casa da família Cullen nas outras vezes em que estivemos juntos. — ergui uma sobrancelha. 

 

— Eu nunca estou confortável. — foi direto, dando dois passos para perto do assento ao meu lado — Sua amiga Rosalie deve saber disso muito bem. — soltou um rápido riso anasalado —  Mas estou aqui apenas para ver você e sua garotinha sorridente. — abriu um sorriso lindo — Vocês estão inseridas na minha lista de prioridades; o resto posso suportar. 

 

— Ah... — engoli em seco sem saber o que falar e desviei meu olhar do seu arrumando minha postura na cadeira. Passei a língua entre meus lábios disposta a continuar a conversa e voltei meu olhar para ele — Renesmee disse que havia ficado preocupado comigo?... 

 

 — Como não ficar? — contra-argumentou com seriedade arqueando uma das sobrancelhas acima da pálpebra puxada — Horas antes você estava bem, sorria... E de uma hora pra outra está dentro daquela sala?! — puxou a cadeira ao meu lado e finalmente sentou-se de frente para mim, quase nivelando nossa altura sobre os assentos. Mesmo sentado, o homem continuava mais alto que eu — O mínimo que eu poderia exigir era saber como você estava. Se eu fosse arrastado para fora daquela sala sem nenhuma novidade sobre você eu teria passado esses dois dias sem dormir. —  me surpreendeu, deixando-me comovida — E acredite, pois eu detesto mentiras; desde o dia em que te conheci, eu consigo dormir. Há muito tempo eu não sabia o que era dormir bem a madrugada toda até que o céu clareasse para um novo dia. Eu não voltaria para casa... Para fingir conseguir dormir sem saber como você estava. 

 

— Obrigada... — respondi com a voz contida.  

 

— Isso não é um favor, ou apenas uma preocupação passageira Amberli. É algo real com uma consideração intensa e divergente em imensas proporções, mas mútua, e sincera. 

 

— E-eu acredito em você. — assenti movendo minha cabeça. Eu acredito na consideração que ele desenvolveu por mim, apenas não sabia da proporção que ele carregava consigo à respeito. 

 

— Que lindos! — Renesmee bateu palma, atraindo nossa atenção —Agora vamos comer! — desdobrou um pano de prato que estava sobre a travessa, retirando de dentro dele pratos e talheres.  

 

— É pra já! — Jasper tratou de ajudá-la, esvaziando a cesta que trouxe, distribuindo as frutas, os copos e outras pequenas porções de alimentos industrializados sobre a extensão da mesa.  

 

Hilary logo se animou ao jogar seus bracinhos sobre a mesa e querer pegar a embalagem de cachos de uva mais próximo dela. Estendi minhas mãos na caixinha de plástico, verificando se as uvas não continham sementes e retirei algumas pequenas para que ela pudesse comer. 

Logo todos já tomavam seus respectivos assentos a mesa. Esme manteve-se na cabeceira do meu lado direito, enquanto Renesmee apresou-se para estar à direita de Esme, posicionada na minha frente, com Emmett ao seu lado e Rosalie no próximo assento. Após o casal, Alice manteve-se no lado oposto da irmã, com Jasper ao lado, fazendo com que Cole se mantivesse ao meu lado, de frente para Emmett. Se foi uma colocação proposital, eu não sabia dizer, mas com certeza havia aprovado as posições à mesa. 

 

 — Sinta só o cheiro! — Renesmee aspirou a fragrância da Sopaipillas ao retirar a tampa — Eu gosto muito do mel, pois me lembra aos ursos! — moveu seus olhos castanhos na direção de Emmett que deu-lhe uma piscadela entendendo a piada interna. Renesmee colocou seu celular sobre a mesa dedicando-se para a travessa a sua frente. 

 

 — Ursos, mamãe! — Hilary se atentou às palavras de Renesmee, e levou mais uma uva para a boca. Prestei minha atenção a ela. 

 

 — Sim, amorzinho, ursos gostam bastante de mel. — acariciei seu cabelo — Quem faz o mel para os ursinhos comerem Hilary? 

 

— A abelhinha mamãe! — respondeu após engolir a uva — assim ó: “Bzzz”! — tentou imitar o som do inseto.  

 

— Isso, é a abelhinha! — dei um beijinho na ponta da sua orelha. Hilary tornou a colocar outra uva na boca para comer, mas sequer havia começado a mastigá-la direito e começou a expulsar a frutinha para fora da boca — Não Hilary, que coisa feia — repreendi — bagunça na hora do alimento é muito, muito feio! — recolhi os pedaços da fruta que ficaram presos em seu babador. 

 

— É uva! — ela exclamou — Uva mamãe!  — tentou alcançá-las da minha mão. 

 

— É a uva que você acabou jogar, Hilary. — esclareci mostrando os pedaços babados na palma da minha mão. 

 

— Eu quero mamãe! — ergueu seu rostinho para olhar-me. Sustentei meus olhos nos seus e a atendi, deixando que pegasse seus pedaços de uva das minhas mãos. Hilary comeu cada uma, da maneira que deveria ter feito antes. 

 

Recolhi o prato que de Sopaipillas que Renesmee separou para mim e dessa vez deixei que minha filha se distraísse em comer as outras frutas à mesa, puxei a jarra de suco e Renesmee me estendeu os copos para que eu pudesse enchê-los. Cole parecia disposto a se entreter cordialmente numa conversa entre Emmett, Alice e Jasper a respeito de um faturamento mensal das pescas de La Push, ou algo envolvido à pesca em La Push, mas consegui perceber que o alinhamento do seu corpo apresentava uma cautela, ele estava tenso. Renesmee estava focada em degustar cada pedaço da sobremesa que havia em seu prato, mas num momento ou outro ela se inseria nos assuntos corridos na mesa com confiança de um ponto ou outro que ela acrescentava nos diálogos. Eu apenas me contentava em comer a sobremesa incrível encharcada de mel, instigar Hilary a comer as frutas que ela escolhia e tentar acompanhar cada assunto falado a minha volta, ao contrário de Renesmee, na maior parte das vezes eu não fazia a mínima ideia da situação inicial do que estava sendo falado. 

 

 — Estou quase convicta de que Jake aceitará a proposta de uma reforma do zero na casa dele. — emendou a conversa com Esme — Não adianta mais redecorar, precisa ampliar a casa, há terreno e sustentação o suficiente para isso, até porque não há nem um porão lá. 

 

— Não seria uma má ideia adicionar cômodos extras em um porão, é um método versátil. — Cole mudou sua conversa para opinar no assunto de Renesmee. 

 

 — Exatamente! — Renesmee anuiu a cabeça, concordando. Cole balançou a cabeça consentindo com a ideia apresentada e voltou para sua conversa inicial. 

 

— Mas terá que mexer no encanamento e na fundação geral da casa Nessie... — Rosalie argumentou. 

 

— Sim tia, mas não seremos nós a colocar a mão na massa, entende? Temos um orçamento inicial perfeito para isso, já fizemos a simulação com a construtora. É claro, — emendou quando Rosalie fez questão de falar alguma coisa — imprevistos ocorrem a todo o momento, nós estamos precavidos. — pontuou. 

 

— Se já se programaram, não há porque de não irem adiante, querida. — Esme aprovou. 

 

 — Também acho vovó! — assentiu entusiasmada colocando mais uma garfada da sobremesa na boca. — Humm!... Eu já disse que essa é minha sobremesa favorita?! — perguntou retoricamente levando mais um pedaço na boca — Sabe, — se direcionou a mim lambendo os lábios. Levei mais uma fatia para minha boca e mastiguei atenta às suas palavras — Eu só gosto dessa sobremesa quando minha mãe faz para mim. Sei fazê-la, já comprei ela em Phoenix, mas nenhuma se iguala ao da minha mãe. Não sei por quê... 

 

— Talvez seja, — pensei a respeito — porque ela faça especialmente para você e você recebe todo o carinho da dedicação. Eu nunca havia provado antes, mas é realmente uma delícia. 

 

 — Talvez seja isso. — ponderou — Minha mãe cozinha muito bem. — gabou-se por ela. 

  

E tornamos a nos infiltrar nas conversas alheias que aconteciam a nossa volta enquanto reabastecíamos nosso prato com a sobremesa. Passei a maior parte do momento comendo e opinando em alguns assuntos discutidos entre eles, havia conversas paralelas, logo depois de um tempo todos discutíamos sobre o mesmo assunto, até que ele se esvaísse e tornássemos a conversar interesses diferentes. 

 

— Tudo bem, tudo bem! — a voz de Alice soou alta entre todo o converseiro — Agora que vocês estão alimentadas, poderíamos por favor irmos ao que interessa? — seus olhos dourados moveram-se na minha direção em expectativa. 

 

— Vá em frente! — concordei empurrando o prato para o meio da mesa. 

 

 — Espere! — Rosalie exclamou detendo-a. Alice murchou e fez uma careta descontente para a irmã — Olha a situação desta mesa, — estendeu as mãos mostrando a mesa cheia de alimentos — vamos arrumar isso pelo menos né? — propôs. 

 

 Alice assentiu e começamos a recolher todos os pacotes e alimentos dispostos a mesa. Quando a cesta estava num canto com tudo que havia sido trago para cá, dentro dela, Alice confrontou a irmã se agitando no assento: 

 

 — E agora Rose?! — arqueou as sobrancelhas. 

 

— Agora sim. — Rosalie assentiu. 

 

Alice esfregou suas mãos uma na outra antes de empurrar a caixa na minha direção, estava mais eufórica que todos os presentes à mesa. Cole encurtou a distância que faltava de o objeto estar sob meu domínio, murmurei um agradecimento desviando meus olhos dos seus para observar Hilary bebendo água no seu copinho de bico nos braços gélidos de Esme e me levantei um pouco da cadeira para retirar o tampo da caixa e pegar todos os cinco álbuns de fotos que haviam ali. Assim como a caixa, a textura do encapado exterior dos álbuns providenciados por Alice e suas cores, remetiam a um tecido acetinado, gostoso de passar a mão. Tornei a me acomodar na cadeira empurrando a caixa para a mesma direção que veio e agrupei cada álbum analisando pelas suas cores claras qual eu pegaria primeiro. Havia um azul acero, verde trébol, lilás pervinca e rosa bebê e o que guardava as fotos de Angie, que era todo florido com um grande “A” impresso. Ponderei um pouco mais, tentada a pegar o verde, pois é uma cor linda, mas por fim decidir escolher o álbum que eu mais me familiarizava, do qual eu arriscava achar que todos estavam curiosos demais para ver. 

 Empilhei os demais na minha frente, deixando um bom espaço para que eu pudesse movimentar o álbum entre eles e traguei o ar tranquila antes de abri-lo, eu já sabia que haveriam seis grossas páginas em branco entre as lacunas que eu havia arrancado antes de aparecer a primeira foto; não pude evitar em demorar a virar essas páginas. 

 

 — Aqui está. — enchi meus pulmões de ar novamente olhando para a fotografia — essas são as únicas fotos que aceitei em ficar da Angie.  

 

Virei a foto para que Esme fosse a primeira a vê-la. Seus olhos dourados analisaram meticulosamente cada detalhe da foto e passou para as outras três páginas seguintes com um sorriso complacente desenhado no contorno de seus lábios. O álbum foi passando para cada um que quisesse ver, poucas as vezes os olhos de cada um passavam avaliativo entre mim e a Hilary, faziam suas comparações silenciosas de como minha primeira filha não tinha nenhuma característica física semelhante a minha, não da mesma forma que Hilary apresentava. Nem a coloração da pele mesmo na pouca idade de vida, nem na cor dos cabelos e muito menos na cor sólida dos olhinhos. Angie não havia nascido parecida comigo. Era totalmente parecida com o pai, pelo menos fisicamente aparentava ser. 

 

 — Loirinha dos olhos azuis?! — Alice sorriu espantada quando o álbum compartilhado parou em suas mãos — Realmente ela deve ter puxado toda para o pai! Olha Jazz! — apontou um dedo sobre a foto — nem mesmo o contorno dos lábios é parecido com o dela, ou o da Hilary... 

 

— Sim, — emendou Rosalie — nem mesmo a curvinha das orelhas, percebeu isso também? 

 

 — Mas alguma característica ela deveria ter herdado, mesmo que não fosse física. — comentou Jasper passando o álbum para Cole. 

 

 — Então Hilary não é sua primeira filha? — indagou surpreso contemplando com bastante curiosidade a primeira foto. 

 

— Não; Angie foi a primeira durante o casamento. — expliquei inclinando-me minimamente mais para frente, tentando ver sua expressão. Cole ergueu uma sobrancelha, sua expressão facial me fazia uma pergunta cética — Sou divorciada. — expliquei rapidamente, tendo ciência do contínuo formigamento em meus membros. Sua expressão se suavizou e ele tornou a observar os traços de Angie. 

 

— Ela pode não ser parecida contigo como a pequena ali, — referiu-se a Hilary e virou a página — mas era sua filha, sua beleza esteve nela tanto quanto está em Hilary. — falava com os olhos atentos na imagem do rostinho miúdo e delicado que minha bebezinha tinha. 

 

 Seu rosto inclinou para a direção do meu por poucos centímetros e indeciso ele afastou seus olhos da fotografia firmando contato nos meus. Pisquei minhas pálpebras lentamente sentindo-as pesadas, mas não de sono, seus olhos eram tão únicos e lindos, que eu sempre me surpreendia com a maneira que os risquinhos e pontinhos verdes entre o castanho claro faziam uma combinação que era perfeita somente com ele. Movi meus olhos quando o movimento de seus lábios pequenos e bem desenhados se entreabrindo me chamou a atenção; e mais uma vez me perguntei: “Se eu pudesse tocá-lo, as sensações se acalmariam, ou ficariam mais apreciativas?”. Se Emmett tentasse limpar os cantos dos meus lábios dizendo que estava escorrendo baba, dessa vez eu acreditaria. 

 Cole não estava muito diferente de mim, parecia estar sonhando acordado e que supostamente as palavras que ele tinha a me dizer haviam se perdido, pois ele franziu a testa parecendo um pouco confuso e passou a língua entre seus lábios; mas teus olhos ainda continuavam fixos nos meus e possivelmente percebia as atenções que eu dava para seu movimento labial. Foi inevitável não fazer os mesmos movimentos com os meus pressionando meus lábios entre os dentes e engolindo um bom tanto de saliva que havia se acumulado na minha boca. O barulho da deglutição fez com que eu percebesse a bolha inconsciente que havíamos criado, ou que eu havia criado, não sei... Pisquei minhas pálpebras me atentando aos espectadores silenciosos que estavam a nossa volta. Arrumei minha postura sobre o assento afastando meu corpo e olhos da direção de Cole. Renesmee, a minha frente, estava com o meio de sua testa e bochechas rosadas e mordia seus lábios para que o riso não lhe escapasse, mas o chacoalho dos seus ombros não continham a gargalhada interna que ela dava. Emmett não estava muito diferente dela, as únicas diferenças eram que ele balançava na frente de seu rosto um dos guardanapos, oferecendo-o para que eu limpasse os cantos dos lábios e algumas vezes os guinchos de sua risada escapava por seus lábios. Ele poderia quase chorar de tanto que ria, mesmo contido. 

 Os demais apenas observavam descontraídos, e assim como eu, qualquer um sabia que uma simples palavrinha poderia fazê-los caírem da cadeira de tanto gargalharem. Foi um consentimento mútuo e silencioso que fizemos em esperar que eles se acalmassem para que algo fosse falado. Eu só não sabia quem seria o primeiro a pronunciá-la. 

 

— Uh!... — Emmett soltou uma lufada de ar com um sorriso zombeteiro no rosto depois de Rosalie ter dado uma cotovelada em sua costela, descontente pelo comportamento do marido — Eu adoraria chorar de rir, podem apostar que eu estaria se desse... Caramba... Vocês dois me divertem!... Uh!... — tomava fôlego para que não gargalhasse. 

 

— Não vejo a hora da Amberli poder estar em La Push comigo! — Renesmee acoroçoou na cadeira, a pele de seu rosto estava menos avermelhada e seus olhos estavam brilhantes e sempre pareciam gritar. — Não é bebê? — fez graça para Hilary, que sorria para ela — Não é que a gente vai para a praia brincar?! — animou-a. 

 

 — Sim! É! — Hilary se balançou no colo de Esme e ergueu seus bracinhos em comemoração. Todos nós rimos da empolgação da minha filha. Era só falar sobre brincar com ela, que se anima toda. 

 

 — Já disse o quanto eu gosto de vocês duas? — Renesmee fez uma pergunta retórica descansando seu queixo sobre a mão enquanto olhava de mim para minha filha com um sorriso moldurando seu rosto — É sério gente, — desfez sua pose para cortar uma fatia da sobremesa que ainda havia em seu prato — Amberli, eu gosto muito de você, te considero da família sabe? Como... Uma prima? É, pode ser; como uma prima. — comeu a fatia com muito gosto. 

 

 — Eu fico feliz em ouvir isso, Renesmee. — sorri com sinceridade para ela — Eu gosto muito de você também, de cada um aqui comigo. Todos têm me ajudado de diversas maneiras... Nenhuma palavra minha pagará, sei que apenas manter o sigilo para vocês é suficiente... 

 

Engoli minhas palavras quando o celular de Renesmee vibrou sobre a madeira anunciando uma chamada. Mais que depressa, ela largou os talheres sobre o prato e as Sopaipillas e agarrou o aparelho. 

 

 — Com licença. — levantou do assento sorrindo ao ler quem era o remetente — Eu preciso mesmo atender. — afagou o rostinho de Hilary e sumiu da minha vista. 

 

— Então? — perguntei cautelosa atentando-me ao Cole novamente — O que você iria me perguntar? 

 

 — Acho melhor deixar essa pergunta para outro momento. — estendeu o álbum para mim — Você tem mais fotografias para ver. — apontou o queixo na direção dos álbuns empilhados que aguardavam para serem abertos. 

 

 — Esse momento será ainda hoje? — perguntei controlando minha ansiedade. 

 

— Se quiser, sim. —confirmou. 

 

— Isso é bom, — tentei não sorrir devido a curiosidade e a maneira absurda das sensações que meu corpo sentia quando estava com ele — Qual dessas cores você escolhe? — perguntei a respeito dos álbuns. Ergui minha mão para afastar as mechas de cabelo que eram movidas pelo vento na direção do meu rosto e da sonda. Cole passou seus olhos sobre as capas e puxou o encapado verde trébol. Permiti que meus lábios puxassem um pequeno sorriso. — Boa escolha. —aprovei. 

 

 — Gosta de verde? — inclinou-se para dar o álbum. 

 

— É a minha cor favorita. — assenti retirando o plástico fino que mantinha o álbum vedado. 

 

— Estou tão animada! — Alice exclamou soltando um gritinho eufórico — Espero que eu tenha satisfeito suas expectativas! — enlaçou seu braço ao do marido. 

 

— Acho que possa ter superado, Alice. — passei minha mão sobre a capa sentindo a textura deslizante e macia do tecido e segurei na borda da capa para abri-lo. Virei meu corpo um pouco para o lado, afim de que Cole também pudesse ver as fotos comigo. 

 

Passei as primeiras folhas grossas até chegar a uma folha mais fina que antecipava a primeira foto que veria, mesmo ansiosa para o que olharia, respirei calmamente tomando coragem e virei-a para contemplar a fotografia tirada a poucos dias atrás. Alice tinha me arrastado para todos os cantos possíveis da casa, em cada lugar ela me ajudava a trocar de roupa, assim pareceria que meu ensaio de gestante fora feito no decorrer dos meses, não em horas. Eu estava com um vestido de mangas longas bufantes na cor vermelha, o vestido era elegante, com uma qualidade absurda, eu estava muito bonita, a cor do tecido contrastava bem com o fundo branco atrás de mim. Passei a mão na folha para assentá-la e contemplei minuciosamente a foto. Quando eu olhei para o meu rosto fiquei surpresa; na verdade, chocada era palavra mais próxima da minha reação ao perceber que meu rosto estava livre da sonda; não havia nada, era como se eu realmente tivesse a tirado para fotografar. Meus olhos lagrimejaram pela surpresa que Alice preparou para mim, levei minha mão ao rosto contendo a onda de emoção que fez meu coração bater mais forte. Virei a próxima página ficando mais surpresa ainda com o momento em que minha barriga estava à mostra, não havia manchinha alguma, nenhum hematoma, nada que me desse motivos para não achar o momento maternal que muitas grávidas registravam seria a mesma coisa para mim. Que emoção eu teria em ver os lugares arroxeados e amarelados da minha pele? Senti as lágrimas aumentarem nos meus olhos, até que transpassasse a borda d’água, percorrendo em grossas lágrimas por minhas bochechas. 

 

 — Você merece, Amberli. — ouvi Alice falar — E por favor, se realmente gostou, não me agradeça tá bom? 

 

— Tá bom, — balancei a cabeça limpando o vestígio das lágrimas no rosto, que pingaram sobre o tecido do vestido — obri... Tá bom. 

 

— Alice quem deu a ideia inicial em tornar esses momentos mais toleráveis para você... — Rosalie falava, mas eu estava mais disposta a absorver cada fotografia onde parecia mesmo que eu estava passando por uma gravidez saudável. Sem violações, sem sangue humano, sem internações abruptas, sem receios — Separamos a maior quantidade possível desde as primeiras fotos, todos os registros entre você e Hilary; cada uma delas foram aprimoradas e mantidas nos álbuns.  

 

— Me pedem para não agradecer, mas não tenho outra palavra para usar!... — olhei para cada rosto pertencente a família Cullen sentindo meus olhos lagrimejarem de emoção novamente — Eu sou muito grata pelo doutor Anderson me encaminhar até aqui. Abri mão de tudo por uma causa desconhecida e sequer pensei direito ao aceitar e me decidir a vir até Forks com a minha filha, e vocês nos receberam de braços abertos. — declarei com a voz embargada — Nos sustentam como se pertencêssemos a vocês, e aqui conheci muitas pessoas boas, que me ajudam com sinceridade, mesmo que a maneira seja diferente. — deu uma olhadela significativa para que Cole entendesse que eu falava a respeito dele e de seus irmãos. — Eu sou muito grata a cada um, de maneira imensurável; de verdade! — suspirei sentindo meu coração bater rápido contra minhas costelas. 

 

— Fazemos o que está em nosso alcance para que você consiga ir até o fim dessa gestação Amberli. — Jasper tomou a frente — E que construa raízes com sua família, onde quer que seja para seguir em frente. Sabemos que terá que esperar mais alguns meses para que aprenda criar e conviver com um bebê híbrido, mas lembre-se sempre: todos estamos aqui para poder te ajudar. Não hesite em pedir ajuda, em perguntar, em apresentar questionamentos e soluções. Firmamos um compromisso contigo e vamos cumpri-lo. — sorriu para mim. Alice, ao seu lado, orgulhou-se das palavras do marido e deu-lhe um beijo apaixonado. 

 

— Acho que não precisamos afirmar mais nada querida, meu filho já disse tudo. — Esme se direcionou a mim. Desci meu olhar para ver que Hilary já estava quase adormecida nos braços dela, mas só foi pensar a respeito disso que Hilary abriu mais seus olhos, se atentando ao que acontecia ao seu redor. Quando seus olhinhos firmaram em mim, ela estendeu seus braços pedindo colo. Esme se levantou e ajudou a acomodá-la nos meus braços e se despediu: — Irei lavar a louça e mais outros afazeres de casa, Cole, Amberli, fiquem à vontade. — sorriu — Me chame quando quiser mais privacidade, assim virei buscar a bebê — ofereceu — me chame. — reforçou, juntou as coisas e junto de Rosalie e Emmett voltaram para dentro da mansão. 

 

Rosalie vendo minha confusão ao vê-la partindo junto com seu marido, deu-me um curto sorrido antes de explicar: 

 

 — Nós montamos seu álbum, —esclareceu — não há porquê de vê-lo novamente — enlaçou suas mãos — E preciso verificar os carros na garagem. Há novos modelos a serem lançados e precisamos ter certeza se compensa trocá-los. 

 

 — Rose adora um bom automóvel. — Emmett piscou um olho para mim e soltou um breve riso — Nos vemos depois. — despediram-se. Hilary levantou sua mãozinha esquerda para acenar um tchau para eles e assim como Esme, seguiram para a direção da mansão. 

 

Não havia passado muito tempo que eles haviam se retirado, para que o casal ao nosso lado fosse na mesma direção com alguma desculpa simplória qualquer. Alice estava no auge da sua animação com o trabalho incrível do editor que ela havia contratado para que as fotos saíssem o mais realista possível, e sempre tinha algum detalhe artístico na ponta da língua para expressar seus motivos do uso dos painéis, dos cômodos, das vestes e até mesmo das poses que eu havia feito na frente das câmeras. Ela havia ficado surpresa com a espontaneidade que eu portava em cada captura, mal sabia ela, o quão preocupada eu ficava ao pensar que pouquíssimas fotos poderiam ser aproveitadas. Foi uma surpresa e tanto contemplar tantas fotos lindas em cada álbum. 

 E o que dizer dos momentos entre mim e Hilary? O álbum encapado em azul acero foi dedicado exclusivamente para nós duas. Cole alegou como era lindo de se ver a interação confidente e verdadeira que minha filha e eu conseguíamos transmitir para as fotos. E não discordava; cada brincadeira, cada sorriso, cada carinho foi apresentado com tanta naturalidade que a cada vez que eu olhava para a foto eu conseguia vivenciar o momento novamente. Era instantâneo e lindo, havia amor em cada registro. Eu particularmente aprovei cada um dos álbuns. Iria guardá-los para sempre! 

 

 — Acho que já ficamos tempo demais nessas cadeiras. — Cole falou afastando suas mãos da mesa as esfregando no jeans de suas coxas e arrastou sua cadeira pra trás para que pudesse se levantar — Esme deu carta branca para que ficássemos à vontade, então vamos! — estendeu a mão para mim. 

 

— Vamos pra onde? — ergui meu rosto para olhar seus olhos. 

 

— Aproveitar esse jardim. — indicou à nossa volta — É melhor que eu pegue a Hilary para você poder levantar e arrumar esse vestido, vamos evitar que pise nele. — Cole sequer esperou que eu respondesse alguma coisa, apenas tomou Hilary dos meus braços e tornou a estender a mão na minha direção. Olhei para sua enorme mão com receio e expectativa — Por favor, Lee, nunca se sabe quando teremos a oportunidade de passarmos mais algumas horas sem chuva em Forks. —  balançou a mão que continuava estendida — Quero passar um tempo de qualidade com você.  

 

 — Lee? — desconsiderei todas as palavras anteriores que ele havia falado quando me chamou assim. Não estava sendo ignorante, apenas surpresa pelo, possível apelido? 

 

— Seu nome é um pouco grande. — franziu os lábios um pouco sem graça por ter que explicar — Achei certo que você tivesse um apelido; gosto de como “Lee” soa, me faz lembrar facilmente do teu nome, mas se não quiser... 

 

— Não! — o interrompi sentindo-me mexida sentimentalmente — É que eu estou surpresa, eu nunca fui apelidada por ninguém. — afastei a cadeira e decidi em fim aceitar segurar em sua mão para poder me levantar — Pode me chamar assim, eu gostei. — aprovei sentindo meu rosto aquecer. 

 

Quando minha mão foi envolvida pela sua enorme mão febril, senti todo o formigamento das pontas dos meus dedos percorrer meu corpo inteiramente de maneira estonteante. Era como se meu corpo pudesse se tornar tão quente quanto o dele. Apertei minha mão contra a sua tentando conter o espasmo que meu corpo produziu. Ao mesmo tempo que as reações eram estranhas para mim, algo no meu íntimo parecia gritar de felicidade e alívio. Cole pareceu não perceber as reações, e entendi que elas foram bem mais rápidas do que meu cérebro pôde assimilar; ele apenas puxou-me levemente para que eu pudesse acompanhar seus passos curtos por entre pedras, toras de madeira e grama baixa que trilhavam caminhos pelo jardim. Usei minha mão livre para ajeitar o tecido ao redor do meu corpo passando minha mão sobre um movimento que o bebê havia feito e segurei a lateral para erguer a bainha do vestido, para que não pisasse na ponta. Hilary estava aninhada com seu rostinho descansando sobre o ombro largo de Cole, ocupando uma de suas mãozinhas alisando de maneira atrevida algumas mechas curtas do cabelo liso escuro que Cole possui. 

 

— Já teve a oportunidade de ver o rio que passa alguns metros abaixo da mansão? — Cole perguntou guiando-nos para o trilho do lado contrário ao da mansão. 

 

— Hmm... — puxei na memória — Renesmee me falou dele, não sei onde fica, mas em algumas noites é possível ouvi-lo do quarto. 

 

— Vamos seguir por esse caminho então. Se a grama continuar baixa, será mais fácil de aproximarmos do acesso ao rio. 

 

— Tudo bem, vamos para lá! — concordei com entusiasmo, atenta em nossas mãos ainda unidas. Se ele não se importou em desfazer o contato, dessa vez não seria eu a fazê-lo, até por que eu ainda sentia o formigamento percorrer toda a extensão do meu corpo, partindo do enlace de nossas mãos. É perturbador sentir como sua temperatura corporal é alta, era como estar pondo a mão na água quente de uma ducha, chegava a proporcionar uma ardência, de tão quente. 

 

Caminhamos pela trilha em um silêncio confortável, estávamos curtindo a companhia um do outro. Em poucos minutos Hilary adormeceu no braço dele, deixando seus bracinhos pendurados preguiçosamente sobre os ombros de Cole. O céu apesar de cinzento, apresentava os sinais diários do término do dia, alguns pontos do céu já estavam mais escurecidos, possivelmente em menos de uma hora o dia estaria se findando por completo. 

 

— Acho que agora é um bom momento para continuarmos a conversar. — Cole tornou a falar depois de passarmos entre duas árvores de troncos esguios entre o trilho que perdia gradativamente o gramado deixando que os pedaços de madeira e pedras conduzirem o destino. 

 

— O que você queria me perguntar? — Olhei-o curiosa, sem deixar de admirar sua beleza indígena. 

 

— Você é tão nova, —  indagou franzindo as sobrancelhas — nunca havia me passado pela cabeça que você já fosse casada. 

 

— Não sou casada. — pontuei olhando-o de esguelha. 

 

 — Isso eu sei, — arqueou a sobrancelha balançando um pouco a cabeça — mas teve uma vida de casada, com um homem... — argumentou desconfortável. 

 

 — Certo, podemos ir direto ao ponto Cole? —franzi minha testa, sentindo-me confusa e forcei-o a parar de caminhar ao manter meus pés no lugar — Quer saber a respeito da minha vida antes de vir pra cá? 

 

 — Não quero ser intrometido. — tentou negar — Não quero saber de nada se você não se sentir confortável o suficiente para isso. — olhou-me nos olhos. Movi meus pés, continuando a caminhada, logo nossos passos estavam sincronizados, como antes. 

 

 Mantive-me em silêncio pensando na possibilidade de expor mais da minha vida; não que Cole soubesse de alguma coisa pelos meus lábios. De uma parte do meu passado a família Cullen já tinha conhecimento, pois eu estava confiando minha vida e a vida da minha filha em suas mãos. Já Cole, bem, eu não sabia o que me deixava tão inclinada a aceitar qualquer pedido que eu fosse capaz de satisfazer para ele, além da beleza óbvia que ele possui e um corpo alto, forte que exala a masculinidade atribuída estonteantemente em cada partícula em seu corpo, havia algo maior ali, algo quase espiritual. A única certeza que eu tinha, era de que a cada instante que eu passo com ele, mais tempo eu quero manter-me ao seu lado, não me importa a maneira ou circunstância, meus pensamentos sempre traziam a presença de Cole, e eu sentia sua falta. 

 

 — Eu só tive um relacionamento. Único mesmo. — deixei minha voz fluir por cima do ressonar de Hilary — O nome dele é Augustus. Ele foi o primeiro em tudo; sem mais detalhes. Eu estava com treze anos quando fomos apresentados por uma amiga minha, Leonor; nós estudávamos juntas e ele era seu vizinho. Ele sempre deixou claro o que ele queria comigo, mesmo que eu fosse tão nova, mas só fomos oficializar algum relacionamento quando eu estava com quinze anos. Foi um alívio quando Anna permitiu nosso namoro, mesmo que em constante vigilância, até porque, Augustus já estava com vinte anos e era um aluno ativo na faculdade. — Cole ouvia atentamente — Mas nossa relação era inconstante, isso me irritava muito. A mãe dele não saía do meu pé naquela época, ela se chama Wendy e era superprotetora, não imagina o quanto a envergonhava me olhar e saber da minha idade, do quanto o filho perdia por namorar uma garota menor de idade. — soltei um riso anasalado sem humor algum — Bernardo, pai dele era mais tolerante, apoiava o filho em tudo, mas não interferia em nada que a esposa julgava ser o certo, como fazer do nosso relacionamento um inferno. 

 

— Ela te atormentou tanto que vocês pediram o divórcio? — me interrompeu por curiosidade. 

  

 — Um pouco... Ficou pior quando fiquei grávida aos dezoito anos — mantive o contato com seus olhos — Eu pensei que ela iria me bater, pois havíamos marcado a cerimônia do nosso casamento no cartório no mesmo dia em que anunciamos a gravidez para os pais dele. Acho que ela tinha esperanças de o filho não aprofundaria tanto nossa relação e eles discutiram feio naquele dia. 

 

 — E sua mãe? — indagou com sua face tensa. 

 

— Nunca deixei que ela descobrisse as coisas por outras pessoas, ela já sabia da gravidez e do casamento naquela altura, e foi uma das testemunhas no cartório. 

 

 — E essa gravidez, foi da Angie. — declarou. 

 

— Sim. — confirmei. Parei de caminhar para saber aonde deveríamos ir, já que o caminho seguia para um leve declínio, onde já era possível ouvir o som da água corrente. Cole indicou com o queixo que era para continuarmos e firmando o aperto em minha mão continuamos o caminho — Wendy continuou infernizando a minha vida, mesmo depois de ter expulsado o filho de casa. Acho que um fantasma me atormentaria menos! — revirei meus olhos — Foi entre esses meses que descobrimos que minha mãe estava numa fase irreversível de um câncer pulmonar, ela era uma fumante ávida. Eu tinha que lidar com Wendy nos perturbando, pois me ligava sempre quando podia; eu tinha que manter todos os cuidados que uma mãe de primeira viagem tem com gravidez; com a saúde que ainda restava na minha mãe e com Augustus e nosso casamento. Às vezes eu chorava no banheiro e queria tanto sumir... — murmurei lembrando-me da pior fase da minha vida — Mas o que me dava nos nervos era a presença e o controle que aquela mulher tinha sobre o filho! — comentei irritada — Eu queria tanto que a Angie fosse Raven! — lamentei — Até na escolha do nome da minha filha ela se intrometia! Mas chega uma hora que não dá mais para brigar e eu apenas aceitei, deixei que eles a nomeassem assim, eu apenas deixei. —  ficamos por um breve momento em silêncio — Quando ela nasceu, foi um dos dias mais felizes da minha vida, — deixei que um sorriso aparecesse em meus lábios ao relembrar — Augustus não saiu da sala de parto para nada, ficou todo o tempo me apoiando. Ele sempre se desculpava pela mãe, por nunca entender a aversão que ela sentia por mim. Mas ele a amava, nossa reação nunca fora o bastante para que ele se desprendesse dela. 

 

 — E aí vocês se divorciaram e ele conseguiu a guarda permanente da sua primeira filha? — Cole perguntou nos direcionando mais para a direita, o som das correntes d’água ficava mais alto conforme nos distanciávamos da mansão. Entre a vegetação, ainda um pouco longe eu já podia ver uma movimentação intensa, eu já poderia supor que era o rio. 

 

 — Essa situação seria menos dolorosa, se tivesse acontecido. — respondi sentindo um incômodo no peito, e ergui meu rosto para olhá-lo — Angie apresentou um estágio grave de insuficiência cardíaca, estenose aórtica, pouquíssimos dias depois da primeira sessão de fotos caseira que fizemos, ela estava com apenas dezessete dias de vida. 

 

 — Nos primeiros dias de vida?... — resfolegou surpreso e preocupado. 

 

 — Sim. —  apertei meus lábios — Ela foi entubada e fizeram os procedimentos, agulhas pra todo lado... Realizaram uma valvuloplástia, mas a artéria femoral se rompeu e aí não tinha nada mais a ser feito. 

 

 — Sinto muito. — compadeceu — Isso deve ter destruído vocês. 

 

 — E destruiu. — suspirei — Poucos meses depois minha mãe também faleceu... Será que podemos terminar por aqui? — pedi taciturna. 

 

 — Sim, tudo bem! — concordou rapidamente — Foi uma fase bem turbulenta, não é? Eu disse que se não quisesse me contar, era só falar. 

 

 — Mas eu quis, pelo menos até essa parte. — contrapus — pelo menos estamos perto. — comentei desviando o assunto para o leito rochoso que tomava espaço por entre as árvores altas daquele lado florestal. 

 

 As árvores mantinham um espaçamento distante uma das outras, de modo que a floresta não se fechava naquela parte e o solo era bem acessível por entre as pedras que surgiam ali. Caminhamos por mais alguns bons metros até estarmos próximos o suficiente do leito, a paisagem a minha frente enchia meus olhos de maneira estupenda, e tive que sorrir encantada com o lugar. A água não era calma, pela intensidade que ela seguia, dava para perceber que quilômetros acima havia inclinações que causavam o desiquilíbrio do fluxo das águas que incitava a correnteza, até porque, em Forks nunca para de chover. 

 O barulho da velocidade que a água seguia se curso apesar de alto, era apaziguador, era um bom mecanismo para ocupar minha mente com o assunto compartilhado com Cole, ainda me sentia desconfortável em me lembrar de tudo aquilo, mesmo que a dor não me desestabilizasse mais quando o assunto surgia, era algo que levaria mais um tempinho a ser superado de vez, eu merecia passar por cada fase desse tempo, até que ele fosse encerrado. 

 

 — É lindo! — expressei maravilhada olhando como no outro lado do rio as árvores estavam mais perto umas das outras, fechando a florestação. Soltei minha mão do tecido que eu segurava, deixando-o tocar na grama sob meus pés. Passei minha mão pelo volume protuberante da minha barriga enquanto analisava distraída a vegetação húmida e verde que nos envolvia, tendo consciência do aperto sutil que minha mão e a calorosa de Cole exerciam no enlace.  

 

— Gostou? — quis saber inquieto. — O rio deve ter uns 50 metros de largura, até mais. 

 

 — Olha a tranquilidade que esse lugar transmite! — olhei boquiaberta absorvendo o máximo que minha vista poderia alcançar.  

 

Ouvi um riso baixo provir de seus lábios, mas não me virei para saber o motivo. Continuei centrada na natureza que nos cercava de uma maneira que jamais imaginei estar, tudo muito verde, muito húmido, muito vivo, muito real e intenso; uma intensidade que fluía desde os musgos impregnado em cada lugar que eu olhava, até aos pássaros que voavam acima das copas e aos que cantorinhavam nos galhos acima de nossas cabeças. Descansei minha mão livre na minha barriga enquanto tirava minha própria conclusão em pensamento, “Sim, a sensação continuaria maravilhosa!”, em nenhum momento a pulsão de nossas mãos unidas se esvaiu, me parecia fortificada, no mínimo. A sensação era maravilhosa, não conseguia achar mais alguma palavra que suprisse o que apenas eu poderia sentir.  

 

 — Poderá me trazer aqui mais vezes? — desviei meus olhos das águas e olhei para ele esperando sua resposta e emendei com o sorriso ainda em meus lábios — É claro que gostei! — retrocedi meus olhos para a movimentação ininterrupta do rio, sentindo-me bem por estar ali com Cole e minha filha que dormia em seu braço, por um momento me perguntei como ele ainda a matinha ali sem se cansar, mas a questão era tão banal, os enormes músculos de seu corpo estavam ali para isso, Hilary não deveria nem o incomodar. 

 

— Nessie poderá te acompanhar sempre que puder. — comentou movendo seu dedão em círculos em minha pele, o movimento fez com que mais um estímulo formigante percorresse meu corpo, quase me fazendo fechar os olhos para apreciar. Franzi minhas sobrancelhas quando absorvi suas palavras, desviando meus olhos do rio para encará-lo. 

 

 — Não estou fazendo o pedido para ela. — neguei, deixando-o com um olhar curioso sobre mim — Me refiro a você. Você me traria aqui novamente? 

 

— Hãn... — se surpreendeu. Sua mão estremeceu. Seus olhos esplenderam. Suas pálpebras puxadas pesaram sobre seus olhos claros quando suas sobrancelhas franziram, mas ele me respondeu rápido de modo afoito — Sempre que você quiser Lee, é só pedir. 

 

Suspirei achegando-me sorrateiramente ao seu lado sentindo-me realizada por ele consentir ao meu pedido. Apesar do ambiente lindo e apaziguador que ele me apresentou no fundo do jardim da família Cullen, eu internamente desejava apenas apreciá-lo. O lugar em si não tornava o momento surpreendente, mas sim a satisfação e necessidade de estar na sua companhia, e seus olhos eram o acesso menos invasivo que eu poderia apreciar sem medidas, apesar de mantermos o contato de nossas mãos unidas por todos esses minutos, o toque poderia ser facilmente desfeito e esquecido, ao contrário da intensidade que um olhar significativo poderia passar. Os olhos de Cole para mim, são intensos o suficiente para transpassar a sensação abrasadora que sua mão contém. Mesmo que eu os desejasse quase que na mesma proporção; até por quê, ainda estaria sendo ele a me proporcionar todas as sensações. Nem mesmo com Augustus meu corpo teve reações tão intensas sem ao menos haver a prática sexual. Ergui meu rosto quando senti estar sendo observada e passei a analisar seus traços fisionômicos tão próximo ao meu; próximo o suficiente para que eu não precisasse esforçar muito minha vista para ver os pontinhos e risquinhos verdes que enfeitavam a predominância do castanho claro em suas íris. Cole mantinha seus olhos firmes nos meus, analisando-me com extrema minúcia, sua mão separou-se da minha para percorrer um rastro flamejante por minhas costas até envolver minha cintura, descansando sua mão confortavelmente na lateral da barriga protuberante. 

 

 — Espero poder fazer esse pedido em breve então... — consegui sussurrar mantendo nosso contato visual, sentindo a extensão das minhas costas se arrepiar. 

 

— Espero realizá-lo no mesmo momento. — sussurrou em resposta aproximando seu rosto ainda mais do meu de modo que eu fechasse os olhos e senti seus lábios quentes encostar levemente na minha fronte. Mais uma vez pensei que meu corpo se tornaria tão quente quanto o dele. 

 E desejei que esse dia chegasse, ardentemente. 

 

— Vamos Lee, — seu hálito quente tocou minha pele quando afastou seus lábios da minha testa — é melhor que esteja na mansão antes que escureça totalmente. 

 


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Notas finais do capítulo



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