Sempre ao seu Lado escrita por Aquela Trouxa


Capítulo 15
16 de Julho ➶


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE!!! Não é mesmo? Cês não sabem a saudades que eu estava (e a aflição tbm) de não poder estar escrevendo os capítulos, mas esse acabou de sair do forno para comemorar a volta às aulas e um MARAVILHOSO 2020 PARA NÓS



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Sempre ao seu Lado 

 

Capítulo 15 

 

 — E esta aqui ao meu lado, é a Anna. — apontei para a foto que foi colocada na cama — Eu estava com uns sete, ou oito anos nesta foto. 

 

 Reviver memórias de pessoas amadas, expor toda uma trajetória de vida e apresentá-las em voz alta novamente estava me deixando ansiosa e enjoada, até mesmo nostálgica. E mesmo com toda essa mistura de sentimentos e sensações, me lembrar, poder compartilhar toda a trajetória e demostrar meu amor me deixava mais aliviada e era por isso que eu estava mostrando todos os álbuns de fotos e coisas importantes que eu retirei da minha antiga casa.  

 

— Sua mãe? — me perguntou Emmett. Hesitei um momento em responder a ele que sim. Por mais que no fundo ela realmente sempre se demostrou ser. 

 

 — Eu gostaria muito que ela tivesse oficializado isso. Mas sim, ela é minha mãe. Ela sempre se sentiu desconfortável de falar sobre a minha procedência, e com o passar dos anos eu deixei e exigir. — respondi ao pegar a foto em minhas mãos e a estendi em sua direção. — Ela tinha minha guarda legal e era isso que nos importava.  

 

 — Compreendemos querida. — a voz de Esme soou ao meu lado, ela respondeu com tanto carinho que quase poderia sentir suas palavras afagando minha pele. Estremeci. Levei meus olhos para o rosto lindamente incrível de Esme e sorri para ela. 

— Infelizmente Hilary não teve a oportunidade de conhecê-la; mas nem por isso deixei de mantê-la presente. Por isso dei o nome, Hilary Anna, para minha filha. É como se eu pudesse sustentar a felicidade que a Anna trouxe a minha vida, quando eu gerei minha filha. Elas são tudo que eu consegui manter durante a minha vida toda, até agora. Na verdade, essas são minhas únicas lembranças sobre ela. Não houve muitas coisas úteis dela para manter comigo. Mas todos os anos em que vivi com elas foram gratificantes. Não há nada para remoer. 

 

— É isso que deve importar. —  se manifestou Rosalie pegando outra foto — Se o que tem guardado em seu coração a respeito dela for as boas lembranças, isso é o suficiente. Mas, e nesta foto? — perguntou mudando de assunto virando a imagem da foto na minha direção. 

 

 — Acho que eu estava com doze anos, — disse ao analisar a foto; peguei uma mecha do cabelo e a trouxe para trás da orelha , quase que puxei a sonda nesse processo. Tornei a olhar para a foto. Era quase impossível eu me esquecer desse dia. — Eu havia aguardado ansiosamente pelo meu primeiro vídeo game, que no caso era um PlayStation e com ele, Anna me trouxe um jogo recém lançado, “Call of Duty”. Um dos jogos mais incríveis que eu já joguei naquela época.  

 

— Então você não perdeu a oportunidade de tê-lo jogado nas versões para smartphones. — comentou Emmett. 

 

— Não tanto quanto gostaria. Eu não cheguei a realmente ter um celular que tenha a tecnologia decente dos últimos seis anos. — dei um sorriso sem graça. O meu celular era tão velho que as pessoas se admiravam em vê-lo funcionando. — Fiquei na vontade mesmo. 

 

— Não vamos dramatizar toda a situação passada! Você terá tempo de sobra para jogarmos daqui a algum tempo.  — piscou Emmett, voltando a olhar para algumas caixas e papéis dispostos na cama.  

Uma em especial lhe chamou a atenção, ele mexeu em mais algumas coisas que havia dentro dela até achar o que queria; um envelope decorado com recortes de imagens aleatórias e adesivos. Rosalie se mantinha entretida com minhas fotos infantis comparando as semelhanças entre mim e Hilary com Esme, Renesmee e Jacob, que analisava tudo imparcialmente, ele claramente não queria estar encafuado dentro deste quarto. Tornei a me atentar em Emmett, que continuava com o envelope em mãos, ele parecia estar indeciso em romper o adesivo para poder ler o que havia ali dentro, mas sem surpresa alguma, depois de alguns minutos ele removeu o adesivo e retirou os papéis de dentro.  

Me afastei da cama para checar o sono de Hilary, que logo depois de ter tomado banho, (esfreguei tantas vezes as pontas dos dedinhos sujos de terra dela, que quase a fiz chorar e no fundo eu também quis chorar por ter esfregado várias vezes seguidas) ter tomado a solução de leite na mamadeira, uma que é bem mais cara e que não estava em nossas malas, devo ressaltar, ela adormeceu até então. Posicionei o suporte ao meu lado e debrucei sobre o berço e alonguei meu braço na direção de seu rostinho, afastando seus cabelos da bochecha. Mantive minhas mãos ali apenas para sentir sua textura delicada e a temperatura gostosa que seu corpo emanava, meus olhos analisavam cada mínimo pedacinho dela seguindo o percurso que meus pensamentos aleatórios ouviam sobre as palpitações dialogais de nossa semelhança, que estava acontecendo atrás de mim. E eu concordava em muitas delas, mas Hilary não era meu clone, as diferenças estavam presentes ali, como o jeito que seus lábios caiam quando estava séria, o formato de suas orelhas, o contorno de suas sobrancelhas e até mesmo no formato mais profundo de sua covinha, sem contar com seu temperamento irritadiço que não é nenhum pouco semelhante aos meus, pelos relatos que Anna me dizia. Mas era isso que deixava Hilary ainda mais perfeita, ela é linda do jeitinho que ela nasceu para ser. 

 Tornei a me afastar do berço passando por todos ainda entretidos com tudo que está na cama e me aproximei das paredes de vidro passando a admirar as árvores ao redor me esforçando também para enxergar algo mais além delas, não que eu estivesse obtendo o devido sucesso com isso, mas me mantive bem ocupada o fazendo. Me perguntei o que tanto eu procurava, já que eu não podia ver nada além de árvores e verde ao meu redor. 

 

 — Não acha que esse envelope é um tanto chamativo para se colocar esses tipos de papelada? — Emmett chamou-me a atenção.  

 Relutante afastei meus olhos da incansável procura sem sentido que eu estava fazendo pela vista de fora e olhei para seu rosto lindo, era quase intimidador também. Emmett balançou sua mão fazendo-me prestar atenção no envelope para que eu pudesse entender do que ele estava falando. 

 — Ninguém nunca o achou... — comentei, e ele ergueu uma das sobrancelhas replicando minha fala. Ele havia achado — Até agora. — pontuei. — Eu percebi seu interesse nestes documentos, estava aguardando que você me perguntasse sobre eles. — continuei ao perceber que os demais estavam se atentando aos papéis em suas mãos.  

  

 — Há dois exames de gravidez de datas diferentes. — Emmett comentou analisando os demais papéis — Uma guarda legal, dois atestados de óbito e dois de nascimento. — declarou. Rosalie se aproximou para analisar os papéis ao lado do marido. — Porque tem dois exames de gravidez? Em anos diferentes? 

 

— Não é tão difícil de se imaginar o porquê! Pelo jeito ela já havia engravidado antes de ter essa menina. — respondeu Jacob ao bufar e revirar seus olhos depois de ter espiado os papéis dos exames também. 

 

 — Sinto muito querida. — manifestou-se Esme com o semblante triste. Me pergunto se ela já passou por isso; mas mantive a questão distante de meus pensamentos, talvez eu não gostasse tanto da resposta. 

 

 — Todos sentimos.  — disse Renesmee apoiando as palavras de conforto de sua avó. É tão estranho olhar para elas, tão jovens e saber que eram avó e neta e não irmãs, ou até mesmo tia e sobrinha; meu cérebro sempre se retorcia em negação quando eu me lembrava deste fato. — O que houve com esse bebê? — perguntou apertando suas mãos uma na outra ficando com sua testa e bochechas avermelhadas. 

 

 — Não há muito para se dizer. Quero dizer, há, mas... — movimentei-me levando o suporte junto com suas rodinhas deslizando na direção de Emmett e peguei sutilmente as folhas de suas enormes mãos. Analisei os documentos separando-os. — Era uma menina também, ela veio em um momento muito importuno e estressante... — li seu nome na certidão, era algo que eu nem ousava sequer pensar... Engoli seco sentindo minha garganta se apertar. Respirei fundo antes de continuar a falar— Ela nasceu tão linda, seus olhos eram tão claros e resplandeciam de uma maneira tão viva. Ela era meu anjinho mesmo sendo tão pequenina, ela pesava 2,826kg. — disse me lembrando de seus traços miúdos e únicos. — Aos seus dezessete dias de vida ela passou mal, a levamos às pressas ao P.S, nos apresentaram o quadro de... — parei para inalar mais ar aos meus pulmões e me manter firme enquanto ainda continuava a relatar.  — De insuficiência cardíaca, estenose aórtica, já estava grave. Ela foi sedada... Foi entubada, houve toda a preparação para que o procedimento fosse o mais rápido que eles estivessem dispostos a fazer, fizeram tantas coisas nela com cateter, é... 

 

 — Calma, está tudo bem. — Rosalie me interrompeu ao se aproximar rapidamente de mim me assustando. Ela gentilmente envolveu suas mãos pelos meus ombros. Seus olhos estavam claros e chorosos. 

 

 — Não. — lhe respondi antes que falasse que eu não precisava continuar a lhes contar. Percebi que eu estava apertando os papéis em minhas mãos e logo os soltei na borda da cama. Percebi minha dificuldade em enxergar percebendo que meus olhos se embaçaram por causa das lágrimas acumuladas. Meus pulmões e coração comprimiam minhas costelas, tornando tudo mais complicado e doloroso, mas mesmo assim não me permitir para de falar. Se fosse para expor minha vida, que fosse o máximo possível — Não estava nada bem naquele momento... Ela precisou fazer um tipo de valvuloplastia, procedimentos que eu nem quis ter o conhecimento do porquê... E quando ela se foi, por conta da ruptura da artéria femoral, eu me senti morrer por dentro. Mas fiquei aliviada em vê-la finalmente poder descansar. Ela não merecia mais sofrer. 

 

 Todos ficaram em silêncio sem terem o que dizer. Talvez tenha sido uma ideia errônea jogar para cima deles o primeiro ocorrido mais perturbador da minha vida, a morte da Anna tornou-se em segundo lugar desde então. Afastei meu corpo das mãos gélidas de Rosalie voltando meus olhos e corpo para a parede de vidro, voltando a procurar alguma movimentação interessante para ocupar meus pensamentos para longe dos meus poucos dias com minha primeira filha. 

 

 — Tenho certeza de que, Angie — ouvi a voz de Rosalie soar hesitante. Me virei para vê-la com a certidão em mãos, lendo o nome da minha primeira menina —agora, está em um lugar melhor. 

 

 — É nisso que eu me firmei. — garanti. 

 

— Ela agora é um anjinho mesmo... — comentou Emmett recolhendo os demais documentos da cama e colocando de volta no envelope — Apenas espero que ela se mantenha com suas doces asas lá no céu mesmo. — ele olhou para o teto preocupado, como se a qualquer momento uma criança com asas pudesse aparecer. Isso me fez soltar um riso curto, quantas ideias absurdas Emmett poderia pensar durante todo o dia? 

 — E se lá, — me referi ao reino divinal — eles ganham um novo nome, eu espero que seja um bem melhor que este. — torci meu nariz ao me referir ao nome de Angie. Todos me olharam com suas testas franzidas como se não entendessem o por que da minha rejeição ao seu nome. — Ela é meu anjinho, mas eu nunca concordei completamente com o nome. Ela merecia um nome mais forte.  

 

 — Você gosta de dar sentido a tudo que está ao seu redor. O nome da Hilary é uma boa suposição disso... — a voz ativa de Renesmee soou, seu tom mais alegre demonstrava que estava mais confortável com o novo assunto. — Qual era sua preferência de nome ideal para sua primeira filha? 

 

 — Raven. — respondi sentindo a satisfação que esse nome me trazia. — Esse seria o nome ideal para Angie.   

 

 — É um nome bonito. Trás sabedoria. — Jacob opinou algo positivo. Olhei para ele e sorri agradecendo pela opinião. 

 

 — Raven é um nome lindo mesmo, trás força na entoação, e a sabedoria que compõe seu significado. Pretende usá-lo para o próximo bebê, se acaso for outra menina? — comentou Renesmee. 

 

 — Não... — neguei — Por mais que esse nome seja especial, ele não tem mais utilidade para mim. Ele merecia ser dela, como não foi, eu não tenho disposição de colocá-lo em outra filha que eu possa ter. Por isso Hilary não se chama Raven. —ela acenou a cabeça simbolizando que entendia. — E se o possível bebê que estou gerando for outra menina, ela também não terá esse nome. Mas eu ainda não tive um tempo para pensar em um nome... Algo me diz que tenho que me apressar nessa escolha. 

 

Com o assunto sobre Angie tendo se encerrado, eu continuei a mostrar os casos que eu me lembrava sobre minha infância e adolescência mostrada nas fotografias dispostas na cama, havia objetos pessoais que compartilhavam histórias e significados para mim. As horas foram passando, Hilary acordou e com isso Esme e Rosalie se animaram em poder entretê-la, naquela altura Jacob já havia conseguido escapar do quarto arrastando Renesmee consigo dizendo que os garotos também sentiam falta dela. Com isso Emmett também se retirou e eu tive tempo para poder tomar banho. Dessa vez eu não tive como me negar a tomar um devido banho na maravilhosa banheira alocada estrategicamente  dentro do cômodo. 

 Estando com os olhos fechados sentindo a água já morna tocando meu corpo eu quase me permiti a dormir. A espuma na água estava rente ao meu rosto exalava um cheiro tão maravilhoso que era quase impossível de se resistir, com a mão direita eu passeava a esponja pelo corpo calmamente, me atrevi a acariciar a barriga protuberante também e soltei a esponja deixando minha mão livre para descansar naquele espaço de pele que eu ignorava tão bem. Suspirei relaxando ainda mais dentro da banheira, como se isso ainda fosse possível, até que senti uma movimentação leve e conhecida por mim. Senti meu copo se tencionar, mas rapidamente me forcei a relaxar tentando limpar meus pensamentos para que eu demostrasse estar alheia a isso. E novamente surgiu. Mais preciso e direto por duas vezes seguidas, o bebê estava dando um olá ao mundo, estava deixando claro que estava vivo comigo. Meu coração se apertou dentro do meu peito e minha respiração se tornou pesada e travada, passei minha mão no local onde foi movimentado e recebi outra movimentação para realmente me confirmar que isso está sendo real; é uma vida! Senti lágrimas escaparem nos cantos dos meus olhos fechados, a pressão em meu peito apertava ainda mais. Abri a boca para expulsar todo o ar que eu inconsciente estive segurando e abri meus olhos quando ao longe eu ouvia um lobo uivar. 

 

 — É real. — sussurrei para mim. Senti mais lágrimas escorrerem enquanto o lobo ainda uivava — Eu estou contigo meu bebê. 

 


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Notas finais do capítulo

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