The Fox escrita por Lady Joker


Capítulo 6
Capítulo 6 - O Monstro dentro de Remus


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Mais um capítulo para vocês, sei que deixei todo mundo nervoso e ansioso no final do último, por isso vim rapidinho com esse! Também porque hoje nós estamos comemorando 20 ANOS DO LANÇAMENTO DE PEDRA FILOSOFAL! Amém, JK Rowling! Enfim, também gostaria de compartilhar a novidade de que teremos capas em todos os capítulos! Sim, se vocês voltarem nos outros capítulos, verão que fiz capas para todos! E em alguns eu utilizei fanarts, como é o caso desse aqui. Nenhuma me pertence, deixo aqui meus créditos ao artista. Sem mais delongas, boa leitura!



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Fiquei em choque com o monstro a minha frente, respirando freneticamente tentando lembrar como minhas pernas funcionavam quando a criatura finalmente me encarou e deu um rugido contra mim. Eu já tinha lido em vários livros e a informação gritou na minha cabeça “Lobisomens perdem a consciência quando estão transformados, são capazes de matar seu melhor amigo”.

Aquilo me deu um choque tão grande de adrenalina que eu corri pelo corredor que tinha entrado, a coisa começou a me perseguir e estava se aproximando, quando visualizei a saída, saltei para ela virando uma raposa no meio do salto. Assim que cheguei ao lado de fora do buraco, me deparei com um grande cervo e um cachorro preto, eles também pararam, surpresos demais para serem simples animais.

O barulho do rosnado do lobisomem fez com que eu me movimentasse novamente. O cervo passou por mim e se chocou contra ele, o fazendo voltar pelo buraco. Estava prestes a fugir quando o cachorro atravessou na minha frente e olhou dentro dos meus olhos... Foi só então que eu percebi.

Ele apontou a floresta com a cabeça e eu o segui rapidamente, ainda podia ouvir os uivos de Lupin ao fundo quando o cachorro saltou por cima de uma pedra e então começou a se transformar em humano diante dos meus olhos. Assim que Sirius surgiu, eu me transformei também.

— Olivia! – ele se aproximou nervoso – Você também?! Mas... Como?

— Sirius... Lupin é... Meu Deus! Você é um animago! E aquele cervo? É o James? – comecei a tagarelar nervosa – Lupin vai machucá-lo! Temos que buscar ajuda.

— Calma, calma! James vai conseguir conter o Remus, Peter está lá para ajudar. – ele ergueu as mãos para me tranquilizar.

— Está? Eu não o vi. – ficava olhando em direção ao Salgueiro e de volta para Sirius freneticamente.

— Ele é um rato, não é muito visível. – o Black deu deu ombros.

— E O QUE UM RATO PODE FAZER PARA CONTROLAR UM LOBISOMEM? – comecei a gritar, estava tendo um ataque – PARA COMEÇO DE CONVERSA, COMO ASSIM O REMUS É UM LOBISOMEM? E VOCÊS SÃO ANIMAGOS? SÓ TÊM 15 ANOS!

— Ué? Você também é uma...

— Eu nasci assim! – o interrompi e então me sentei no chão, colocando as mãos na cabeça – Por favor, me explique o que está acontecendo...

— Olha, eu não posso te contar tudo... Tem que ser o Remus. – ele se agachou na minha frente – Só entenda que ele não é perigoso e nunca te machucaria de propósito, tudo bem? – eu assenti e ele prosseguiu – Eu, James e Peter nos transformamos depois que descobrimos a verdade sobre ele para fazer companhia, ele só ataca humanos... Não podíamos deixar nosso melhor amigo sozinho em momentos tão difíceis.

Eu não respondi, estava assustada demais e me sentindo completamente burra. Como não havia notado? Eu li quase todos os livros existentes sobre animagos, metamorfomagos, licantropos e qualquer outra coisa que envolvesse metamorfose ou transformações. Talvez meu subconsciente nunca aceitasse associar alguém tão adorável quanto Remus a uma criatura daquelas.

— Vocês são os únicos que sabem? – perguntei quando já tinha controlado a respiração.

— Os professores e Dumbledore também... – Sirius admitiu uma expressão de desgosto – E Snape.

— O quê?

— É uma longa história, a culpa é minha. – ele deu de ombros – Bom, eu tenho que voltar... Acho que James já conseguiu controlar o Lupin, mas deve estar preocupado com você.

— Comigo? Remus passa por aquilo todo mês! Eu...

Não sabia o que falar, tudo que li nos livros sempre me pareceu ser doloroso demais, porém conhecer alguém que sofria daquele mal era mil vezes mais intenso, ainda mais sendo alguém tão importante para mim.

— Ele vai ficar bem. – Sirius colocou uma mão no meu ombro e me encarou – Pra falar a verdade, nós até que nos divertimos bastante.

— Mas ele sofre tanto...

— Eu sei! Todos sabemos. Estamos tentando virar animagos desde o terceiro ano. Conseguimos pouco antes do ano letivo começar. Nunca vamos abandoná-lo e faremos de tudo para tornar o sofrimento dele menor, Liv. – Sirius falava sinceramente, tinha uma ponta de dor em suas palavras porque ele realmente se preocupava com Remus.

— Tudo bem... – levantei e ele também – Será que eu poderia ir com...

— Acho melhor você conversar com Remus antes. – ele me interrompeu e me encarou de forma séria – Você pode fazer isso quando ele estiver se recuperando daqui a alguns dias.

— Ok. – assenti.

Sirius apontou a varinha para si, voltou a virar um cachorro e correu em direção ao Salgueiro Lutador, sumindo dentro das raízes da árvore. Eu corri, virando uma raposa quando saí da floresta e entrei no castelo.

Não havia mais ninguém nos corredores àquela hora, podia ir me esquivando pelas sombras até chegar próximo ao retrato da Mulher Gorda, onde voltei a ser humana e entrei na Sala Comunal.

Passei direto por todos e fui para o dormitório, subi na cama e fiquei debruçada na janela, esperando ver alguma coisa. De fato, eu vi o cervo, o cachorro e o lobisomem saindo, um pontinho correndo ao redor deles também, devia ser Peter como rato. Eles sumiram na floresta.

Fiquei sentada na cama tentando absorver a descoberta. Não sabia se desejava nunca ter descoberto aquilo ou não. Estava com medo de perder a amizade com Remus, que ele ficasse com raiva por eu ter descoberto seu segredo. Claro que eu nunca contaria para ninguém, mas eu não tinha o direito de ter ido tão longe. A ponto de seguir e espionar alguém...

Comecei a pensar o quão horrível seria perdê-lo. Ele se tornara muito importante para mim. E eu sabia que não demonstrava, não era da minha natureza ser carinhosa, mas isso não queria dizer que eu não tinha sentimentos pelas pessoas.

Felicia se aproximou de mim, como se soubesse que eu precisava de apoio e se aconchegou no meu colo. Acabei adormecendo de uniforme antes mesmo que as outras garotas do dormitório chegassem, estava exausta mentalmente.

No dia seguinte, fui o mais cedo possível para o Salão Principal, precisava falar com os garotos. Assim que os vi entrando, quase saltei no lugar, eles estavam com cara de sono, mas vieram até mim ansiosos. James sentou ao meu lado, Sirius e Peter na nossa frente.

— E aí, Liv? – James começou a colocar comida em seu prato como se fosse uma manhã normal.

— Dormiu bem? – Sirius perguntou fazendo o mesmo.

— Como podem estar tão normais? Precisamos conversar! – sussurrei me inclinando sob a mesa.

— Sabemos. – James assentiu – Mas não faremos isso aqui. Nos encontre durante o horário de almoço na Floresta Proibida. Sabemos que não terá problemas para entrar lá...

— Tudo bem. – concordei e voltei a comer – E o Remus? Ele...

— Ele está bem, Liv. Já disse para não se preocupar. – Sirius disse.

As aulas da manhã se arrastaram. Eu estava tão nervosa que pelo menos cinco pessoas, incluindo o professor Slughorn, me perguntaram se estava tudo bem. Vez ou outra eu recebia olhares de James ou Sirius praticamente me implorando para relaxar. Na verdade eu não estava entendo porque estava tão afetada por aquela situação, tecnicamente não era nenhum absurdo.

Para mim, o problema em si não era o fato de Remus ser um lobisomem, era o quanto isso poderia nos afastar. Aquilo que estava remoendo cada pedacinho de mim.

Assim que o horário do almoço chegou, saí direto do castelo para a floresta. Quando me certifiquei que ninguém me veria, me transformei e corri para a parte mais densa, procurando os outros pelo olfato. Quando os localizei, fui o mais rápido possível e os vi de longe. Sirius estava sentado no galho de uma árvore comendo uma maçã, James brincava com um pomo de ouro e Peter o observava como se fosse a coisa mais incrível do mundo.

Me aproximei, saltei por cima de uma pedra e aterrissei já na forma humana.

— Wow. – James pegou o pomo um pouco acima da cabeça e o guardou no bolso sem tirar os olhos de mim – Sirius não disse que você era tão boa assim nas transformações.

— Eu tinha outras coisas para notar além do modo como ela se transforma. – Sirius desceu da árvore – Mas você tem razão, ela lembra McGonagall.

— Como assim? – questionei sem entender do que falavam.

— Você voltou a ser humana no ar, naturalmente, como a professora Minerva faz, sem precisar de esforço nenhum. – o Potter explicou.

— Aposto que ele nem precisa da varinha... – Peter falou.

— Realmente não preciso. – confirmei – Eu nasci assim, nunca precisei.

— Incrível! Nunca ouvi falar de um animago de nascença! – James sorriu – E você é nascida trouxa, deve ter sido um choque e tanto para os seus pais.

— Realmente foi. Mas eu posso contar isso depois. – me aproximei mais deles – O Remus falou alguma coisa? Ele está com raiva de mim?

— Raiva de você? – Sirius indagou como se fosse um absurdo – Ficou louca? Por que ele ficaria com raiva de você?

— Porque eu fui... Eu não tinha o menor direito de espionar e seguir vocês por curiosidade. Não era da minha conta. Aliás, vou entender se vocês estiverem com raiva também...

— Olivia, você tem problemas mentais? – James gargalhou – Nunca ficaríamos com raiva da nossa Sabe Tudo favorita.

O Potter me puxou para um abraço apertado e bagunçou meu cabelo.

— É! Ainda mais agora que descobrimos que você é uma de nós! – Sirius ficou ainda mais animado – Temos que arrumar um apelido para você!

— Apelido? – ergui uma sobrancelha.

— Eu sou Pontas. – James começou a explicar – Sirius é Almofadinhas, Peter é Rabicho e Remus é Aluado.

— RÁ! Eu sabia que tinha ouvido o nome Almofadinhas antes daquele dia que você tentou me assustar na orla da Floresta! Já ouvi eles te chamando! – apontei para o Black.

— Você era aquela raposa que me atacou? – ele cruzou os braços.

— Você me assustou, não esperava que saíssem debaixo da Capa da Invisibilidade!

— Tem algo sobre nós que você não saiba? – James perguntou confuso.

— Sim, eu não sei como entram e saem do castelo. – falei sinceramente – Mas eu prometo não tentar mais descobrir nada.

— É, acho que um dia nós te contaremos... – Sirius piscou um olho para mim – Então, nós falamos com Lupin hoje de manhã e como ele está fraco por causa do período da lua cheia, ele concordou em conversar quando acabar.

— Você pode ir na Enfermaria quando a lua cheia passar, a madame Pomfrey só não deixa ninguém entrar durante o período. – James complementou.

— Tudo bem, eu irei lá... – fiquei nervosa novamente.

— Liv, ele não vai te machucar...

— Eu sei, é que... Eu não sei se me perdoaria se tivesse o magoado de alguma forma ou sei lá. – murmurei olhando para o lado - Ele é importante para mim...

— É? – Sirius deu um sorriso malicioso e trocou um olhar com os amigos.

— O que foi? – olhei de um para outro tentando entender o que estavam pensando.

— Nada não. – ele deu de ombros – Vamos voltar, quero pegar algo para comer antes da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

—---

Finalmente acabou o período de lua cheia e os garotos me levaram até a porta da Enfermaria. As aulas do dia tinham acabado e eles disseram que me esperariam do lado de fora para que eu pudesse conversar melhor com o Lupin.

Eu entrei na enfermaria um pouco nervosa, fui até a Madame Pomfrey e disse que estava indo visitar Remus. Ela ficou alarmada, mas eu tratei logo de dizer que era um importante trabalho de Poções e que o professor Slughorn me pediu para adiantá-lo para o Lupin.

— Tudo bem, mas não demore e não perturbe o garoto, não quero que atrapalhe a recuperação dele. – ela me avisou severamente.

— Eu não irei, obrigada.

Saí andando pelas macas, a única ocupada era a última. Lupin estava olhando para o outro lado, só notou que eu estava ali quando me aproximei o suficiente para ele ouvir meus passos. Ele me olhou surpreso e um pouco assustado.

— Olá, Remus... – dei um leve sorriso – Como está se sentindo?

— Estou bem... – ele se sentou na maca com um pouco de esforço, estava abatido e tinha alguns cortes novos no maxilar – Liv, eu...

— Está tudo bem, eu sei que não foi culpa sua. – me aproximei, sentando na maca e segurando a mão dele – Eu só não esperava... Me desculpe, eu não devia estar lá. Eu não devia ter me metido nos assuntos dos outros.

— Não se desculpe, como você disse uma vez, ninguém deveria ir contra a própria natureza... E é da sua ser curiosa... – ele se inclinou na minha direção – Como uma raposa.

— É... – eu sorri jogando a cabeça de lado – Isso é outra história.

— Com certeza vou querer ouvir, mas Sirius me disse que eu deveria te dar umas explicações, para evitar que você tome mais atitudes suicidas.

— Não precisa, eu prometo que vou ficar na minha. – abaixei a cabeça sentindo meu rosto queimar de vergonha.

— Mas eu quero. – ele apertou minha mão levemente – Vou te contar minha história, é um pouco longa... Quando eu tinha 4 anos, um lobisomem chamado Fenrir Greyback me mordeu para se vingar do meu pai, desde então, eu sou lobisomem. Meus pais tentaram encontrar de tudo para reverter, mas era impossível... Por anos nós nos mudamos o tempo todo, para evitar que descobrissem, eu não podia conviver com as outras crianças... Parecia impossível vir estudar, até que Dumbledore foi até minha casa e disse que com as precauções certas, eu poderia vir.

— Que precauções?

— O Salgueiro Lutador e a Casa dos Gritos, para começar. Lá dentro não tenho risco de machucar ninguém...

Lupin continuou a contar sua história. Me falou sobre seu medo do preconceito das pessoas, do quanto sua mãe sofria por terem que se mudar o tempo todo durante sua infância. Apesar da mordida ter sido por vingança, ele nunca culpou seu pai pelo acontecido.

— Os nossos preconceitos são colocados pela sociedade, assim como meu pai acreditava que qualquer lobisomem não era digno de nada além da morte porque assim foi ensinado... – ele deu de ombros – Óbvio que ele se culpa até hoje, por mais que eu o diga o contrário.

— Isso é tão injusto... – murmurei – Você não merece isso.

Remus continuou a contar sua história, ela tinha partes boas, como a amizade de James, Sirius e Peter. Eles nunca o julgaram, pelo contrário, fizeram de tudo para ajudá-lo a passar por aquele tormento. Eu tentava me sentir melhor por ele, mas podia notar a dor em suas palavras.

— Liv? – Remus enxugou uma lágrima do meu rosto que nem notei que tinha caído – Por que está chorando?

— Porque eu não esperava que você passasse por tantas coisas horríveis assim, não é justo! Você é a melhor pessoa que eu conheço... – minha voz falhou e ele deu uma leve risada, se aproximando de mim.

— Não fique assim... Apesar de tudo, eu sou feliz. Tenho meus amigos e agora tenho você, se quiser nos acompanhar, é claro. – ele ergueu meu queixo e olhou dentro dos meus olhos – Não queria que tivesse acontecido daquele jeito, eu nunca me perdoaria se tivesse te machucado... Mas estou feliz que você saiba a verdade, sempre quis te contar, só não sabia como.

Algo estava me queimando por dentro, de um jeito bom. A sensação de saber que Remus confiava em mim e me queria por perto estava me deixando numa felicidade que não cabia no meu peito, toda aquela situação quebrou uma barreira que eu nem sabia que existia. Eu precisava colocar aquilo para fora de alguma forma. Então eu me inclinei na direção dele e o beijei, Lupin retribuiu no mesmo instante apesar da surpresa. Senti sua mão deslizando até minha nuca para aprofundar o beijo e eu agarrei seus cabelos por instinto...

— MAS SERÁ POSSÍVEL? – a voz da Madame Pomfrey fez com que nos afastássemos, ela estava vindo apressada até nós – Enfermaria não é lugar de namoro! Mocinha, está na hora de sair!

Eu dei uma rápida olhada para o Remus antes de ser puxada pelo braço pela Madame Pomfrey e ele estava rindo, provavelmente da situação. Eu estava completamente envergonhada, quando passei pela porta fiquei um tempo parada, olhando para o nada e revivendo a sensação do beijo.

— E então? – James surgiu atrás de mim, me assustando. Tinha esquecido que eles estavam ali.

— Ah... Er... – eu tentei formular palavras – Nós conversamos, está tudo bem... A Madame Pomfrey não me deixou ficar muito tempo.

— É ótimo que vocês tenham conversado... – Sirius estreitou o olhar para mim – Mas tem certeza que está bem, Olivia? Você está estranha.

— Eu estou bem, só um pouco impressionada com toda a história do Remus.- falei sinceramente, eu ainda estava emocionada com tudo – Mas eu vou ficar bem.

— Ótimo! – Sirius comemorou e passou o braço pelos meus ombros, me guiando de volta a Sala Comunal – Vamos pegar alguma coisa para comer na cozinha, você está precisando de açúcar...


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Notas finais do capítulo

E é isso.
Espero que tenham gostado desse capítulo, essa cena da Liv descobrindo sobre o Lupin que se iniciou lá no capítulo anterior foi uma das primeiras coisas que eu escrevi para essa fanfic, estava muito ansiosa para chegar nesse momento.
Não deixem de comentar dando sua opinião, é muito importante.
Espero trazer o próximo capítulo em breve! Beijos e até lá!