Olhos cor de Mell escrita por MailyCullen


Capítulo 4
Capítulo 3 « Tomando sermão de uma maluca »


Notas iniciais do capítulo

●Desculpa pela demora... semana de provas.

❤ Obrigada Liz por comentar ❤

● Obg as 7 pessoas que estao acompanhando ❤❤❤❤

● Tenham uma boa leitura ♡



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Eu não queria voltar naquele lugar, ele ficava cada vez pior a cada dia! 

 

No outro dia menti dizendo que eu estava com o estômago ruim e fui obrigado a tomar um comprimido para enjoo, mas acabei o cuspindo. Fiquei novamente o dia todo em meu quarto. De noite minha mãe fez uma sopa e a deixou para que eu comesse. No outro dia fingi novamente estar mal e ela novamente acreditou para minha sorte. Queria me levar ao médico, mas aleguei que eu ficaria bom logo logo. A noite tomei uma sopa horrível!

 

— Brian. — Minha irmã entrou em meu quarto. — Vim buscar o seu prato. — acendeu a luz. 

 

Continuei deitado e olhei para a mesma que me encarava com um olhar suspeito. 

 

— Sei que não está doente. — avisou a mim. 

 

— Não conte a mamãe. 

 

— Tudo bem. — concordou pegando meu prato. 

 

No terceiro dia não tive como escapar e lá se foi eu passar duas horas ao lado daquela maluca! 

 

Assim que cheguei fui atendido pelas loiras que me levaram até o quarto onde encontrei a garota sentada em uma cadeira de rodas. 

 

— Só porque faltou dois dias hoje você ficará seis horas me suportando. — avisou a mim nervosa.

 

— Só posso permanecer aqui duas horas por dia.

 

— Ligamos para a sua mãe e ela aceitou o acordo de te manter aqui doze horas por semana, incluindo sábados caso não cumpra a carga horária. 

 

Olhei indignado para ela. Como aquilo era possível? Ela estava pirando?

 

— Eu não gosto disso, não evolui nada. — retruquei. 

 

— E por acaso você é um Pokémon? 

 

— revirei os olhos. 

 

— Por que está na cadeira de rodas? — questionei a ela olhando a mesma que se virava para mim. 

 

— Ainda continuo irritante e com um belo defeito genético? — concordei.— Perfeito! 

 

—E? — indaguei não vendo nenhuma razão para aquilo. 

 

— Viu? Você continuará sendo a mesma pessoa que era antes do acidente independente das suas atuais barreiras, basta você querer. Sei que é um cara legal Brian, pare de agir assim, pare de fazer pirraça como se tivesse seis anos de idade. Você tem 23 anos. — respirei fundo. — Não estou aqui e não estou estudando todos os dias para me formar em fisioterapia pra ganhar muito dinheiro ou pra expor meu diploma por aí, estou aqui para ajudar as pessoas. Portanto lembre-se que eu não estou aqui perdendo meu tempo tentando te ajudar enquanto você não vê nenhum resultado positivo, quem está perdendo tempo é você que não está aproveitando esse tempo e sendo um pouco mais paciente e dedicado.

 

A encarei. Querendo ou não ela estava certa. 

 

— Você não é o único que está nessa situação Brian, várias outras pessoas estão, algumas em estados piores. Sei que está sendo difícil pra você, sei que seus amigos te largaram, sei que até hoje depois de 2 anos você não se adaptou nessa vida. Mas vamos tentar, sei que você é capaz.

 

— Andou conversando com a minha mãe?— perguntei a ela assim que minha ficha caiu de onde ela tinha tirado tantas informações sobre mim. 

 

— Ah sim, ela é um amor. Veio cá esses dias que você estava " passando mal", mas isso não vem ao caso. — Sorriu. — Está pronto? Pensará no que lhe falei?

 

—Sim.

 

— Venha. — me chamou e a segui enquanto ela ainda estava em sua cadeira de rodas. 

 

— Vai ficar nisso o dia todo? 

 

— Vou, não gostou me processa. — avisou a mim. 

 

Seguimos até o pátio que estava vazio e parei ao seu lado. 

 

— Keren. — chamou alguém.

 

— Fala fofa. — uma mulher gordinha, de longos cabelos escuros e olhos verde claros apareceu. Ela era uma muito bonita!— Mas que merda é essa menina? 

 

— Troque ele de cadeira. — pediu apontando para uma cadeira de rodas inclinadas que estava próximas da gente. 

 

A garota seguiu com sua cadeira se sentou na outra enquanto sua amiga trouxe a outra cadeira e me ajudou. 

 

— O que irá fazer com isso? 

 

— Consegui essas cadeiras ontem, uma das garotas da minha sala conseguiu de um paratleta. Vamos apostar uma corrida de cadeira de rodas. — avisou a ela sorrindo de orelha a orelha.

 

— O que? — questionamos assustados a Mellanie. 

 

— No três e você Keke irá cronometrar cinco voltas. — explicou a ela. 

 

— Eu não farei isso. — avisei a ela.

 

— Já. — a mulher gritou e Mellanie saiu em disparada. 

 

— VAI PERDER. — gritou a mim. 

 

— Eu nem estou competindo. — avisei encarando a mesma que parecia uma louca tentando dar a volta em volta do jardim. 

 

— PERDEDOR! — gritou ainda correndo no local. 

 

— Se ela ganhar irá te infernizar pro resto da sua vida. — a morena me avisou. 

 

— Mais do que ela me inferniza? — Concordou.

 

— Primeira volta. — passou por mim rapidamente. 

 

Fui logo atrás dela que já terminava de dar a segunda volta, já que estávamos correndo em volta do jardim. Aquela cadeira era um pouco diferente, virava curvas com mais facilidade. Após me acostumar com ela acelerei e consegui a ultrapassar. Dei uma segunda volta ficando quase pareada com ela que já estava quase completando a terceira. A ultrapassei mais uma vez. 

 

— Vamos lá perdedora. — assobiei pra ela que me tentou ser mais rápida do que eu. 

 

Dei a quarta ficando pareada com ela e na última volta consegui a ultrapassar ganhando da mesma. 

 

— Opa, quem é o perdedor? — questionei a ela que arfava vindo vagarosamente até a mim. 

 

A mesma sorriu e se esparramou na cadeira. 

 

— Viu? Você foi capaz de ganhar, pois você tentou e quis. — sorriu. — E eu sei que foi divertido! 

 

Não consegui negar. Realmente havia sido. 

 

— Vamos descansar um pouco e depois começamos com o fortalecimento dos braços. —Avisou se levantando da cadeira e guiando a minha. 

 

— Está ocupada Keke? 

 

— Não. 

 

— Então venha me ajudar pois esse moço é pesado! 

 

Olhei para ela que sorriu. Ela estava me insultando? 

 

Mellanie pediu para que Keke me trocar de cadeira para que me levasse até outra sala enquanto ela tomasse um pouco de água. 

 

— Essa Mellanie é maluca, mas não vivo mais sem aquela garota. — comentou. 

 

— É sua namorada? — indaguei. 

 

Riu.

 

— Não, somos amigas. Estudamos na mesma faculdade. Eu já me formei e sou a instrutora dela. Depois que você acostuma com a Mell, é impossível de viver sem ela. — Olhei assustado para ela.

 

Assim que entramos ela encostou a porta e poucos segundos depois Mellanie entrou. 

 

—Tome. — me entregou uma garrafa de água. 

 

Tomei quase tudo pois eu estava com sede.

 

—Vamos lá. — pediu. 

 

***

 

Depois de uma série de exercícios, paramos logo depois para lancharmos o que Mellanie havia trago escondido do refeitório.Quando acabamos voltamos a sala e fizemos novamente a "posição do parto".

 

Dessa vez ela passou a maior parte do tempo calada. Apenas me instruiu e algumas vezes conseguia me hipnotizar com seus olhos. 

 

— Seria invasivo demais se você me contasse o que aconteceu com você? — olhei para ela que estava na frente da cama. — Só responda se quiser.

 

Fitei a mesma que me encarava. Não faria mal contar.

 

— Campeonato de motocross. 

 

— Foi atropelado? 

 

— Eu caí da moto, fui arremessado. — seus olhos quase saíram de órbita. 

 

— Estava competindo? — concordei. 

 

— Estávamos na última volta quando virei a curva e ao pular um dos meus adversários esbarrou em minha moto e ai tudo aconteceu. 

 

— Deve ter sido horrível! — me olhou incrédula. 

 

— Eu voltaria a competir. Mas não posso. — lamentei. 

 

— Eu não teria coragem. — assumiu rindo. 

 

— O motocross era minha vida. Todos os troféus ainda estão em minha estante. 

 

— Sério? Que bacana! Tenho certeza que futuramente você irá encher sua estante com mais troféus. — disse confiante. 

 

—Sinto falta de competir. Eu me sentia bem quando estava em cima de um moto. 

 

— Sim, também gosto de andar de moto. — olhei para ela e sorri. 

 

— Como você para no sinal se seus pés não alcançam o chão? — a mesma segurou para não rir e apoiou a mão na cintura. 

 

— Meu querido, você me respeita pois eu tenho carteira de habilitação em velotrol — gargalhei.

 

— Agora tudo faz sentido. 

 

Me olhou novamente. 

 

— Como ganhou a cicatriz? — indagou. 

 

— A moto caiu em cima de mim e a roda da frente bateu no capacete e pela potência da queda ele trincou bem nesse local. — arregalou os olhos. — Me tornando ainda menos atraente. 

 

A mesma se debruçou a meu lado e riu 

 

— Ah Claro! E um rosto bonito te torna uma pessoa melhor? — questionou. — Em? — dei de ombros. — Sabe o que te torna uma pessoa melhor? — me mantive calado. — Suas atitudes. 

 

Ela estava certa! 

 

A mesma voltou para seu lugar e olhei para ela que me fitava. 

 

— De quem puxou os olhos? — dessa vez eu comecei o questionário. 

 

— Ninguém, são simplesmente meus. — riu. — Há um pouco do castanho dos meus pais, agora as outras cores... não sei de onde surgiram. Obviamente da heterocromia, mas ainda acho isso inexplicável. — assumiu. 

 

— São Olhos "cor de Mell". — sorriu.

 

— Gostei dessa definição. Muito criativo! — riu. — Irei responder apenas assim agora. 

 

— Você consegue enxergar perfeitamente? 

 

— Sim. — me olhou — Há pessoas que dizem que sentem náuseas quando olham nos meus olhos e também não gosto que fiquem me olhando, fico a maior parte do tempo de óculos escuros. Muitos me perguntam onde comprei essas lentes e quando digo que são meus olhos elas não acreditam. 

 

— Deve ser irritante! 

 

— Às vezes sim. Mas aprendi a lidar com isso com o tempo. Não preciso provar a ninguém que meus olhos são de verdade por mais que seja bizarro. 

 

— Não é bizarro. Seus olhos são lindos e diferentes, talvez te torne uma pessoa especial. —sorriu novamente. 

 

— Obrigada! 

 

O relógio em cima da mesa apitou. Já havia dado a hora.

 

— Prontinho. — desceu minha perna. — Já pode ir. — Me ajudou a descer da cama e sentar em minha cadeira.

 

— Obrigado. — sorriu.

 

— Não precisa agradecer, é o meu trabalho. Mas mesmo assim, por nada. — a mesma seguiu comigo até a recepção. 

 

Após me deixar lá ela apenas acenou e seguiu até uma garotinha, com paralisia, que se empolgou toda ao vê-la. 

 

— Vamos? — encarei o motorista que estava com a mão em meu ombro. 

 

— Sim. — encarei Mellanie que empurrava a cadeira da garotinha enquanto ambas cantavam. 

 

Segui para casa e cheguei na hora do almoço. Eu estava morto fome. 

 

— Olá. — minha mãe abriu a porta.— Muito Obrigada. — sorriu para motorista. — Até amanhã. 

 

— Até amanhã. — respondeu se retirando.

 

— Como foi hoje? 

 

— Legal! Fizemos apostas de corrida com cadeira de rodas. — minha mãe me olhou surpresa.

 

— Sério? 

 

— Sim. — concordei também não acreditando. 

 

— E como foi? — questionou. 

 

— Engraçado. — ela riu colocando o almoço na mesa. 

 

— Fiz batata frita. — me ofereceu algumas e as peguei quase queimando minha mão. 

 

— Olaaa. — Jully entrou sorridente jogando a mochila no canto da cozinha. 

 

— Que animação toda é essa? — a mesma jogou um papel em cima da mesa. 

 

— 10 em matemática.— disse alegremente. 

 

Minha irmã era muito estudiosa. Quem me dera ser assim algum dia!

 

— Parabéns! — ela sorriu batendo em minha mão. 

 

— Uuh batata frita. — pegou uma e me encarou.

 

Peguei outra já entendendo o que ela queria dizer. 

 

— Três. — gritamos e jogamos a batata para cima a tentando pegar com a boca, mas não tivemos sucesso.

 

— Parem com isso. — mamãe ordenou estressada. — Não desperdicem comida! — ralhou. — Vão lavar as mãos. — disse a nós e seguimos até o banheiro mais próximo. 

 

Olhei para minha irmã que jogava sabonete líquido nas mãos. 

 

— Lembra de quando eu tinha que te levantar na pia para poder lavar as mãos? — perguntei a ela que concordou. 

 

— Hoje eu já alcanço a pia. — sorriu de orelha a orelha. 

 

— Por que está tão animada? Sei que não é por causa da prova. 

 

A mesma me olhou... Olhou... Olhou e por fim deu uma checada no corredor que estava vazio..

 

— Promete não contar a ninguém? 

 

— Óbvio! Contarei para o mundo tudo! — revirou os olhos. 

 

— Sério Brian!

 

— Tudo bem. 

 

Respirou fundo e ficou inquieta estalando os dedos..

 

— Se lembra daquele garoto...

 

— Qual deles? 

 

— O que fez o desenho. — respondeu. 

 

— O que tem ele? — suas bochechas coraram. 

 

— Ele me deu um beijo. — cochichou. 

 

— O que... 

 

— Shiiii. — pediu nervosa. 

 

— Eu também acho isso tão errado! Sou tão nova, tenho quase 14 anos, mas... — seus olhos se encheram de água. 

 

— Meu primeiro beijo foi com 10 anos. — ela me olhou assustada.

 

— Carambaaaa, eu me sentindo precoce e você...— comecei a rir — Meu Deus Brian.— me deu um leve empurrão.— Seu precoce do caramba! 

 

— Foi tipo. — comecei a mover a língua e fazer barulhos estranhos.

 

— Briaaaan eu vou ficar traumatizada. — disse se retirando do banheiro me fazendo rir. — Misericórdia! — Fui atrás dela. 

 

— Só não avance o sinal. — pedi a ela que me olhou sem entender.

 

Segundos depois ela arregalou os olhos assustada ficando cada vez mais vermelha.

 

— Meu Deus do céu Brian, eu deveria ter ficado calada. — disse a mim escondendo o rosto em sua jaqueta.

 

Comecei a rir da mesma que parecia um tomate. 

 

— Que isso. — me sentei ao lado dela. — Relaxa. 

 

— Do que tanto riem? — nossa mãe perguntou terminando de colocar a comida na mesa. 

 

— Nada. — respondemos juntos..

 

Olhei para ela rindo junto a mesma. 

 


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Notas finais do capítulo

Amanhã posto outro ❤❤



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