Anxiety, go away escrita por Natur Elv


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu escrevi isso na madrugada passada, porque tava me sentindo um pouco melancólica. Eu espero, de verdade, que não vejam qualquer romantização de distúrbios psicológicos nessa fic, de maneira alguma foi minha intenção!!! JAMAIS se deve romantizar esses problemas tão reais. Como a luzinha e a felicidade da minha vida, o Yuuri, eu tenho ansiedade e mais coisas que ninguém quer ou queria ter que desgraçam a cabeça e escrever é um escape p mim. Então eu tava me sentindo melancólica e escrevi isso. Porque eu amo como Yuri!!! on Ice não romantizou isso até o último minuto da coisa toda e também como o Victor vai aprendendo a lidar com isso e como ele respeita o espaço do Yuuri e tenta ajudar ele de alguma forma.

Bem, é isso. Eu tinha que já ter postado isso há hoooras, mas ainda tô tentando entender o porquê de enrolar taaaanto quando vou revisar as coisas que escrevo...

Me avisem sobre qualquer erro, por favorzinho? E me deixem saber o que acharam, também ♥

Boa leitura!



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Acordei no meio da noite e Yuuri não estava na cama, ao meu lado. Chamei por ele, mas não houve qualquer resposta e instantaneamente meu peito pesou por preocupação. Talvez ele tivesse levantado para ir ao banheiro ou para tomar água, claro. Eram as opções em que eu queria acreditar. 

Meus olhos estavam muito pesados quando sentei. Pisquei várias vezes e então olhei ao redor, no quarto escuro, tentando focar em algo sólido. Yuuri não estava mesmo ali. Puxei o celular de cima do criado mudo e verifiquei a hora: 3h11 da manhã. 

Levantei-me rápido e não me preocupei em calçar algo ou vestir uma camisa ou robe, apesar do ar frio que tocava meu torso exposto e me obrigava a esfregar as mãos por meus braços. Uma luz muito fraca chamou minha atenção quando cheguei ao pequeno corredor: a televisão, na sala, certamente estava ligada e a preocupação em meu peito apenas apertou mais, pesou mais, porque a única opção em que eu não queria acreditar ser a razão da ausência de Yuuri na cama era, muito provavelmente, a real. 

Comprimi os lábios e pressionei meus dedos em meus braços. Yuuri estava sentado no sofá, os joelhos dobrados e os pés sobre o estofado, um edredom protegia suas costas e ombros. 

"Yuuri," apressei-me para perto dele e seus olhos castanhos e que pareciam tão exaustos olharam para mim e uma mistura de agonia e desespero e raiva e afeto tumultuou-se em meu peito. Aquilo não era justo. 

Eu podia ver que ele não estava de fato assistindo o que quer que estivesse passando na televisão, apenas a manteve ligada devido à meia iluminação que oferecia e aos sons baixos, que o faziam sentir menos solitário. 

"Victor," sua voz estava baixa e muito rouca e Yuuri parecia tão cansado... 

"Yuuri," pronunciei seu nome mais uma vez antes de me sentar ao lado dele no sofá e trazê-lo para mim, abraçando-o por cima dos ombros. Beijei sua testa antes de acolhê-lo contra meu peito e quase imediatamente sentir suas lágrimas quentes em minha pele acompanhadas pelo tremor leve de seus ombros. 

Apertei-o contra mim. Eu me sentia completamente angustiado, porque tudo o que eu não queria era vê-lo daquela forma, era saber que ele se sentia daquela maneira. Sentia raiva por aquilo, porque era tão absoluta e inteiramente injusto que seu cérebro o sabotasse daquela maneira tão cruel e o deixasse naquele estado sem haver realmente qualquer motivo verdadeiro. Eu sabia, havia compreendido e aprendido, que apenas precisava ficar ao seu lado, mostrar a ele que não estava sozinho e que estava tudo bem. Mas eu queria ser capaz de efetivamente fazer algo mais. E eu queria Yuuri bem, queria que Yuuri sempre estivesse bem, queria protegê-lo. 

Algumas vezes eu acordaria à noite e não o encontraria na cama, ele poderia estar sentado no chão, no banheiro, no corredor ou na sala, como estava agora. Torturava-me profundamente vê-lo assim. Yuuri não tem culpa de nada disso, nunca terá, e isso apenas torna toda a situação ainda mais injusta! 

"Yuuri," sussurrei contra seus cabelos enquanto os acariciava. "Está tudo bem, meu amor." Eu apenas podia imaginar e assistir o quão árdua e violenta é a luta contra si mesmo, contra os próprios pensamentos e sentimentos, contra o próprio estado mental, seus demônios na mais forte e sádica forma que poderiam tomar. 

"Desculpa," sua voz saiu num soluço. 

"Pelo quê?" Tentei encará-lo, mas ele ainda escondia o rosto em meu peito. "Você não tem nada pelo que se desculpar, Yuuri." Beijei o topo de sua cabeça. "Você não tem culpa de nada." 

O choro de Yuuri aumentou, bem como o tremor de seus ombros, e eu queria abraçá-lo até convencê-lo de que estava tudo bem, de que ele é ótimo, porque é o que Yuuri realmente é. 

"Yuuuuri," arrastei seu nome e segurei seu rosto em minhas mãos, aproveitando para secar suas lágrimas com meus polegares. "Não chore, Yuuri," ofereci-o um sorriso pequeno, mas cheio de ternura e compreensão. Eu o acolheria em todas as formas existentes. 

"Victor, me desculpe por isso..." 

"Shhhh," beijei sua franjinha bagunçada e continuei a limpar de seu rosto as insistentes lágrimas. "Você é tão lindo, Yuuri." E Yuuri é, mesmo. E seus olhos castanhos, sinto como se me afogasse confortavelmente neles toda vez. "My beautiful sunshine." Afastei a franja de sua testa e o ouvi fungar. "Yuuri, você é minha felicidade." Acariciei seu rosto e senti meu coração apertar ao ver sua expressão se contorcer para mais lágrimas virem. 

Então o abracei de novo, acolhendo sua cabeça mais uma vez em meu peito enquanto ele chorava. Desta vez descansei minhas costas contra o encosto do sofá, nos deixando mais confortáveis. 

"Eu não quero sentir mais isso." Yuuri falou, sua voz embalada no choro, e junto com a sensação de coração partido, senti que choraria a qualquer momento, também, por frustração, por ver a pessoa que mais me fazia feliz no mundo imerso numa agonia sufocante, refém dos próprios pensamentos e de uma constante culpabilização por todas as coisas das quais não tinha qualquer culpa, cheio de sentimentos incapacitantes e mentirosos. 

"Yuuri," apertei-o contra mim mais uma vez. "Está tudo bem, Yuuri, amor, você não tem culpa por se sentir assim e você não está sozinho. Está tudo bem, ok?" Eu só queria proteger Yuuri. Eu queria salvá-lo daquilo, de todo aquele estado mental, do monstro que era sua mente contra ele próprio. 

Mas sei que jamais poderia salvá-lo inteiramente daquilo, jamais teria como curá-lo. Independente de quanto eu o amasse, de quanto sua família e amigos o amassem, independente do quanto eu cuidasse dele, Yuuri estaria sempre doente. Esse tipo de coisa não se cura com afeto, amor e compreensão, mas todas essas coisas têm o poder de evitar que alguém se sinta assim, que desenvolva esse estado cruel, eu aprendi. E todo o fato de que eu, ou qualquer coisa, nunca curaria Yuuri, fazia-me sentir imensa e terrivelmente mal, frustrado e impotente, mas nada disso é sobre mim e, portanto, mesmo não sendo capaz de curá-lo, eu faria de tudo para aliviar sua dor, para fazê-lo esquecer e também ser seu apoio para torná-lo cada vez mais forte – e Yuuri já é a pessoa mais forte que eu conheço e admiro. 

"Anxiety, go away." Falei de maneira um pouco divertida ao beijar a maçã de seu rosto, tentando animá-lo um pouquinho. Ele tentou um sorriso muito fraco e eu o aninhei novamente. "Você não está sozinho, Yuuri." Repeti ao esconder os dedos em seus cabelos e, com a outra mão, fiquei a acariciar seu braço, e então comecei a cantarolar uma música lenta, na tentativa de distraí-lo e fazê-lo se acalmar. Era bom, também, que sua cabeça estivesse sobre meu peito, pois haveria duas novas coisas em que ele poderia se concentrar: minha respiração e minha voz. 

Ficamos assim. E não sei quantos minutos se passaram, mas só percebi o tempo corrido quando senti a mão de Yuuri buscar pela minha – que até então continuava a acariciar seu braço – e entrelaçar seus dedos nos meus. Ele não chorava mais, apenas fungava, e percebi que encarava a aliança em meu dedo quando tentei fitá-lo de cima. 

Voltei a cantarolar quando percebi que havia parado com a melodia e permanecemos daquele jeito por mais um tempo. 

Yuuri de fato não estava prestando atenção na TV, porque o que passava naquele canal era um programa sobre sapatos. E era em russo. Yuuri ainda é muito iniciante na língua para poder realmente entender algo naquela dicção e velocidade. 

Então voltei o olhar a ele, ainda concentrado no anel e em nossas mãos juntas. "Como você está se sentindo, amor?" Afastei o cabelo de seu rosto e acariciei sua pele, recebendo seu olhar. 

"Obrigado por ficar comigo. Estou um pouco melhor." Sua voz ainda era baixa e rouca. 

"Eu sempre vou ficar com você, Yuuri." Deixei outro beijo no topo de sua cabeça. 

"Eu sei." Havia um sorriso que, apesar de pequeno, era verdadeiro em seu rosto e eu me senti realmente feliz por aquelas duas palavras que demonstravam um pouco de sua confiança. 

Beijei, então, sua têmpora e o abracei forte. Mais minutos se foram enquanto eu sentia o cheiro gostoso dos cabelos de Yuuri e, mesmo quando o livrei do abraço, não pude quebrar o contato. Segurei seu rosto em minhas mãos e o enchi de beijos. E nada poderia me deixar mais feliz do que a risada que veio. 

"Você é tão lindo, Yuuri, eu não consigo não me apaixonar por você todas as vezes em que o olho!" Ele sorriu sem graça e adorável. "My little sunshine, light of my life, my little piggy, my prince, the happiness of my life, my love, my love, my life and love, my Yuuri." Eu dizia em meio a mais e mais beijos por seu rosto enquanto ele tentava protestar ao chamar meu nome, mas falhava, rindo sem jeito e tão, tão absolutamente adorável. 

Não tirei a atenção de seu rosto e de seus olhos castanhos que eu tanto amava quando parei de mimá-lo – porque ele precisava de espaço para respirar apropriadamente. Então fiquei o observando tomar seu tempo naquele instante: ele endireitou a postura, esfregou os dedos nos olhos, esticou os braços acima da cabeça e descansou as mãos nos joelhos quando seus olhos fixaram-se na televisão. Não resisti a tocar sua mão com a minha, recebendo novamente sua atenção. Sorri para ele, a fim de fazê-lo sentir-se seguro, e ele sorriu para mim de volta, mais um sorriso pequeno, mas que aliviava muito meu coração. 

Yuuri suspirou e acariciou o dorso de minha mão antes de dizer: "Você não deveria estar sem camisa, Victor, está frio." Seu toque alcançou meu braço exposto e um arrepio muito leve me ocorreu. 

"Não se preocupe, amor." Peguei sua mão mais uma vez e a beijei. "Só quero saber se você está bem." 

"Me sinto melhor." Yuuri respondeu outra vez. "Está passando..." Ele suspirou de novo e então remexeu-se a fim de se ajeitar entre minhas pernas, obrigando-me a deitar. Sorri ao entender o que ele queria e não demorei nenhum segundo a acolhê-lo em meus braços novamente. Eu o faria quantas vezes fosse necessário, quantas vezes ele quisesse, jamais deixaria de recebê-lo. 

Yuuri cobriu a nós dois com o edredom que há pouco havia deslizado de seus ombros e agora sua respiração quente colidia em minha pele. Beijei sua testa demoradamente e ele entrelaçou seus dedos nos meus de novo antes de deixar um beijo em meu maxilar e bochecha. Nos encaramos e sorrimos um para o outro, sorrisos mais largos e tranquilos, e meu coração acelerou e aqueceu meu peito gostosamente ao receber seus lábios contra os meus num selinho sem pressa. 

Yuuri fechou os olhos, então, remexendo-se a fim de ficar confortável. Olhei o relógio na parede: fazia uma hora que eu havia deixado o quarto. 

O semblante de Yuuri parecia tão mais calmo agora, ele não parecia assombrado por qualquer agonia ou pensamento. 

Eu nunca poderia curar Yuuri daquilo, nada nunca teria o poder de fazê-lo, mas eu faria qualquer coisa para ajudá-lo, para convencê-lo de que não está sozinho e de que não é incapaz de qualquer coisa. Era um sentimento tão genuíno dentro de mim, de querer alimentar sua autoconfiança mais e mais e mais e de estar ao seu lado e vê-lo tornar-se cada vez mais forte e apoiá-lo e não deixá-lo se sentir mal ou inferior. Acho que vou sempre estar aprendendo a como lidar com isso, assim como Yuuri, e estou completamente disposto a fazê-lo junto com ele.


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