Sabe aquela manifestação que se instala em seu ser, que te consome, que inflama seu coração e é provocada pela falta de confiança no sentimento do outro? Aquele cuidado, ardor, inveja, receio de perder alguma coisa? Aquela sensação ou sentimento que muitas vezes pode ser doentio e destruidor? Pois é, esse sou eu, o Ciúme, aquele que chega a ser considerada uma das emoções humanas mais potentes.

O ciúme pode adquirir um significado mais amplo, não necessariamente associado ao sentimento partilhado entre pessoas, pode ser produzido pelo apego exagerado a algum bem material não querendo partilha-los com outra pessoa. Por exemplo: ciúme de livros, de DVDs, ou até mesmo de um carro. O ciúme está intimamente ligado à inveja no momento que produz desgosto ou tormento a um indivíduo, por ele não possuir algo que pertence à outra pessoa.

O ciúme pode ter um caráter positivo ou negativo. Quando atinge o sentido de cuidado ou zelo por alguém pode ser um sentimento benéfico. Por outro lado, quando há egoísmo – desejo que a pessoa amada não se relacione com outras pessoas – ou controle excessivo – suspeita constante de infidelidade, por exemplo –, o ciúme pode transformar-se em paranoia ou patologia.

Para a infelicidade de muitos, eu sou um sentimento que está impregnado no ser humano. Quando não sou controlado, posso causar grandes danos a uma relação. É normal vocês querem cuidar de quem amam, mas até certo ponto! Cuidado para não exagerarem, pois dependendo de sua personalidade, situação e circunstâncias envolventes, eu posso variar em termos de tipo e de grau de intensidade. Embora existam pessoas com mais e menos tendência para serem ciumentas, a verdade é que ninguém me escapa.

Embora o ciúme seja quase exclusivamente um sentimento íntimo, apenas partilhado entre um casal ou irmãos, a sua presença no dia-a-dia é altamente mediática, sendo mesmo o tema central de milhares de filmes, livros, músicas e outras manifestações artísticas. A também três definições para definir a palavra ciúme, ou melhor, para me definir.

1 – Inveja de alguém que usufrui de uma situação, de algo que não possui ou que se desejaria possuir em exclusividade.

2 – Sentimento de possessividade em relação a algo ou alguém.

3 – Sentimento gerado pelo desejo de conservar alguém junto de si ou por não conseguir partilhar afetivamente essa pessoa; sentimento gerado pela suspeita da infidelidade de um parceiro.

O ciúme é sentido por pessoas de todas as idades, tem quem diga que até bebês muito novos experimentam esta emoção que, no fundo, pode ser representada por um turbilhão de emoções e exteriorizada através de diversos tipos de comportamentos. Quem sente ciúmes tem, por norma, pensamentos e sentimentos negativos em relação à ameaça de perda de algo que possui e que lhe é muito importante e precioso. Juntamente com a própria emoção que é o ciúme, juntam-se várias outras emoções, igualmente poderosas: medo, ansiedade, incerteza, insegurança, desconfiança, humilhação, tristeza, desgosto, raiva, descontrole, vingança, depressão…

Se há algum aspecto da vida em que eu sou mais dominante é na esfera amorosa. Aliás, um dos temas mais recorrentes em matéria de ciúmes é, sem dúvida, a existência – real ou não – de uma terceira pessoa que ameaça o relacionamento de um casal. Se um dos elementos de determinado casal se sentir ameaçado por alguma coisa ou alguém que possa retirar-lhe a pessoa amada, é aí que os ciúmes falam mais alto. Embora os ciúmes sejam uma parte integrante e normal da natureza humana e das relações pessoais e profissionais, existem vários tipos de ciúmes, a começar pelos ciúmes inocentes e inofensivos; terminando nos ciúmes obsessivos e até perigosos. Enquanto algumas pessoas conseguem lidar bem com essa emoção e todas as outras que o ciúme provoca, dificilmente exteriorizando aquilo que sentem; outras não conseguem conter esses ciúmes e precisam os expressar ao seu companheiro (a), em tom de vitima e proteção, ou em tom acusatório e possessivo. O ciúme nasce sempre do amor, mas nem sempre morre com ele.

Isso mesmo, não que eu esteja culpando o Amor, longe disso, até porque se não fosse ele, eu não estaria aqui. Mas a questão é; quem sente o ciúme, normalmente, acredita que ele é uma prova de amor. Mas quem sente os efeitos dele pode – simplesmente – cansar! Um dia, todo mundo cansa! Todo mundo deixa de ver o ciúme como prova de amor e passa a ver os sintomas doentios que existem ali. Cuidado para não ver quem você ama se cansar e ir embora de sua vida! O ciumento costuma não ser tão agradável, o ciumento vive um mundo onde tudo gira em descobrir se a pessoa amada tem outra pessoa. Os pensamentos de uma pessoa ciumenta são os mais confusos e inseguros que podem existir. E é justamente aí onde mora o perigo. Porque muitas vezes o ciúme meche tanto com a mente da pessoa, que acaba deixando-a perturbada, fazendo-a perder a noção do que é real ou não, sua mente começa a criar histórias completamente fictícias, é um sentimento tão intenso que acaba se tornando doentio e na pior das hipóteses, acaba em tragédia.

É importante saber que ciúme não é prova de amor. Ciúme é falta de confiança na pessoa amada, é a prova que você é insegura, é não acreditar no amor que a pessoa sente por você. O ciúme é uma armadilha, faz as pessoas acreditarem que tudo o que é delas – ou que deveria ser – não pode nem ser partilhado com alguém. Mas, se você não partilhar a vida com alguém, vai acabar ficando sozinho com o ciúme!

Bom, mas também não precisa me descriminar, por que assim como meus irmãos, primos e conhecidos – no caso, os outros sentimentos ou emoções –, também faço parte de sua vida. Sou algo inevitável, que mesmo sem querer, todos sentirão um dia. É normal sentir ciúmes, desde que seja na medida certa. Portanto, não tenha medo. Se permita sentir um segundo de ciúme, mas não queira fazer do ciúme parte integrante da sua relação. Não deixe que este sentimento domine a relação e atrapalhe o que era para ser uma linda história de amor. Sinta ciúme, mas não deixe que ele seja maior que o amor, não deixe que ele seja maior que você.

E após tais “reflexões”, pode-se questionar: há algo de bom neste sentimento que, no decorrer de toda história, tem provocado, tantos delitos passionais como crimes pela inveja do ter e do poder? A reposta é sim. Porque, como todo sentimento, também tenho meu lado positivo e meu lado negativo.

“O ciúme é muitas vezes uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor”.

— Marcel Proust