Depois do fim - Peeta e Katniss escrita por Carolam1


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

OLáaaaaa!
Sou nova por aqui então perdoem alguns erros que posso cometer! espero que gostem :D
beijocas, Carol



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POV KATNISS

Vazio. Acho que essa é a palavra mais adequada para expressar o que sinto agora. Eu perdi tudo. Perdi a vida que eu tinha e a vida que poderia ter. Perdi Prim. Perdi Peeta. Até o que eu não perdi acabou me abandonando. Não vejo Gale desde a nossa discussão no Capitol e não penso em mudar essa realidade. Minha mãe entrou em seu mundo novamente. Não a culpo, o mesmo aconteceu comigo. Estou deitada na mesma poltrona desde que fui condenada a viver no que sobrou do Distrito 12 por ser mentalmente desorientada, mas não acho que a palavra viver caracterize minha realidade.

Ouço o trinco da porta girar e penso que já é hora do almoço. Todos os dias, ao meio-dia, Greasy Sae (uma senhora que trabalhava no antigo Prego vendendo caldos) vem com sua neta fazer algo para que eu coma e impedir que eu definhe até a morte, ou só checar se eu ainda insisto em ficar viva. Acho que o Capitol a contratou para isso.

Uma bandeja é colocada em minha frente.

Não vou sair até você comer algo, Katniss.— ouço a senhora proferir em minha direção. Não a olho, o ponto que fica localizado na parede cinza da sala me parece mais interessante. Depois de algum tempo com a senhora parada em minha frente, dou uma garfada para ver se consigo voltar para o meu mundo. Aparentemente isso não é suficiente, o que me faz dar outra garfada e voltar a encarar meu ponto tão familiar. Acho que ela percebe que esse é meu limite, recolhendo a comida e dizendo algo sobre a geladeira. Não presto atenção, é como se estivesse embaixo d'água e nada fosse audível. Ela e sua neta saem, trancando a porta. Volto para a minha solidão.

Cato, Mags, Boggs, Cinna, Rue, Finnick, todos os moradores do Distrito 12 que morreram no bombardeio, a família de Peeta, Prim. Eu repito os nomes das mortes que fui responsável como um mantra, para me lembrar de todo o mal que causei. Para lembrar que eu deveria ter morrido, que nada disso teria acontecido se eu tivesse comido as amoras-cadeado. Peeta seria vencedor, todos estariam vivos e ele não seria torturado.

Sou interrompida dos meus pensamentos por um barulho chato e repetitivo. Demoro um certo tempo para perceber que era o telefone, que já parou de tocar. Como parte da minha sentença, deveria continuar o tratamento com o Dr. Aurelius por meio de ligações semanais, mas eu nunca o atendi.

Levanto da poltrona e caminho até o banheiro. Está difícil me locomover, a falta de alimentação regular teve consequências sobre o meu corpo. Estou com a mesma roupa desde que cheguei ao 12. Não me olho no espelho, tenho medo do que verei ao encarar meu próprio olhar, e não sou mais a garota corajosa e destemia que eu era. Termino minhas necessidades e volto para meu lugar de sempre.

Haymitch veio me ver algumas vezes, mas nada conseguiu me tirar da inércia. Não lembro mais do som da minha voz, não sei quanto tempo se passou desde que aquelas bombas explodiram no portão da mansão presidencial. Volto a contar todas as mortes até que sou levada à inconsciência. 

Acordo no meio da noite molhada de suor em minha cama após outro pesadelo. Quando me levanto, percebo que o chão está encharcado e que o nível da água está subindo. Vou até o banheiro verificar se a torneira está aberta e não encontro uma origem para a água. Saio pela casa conferindo todos os locais possíveis, a essa altura a água já bate em meus joelhos. Começo a me desesperar quando a água dificulta minha locomoção e disparo em direção à porta de entrada, mas o que vejo é pior do que a água. Me deparo com todas as pessoas pelas quais fui responsável pelas mortes. Uma por uma, começam a se transformar nos mutantes da primeira arena. Corro para a floresta com as lágrimas borrando minha visão. Terror é o único sentimento que me invade no momento. Caio em um buraco e, quando me recupero do impacto, percebo que estou na vala feita no Meadow e que os corpos carbonizados pelo bombardeio ainda estão lá. Começo a escalar as ossadas para tentar sair antes que os mutantes cheguem, já era tarde demais. Todos estavam a minha volta, sedentos. Na frente, um par de olhos tão azuis quanto o céu na primavera chama minha atenção. Peeta.

Isso tudo é culpa sua!— vociferou a mutação de olhos cintilantes, enquanto os outros pulavam para dentro da vala. Me encolhi em uma das paredes, não tinha mais forças para lutar, não queria mais. Quando todos correram em minha direção, acordei aos berros. Estava em minha poltrona, não haviam mortos e nem bestantes, mas a culpa continuava lá. Era uma casa grande e eu estava sozinha. Tremendo e suada, me encolhi sem coragem de me mexer, lutando para respirar. Eu não voltaria a dormir.

Os primeiros raios de sol começam a entrar pela janela da sala e meus pensamentos vagueiam para ele, o dono dos olhos azuis. Meu garoto com o pão. Desde que Peeta me impediu de ingerir a pílula depois que assassinei Coin, não o vejo. Imagino se ele ainda está em tratamento no Capitol ou se já buscou seguir a vida em outro Distrito. Ele sempre teve o dom de enxergar as partes boas dos piores momentos. Até quando o Capitol apagou sua mente e o fez me odiar, Peeta conseguiu superar e impedir meu suicídio.

Eu sinto sua falta todos os dias e, quando eu finalmente descobri o amor que sentia por ele, todas as minhas chances de felicidade explodiram com aquelas bombas. Prim está morta, não há mais lágrimas para chorar. Peeta me odeia, Haymitch está mais bêbado que nunca e minha mãe está no Distrito 4, provavelmente se afundando em sua depressão. Eu a entendo agora. A dor que sinto me paralisa, me impede de respirar, é sufocante.

Me assusto quando Buttercup pula em meu colo, ele voltou após dias perambulando. Seu miado é sofrido, eu consigo sentir sua dor e sei que ele sente tanta saudade de Prim quanto eu. Esse gato horroroso é tudo que me resta dela.

Você é tão feio e ainda assim ela conseguiu te amar.— falo com a voz rouca pela falta de uso. O gato se aninha em meu colo e caio no sono com um pequeno sorriso no rosto, lembrando se como era bom se sentir amada por ela.


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Notas finais do capítulo

é isso, gente! Espero que gostem, não esqueçam de comentar se vocês gostaram, para que eu continue a escrever :)
Beijocas



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