O susto foi grande, minha mãe se sentou tentando sair do choque, meu padrasto ainda parecia digerir a notícia, mais se mantinha calmo e sereno, Lucas segurava em minha mão como forma de tentar me acalmar, e Fábio e Manu estavam sentados no sofá. Depois  de algum tempo minha mãe pronunciou algo.


— Tanto que eu avisei Luiza, falei mais vocês jovem parecem que não escutam os pais. Você sabe muito bem que ainda não terminou nem o ensino médio, e que isso vai te prejudicar mais na frente quando o bebê nascer, você vai precisar se afastar pra cuidar do bebê, existe a camisinha que é a forma mais segura de evitar filhos, o que deu em vocês? resolverão bancar os adultos sem serem?. – minha  mãe falou brava, enquanto meu padrasto tentava acalmá-la.


— Não foi nada planejado mãe, a gente esqueceu a camisinha eu sei que foi errado, sei que vou enfrentar uma barra pesada, mais eu já amo essa criança dentro de mim. Desde que eu descobri que iria ser mãe, senti um amor enorme, sei que errei e não me orgulho disso, mas agora  é criar coragem e enfrentar o que vem pela frente. – digo a minha mãe.


— Ao menos eu já tenho um emprego, vou poder ajudar nas despesas e o que mais for necessário. Claro que no começo vai ser muito difícil, e eu jamais vou abandonar a Luiza, erramos dona Tânia, mas como homem, eu assumo e vou fazer de tudo, pra esse bebê ter o que precisa. – Lucas se pronuncia pela primeira vez.


— Amor ele tem razão, o Lucas ganha um salário razoável lá na academia, vai poder ajudar bastante. Quando o bebê nascer compramos um berço e colocamos no quarto da Luiza, até a criança crescer e depois conforme o tempo passar, vamos pensando no que fazer. – Ricardo diz, minha mãe o encara, os olhos cheios de lágrimas. – eu sei que foi precoce, mas eles precisam do nosso apoio. – minha mãe concorda.


— Oh minha filha, você será mãe e um dia vai entender toda minha preocupação, com você e seu irmão. Vou marcar uma consulta com a minha ginecologista, e depois vamos pensando no que fazer, mais o melhor agora é jantarmos e termos uma boa noite de sono, para pensarmos com mais clareza amanhã. – minha mãe diz, se encaminhado pra cozinha e já começando a preparar o jantar, fui ajuda-la e  preparamos um macarrão que é algo mais rápido. Quando estava pronto, nos encaminhamos pra mesa, conversa vai, conversa vem, começo a sentir um desejo e logo olho pra Lucas, não quero atrapalhar seu jantar, mas o desejo era mais forte.

— Lucas, eu quero comer quiabo. – digo, ele me encara confuso.


— Quem? perguntou ele, enchendo a boca de espaguete.


—  Quiabo, sabe? Aquele vegetal, fruta, sei lá o que é aquele negócio – eu fiz sinal de descaso com a mão – O importante é que eu quero comer quiabo, mergulhado em chandelle de chocolate.


— Ficou maluca amor ? – guinchou ele, soltando os talheres.


— E sorvete de flocos, para misturar com o macarrão. – os meus olhos brilhavam, só de imaginar  – Ai, tá dando água na boca só de pensar. E suco de pêssego com abacaxi e goiaba. E talvez umas folhinhas de hortelã e uns pedacinhos de gengibre.


— Amor tá com febre? Quer ir pro hospital? – Lucas perguntou preocupado, mas eu nego.


— Eu tô com desejo. - resmunguei, começando a chorar – Porque Lucas ? Porque essa gravidez tem que me deixar tão maluca? Tão estranha? Tão emotiva? Tão GORDA?



— Hã... Quiabo você disse? E flocos, né? – ele perguntou, se levantando depressa. Já era difícil lidar com uma Luiza teimosa,  imagina com ela emotiva.



— Você vai me largar por uma vadia qualquer . – ela soluçou – Porque eu tô gorda, que nem uma porca que vai virar bacon e... Bacon é uma boa ideia. – eu paro do nada, mas logo volto a chorar – Você me engravidou e não me ama mais.


— Preferia a teimosa. –  ele resmungou, ajoelhando em frente da namorada  – Amor, olha para mim. – eu viro o rosto para Lucas, ele seca as minhas lágrimas – Você está linda, maravilhosa. Sua barriga é a coisa mais linda do mundo, porque dentro dela esta a pessoa que eu mais amo, além de você. Eu não vou te trocar por ninguém, nem hoje e nem nunca, você vai ter que me aguentar para sempre. – ele me diz.

  - Eu já falei que eu te amo? – pergunto, abrindo o sorriso que ele mais amava.


— Hoje ainda não. – ele me deu um selinho, descendo os beijos para a barriga – Bebê, faça companhia para a mamãe, que o papai vai no mercado. Não quero você com cara de quiabo e nem de sorvete.


— E lembra do bacon. E cheddar em creme. – os meus olhos brilham enquanto Lucas ria, concordando.

— Tudo que você e o bebê quiserem. – ele levantou, e saiu pela porta indo pro mercado.


Eu voltei a comer seu macarrão, sorrindo satisfeita.


— É anjinho você pode ter vindo muito cedo, mais prometo que eu e o papai faremos o possível para cuidar de você muito bem, isso eu garanto. – digo e volto a colocar mais uma garfada de macarrão na boca, pensando no que a vida me reservaria daqui pra frente.