Royalty escrita por Bella Aurora


Capítulo 13
O que aconteceu?


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi. Voltei. É, consegui terminar também e o próximo capítulo já está em andamento, então lá pela quarta da semana que vem eu posto outro.
Muito bem, uma coisa: eu estou pensando em programar a postagem do capítulo 15 e 16, porque eu vou estar de férias (ALELUIA SENHOR) e não vou conseguir entrar, então no mês de fevereiro acho só vai ter 3 capítulos em vez de 4.
Fora isso, tudo tranquilo, meu período como bolsista acaba hoje e eu dei uma de rebelde, deixando pra postar o capítulo aqui no trabalho mesmo.
Outra coisa: vocês gostaram do último capítulo na voz do Justin? Porque se sim, eu me esforço pra fazer outro (provavelmente o 17 daí).
AH! Outra coisa, juro que é a última: eu fiz uma playlist no Spotify com as músicas que me ajudaram a escrever a fic, e se vocês quiserem eu posso disponibilizar o link pra vocês, mas é só uma ideia, okey?
Já deu, que essas notas que tão muito longas.
Curtam o capítulo,
Beijos,
ArU.
(Ah, obrigado pela mensagem Angelique, e não, eu não estou tentando matar ninguém do coração, hahahah. Beijos, aimer)



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Olhe para aquela garota ali, deitada no chão.

Olhe bem de perto.

Aquela mesmo, deitada em posição quase fetal na terra lamacenta em meio a uma floresta durante uma forte tempestade. Com o vestido tão rasgado do lado direito que era possível ver a saia de armação, com os sapatos de salto baixo jogados ao seu lado. Um filete de sangue escorrendo por sua testa, os braços arranhados e vermelhos com o que parecia ser uma urticária. Com o corpo entrando no primeiro estágio da hipotermia, tremendo para produzir calor e aumentar sua temperatura.

Aquela garota, com uma possível costela quebrada por ter descido rolando uma ribanceira de quase 10 metros depois de ter sido jogada longe por seu cavalo favorito. Uma contusão atrás do pescoço que já estava ficando roxa e uma fome, ah; uma fome infernal.

É, aquela sou eu.

Como eu fiquei assim, você deve estar se perguntando.

Bom, me acompanhe então, porque eu também estou tentando entender.

...

Eu não fazia ideia do que estava acontecendo.

Ou melhor, do que havia acontecido, porque quando acordei eu já estava sobre uma cama quentinha sentindo algumas partes do meu corpo latejarem.

Mas, vamos por partes, não?

Onde eu estava mesmo? Ah, é. Saindo para cavalgar.

Não, eu não estava fugindo, princesas não fogem das responsabilidades; elas dão um jeito de escapar com graça de situações estressantes.

Tudo bem, talvez eu estive tentando mesmo fugir, não de propósito, é claro.

Mas eu só havia percebido as nuvens de tempestade quando já estava dentro da floresta com Trami, bem perto do meu destino final, a cachoeira que ficava quase no limite da propriedade do castelo.

O que, considerando o tamanho da propriedade que tínhamos, era bem distante do castelo na verdade. Mas meu objetivo era esse, me afastar um pouco da pressão do baile estar cada vez mais perto. De ter que tomar uma decisão final sobre o meu próprio destino e apenas aceitar que não podemos ter tudo nessa vida.

Uma pequena amostra do que seria ser livre.

Era isso que eu sentia andando pela floresta sem nenhuma supervisão, sem nenhum guarda fingindo que só estava passeando por ali, pra ficar de olho em mim. A sensação de liberdade não deixava o sorriso sair do meu rosto.

Quando os pingos de chuva começaram a cair, eu não havia pensado que as coisas poderiam ir tão mal, tão rapidamente.

A chuva começou a cair forte e eu não conseguia enxergar nada direito, passei uma mão sobre os olhos mas de nada adiante com a força da água que caia sobre mim.

"Eu tenho que sair de cima de Tramonto. Desmontar. Tenho que achar um abrigo para nós."

 Eu não tive nem tempo de descer da sela quando um raio cortou o céu, seguido por um trovão.

Agora vou contar uma coisa que se não fosse meio trágico, seria até engraçado.

Cavalos puros, que servem a coroa, são treinados para sempre se manterem calmos. Não são cavalos selvagens e, até hoje, só conheci um dos nossos cavalos que tivesse medo de cobras e animais silvestres.

Isso porque eles são treinados para perderem esse medo. Eles não podem se assustar com um mínimo movimento estranho e por em risco a vida do cavaleiro, não enquanto servem a família real.

E, por pior que possa parecer, eu me encaixo nessa família ali em cima.

A família real e tudo mais.

Mas, ninguém ensina os cavalos a não terem medo de fenômenos da natureza. São fenômenos da natureza, por deus, até o homem tem medo deles; nunca vi ninguém que gostasse de uma enchente.

Mas eu não tinha pensado muito no assunto até um raio cortar o céu acima de mim, clareando a floresta o suficiente para eu conseguir reparar que estava perto da margem uma ribanceira, bem perto de onde eu queria realmente estar; claro que depois do raio, um trovão se seguiu tão alto que as árvores ao meu redor pareceram tremer; e Tramonto relinchou assustada.

Ela se empinou pra cima e eu não consegui me segurar rápido o suficiente em sua crina para não jogada para trás. Caí no chão em um baque surdo e ouvi quando meu braço estralou embaixo de mim.

"Que não tenha quebrado, por favor."

Levantei a cabeça e mesmo com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, rolei consciente para o lado quando vi as patas de Tramonto virem na minha direção.

Todo cavaleiro sabe que quando se cai de um cavalo a primeira reação que você deve ter é se afastar o máximo possível dele, para evitar ser pisoteado até a morte por um animal em estado de choque e pânico.

Eu só não contava que com o meu deslocamento para a direita eu fosse encontrar a beira do barranco onde eu antes queria chegar. E que eu desceria ela rolando, com as mãos levantadas tentando proteger da melhor forma possível o meu rosto, sentindo ao longo do caminho os espinhos passarem pela minha pele, ardendo, alguns até mesmo ficando presos nos cortes.

Quando cheguei a terra plana, tentei me arrastar parando assim que vi que na verdade eu me aproximava de uma árvore. Eu não tinha forças nem para falar, que dirá levantar e tentar chegar até Tramonto, mas fui esperta o suficiente para colocar um pouco de distância entre mim e a árvore mais próxima. Árvores, tempestades e raios não combinam com a palavra vida.

Fiquei parada no chão, deitada, sentindo os pingos da chuva caírem sobre mim e o sangue escorrendo pelos meus braços. Comecei a sentir frio, com a ponta dos dedos ficando dormentes e fiz o meu melhor para me manter aquecida me colocando em posição fetal, com os braços próximos ao corpo, esperando alguém me achar.

Rezando para que alguém me achasse.

A França poderia ser católica e não protestante, e minha mãe poderia dedicar uma boa parte de seu tempo se dedicando a Deus e a orações. Agradecendo e pedindo por nosso povo, mas eu não estava tão acostumada a manter uma linha direta com o divino lá de cima.

Mesmo assim, rezei. Pedi para que alguém me encontrasse, pedi que Ele me deixasse voltar para minha família, prometi que eu daria um jeito, que seria compreensiva com as pessoas, teria mais empatia, saberia lidar mais com situações difíceis. Prometi que seria uma boa rainha, se conseguisse. Que lideraria com dedicação, com bondade e ternura, e que sempre colocaria em primeiro lugar o meu povo. Que eles mereciam minha total dedicação.

Ainda estava rezando e pedindo quando senti dois braços me segurarem e dizerem que tudo ficaria bem, que eu estava segura.

Senti um perfume de madeira e menta e me segurei a ele como se fosse minha tábua de salvação. Como se eu pudesse mesmo ser salva.

E, quem sabe, eu não poderia mesmo.


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