Uma Ajuda Inesperada - Oneshot escrita por Amesdlyn


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Como sempre, eu e minhas idéias loucas. Espero que gostem!



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A mulher no espelho me encarava. Era seu dia especial, era pra ser o maior dia da sua vida, aquele que todos costumam se lembrar pro resto da vida, um dia alegre e festivo. Mas ela nem sequer sorria.

—-Bella?

Uma voz me tirou de meus devaneios e eu chacoalhei a cabeça para espantar aqueles pensamentos. É claro que eu estava feliz, oras. Eu tinha tudo, dinheiro, beleza, uma carreira de sucesso, mais dinheiro, um noivo também rico, ambos pais vivos e com saúde e uma linda irmãzinha. Não tinha motivos para eu me sentir daquela maneira, como se algo faltasse. Estava tudo perfeito.

—-Sim? -- Eu sorri e me virei. Era minha mãe, ela me examinou e quando não encontrou algo que procurava, me abriu um sorriso de volta.

—-Você está pronta, querida? -- Ela perguntou, e eu senti que havia algo nas entrelinhas. Ou era só coisa da minha cabeça mesmo.
Eu assenti e me levantei. Todo o vestido se ondulou a minha volta, as pesadas jóias tintilaram e minha mãe arfou.

—-Está tão linda! -- Disse com a voz recheada de emoção, os olhos brilhando com as lágrimas contidas. Eu rolei os olhos, mas abri outro sorriso para ela.

—-Obrigada, mamãe. A senhora está muito bem também. Onde está papai? -- Indaguei dando as costas para o espelho e indo em direção ao aparador com o buque de rosas vermelhas em cima.

—-Bem aqui, criança.

Me virei para meu pai, que havia chegado e enlaçado a cintura de minha mãe. Ambos me encaravam com os olhos brilhando, me deixando desconfortável. Uma coisa é a atenção do mundo em suas costas, outra é a de seus pais que te conhecem melhor que você mesma. Ou costumavam conhecer.

Meus olhos captaram um movimento da mão de meu pai e eu notei uma caixinha em sua mão. Minha mão voou até minha boca quando me dei conta do que se tratava.

—-Não acredito! -- Arquejei, indo rapidamente até eles. Minha mãe pegou a caixinha de meu pai e a segurou junto do peito.

—-Sim, meu amor. É a tiara. Mas eu só lhe darei com uma condição. -- Ela disse suavemente, mas a voz estava firme. Eu a olhei surpresa.

—-Sim? -- Indaguei.

—-Você tem que jurar aqui, diante de seus pais, que está de fato feliz. Ainda dá tempo de voltar à trás, você não é obrigada a nada. -- Ela disse pausadamente, olhando fixamente em meus olhos.

Eu sabia que qualquer movimento em falso me denunciaria e ela acabaria com tudo por mim. Mas não precisava acabar nada, eu estava feliz, eu tinha que estar. Meu casamento fecharia um negócio de milhões para a empresa do meu pai, ajudaria em minha carreira, e eu seria feliz com Jared.

Então, ainda encarando os claros e intensos olhos azuis de minha mãe, eu sorri mais uma vez.

—-Não tem ninguém fazendo nada obrigado aqui, mamãe. -- Falei suavemente, para tirar toda as questões da mente dela.

Ela levou mais alguns segundos me examinando, mas então suspirou e assentiu.

—-Certo. É sua. A tiara que sua bisavó usou no casamento dela. -- E me estendeu a caixinha de veludo azul escuro, jóia delicada e extremamente linda dentro.

Meu pai ergueu a mão e acariciou meu braço. Antes de abrir a caixinha, eu o olhei e o encontrei me encarando sério. Eu sabia que ia vir mais outra chance, mas ele me surpreendeu e não abriu a boca. Só que eu consegui ler toda as palavras mudas em seus olhos, e o que eu fiz foi assentir uma vez.

E então eu murchei. Não queria por mais a tiara. Não parecia uma ocasião especial o bastante para ela. Ela deveria brilhar e naquele momento ela só ficaria ali. Então eu suspirei e estendi para minha mãe a caixinha de volta.

—-Não irei usa-la. Angie merecerá mais do que eu. Passe para ela.

E foi ali que eu me entreguei, eu sei. Mas não liguei. Não falei mais nada e nem eles.

—-Tem certeza? -- Mamãe sussurrou, mas já havia pego a caixinha. Eu assenti.

—-Muito. -- Papai apenas suspirou e então me deu a mão.

—-Está na hora. -- Ele disse. Eu assenti, respirei fundo e me endireitei.

Mamãe foi na frente enquanto segui atrás com papai, nossos braços dados.

—-Eu te amo muito. -- Ele sussurrou. -- Você e Angie são meus maiores tesouros, nunca se esqueça disso.

Eu engoli e assenti, sem forças pra falar e segurar as lágrimas ao mesmo tempo.

Já havíamos descido a escadaria principal, vi toda a decoração interior e suspirei. Era perfeita. Perfeita até demais. A cerimônia seria no jardim dos fundos da casa e a festa seria aqui dentro, era a casa dos pais de Jared, já que nesse ano meus pais resolveram se mudar para um apartamento em NY com Angie e deixar a luxuosa casa deles em LA para trás. .

Quando chegamos perto da saída, me desvencilhei de me pai, pois entraria sozinha. Eu queria que ele entrasse com minha mãe, não gostava da ideia dela ir sozinha. Eu já estava acostumada a desfilar, de qualquer maneira.

—-Eu amo vocês. -- Sussurrei enquanto era beijada por ambos. Eles não disseram nada, mas a emoção estava estampada em seus olhos. E eles se foram.

Minhas mãos começaram a suar e meu coração acelerou. Era agora. E eu não estava pronta. Eu achei que estivesse, mas não estava.

E eu senti vergonha. Pelo amor de Deus, eu era Isabella Swan, a modelo mais famosa da Victoria Secrets, uma das mais conceituadas de toda a América! Não era um casamento que iria me deixar nervosa. Então respirei fundo, revirei os olhos para minha atitude ridícula e me aproximei da saída.

—-Espere!

O susto me fez virar rapidamente e eu quase me desequilibrei, ficando em pé no último segundo. Foquei a visão e vi uma mulher morena, com feições delicadas, longos cabelos negros e a pele em um marrom-avermelhado. Ela vinha em minha direção e parecia afoita.

—-Quem é você? Quem lhe deixou entrar aqui? Como entrou aqui? -- Disparei. Mas ela fingiu que não me ouviu, porque simplesmente segurou em meu pulso e me puxou com ela para o canto da sala. -- Hey! Me solta!

E com um puxão eu me soltei de seu aperto. A encarei cega de raiva.

—-Quem pensa que é para agir dessa maneira? Vá embora agora que não chamo os seguranças!

Ela suspirou e continuou a me ignorar. A mulher pegou algo no bolso que depois vi ser seu celular. Mexeu por meio segundo nele e então me entregou.

E dessa vez meu coração não acelerou, mas sim perdeu uma batida. Eu encarei bem a foto e então, com nojo, passei para o lado, e havia mais e mais e mais...

Quando acabou, a mulher pegou o celular de minha mão, mas a segurou.

—-Você deve estar sentindo repulsa de mim agora, mas acredite, fui tão vítima quanto você. Meu nome é Kim. Ele nunca comentou nada sobre ter uma noiva, até que eu vi no jornal hoje. Fique com o celular, com as provas. Eu não quero mais nada dele. E nem você deveria querer.

Então ela se afastou.

Eu não conseguia me mexer. Durante um bom tempo meu cérebro ficou reprisando as fotos que eu acabara de ver do homem com quem eu estava indo para me casar com outra, foto se beijando, foto nu e até coisas piores.

Mal deu tempo de eu encontrar um vaso e vomitar tudo o que havia comido ali dentro. Eu estava com asco. Ontem mesmo havia sido tocada por aquele verme e de repente me sentia suja, imunda, doente. Mas eu não tinha culpa e por isso redirecionei minha raiva. Arranquei os saltos, os jogando longe, joguei o buque e apenas com o celular na mão sai pela porta.

Acharam, obviamente, que era minha entrada, mas ao passo que comecei a correr o burburinho começou. A música não conseguiu me acompanhar e por isso parou e quando eu cheguei a um pé de distância de Jared, encarei sua fuça nojenta que se encontrava confusa e não medi a força do tapa.

O arquejo da multidão foi alto.

—-Mas o que é isso? -- Escutei a voz do pai dele rugir.

—-O que está acontecendo, está louca? -- A mãe dele ladrar.

Esperei Jared me encarar de volta e quando o fiz, lhe meti outro tapa.

—-Alguém segure ela! -- Alguém gritou.

Mas eu devia estar com uma aparência tão diabólica que ninguém se atreveu. Até que senti braços me envolverem.

—-Bella, o que-? -- Jared tentou, mas eu vi sangue.

—-NÃO SE FAÇA DE SONSO! -- Berrei e então me virei para quem me segurava. Era meu pai. Eu empurrei o celular em seu peito e me afastei. -- Eu estou bem. Eu estou ótima! Eu quero dizer, eu nunca estive melhor! Olhe com seus próprios olhos.

Ele segurou o celular, sem entender nada e então o olhou. Eu vi quando o rosto de meu pai se transformou de confusão para ódio e ele passou o celular para minha mãe.

—-O que está havendo? -- A mãe de Jared tentou outra vez. Eu olhei para ela e abri um sorriso de escarnio.

—-O que está havendo, Sra.Cameron, é que seu precioso filho aqui não conseguiu segurar o pinto dentro das calças. -- Disse, com todo o veneno que conseguia. E olhei para Jared, que estava com ambas as faces do rosto vermelhas e inchando. -- Não é, Jared?

—-Eu não sei do que está falando, Bella!

Eu gritei alto de frustação e já ia partir pra cima dele de novo, se não fosse meu pai me segurar. Jared se afastou um passo e então... Sorriu. Abriu um largo sorriso.

—-Na real... É verdade. Chifrei a Bella, e chifrei com gosto. E não foi uma vez só não, e nem com uma.

Se não fosse Sam aparecer em nossa frente, ambos, meu pai e eu havíamos pulado em Jared. Então, com o ego ferido e me sentindo extremamente humilhada, fiz a única coisa que me pareceu certa. Eu corri. Corri com toda velocidade que consegui, deixando os chamados por mim para trás.

Eu apenas corri e só parei quando meu pulmão ofegante estava trincando minha garganta. Eu não sabia onde estava, não prestei atenção por onde corri, e quando encontrei um meio-fio, me joguei nele e deixei as lágrimas que segurei por anos escorrerem.

Ali, numa rua qualquer de Los Angeles, estava Isabella Swan sentada em seu vestido de noiva de quase um meio milhão de dólares, com jóias pesadas e caras, mas em trapos. De tanto eu ter chorado, meu rosto devia estar manchado com a maquiagem, eu estava muito suada e sabia que meu cabelo estava todo desarrumado.

Mas pela primeira vez, em muitos anos, eu não me importei com minha aparência. Depois de chorar até me sentir seca, levantei minha cabeça e olhei para o lado. Havia pessoas passando por ali, e a maioria passava me encarando. Meu estado de humilhação estava apenas começando, porque eu sabia que assim que eu acordasse no dia seguinte, eu estaria em muitas capas de revista e na primeira folha em jornais.

Suspirei derrotada e olhei para os lados, vendo uma escada para o metro. Não pensei duas vezes: me levantei e quase corri para lá. A fila da bilheteria havia pouco menos de dez pessoas, e aí que eu me toquei que estava sem nenhum tostão. Quase desistindo, levei a mão ao rosto para esfrega-lo pela frustração, mas parei-a no meio do caminho, vendo o anel de 60 quilates ali. Eu tinha que me desfazer daquilo e com o valor dele eu poderia comprar tickets pelos próximos cinco anos.

Quando chegou minha vez, segui para o caixa e fui recebida por um olhar de surpresa e choque da moça do outro lado do vidro. Ela não falou nada, mas dava pra ler muito bem o que ela pensava por meio de suas expressões.

—-Um ticket, por favor. -- Falei. Cheguei a me assustar com a aspereza de minha voz e de como ela parecia morta, sem entonação.

—- Dois dólares, senhora...Ita. -- Gaguejou, me passando o bilhete. Eu retirei o anel do dedo e passei pra ela por baixo do vidro.

—-São 60 quilates, acho que dá. -- Resmunguei.

Os olhos da menina viraram pratos de tão grande que ficaram, e seu queixo caiu ligeiramente. Eu a deixei lá e segui para as catracas, onde deixei o bilhete e segui para o metro. Não vi qual linha estava pegando, apenas entrei no primeiro que parou, e quando avistei um banco livre, me sentei.

Devastada, sem vontade de nada, com dor nos pés descalços, suada e me sentindo ridícula naquele vestido exagerado, eu enfiei minha cabeça entre as mãos e bufei. Eu não amava Jared, nunca amei. Apenas dávamos certo e éramos bom juntos na cama, o detalhe da empresa de meu pai precisar do contrato com a empresa do pai dele era o que segurava nosso relacionamento.

Mas então... Por que eu estava tão chateada? A resposta veio tão rápida quanto a pergunta. Meu ego, sempre elevado por conta de meu trabalho e riqueza, estava mais baixo do que a raiz de uma árvore. Eu estava frustrada de não ser o suficiente para Jared. Eu estava frustrada porque não vi antes. Eu estava frustrada porque estava indo para me casar com alguém nojento. E eu estava com as imagens na cabeça, ainda, me fazendo sentir nojenta.

Eu me encolhi quando senti alguém se sentar ao meu lado, e quase saí correndo quando braços me envolveram. Eu só não o fiz por entrar em choque. Alguém havia me encontrado? Eu não queria ir para casa! Não queria ter de enfrentar todos e ver suas feições de solidariedade.

Então, algo ainda mais esquisito aconteceu. Seja lá quem foi a pessoa que me abraçou, contra minha vontade, começou a falar alto, se dirigindo à mim, mas parecia mostrar para os outros.

—-Até que enfim encontrei você! -- Eu tinha que admitir, era uma voz muito bonita. -- Nunca mais faça isso, querida, você me assustou tanto! Imagine o que poderia ter acontecido contigo?! Não me importo se você não estava preparada, eu te amo mesmo assim e irei esperar!

Meus olhos deviam estar do mesmo tamanho que os da moça da bilheteria haviam ficado. Muito lentamente, eu me virei para o homem e senti meu coração acelerar com aquilo. Pronto, eu iria ser sequestrada e provavelmente morta... Por um cara muito bonito.

O homem era branco, mas estava corado, pois seu pescoço e bochechas estavam vermelhos. Ele tinha uma barba por fazer, quase uma sombra, maxilar quadrado, lábios finos e rosados, um nariz reto que parecia ter sido esculpido por alguém. Acima do nariz, estavam o mais lindo par de olhos verdes que eu havia visto em minha vida e no topo, uma selvageria de cabelos cobres.

Eu abri a boca para falar algo, mas minha voz ficou presa na garganta. O homem então olhou para mim, me deu um sorrisinho pequeno e discretamente piscou o olho esquerdo.

Mas eu não tinha mais vontade de fugir. Ele estava me livrando dos olhares piedosos e confusos dos outros passageiros, então para colaborar, eu passei meus braços por seu pescoço e enfiei minha cabeça lá. Ele tinha cheiro de bebê.

O que eu não esperava era que os passageiros iriam dar uma salva de palmas, mas foi o que eles fizeram.

—- À propósito, noiva de mentirinha, meu nome é Edward e não, não quero te sequestrar e te matar antes que pense nisso. Ou já tenha pensado. Estou te ajudando, e não me diga que não quer ajuda, por isso grita em neon por seu corpo. -- Ele sussurrou em meu ouvido.

—-Bella. -- Foi o que eu sussurrei de volta, após assentir.

De alguma forma, nos braços daquele estranho que, mesmo com suas palavras, ainda podia me sequestrar e me matar, eu me senti segura. Eu deveria estar ficando louca, mas deveras.

Quando o metro parou, ele segurou minha mão, abraçou meus ombros e me guiou para fora. Quando alcançamos a plataforma, eu pude me afastar e me virar para ele. Edward era bons centímetros mais alto que eu, e olha que eu tinha 1,77, e seu porte físico era de um nadador.

—-Bella... -- Ele sussurrou, me estendendo a mão. -- Não precisa confiar em mim, só me deixe te ajudar. Meus pais moram aqui perto e minha irmã poderá te emprestar umas roupas...

Eu realmente não tinha pra onde ir. Eu não queria pegar mais metros e sentir mais olhares em mim. E se eu estivesse indo pra ser morta, pelo menos seria uma manchete trágica onde sentiriam pena dos familiares, mas não de mim.

E com aquele pensamento horroroso e egoísta, eu segurei sua mão. Edward abriu um sorriso de dentes e me puxou.

—-Vem, eu vou cuidar de você. – Prometeu, com os olhos intensos.

E ele vem fazendo isso e cumprindo sua promessa até o dia de hoje.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, meu povo!! Eu amei escrever isso!
Merece review? Vou adorar ler suas opiniões! Beijos ❤