Romeo escrita por Naless


Capítulo 1
One.


Notas iniciais do capítulo

Olar pessoas bonitas! ♥
Comecei a fazer essa One bonitinha aqui um dia aí, e só finalizei ela agora :v
Não me culpem por não continuar Bring, e só para ficarem muito felizes, estou fazendo o capítulo novo :D
Então! A One tem uma trilha sonora, já na primeira palavra vou deixar o link (: Por favor, deixem a música começar a tocar antes de ler a história!!!
Muito obrigada e boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732238/chapter/1

O ambiente a sua volta não lhe era interessante.

As pessoas que andavam não chamavam sua atenção, as roupas espalhafatosas que utilizavam não condiziam com o evento, que tem caráter simples. As vozes gritantes não eram escutadas, tentava silenciar o máximo que podia, pois a música que a banda local tocava trazia calma em seus pensamentos perturbados. Era degradante estar em um ambiente que mais lhe trazia desconforto que bem-estar, ainda não queria ir embora, fazia menos de dez minutos que havia pisado no pátio, para além de ser um convidado do anfitrião, não poderia ir naquele momento. Esperaria por mais, talvez vinte minutos fossem o suficiente.

Os outros convidados tentavam puxar assunto, mas suas respostas vagas suspendiam qualquer possível diálogo. Imaginava que era falta de educação, mas logo recusou o conceito, seu dia não havia sido bom, não estava se achando bonito e suas habilidades sociais haviam sido zeradas no momento em que acordou. Deu de ombros, não perderia tempo pensando futilidades. O ambiente não estava lhe agradando, e não era por menos: o lugar, embora aberto, era pequeno; parecia haver mais pessoas que oxigênio na Terra; os convidados, definitivamente, não sabiam conversar em voz baixa, até entendia que a música estava alta, mas realmente precisava gritar no seu ouvido?

Desejava mudar de ambiente, ou os vinte minutos passariam a ser dois. Olhou em volta procurando por qualquer lugar que fosse mais calmo. Perto do palco não parecia ser uma boa ideia, olhou para a casa atrás de si e pensou na quantidade de casais que poderiam estar se agarrando, talvez onde as bebidas estavam localizadas seria um lugar melhor. Parecia ser uma boa ideia, até perceber que havia muitas pessoas em volta. Desistiu nos primeiros passos, deveria haver um mísero lugar naquele jardim onde poderia descansar sem ser incomodada.

Olhou em direção a casa, ficando surpresa por não ter visto um pedaço do céu assim que chegou: um espaço na varanda escondido no meio de tanta gente. Não queria saber dos que andavam em sua direção, apressou-se para chegar no local. Ficou feliz ao perceber que ali havia uma cadeira, e para seus pés cansados, aquilo era uma recompensa. Sentou sem fazer cerimônias, esboçando apenas um sorriso límpido quando sentiu seu corpo relaxar com o conforto da cadeira. Passaram perto de si oferecendo bebida, e de bom grado aceitou. Encheram seu copo sem piedade, se tinha como meta sair sóbria da festa, desistiu no momento que bebeu o primeiro gole.

Não sabia o que tinha e qual mistura feita, mas sua garganta queimou ao sentir o álcool descer. Decidiu ingerir devagar, assim aproveitaria mais da festa sem ter que se preocupar consigo mesmo. Os olhos castanhos passaram a observar os corpos andantes e seus movimentos. Achou engraçado que, as pessoas próximas do palco improvisado, dançavam estranhamente. Elas levantavam seus copos, mexiam as cabeças e corpos de maneira desarmônica a música. Na cerca de madeira lateral esquerda do jardim, encontrava-se os bêbados sem bom senso, sabia como caracterizá-los após ter visto as mesmas pessoas pegando uma quantidade absurda de álcool e, sem fé na vida, tomavam como se fosse água. Poderia contar um minuto, que os abençoados voltariam buscando pela absurda fonte de loucura.

Na cerca lateral direita, o anfitrião colocara cadeiras, mesas e espreguiçadeiras espalhadas. Era um bom local para aproveitar a festa, mas assim como o canto das bebidas, estava cheio de pessoas, porém ele não se sentia social o suficiente para conversar com qualquer um que estivesse ali. Não tinha muito assento, portanto todos estavam ocupados, o que não impedia que pequenos grupos se formassem e, querendo jogar conversa fora, os sujeitos sentavam no chão.

Perto da varanda da casa, havia mais cadeiras, porém nelas se encontravam casais de diversos tipos se agarrando. A cena não lhe enojava, pelo contrário, fazia sentir um vazio dentro de si. Sua mente dizia para ignorar, porém sua alma pedia para que qualquer pessoa, independente de quem, aproximasse de si e puxasse conversa. A solidão aumentava a medida que percebia que os casais, além de se beijar, mantinha uma conversa fluída com sorrisos abertos a todo momento. Queria enterrar o sentimento, então resolveu observar as pessoas dançantes.

Era, de fato, engraçado.

Se pegou rindo de algumas atitudes, mas para não chamar atenção, colocava o copo na boca e bebia um pouco. Os vinte minutos haviam passado, mas não se apercebeu disso. A bebida forte começou a fazer efeito, deixando-a um pouco zonza e desorientada. Devido o cansaço, o sono começara a ser presente, pensou que talvez essa fosse a hora de ir embora. Antes de levantar-se, observou pela última vez o jardim, mas desta vez, examinando pessoa por pessoa. Independente de como sairia, gostaria de se lembrar dos participantes da festa. Até porque, sabia que o anfitrião viria conversar depois sobre o que aconteceu.

Achou interessante os estilos diferentes de cada um. Alguns demonstravam ser punks, outros hippies e, para sua surpresa, glam e geek. Havia muitas pessoas ali. Se divertiu ao pensar que, embora os punks aparentem ser bêbados de carteirinha, os que mais enchiam a cara era os que se vestiam com as roupas caras. A ressaca seria poderosa no outro dia, e o pensamento a fez sorrir abertamente. Sua última observação foi para o canto direito, e olhando atentamente, notou que ao lado do palco, porém próximo a cerca, havia um homem solitário. Ele poderia estar desacompanhado ou esperando sua companhia chegar, porém as características, bem como o modo de se vestir e feições o atraíam de tal modo, que não se importaria se alguém o beijasse naquele momento.

O cabelo castanho era grande, percebia por estar amarrado para trás. A barba fazia contorno pelo rosto, sendo completada pelo bigode, não era grande, mas lhe dava um certo charme. Diferente dos demais, estava sem blusa, porém ao olhar o resto de sua vestimenta, viu que a camisa estava amarrada na alça da calça. Devido a seminudez, pôde perceber duas tatuagens em seu antebraço. A primeira era claramente uma âncora, e a segunda, abaixo o desenho, uma frase. Mas a distância entre o sujeito dificultava o entendimento, sabia que havia uma frase, o que era, permaneceu como mistério.

Seu corpo não era magro ou cheio, mas se encontrava no intermédio. O abdômen não era definido, sequer mostrara que antes fora, parece que o homem queria chegar aquele corpo e estava confortável do jeito que estava. Os braços, no entanto, pareciam não acompanhar o corpo, pois eram um pouco mais finos. Não demonstravam ser flácidos, porém também não mostravam estar musculado.

Mas o que havia atraído sua atenção, era a forma elegante que o cigarro era posto em sua boca.

Ele tragava, abaixava a mão e, quando fosse soltar a fumaça, encostava a cabeça no cerco de madeira. Era elegante o movimento que o braço fazia e o modo como o cigarro descansava entre os dedos, com a palma da mão virada para si. Observou por tanto tempo, que não sentiu que o mesmo homem passara a observá-la. Isolado de comunicação humana, o moreno permitiu a música entrar em contato com seu âmago, via a necessidade de seus pensamentos se elevarem.

Havia sido convidado por outro convidado, sentia-se um penetra. Não estava a vontade para perambular pelo local sem conhecer as pessoas, e o que havia convidado, estava aos amassos com alguém em alguma parte da casa. Poderia entrar em qualquer grupo existente, mas entendia que precisava estar sozinho naquele momento. Seus pensamentos caóticos estavam o deixando irritado, e estar ao lado da banda, recebendo a música sem interferência, acalmava-o. Os olhos castanhos fixavam na estrutura precária do palco, mas não se preocupava com possíveis acidentes, visto que não tinha percebido nenhum perigo existente.

Foi após minutos de reflexão que sentiu a sensação de ser observado. Olhou para os lados querendo saber se alguém demonstrava interesse, porém as pessoas próximas estavam entretidas em suas próprias conversas. O espectador estava longe. Precisou mudar sua posição para ver quem te reparava. Ficou surpreso ao notar a diferença nítida entre o observador para as pessoas da festa. As roupas eram simples, uma calça jeans justa com uma blusa amarela solta. O cabelo castanho claro curto contrastava com a pele morena.

Achou intrigante o modo como o observador o olhava, não era de forma sexual, sequer desprezo. Seu olhar demonstrava um certo fascínio, o que era estranho para ele. Por qual motivo alguém o olharia com encanto? Era uma pessoa normal, por deus. Quis descobrir, tragou o cigarro pela última vez, jogou no chão pisando em cima para apagar e foi na direção de quem o olhava. Soltou o cabelo, para em seguida bagunçar levemente. Pensou em acender outro cigarro, mas desistiu, talvez aquela pessoa não fosse fã do cheiro ou quisesse dispensar assim que o visse fumando.

Não queria ser expulso antes de conhecer as razões do olhar.

O jardim era pequeno, então logo chegou ao local. Achou engraçado quando quem lhe observava, mostrava-se surpreso. E ela de fato estava. Mesmo que o homem tivesse movimentado e começado a andar, jamais imaginou que ele viria em sua direção e estivesse em pé olhando para ela com um sorriso bobo no rosto. Se houvesse a chance de desaparecer magicamente, ele faria em um minuto. Havia ficado tão fascinado, que não entendeu a lógica dos movimentos, ou será que tinha bebido demais? Considerou cheirar a bebida para saber se tinha algo ali, mas pensou que seria estúpido demais fazer na frente da pessoa que estava admirando.

O homem desconhecido olhou para os lados, avistou uma cadeira e buscou, colocando depois em frente do observador misterioso. O moreno tentava manter seus olhos fixados no dela, mas ela ficava a todo momento desviando e olhando para outras direções. Ela olhava tudo, menos os olhos castanhos do rapaz. Ficaram nessa brincadeira até ele decidir que queria ouvir a voz dele. Qual seria o timbre? Será que combinaria com os olhos cor de mel?

O moreno pensou no que poderia falar, talvez citasse a festa ou o grupo estranho que estava dançando, ou simplesmente fato de ter percebido a observação… Não, definitivamente o último tema não seria abordado, não queria constrangê-la e dar um motivo para correr dali. Teria que ser algo simples, porém o suficiente para deixá-la solta, agora, o quê? O cabelo, a roupa, a cor do corpo, os casais que se beijavam sem senso crítico, a música, o nome. Bem, saber o nome era fundamental para manter uma conversa animada, por que não começar pelo básico? E seus amigos diziam que ele não sabia o que era educação, tolos.

Não vai me dizer seu nome?

— …

Tudo bem, digo o meu. – Aproximou-se da orelha e, sussurrando, disse: – Romeo.

A voz grave em seu ouvido provocou arrepios involuntários em seu pescoço e braço, o que pareceu ter sido despercebido pelo estranho Romeo. Se pegou pensando em como a voz do moreno harmonizava com suas características físicas, intimamente, desejou ouvir mais. Em resposta, apenas assentiu e sorriu pela fala. Ambos ficaram em silêncio, permitindo com que o ambiente ficasse estranho, parecia que tudo poderia acontecer naquele espaço de tempo. Romeo queria conversar, mas a pessoa não demonstrava isso. Porém ele não se importava com o fato.

Que estranho, as pessoas tendem a conversar depois das apresentações. – Que se dane os bons modos, ele preferia ser grosseiro. A observadora o olhou assustada, não esperava esse tipo de retorno. – Acho justo estabelecermos um assunto, e não pretendo falar sozinho o tempo inteiro, as pessoas podem achar que sou louco, e já estou farto da loucura em mim. Então, diga-me, o que veio fazer nessa festa?

Romeo o olhava fixamente, e pela primeira vez naquela noite, sua voz foi ouvida por alguém. A resposta era simples: ela foi convidada e veio apenas para agradar o anfitrião, que era um colega de infância que mantinha contato em alguns dias da semana. Hoje, ela queria ter ido para casa descansar do dia turbulento, só que lembrou-se da festa e se viu obrigado a vir para o local do inferno. O moreno simpatizou com a resposta, e teve que assumir para si mesmo que a voz fluida era mais do que esperava.

A banda parou o som, o que causou uma gritaria provinda dos convidados, no entanto o vocalista disse que a próxima música era para aqueles que sentiam solitários naquela noite barulhenta. Inevitavelmente, Romeo e o observador pensaram que a composição era para eles, e sentiam-se privilegiados por terem sidos dedicados. Desta vez, o silêncio era bem-vindo. Ambos fecharam os olhos, apenas para absorver melhor a voz do vocalista, que combinava com os instrumentos e a letra.

Romeo foi o primeiro a abrir os olhos, e ficou surpreso por perceber que havia sido o único naquele espaço. A convidada havia se encostado na parede, a boca movia de acordo com a letra, mostrando que tinha conhecimento da música que estava sendo tocada, Romeu percebeu que os dedos dela batiam conforme o som da guitarra surgia. A banda lhe era desconhecida, e havia gostado das músicas, mas imaginava que ninguém naquela festa conheceria a banda, afinal, os dançarinos moviam-se sem senso comum. Foi interessante descobrir que a observadora ouvia esse tipo de som, em seus pensamentos, ele aparentava escutar coisas indie.

O observador abriu os olhos somente quando a melodia finalizou, e tão logo havia saído do transe, sentiu-se ruborizado por ter sido observado esse tempo todo. Deus, ele não poderia ter um momento apenas seu? Romeo achou graça da atitude, tanto que riu um pouco, ato que fui duramente notado pela convidada.

Ah, não me olhe assim, não foi tão ruim. Conhece a banda? – Ele assentiu, desta vez bebericando no copo. – Qual o nome dela? Achei as músicas boas.

Descobriu que a banda era conhecida, porém tocava em pequenas festas, mas não era por serem ruins, e sim por não quererem ser algo maior. Cada integrante tinha um trabalho, um curso que fazia e, até mesmo, uma família já montada, e o hobby deles era tocar música. Já foram chamados para abrirem grandes shows, mas não queriam fama, apenas se divertir. Portanto, na cidade em que estavam, eles eram bem conhecidos. Romeo achou graça dela falar com tanto gosto da banda, parecia até que era aquelas fãs cheias de pôsteres dos integrantes e tinha todos os CDs espalhados pela casa.

Talvez não fosse dessa forma, mas era engraçado imaginar algo assim. Percebeu que quando falava da estranha banda, ele se abria mais, tornava-se conversador, e decidiu ir por esse caminho. Quem sabe não seria capaz de dizer-lhe todas as curiosidades que rondava sua mente, como o motivo de observá-lo com tanto afinco. Não era todos os dias que tinha uma pessoa que, em meio a tantas outras, resolvera olhar para ele de forma encantada, ainda mais em uma festa que tinha tantos estilos de pessoas.

O assunto, que havia começado de forma simples, havia sido modificado para tantos que o moreno já não lembrava qual tinha sido o primeiro. Era tão interessante conversar com o observador, suas ideias e conceitos sobre o mundo eram bem diferentes dos dele. Mas, havia algumas excentricidades que eram iguais, como o fato de ambos gostarem da noite, e não do dia. E ela não defendia seus ideais fortemente, como se os dele estivesse errado, apenas dizia os seus e aceitava as ideias de Romeo. Os minutos tornavam-se horas; a música mudava a todo momento; o barulho que antes havia, passou a diminuir. E o moreno percebeu que não era o barulho externo que havia diminuído, mas o que existia dentro de si também.

Parecia que suas conturbações haviam simplesmente sumido, como se uma chama absurda sendo apagada por um tsunami, porém não de forma destrutiva, e sim delicadamente. E isso não era sentido apenas por Romeo, mas a convidada sentiu que sua solidão anteriormente, havia sido substituída por uma energia aconchegante. Pensou se fosse característica do homem a sua frente, visto que sua voz e modo de conversar faziam ele sentir-se a vontade para ser quem é. Mesmo com o anfitrião, a quem tinha amizade por anos, não conseguia sentir algo desse nível. Tomar consciência desse fato o fez pensar se, por acaso, Romeo não seria um bruxo capaz de atender desejos escondidos, quase chegou a negar, porém lembrou da forma rude como ele chegou a ela e como começou a conversar.

Realmente, talvez Romeo fosse um bruxo.

Naquele ponto da madrugada, ambos já percebiam que haviam alcançado algum nível de intimidade, tanto que a convidada chegou a perguntar quais os significados da tatuagem que ele tinha em seu braço e se havia mais. Surpreendeu-se por saber que Romeo tinha apenas duas, e diferente das pessoas que quando fazem uma tatuagem, querem fazer mais, ele não sentia necessidade de fazer mais. Ambas tinham um profundo significado, e isso já bastava para ele.

Eu tive um amigo que queria muito entrar para a marinha, mas faleceu antes disso, e queria fazer uma homenagem para ele: coloquei a âncora no meu braço. – Sentiu o olhar do observador se tornar angustiado, e sorriu perante a feição. – Não se sinta mal, já tem anos que isso aconteceu, não é recente. – Ela sorriu em resposta, mas o olhar ainda não havia saído. Para isso, Romeu decidiu falar sobre a frase tatuada. – A tatuagem de baixo é de um filme, já viu Braveheart? – Ela assentiu. – Então, tem uma parte, antes da guerra, que ele fala: “eles podem tirar nossas vidas, mas jamais pode tirar nossa liberdade”. Achei tão sensacional a frase, que resolvi tatuar, mas em inglês ficaria bonito, então tá aí. Pensei que seria bastante digno colocar debaixo da âncora, porque meu amigo pode ter morrido, mas a essência dele jamais será esquecida. Pelo menos, foi isso que pensei.

Para ela, fazia sentido. Era uma frase bonita, afinal, e combinou com a âncora. Percebeu, no entanto, que embora tenha mostrado animação, ele havia começado a melancólico, talvez lembrar de seu amigo seja algo que ainda o traz tristeza e lamentação. Imaginou que tenha sido o falecimento tenha sido trágico, e Romeo tenha acompanhado todo o processo. Se aconteceu de fato, explicaria bastantes argumentos utilizados durante o diálogo. Queria tirá-lo do possível poço que estava afundando, mas não pensava em assuntos que poderiam animá-lo. Por fim, decidiu fazer, em vez de falar. Sem o moreno perceber, colocou o copo apoiado em suas pernas e moveu uma mão para o rosto dele.

Romeo, perdido em um transe, voltou a normalidade ao sentir a mão acariciar sua bochecha, e sentiu-se no mundo novamente quando os lábios dela tocaram os seus. Não era violento e não demonstrava ser forçado. O toque era singelo e sensível. Devagar, se viu entrando no mundo do observador. Não tentou avançar o beijo, apenas moveu seus braços para mais próximo do corpo da outra, abraçando a cintura. Ele percebeu que os lábios do moreno, mesmo com barba e bigode, eram macios. Acabou por desejar por mais beijos dele, porém sabia que precisava cessar, e não era por não sentir falta de ar.

Finalizaram por saber que o afago havia terminado, ainda mais quando o moreno já se mostrava melhor. Porém não se afastaram e sequer abriram os olhos, mantiveram as testas unidas, apenas sentindo o momento passar. Ficaram por minutos dessa forma, e apenas viram a necessidade de voltarem a ficar longes quando o local na qual estavam antes, começara a encher. Para não atrapalhar o fluxo de pessoas, Romeo levantou e colocou sua cadeira ao lado da convidada. Desta vez, não foi ignorado.

No momento em que sentou, o convidado virou para ele e encostou sua cabeça na parede, observando as feições novas que haviam se formado em Romeo. A melancolia não existia mais, e isso a deixou feliz. Sua felicidade aumentou quando o moreno moveu a boca dizendo “obrigado”, o tom de voz não aumentou, parecia um sussurro, mas para ele, que tanto tinha ouvido e gravado o timbre, havia recebido claramente.

Gostariam de ter ficado dessa forma e terem se conhecido por mais tempo, quem sabe até trocar números e marcarem de sair, mas o convidado que convidou Romeo aproximou dele e disse que estava indo embora, havia conseguido carona para os dois. O moreno não teve escolha senão aceitar, não queria ter que arrumar outra forma de ir embora e sabia que seria caro voltar para casa de táxi. Assentiu e disse que o encontrava em frente a casa. Voltou a olhar a observadora e ficou surpreso por perceber que ela parecia sofrer por ele ir embora. O que era verdade, depois de tanto tempo conversando com alguém que admirou e ter encontrado uma pessoa a quem gostaria de passar mais tempo, não gostaria que Romeo fosse embora.

Ainda mais por saber que, possivelmente, não se encontrariam novamente.

O pensamento pareceu tê-lo atingido, e em vez de deixar-se levar pelo sentimento, a beijou. Era tão delicado quanto o primeiro beijo, porém o significado era diferente: não queria consolar, e sim abrir uma promessa. Não descansaria até encontrá-lo novamente e, dessa vez, conhecer mais daquele que o observava.

Eu vou te achar, então não fuja de mim.

Se despediram selando as bocas novamente. O moreno levantou e andou em direção ao jardim, se despedindo junto com seu amigo das pessoas em volta. A observadora ainda manteve os olhos no corpo de Romeo, gravando o jeito de andar e como os músculos se movimentavam a cada passo dado. Percebeu que ele chegou a pegar um cigarro e acender, e ficou surpreso quando notou que, durante a conversa deles, Romeo sequer demonstrou querer acender o cigarro. Achou engraçado o fato, visto que a forma como ele fuma ser encantador e ter sido um dos principais motivos de ter sido cativado.

Quando não tinha mais visão sobre, percebeu que gostaria de ir embora. Não sentia arrependimento por ir embora, no fim, havia se divertido. Decidiu que o momento era aquele, levantou e foi procurar o anfitrião. O achou desmaiado na varanda, achou melhor mandar uma mensagem quando chegasse em casa. Se despediu de pessoas desconhecidas e saiu da festa. Resolveu andar até sua casa, não era longe e detestaria pagar uma fortuna por três quarterões.

Seus passos ecoavam na rua silenciosa, ainda conseguia ouvir a música da festa, mas não claramente. Sua mente voltava as horas anteriores, quando queria apenas ir para casa e, de repente, estava conversando sem parar com alguém desconhecido. Foram tantos detalhes percebidos durante a madrugada, e tudo que conseguia pensar, era no homem que tanto observou durante a noite. O nome ressoava em sua razão e fazia seu corpo vibrar ao lembrar de seu toque único. Desejava que ele cumprisse a promessa.

Romeo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então~ :v
Devo dizer que estou bastante orgulhosa por ter construído uma oneshot tão fofinha *0*
Quero agradecer a Deboni por ter disponibilizado há tanto tempo a capa para mim, que depois de SÉCULOS, consegui terminar a história e postar. UAHSDIAUSHD
Também quero agradecer a Madu, chuchu do grupo que leu e diz ter ficado legal, e a meu namorado, que me incentivou a continuar.
Mas e vocês, gostaram? (:
Muito obrigada por terem lido a one!
Beeijos!