Destinados ▸ Jasper Hale escrita por Woodsday


Capítulo 33
• 2° - Capítulo XII




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— Oh meu Deus! — eu ofego vendo a criatura do tamanho de um cavalo rugir para Bella. Ele sequer me olha por mais de segundo, está furioso com minha irmã. Sam grita e nos puxa. Jacob em algum canto também grita mas eu não consigo tirar meus olhos da criatura gigantesca. Ele é cinza, mas os olhos são os mesmos. Jacob corre até Bella, saltando no ar e caindo exatamente como Paul fez. Um lobo. Jacob também é um lobo? Todos são lobos? Eu olho para os garotos, mas eles olham para Paul e Jacob. Jogando-se um contra o outro furiosamente.

— Leve-as para Emily. — Sam ordena a Quil e quando ele me puxa pelo braço, eu tropeço algumas vezes. Meus olhos fixos nas figuras que se movem para a floresta.

— Paul! — eu grito chamando sua atenção. O lobo vira sua gigantesca cabeça para mim rapidamente e logo em seguida adentra a floresta em passadas pesadas. — Quil! — eu olho para o moreno, desesperada.

— Eles vão ficar bem, Cassie.

— Quil! O que diabos foi..? — Eu olho para ele em choque, mas Quil continua arrastando-me por uma mão e Bella por outra. Minha irmã vai em silêncio e eu me calo também. Ele faz uma piadinha sobre ela ter testado a paciência de Paul, mas tudo que consigo pensar é que Paul é um lobo.

Os lobos de Bella viu. Foram eles que estavam atrás de Laurent e é o mesmo lobo que vi em meus sonhos.

— Pare o carro, Quil. — Digo com a voz arrastada e ele estaciona rapidamente, possivelmente porque eu devia estar verde. Abro a porta do carro, pulando do enorme jipe jogando fora toda a comida que havia em meu estômago. — Ai meu Deus. — Minha voz sai como um sussurro e posso ouvir Quil suspirar, suas mãos quentes tocam meus ombros. — Você também é um..?

— Todos somos, Cassie. — Responde delicadamente, levando-me de volta para o carro. Ele me ajuda a subir e eu faço tudo de forma mecânica. Meu cérebro não para de juntar peças, pistas e eventos que talvez me levassem a essa verdade recém descoberta. Fecho meus olhos forçando os detalhes a vir. Como eu pude não perceber?

Quem imaginaria? Meu subconsciente se indigna. Quem imaginaria que Paul é uma criatura sobrenatural também?

Quil estaciona em frente à uma casinha bonita e nós descemos, há uma certa movimentação lá dentro e quando ele me puxa para o interior, percebo alguns dos garotos ali. Eles olham para nós duas com curiosidade e certo deboche, e apesar de me sentir confortável e intima de todos eles, neste momento só consigo sentir que sou uma intrusa.

— Não encarem a Emily. — Orienta Quil baixinho para nós e eu o encaro em dúvida. Isso dura pouco, porque logo surge até nós uma mulher. Ela é bonita, parece simpática, tem um sorriso maternal no rosto, um dos lados no entanto, sustenta uma grande e assustadora cicatriz. Tento não encarar, por isso desvio os olhos rapidamente.

— Vocês devem ser as garotas dos vampiros. — Emily sorri gentil para nós.

Bella tenta sorrir, mas posso sentir seu nervosismo através do sorriso falso, ela está ainda mais tensa que eu.— E você a garota dos lobos.

Emily dá de ombros, indicando-nos para acompanhá-la. — Acho que sim. Venham, peguem um bolinho. — Oferece com a bandeja cheio de bolinhos que parecem de fato deliciosos. Eu nego com um balanço de cabeça, afastando-me para observá-los.

É inevitável não me sentir um pouco traída. Pensei que fôssemos amigos e de repente descubro um segredo deste tamanho?

— Cassie. — Embry coça a cabeça sem jeito. Os lábios rígidos e apertados. — A gente não podia contar. — Ele diz como se lesse a minha mente.

Franzo a testa desconfiada. Será que como Edward, ele também tem esse poder?

— Mentiram em minha cara. — Me sento sobre o pequeno sofá, unindo as mãos em meu colo. — Mais de uma vez. Vocês mentiram repetidamente para mim. — Me levando andando de um lado para o outro. — Eu vou chutar a bunda de todos vocês!

Eles soltam o ar aliviados e sorriem, se levantam e vem até mim. Os meninos jogam os braços ao meu redor e eu sorrio também abraçando-os.

— Você é a melhor, Cassie.

— Vocês são uns mentirosos. — Eles se afastam de mim, sorrindo também. Um pigarreio soa da porta e vejo Paul passar por ela junto de Jacob. Eles estão risonhos, dando soquinhos um no outro e brincando sobre quem perdeu para quem.

Bufo irritada e pego a primeira coisa que vejo atirando-a na cara de Paul, é só uma almofada, felizmente. Emily talvez ficasse chateada se eu quebrasse suas coisas na primeira vez que estivesse aqui.

— Ah, Cassie. — Ele resmunga atravessando a distância entre nós, parece radiante e fico surpresa quando Paul passa os braços por minha cintura, puxando-me contra seu corpo quente. Os lábios tomam os meus em um beijo apaixonado e eu não consigo deixar de retribuir. Me enrosco nele como um bicho preguiça e nós dois ignoramos os assobios e gritinhos animados dos nossos expectoradores.

Paul se afasta, mas não me solta. As mãos sobem para meu rosto e ele tem um sorriso tão grande que é capaz de rasgar as bochechas.

— O que foi isso? — Questiono atordoada e Paul joga a cabeça para trás, gargalhando.

— Eu só estou feliz por não ter que esconder este segredo de você. — Responde puxando-me para fora sem cerimônia. Os meninos assobiam, mas Paul os ignora. Continua me puxando junto com ele de forma espontânea e animada, o corpo quente envolve o meu e eu suspiro aconchegada em seu peito.

Não existe irritação em mim ou mágoa ou raiva. Nadinha. Só um pouco de preocupação quando um pensamento atravessa minha mente. Eu paro no meio da praia e Paul franze o cenho, confuso quando eu espalmo minhas mãos em seu peito, para pará-lo também.

— O que foi? — Questiona abaixando-se para beijar meu rosto, fecho os olhos sentindo um aperto em meu peito e passo meus braços ao seu redor.

— Paul. Você está lutando com os vampiros?

Ele fica tenso imediatamente. Os braços me apertam contra ele como aços, só posso sentir o calor do seu peito contra a minha bochecha, e começo a ficar sem ar quando Paul não diz absolutamente nada. Eu gemo algumas palavras estranhas pela pressão da minha bochecha contra seu peito e ele me solta, suspirando.

— Paul.

— É nossa função proteger os humanos dos sanguessugas, Cassie. — Resmunga quase raivoso. — Sei que você ama essas criaturas mas...

— Não! — Interrompo com um grito surpreso. — Paul! Não! Olhe isto! — Eu puxo a manga da blusa, revelando os resquícios das marcas de unhas de Laurent. Paul solta um rosnado com o corpo tremendo, ele fecha os punhos ao redor do meu braço, os olhos escurecem e sei que ele está com raiva. Me arrependo imediatamente do meu impulso de sinceridade. — Eu não amo eles. — Digo com nojo, puxando a manga da blusa para tirar seus olhos dali. — Eles são assustadores e horríveis, meu Deus, não! Mas são perigosos e fortes, muito rápidos...

— Nós conseguimos. — Paul rosna flexionando os músculos grandes, tem um prazer quase assustador nas suas palavras. — Matamos ele bem rápido.

— Mataram Laurent? — Pergunto verdadeiramente chocada.

Paul sorri orgulhoso. — Foi muito fácil. Só está sendo difícil com a outra, a ruiva.

— Victória? — Questiono com o meu coração acelerando com a visão da mulher ruiva e assustadora. — Victória também está aqui?

— Hã. — Paul passa os dedos pelos cabelos. — Não sabia que esse era o nome dela, mas sim. Ela também está por perto. Vem e vai de dias em dias.

Eu me apoio em seus braços, soltando o ar lentamente. — Ai meu Deus. Isso não pode estar acontecendo. É péssimo, horrível.

— Cassie. — Paul me segura, chamando minha atenção para seu rosto. — Nós somos muitos, estamos em maior número. Vamos pegá—la, não precisa se preocupar.

Eu balanço a cabeça, olhando-o espantada. — Victoria é muito rápida e muito forte. Mesmo... — o seu nome atravessa minha mente, amarga em minha boca e não consigo pronunciá-lo. Há quanto tempo eu não digo seu nome? E há quanto tempo a ferida ainda arde em meu peito? — Mesmo vampiros experientes tem dificuldades com ela.

— Se ele é um fracote, não nos compare! — Paul rosna, tirando minhas mãos de cima de sua pele como se eu tivesse o queimado, dando-me as costas.

— Paul! — Eu chamo tentando chegar até ele, mas com pernas maiores, Paul é muito mais rápido. Deve ser algo de lobo também, porque ele sai correndo em uma velocidade incomum e eu fico para trás na metade do caminho. Solto um suspiro de lamento e olho ao redor de mim.

Consigo localizar a casa de Emily facilmente e isso é um alivio.

Caminho para sua casa só para descobrir que Bella e Jacob saíram, eu praticamente desmonto sobre o sofá de Emily e fico até por um tempo conversando com os garotos. Eles se sentem felizes e empolgados em me contar as novidades sobre sua espécie e os mistérios. Eu até tento sorrir, mas tudo parece cinza, na verdade.

É como se eu estivesse lá, mas não estivesse realmente. Tudo nesse mundo novo no qual fui inserida tem um tom acinzentado e ainda com Paul, quando posso sentir o calor voltar para mim e iluminar alguns pontos, a maior parte ainda é cinza.

Porque não superei Jasper. E a cada dia, fico mais distante de o fazer.

Eu vou para casa sozinha, porque Bells está entretida com Jacob. Quando chego, portanto, não tem ninguém lá. Eu verifico todas as trancas por uma questão piscólogica e após um banho quente, faço o que as pessoas normais fazem nos domingos a tarde.

Me sento em frente a televisão com uma mantinha e tento manter-me focada no filme de comédia romântica. É sobre um casal que sofre encontros e desencontros durante anos, e eles se amam loucamente, mas simplesmente não conseguem ficar juntos.

Mais uma vez me lembro de Jasper. Porque sofremos uma série de encontros e desencontros, segundo minha antepassada morta. E agora, nesta vida, parece que também temos o mesmo destino. Fecho meus olhos sobre a almofada que tem o cheiro de Charlie e penso em Jasper e como eu gostaria de poder vê-lo, ouvir sua voz. Só consigo pensar na saudade que sinto dele e em como eu daria tudo e qualquer coisa, para tê-lo aqui comigo.

É assim que eu adormeço em um cochilo.

Em meu sonho, eu estou em uma caverna. É escura, o cheiro da maresia é forte em meu nariz e posso ouvir as ondas quebrando furiosas ao fundo. Eu olho ao redor, para o fundo cada vez mais escuro e para a entrada de onde sai um feixe de luz.

É clara, mas não há sol. Tão nublado quanto Forks. Quando me aproximo, no entanto, eu perco o folego, porque posso vê-lo. Não sei é fruto da minha mente. Uma fantasia ou uma ilusão, mas posso vê-lo.

Outra vez e quero chorar. Me atirar em seus braços e abraçá-lo. Eu caminho até ele, observando-o parado como uma estátua, os braços ao lado do corpo, rendidos. O cabelo está uma bagunça, os cachos desfeitos como se não vissem banho há dias. Ele usa um grande casaco e está descalço.

Parece um nômade. E está sofrendo. Não está se alimentando. Eu sigo até estar de frente para ele.

— Estou aqui, olhe para mim. — Sussurro querendo sua atenção, mas não a tenho. É só um sonho que não posso controlar.

Jasper ainda está olhando para o mar revolto através de mim, eu não estou ali. É só um produto da minha mente que dormiu pensando nele.

— Volte para mim, Jasper. — Eu digo outra vez, minha voz não soa mais do que em um sussurro. Jasper retorce as expressões, a dor expressa em cada uma delas. Ele cai em meus pés e eu choro junto dele, me abaixando para continuar olhando para seu rosto. Tento tocá-lo, mas é como se não houvesse nada além de fumaça entre meus dedos. — Volte. Eu te amo. — Tento me lembrar de como me sentia feliz ao lado dele, de como seu amor me completava. Mas eu estou apagada nesse sonho tanto quanto na vida real. Não há mais tanto poder em meus sentimentos. — Preciso de você, Jasper.

Então o surpreendente acontece: Ele me olha. Jasper ergue o rosto em assombro, como se pudesse me ver.

— Cassie? — Questiona olhando ao redor, ele olha para o interior da caverna e em seguida para mim mais uma vez. Mas sei que ele não está me vendo. Nem mesmo sei que loucura estou inventando. — Cassie? — Praticamente geme.

— Jasper, volte para mim. — Tento tocá-lo e fico furiosa quando não consigo. — Volte! — Grito contra seu rosto. Me sinto tão brava, tão irritada que tudo isto esteja acontecendo.

— Eu estou, meu amor. — Jasper sopra as palavras na direção contrária de onde eu estou, mas eu paro surpresa. — Estou indo para você.

— Jasper! — Eu chamo quando ele começa a se desfazer diante de mim, as imagens indo embora como folhas ao vento. — Não vá. — Eu choro aos soluços vendo a imagem se desfazer diante dos meus olhos.

Acordo surpresa ao constatar que Charlie está ao meu lado, sentado junto ao sofá comigo.

— Pai? Que horas são? — Sussurro rouca só então me dando conta que estava realmente chorando. Envergonhada, eu limpo minhas lágrimas com a manga da blusa. — Sinto muito.

Charlie suspira, puxando-me para um abraço. — Não sinta por sofrer, querida. Você tem sido especialmente forte. Vai passar por isso.

— Eu não sei, pai.

— Há mais de um amor nesta vida, querida. — Ele diz suavemente.

Eu suspiro. — Eu não sei como ou quando vai passar, papai. — Me agarro a ele ainda mais, porque nesse momento tudo que preciso é de conforto.

— Quando você ver, já passou. — Ele diz antes de depositar um beijo em minha testa. E eu fico ali, deitada sobre seu colo, chorando meu coração partido e sentindo a saudade que sufoca o meu peito.

— Pai?

— O que?

— Você está sentindo isso? — Eu digo quando o cheiro da maresia passa por meu nariz. — Você estava pescando no mar?

Charlie ri rouco, um som baixinho e suave. — Claro que não, bobinha. Não há peixes bons suficientes no mar. Estávamos no rio do Sul.

Eu pisco atordoada.

O cheiro do mar ainda está em meu nariz, o calor ainda está em meu rosto e meus lábios ainda tem gosto de sal.

Fecho os olhos com força, sem saber o que isso significa, mas desejando de toda forma, que fosse real. Que ele estivesse voltando para mim. 


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