Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 5
Ida ao Centro


Notas iniciais do capítulo

OOOI! Não me aguentei e resolvi postar hoje mesmo, porque a vida... ela é louca.

(Aviso importante no próximo capítulo)

Boa leitura!



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Rebeca acordou um pouco mais cedo do que estava acostumada. Tivera um pesadelo horrível, graças as histórias doidas que Aloys contou. Em seu sonho, ela corria muito, mas corria sem se mexer. Era uma corrida que não saia do lugar, e as pessoas ruins se aproximavam cada vez mais. Ela até ouvia os gritos de fúria e latidos e isso só a fazia ficar mais desesperada e mais cansada de tentar correr em vão.

O rosto de Aloys surgiu algumas vezes, mas logo ela estava sozinha de novo.

Até que conseguiu chegar no lago, que estava muito escuro e parecia muito gelado. O fato dela não saber nadar já era intimidante, mas a escuridão da água era ainda mais. Mas tentou mesmo assim. Entrou no lago, mas mal saiu do lugar quando sentiu alguém puxando seu pé, e acabou por sendo puxada para fora da água. A última coisa que se lembrou foi do vento a fazendo tremer de frio e do fogo.

Assim que abriu os olhos, o rosto de Aloys passou por sua mente. Ao mesmo tempo em que Rebeca ficou raiva, ficou apreensiva. Ele estava bem?

Levantou e se trocou rapidamente. Aproveitou que seus pais ainda estavam dormindo e foi até a cozinha, pegou uma tigela grande e começou a pegar algumas frutas, pães, uma caixinha de leite, geleia, seu leite de soja, duas xícaras e uma faca.

Destrancou a porta da cozinha e foi para o quintal frio, ainda um pouco escuro. O sol ainda não havia aparecido, mas o céu já estava mais claro. Andou rápido para o celeiro sem olhar diretamente para a floresta. Quando entrou, esperou alguns segundos para seus olhos se acostumarem com a pouca luminosidade lá de dentro, e então viu Aloys deitado na beirada do mezanino.

Seu coração deu um pequeno pulo. — Aloys? — Andou até perto de lá. — Aloys?!

Ele não se mexia. Rebeca olhou ao redor, procurando algo para jogar nele, mas não havia nada além de blocos pesados de feno.

Mas que droga.

Rebeca andou até a escada e olhou para cima. Engoliu seco.

Não é tão alto. Não é tão alto.

Balançou a escada para se certificar que estava bem presa. E estava. Segurou a tigela com uma mão contra o peito, enquanto segurava os degraus com a outra. Estava subindo, mas se cagando de medo. Quando chegou no mezanino, se jogou desengonçadamente no chão enquanto terminava de subir. Deixou a tigela ali mesmo e foi até Aloys.

— Aloys? — Se agachou ao seu lado. — Aloys?! — O balançou.

— Ai — resmungou, a notando. — O que... — Sentou-se. — O que foi? Por que essa cara? — Olhou ao redor, e para baixo, e voltou a olhar para a menina. — Você subiu...?

— Não! Eu estou lá em baixo ainda, eu fiz uma magia! — Levantou e andou até a tigela.

Ele estava dormindo! Por que eu me desesperei dessa forma?

Quando Rebeca voltou com a tigela, ele ainda a encarava. Ela sentou de frente a ele e colocou a tigela entre os dois.

— Você disse que acordava cedo. Eu já estava acordado a bastante tempo e acabei dormindo te esperando.

— Hm. — Rebeca pegou sua xícara e se serviu de leite de soja.

— Por que está irritada? — Aloys perguntou pegando uma maçã e segurando um riso.

— Não estou irritada. — Pegou um pão e começou a comer.

— Para mim parece que está. — Deu uma mordida na fruta.

Rebeca suspirou e olhou para o garoto. Ele parecia mais relaxado do que o dia anterior. — Você me assustou, só isso.

— Por quê?

— Porque te chamei várias vezes e você não respondeu.

— Sinto muito. Você sabe que eu... Bom, eu tenho sono pesado.

— Percebi.

Os dois comeram em silêncio, olhando a luz do sol entrar devagar pela porta do celeiro.

— Preciso ir. — Rebeca levantou quando o sol estava um pouco mais alto. — Não posso me atrasar.

— Quando retornará?

— Depois do meio dia. — Pegou sua caixinha de leite de soja e seu copo. — Pode ficar com isso, depois eu pego. Coma se sentir fome.

— Sim.

Rebeca foi para a escada, sentou no chão e se apoiou no primeiro degrau, virando. Olhou de novo para Aloys, e olhou para baixo, gelando um pouquinho. E então começou a descer bem lentamente. Quando colocou os pés no chão respirou aliviada e andou para a porta.

— Boa es... Es..

— Escola.

— Isso. Boa escola.

— Obrigada. — Acenou. Correu para casa e entrou de mansinho, deixando o leite na geladeira e foi escovar os dentes.

— Onde você estava? — Seu pai apareceu na porta do banheiro.

— E-eu estava lá fora. — Enxaguou a boca.

— Fazendo o quê? — Estranhou, arrumando a gravata.

— Queria ver o nascer do sol...

— Hmm. Ok. Está pronta?

— Sim, vou pegar minha mochila.

Rebeca pegou suas coisas e esperou seu pai no carro. Pouco depois saíram e foi deixada na escola, onde o dia se arrastou como nunca tinha acontecido antes. Assim que bateu o sinal, arrumou seu material e correu para fora. Andou o mais rápido que pôde. Eram dez minutos da escola até em casa.

Destrancou a porta e entrou. — Mãe? Cheguei!

Foi até a cozinha, abriu a geladeira e pegou uma garrafinha de água. Fechou a porta e notou um bilhete colorido.

"Beca, fui na Marcela. Volto de tarde".

Valeu!

Rebeca deixou a garrafa na pia e correu para o celeiro.

— Aloys?! — gritou assim que entrou. — Aloys? Está dormindo de novo? — Foi até a escada.

Como estava um pouco mais corajosa, subiu. Quando colocou a cabeça para fora, lá em cima, olhou ao redor, mas nem sinal dele. Desceu.

Caramba, onde ele está?

Correu para fora, procurando por ele. Ela não tinha ideia onde ele poderia estar. Talvez na floresta?

Eu não vou lá sozinha.

Andou até perto das árvores. Tentou olhar dentro da floresta, mas não conseguia ver muito longe.

— AAH! — gritou quando sentiu algo no seu ombro e se afastou. O grito ecoou lindamente pelas árvores.

— Calma, sou eu. — Aloys riu.

— Caramba! — Deu um tapa em seu braço e colocou a mão na testa. — Não me mata do coração.

— Sinto muito.

— Onde você estava?!

— No galinheiro.

— E estava fazendo o que lá? Quase me matou de susto quando fui te procurar no celeiro.

— Não havia mais o que fazer no celeiro, então fui para o galinheiro arrumar tudo.

— Que seja, minha mãe saiu, você pode entrar. Tem certeza que ela não te viu?

— Sim, eu fui bem discreto.

— Tá, vem. — Foram para casa e entraram. — Você pode ir tomar banho se quiser.

— De novo?

— Sim. Tomamos banho todos os dias.

— Ah... legal.

— Você já sabe como funciona. Pode ir no banheiro. Vou te levar uma toalha e roupas.

— Espera. — Segurou o braço de Rebeca quando ela começou a andar. — Eu preciso...

— O quê? — O olhou.

Ele parecia envergonhado. — Evacuar. — Rebeca o olhou e começou a rir. — I-isso é normal!

— Eu sei, eu sei. Vem. — Andou até o banheiro. — Você evacua ali. — Apontou para o vaso sanitário.

— A coisa que quis me atacar?

— É, e ela não ataca. — Se aproximou e abriu a tampa do vaso. — Só tem água. Você senta a bundinha aqui e já era, e se limpa com isso aqui. — Mostrou o papel higiênico. — Depois você aperta esse botão e seu amiguinho vai embora.

Aloys parecia desconfiado. — Tá...

— Vou buscar suas roupas. E ah, use só o chuveiro dessa vez, não precisa encher a banheira.

— Certo...

Rebeca fechou a porta e foi pegar a toalha e as roupas ainda rindo. Foi atrás de novo da sacola de roupas de doação e já pegou todas as roupas que serviam em Aloys, afinal ela não sabia quanto tempo ele ficaria ali. E como iriam ao centro, já deixou a sacola na mesa. Aproveitaria para levá-la logo, e assim sua mãe não iria desconfiar mais.

Ela pegou mais uma cueca nova de seu pai, as roupas, a toalha e as entregou para Aloys.

Começou a esquentar o almoço, e antes de colocar a mesa, ele saiu do banho.

— Parabéns, foi rápido dessa vez. — Deu uma ironizada.

— Obrigado.

— Antes que você pergunte, vem aqui. — Deu a volta na mesa e saiu da cozinha, indo para a lavanderia. — A toalha você coloca ali. — Apontou para o varal de teto. — E as suas roupas você joga aqui. — Abriu a tampa da máquina de lavar. — Não é difícil, está vendo?

— Sim.

Rebeca voltou para a cozinha, desligando o fogo e pegando as panelas, as colocando na mesa. Começaram a comer, e depois ela lavou a louça. Ainda iria ensinar o doido a lavar, mas hoje ela estava com pressa. Subiu, se trocou, pegou sua bolsa, um par de tênis velhos e meias, encontrou Aloys na entrada e ensinou para ele como colocava os sapatos. Depois trancou a casa e foram a pé.

— É longe? — Aloys perguntou.

— Um pouco.

— Ainda bem que você gosta de caminhar, não é?

— Como você... Ah esquece. — Não sei por que ainda me dou o trabalho de perguntar. Eu já entrei nas doideras dele. — E você gosta de caminhar?

— Sim. Aprendi com você a gostar. Você não gostava muito de andar de cavalo, sempre preferiu caminhar.

— Hmm.

— Essas roupas são um tanto apertadas... E agora que percebi, você também está usando calças.

— E o que tem?

— Calças são coisas de homens, não?

— Não, calças são unissex.

— E o que é isso?

— Serve tanto para homem quanto mulher.

 

— Hm... E eu não te vi mais usando vestido.

— Não tenho vestido.

Os dois andaram enquanto Aloys fazia perguntas sobre as coisas do caminho a cada cinco segundos, e Rebeca tentava responder sem ser grosseira. Eram coisas tão comuns e ele não conhecia nada. Um tempo depois, mais casas preencheram o caminho, e o movimento do centro começou a aparecer. 


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Notas finais do capítulo

Às vezes o título pode não fazer sentido com o capítulo, mas faz sentido com o próximo. Isso é porque, não sei se já falei, mas essa história está sendo usada como meu tcc, e para não ter capítulos pequenos, eu tive que juntar de dois em dois. No livro, por exemplo, o capítulo 1 e o 1.2 vão ficar juntos, sem interrupção. Mas aqui eu quis dividir para facilitar a vida de todo mundo xD

Obrigada por ler, até o próximo!



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