(NOVO LINK! Leia as notas da história!) escrita por Acquarelle


Capítulo 15
CAPÍTULO 5, Epi.1: As respostas do livro de Minstur


Notas iniciais do capítulo

"Por que a minha existência é tão peculiar?"
Em 14 bilhões de anos, eu nunca senti uma energia como a sua.
Quatro respostas serão suficientes para você confiar em mim? ✰



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Void apressou os passos em direção a Rashidi, invadindo o quarto do rapaz sem ao menos ser convidado. Dentre os livros espalhados pela cama do vesper, um grimório grosso e de capa escura se destacava; diferente dos demais, uma forte energia emanava daquele objeto.

— Era só o que me faltava…! Mais um esquisitão chegou.

Aquela voz desafinada era proveniente do grimório.

— Você pode me explicar onde DIABOS eu estou?!

Void e Rashidi se aproximaram do objeto enquanto trocavam olhares.

O grimório percebeu o estranho movimento e continuou a resmungar.

— O que foi?! Vocês foram picados por lesmas venenosas de Senresp e ficaram mudos?! Eu consigo detectar o mínimo de inteligência em vocês, então me respondam!!

Entre as pequenas pedras preciosas de cores sortidas em seu centro, um grande olho violeta encarava os dois com uma expressão tão furiosa quanto a que Rashidi fazia naquele momento.

O vesper finalmente se manifestou, irritado com aquela situação.

— CALE A BOCA, INFELIZ!!! Eu não aguento mais ouvir a sua voz!

— Então me destrua de uma vez, seu vesper medíocre!

Desta vez, Rashidi foi rápido com o desenho de sua runa.

Seus olhos se tornaram brancos, assim como a palavra que ele riscou no ar com a mão direita. O conceito da runa foi identificado, fazendo todo ambiente ser tomado por uma vívida cor avermelhada.

— Repete isso mais uma vez e eu realmente vou te transformar em cinzas!

— Eu quero mais é que você se f–…

Uma voz feminina impediu que o livro terminasse a sua fala.

— O que vocês dois estão fazendo?!

Do outro lado do corredor, Ayase e Ryuuki se aproximavam com expressões curiosas. A princípio, eles pensaram que Rashidi e Void estavam discutindo por alguma razão, mas aparentemente não era o caso.

Ao adentrarem no quarto e descobrirem o motivo de todo aquele barulho, Ayase e Ryuuki tiveram reações opostas quase que imediatamente.

— Awwwnnnn~! Que bonitinho!

— Que coisa repugnante é essa?!

O livro revirou o único olho em uma expressão emburrada.

— Me sinto a atração principal de um circo de horrores.

Ayase o pegou entre as mãos, finalmente o tirando da cama.

— Como você se chama, bonitinho?

Quem respondeu foi Rashidi, e sua runa se dissipou naquele instante.

— E isso importa, peixinha?! Livros de Minstur são apenas ferramentas.

A expressão do grimório denunciava sua impaciência, mas antes que ele pudesse falar alguma coisa, Ayase foi mais rápida; a garota estava igualmente irritada pela forma que Rashidi falou sobre o livro.

— Não fale assim com ele! Não se deve tratar as coisas como ferramentas!!

— Mas essa coisa é apenas uma maldita ferramenta para guardar magia!!

“É apenas uma maldita ferramenta para guardar magia”...

O livro repetiu a frase de Rashidi em um tom de deboche, fazendo a sua voz desafinada alcançar tons agudos. Logo em seguida, seu olhar se tornou ainda mais irritado.

— E o que você é mesmo?! Um vesper fraco de baixo nível.

— Você realmente quer ser incinerado, não é, lixo?

— Então me destrua se for capaz, medíocre!

— Se você não colaborar, é exatamente isso que eu vou fazer…

— Eu não pretendo colaborar com um vesper de baixo nível. O que eu ganharia com isso? Nós, livros de Minstur, vivemos para adquirir todo tipo de conhecimento. Ter um dono como você só me faria estagnar. O que você é capaz de fazer como vesper?! Desenhar algumas runas tortas que só duram 3 segundos?

— Maldito!!!

Rashidi desenhou aquela runa mais uma vez.

Dentre os traçados robustos, “Fogo” se fez presente.

Porém, antes que pudesse atacar o livro, um escudo de água se formou à sua frente.

Tão séria quanto a expressão de seu rosto, a voz de Ayase chegou aos seus ouvidos.

— Não se aproxime!!

— O que você pensa que está fazendo, peixinha?!

— Tentando não fazer você colocar fogo em tudo, talvez?

— Você está preocupada com essa coisa?! Isso é apenas um livro de Minstur! Ele é completamente inútil sem um novo dono... se está tão preocupada assim com essa coisa, desfaça o lacre dela.

— Lacre…?!

— Livros de Minstur são grimórios utilizados para guardar informações sobre a magia de seus portadores. Pela energia que emana dessa coisa, eu tenho certeza que o antigo dono disso era um vesper.

Rashidi bagunçou os cabelos; os olhos brancos fixos em Ayase.

— Quando os donos de um livro de Minstur morrem, o objeto é lacrado com magia para que as informações não se percam ou caiam em mãos erradas. Se quisermos ter acesso à elas, é necessário encontrar outro portador com a mesma capacidade do anterior.

Ayase abraçou o objeto contra o seu corpo, preocupada.

O que poderia ter acontecido ao antigo dono daquele livro?

Rashidi não permitiu que ela pensasse por muito tempo.

— Você acha que tem a mesma capacidade de um vesper?

— E-eu não…

— Então me entregue o livro!

— Para você destruir?! Só se eu estivesse louca!

— Por que você se mete onde não é da sua conta?!

— ...

Depois de alguns segundos, o livro finalmente se manifestou.

— Nenhum de vocês tem a mesma capacidade do meu dono anterior. Com exceção do lagartinho voador, vocês são um bando de perdedores com potencial limitado.

O olho violeta do livro se virou para Ryuuki de maneira inquieta.

— Eu consigo sentir um grande poder vindo de você…

— Prefiro ser devorado vivo por uma ämblik a me juntar a você.

A resposta de Ryuuki foi seca; ele não tinha a mínima vontade de vincular a sua alma com outra pessoa além de Ayase. Além disso, anotações de um velho vesper não lhe chamavam a atenção. O que ele faria com runas, afinal?

O livro pareceu soltar um suspiro. Aquilo não iria funcionar.

— Ei, você… do cabelo com as cores do pôr-do-sol de Orfeinn.

— Huh?! Eu...?!

Ayase ergueu o livro, fazendo os seus olhos se encontrarem.

— Quem mais tem o cabelo cor-de-rosa aqui?! Me escute…! Se eu vou precisar me vincular à alguém dessa banheira gigante, eu espero que seja com você. Ao menos posso me orgulhar de ter uma dona com seios tão–…

O livro não completou a sua frase, pois foi atirado contra uma das paredes, batendo no criado-mudo e indo parar no chão. A temperatura do quarto caiu drasticamente, formando paredes de gelo e estalactites transparentes. O escudo d’água congelou, criando uma grossa camada azul entre ela e Rashidi.

O rosto de Ayase estava mais corado do que nunca.

— E-e-eu… e-eu vou… destruir... a sua existência...!!

— Por Minstur, o que foi que eu fiz agora?!

Ayase apontou para o livro com uma expressão irritada e envergonhada, voltando um olhar perdido para Void e Ryuuki enquanto se controlava para não chorar.

— E-eu posso matar ele, não posso...?

— Saia da frente, peixinha. Eu vou carbonizar esse infeliz!!

Void deu de ombros, tentando inutilmente abafar algumas risadas.

Pelo pouco que Ribbon tinha lhe contado sobre os livros de Minstur, por mais raros que eles pudessem ser, eram completamente inúteis se não adquirissem novos portadores. Aquele era um desses casos.

Na pior das hipóteses, o livro seria largado em outro lugar.

Void forçou um pigarro, chamando a atenção de todos.

— Não vamos criar alarde com algo tão insignificante.

Ele pegou o livro do chão, o jogando de qualquer jeito sobre a cama de Rashidi.

— Não vai demorar para chegarmos em Khürmandha. Tentem descansar até lá.

— E você vai deixar essa coisa no meu quarto?!

— Jogue ele no corredor, sei lá… Eu não me importo.

Void saiu do quarto sem sequer olhar para trás.

Ayase já estava quase fazendo o mesmo.

— Se você for jogar isso daí no corredor, mantenha esse olho para baixo. Não quero nem imaginar essa coisa olhando por debaixo do meu vestido.

— Eu fui rebaixado de “bonitinho” para “essa coisa”? Não seja cruel!

— Você mereceu… livro idiota!

Antes de sair do quarto, Ayase o encarou uma última vez.

— Ahon! Esse é um bom nome pra você!

Ela se virou rapidamente e saiu do quarto bufando; no instante que ela foi para o corredor, a temperatura do quarto voltou a subir gradualmente, transformando as camadas de gelo em um fino pó translúcido.

Sem falar uma palavra, Ryuuki acompanhou Ayase para fora do cômodo. Ele não tinha a mínima intenção de se envolver com aquilo, por mais que seus instintos dissessem que a existência daquele grimório poderia ser… perigosa.

Após alguns segundos, o livro suspirou, fechando o seu único olho.

— E agora tem um monte de esquisitões irritados comigo…

— Eu não sabia que livros de Minstur podiam ser tão imbecis!!

A runa desapareceu, levando com ela o brilho avermelhado que envolvia o quarto.

Rashidi saiu do cômodo também. Ele precisava pensar no que fazer com aquele livro.

— …

O silêncio se fez presente naquele lugar.

O grimório passou a observar o ambiente ao seu redor; móveis feitos com a madeira de Daear, lençóis confeccionados em Bombycidae, rascunhos de runas vesper nos papéis amaldiçoados de Khua’hon, livros de HALO, Trevhro e Éden.

Uma nave da quinta geração de Kolasurr equipada por um mapa daemonia.

Um vesper, um daemonia, uma criação de Kolasurr, uma atlanshiense, um…

Não. Não podia ser. Aquilo não deveria existir dentro daquele universo.

Seus 14 bilhões de anos de existência deveriam estar confundido as energias.

— Mas isso é… interessante. Eu preciso ficar aqui por mais um tempo.

O livro percebeu que Ayase passou pelo quarto de Rashidi novamente e tentou chamar a atenção da garota para si; ele precisava se manter acordado de alguma maneira.

— Ei, você! Me escute…!

— …

Ayase pensou em ignorá-lo, mas o livro insistiu.

— Por favor, eu preciso de sua ajuda aqui!

Ela se aproximou da porta, o encarando.

— O que foi agora, Ahon?!

— Por que está me chamando dessa forma...?

O único olho do livro fez uma expressão chorosa.

— Ahon. É um trocadilho para “livro idiota”. Combina bem com você.

— Não precisa agir assim comigo…! Podemos nos tornar bons amigos!

A garota revirou os olhos, ficando cada vez mais impaciente com aquilo.

Ela finalmente conseguia compreender os sentimentos de Rashidi.

— Foi para isso que você me chamou aqui, Ahon?

— Não... me escute...!

— Estou escutando, Ahon.

— Para que eu continue acordado, preciso que alguém me doe um pouco de energia vital, assim serei capaz de desfazer esse lacre e ter minha energia de volta. Faça isso por mim, por favor!

— Um vínculo por alma é suficiente para mim, Ahon! E se você precisa de energia vital, por que não escolhe o Rashidi ou o Void? Tenho certeza que eles são bem mais fortes do que eu.

— Eu não tenho interesse algum naqueles dois. Eu já tive portadores vesperes e–…

Ele deu uma pausa, se perguntando se realmente poderia revelar o outro termo.

Ayase estranhou a repentina pausa do livro e passou a encará-lo com desgosto.

Após alguns segundos pensando, o objeto de Minstur mudou sua abordagem.

— Me escute…! O que você acha de ter as suas dúvidas respondidas?!

— Dúvidas…?! O que você quer dizer com isso?

A sereia arqueou uma sobrancelha enquanto o livro parecia abafar risadinhas.

— Dúvidas, minha cara residente de Atlansha! Todos neste universo possuem dúvidas, você não?! Eu sou mais antigo do que esse universo! Posso responder qualquer tipo de dúvida que você tenha.

Ayase o olhou com uma expressão surpresa.

Como aquilo sabia que ela era de Atlansha?

— E-eu não acredito nesse tipo de coisa, Ahon.

— Por que não faz um teste, senhorita de Atlansha?

— …

Uma pausa.

Mas o livro de Minstur não deu tempo para Ayase pensar.

— Me escute… vamos fazer assim: me pergunte três coisas que você já sabe da resposta, assim você vai confirmar que eu estou falando a mais pura verdade. Se uma das minhas respostas for errada, você pode dar as costas e sair do quarto. Se as três respostas estiverem corretas, ainda lhe darei o direito de fazer mais uma.

— E o que você ganha com uma quarta pergunta, Ahon?

A sua confiança, é claro!

O livro semicerrou seu único olho.

Ele se sentia seguro com aquele trato. Não era a primeira vez que fazia isso.

Ayase pensava naquela proposta com cautela. Ter as suas dúvidas respondidas parecia algo maravilhoso, mas ela não tinha como saber se o livro de Minstur realmente estava falando a verdade.

“Eu devo confiar nessa coisa…?”

O silêncio arrastava os segundos, e apenas o som de sua respiração chegava em seus ouvidos. Ela finalmente assentiu com a cabeça; os lábios trêmulos para a primeira pergunta.

— Então… O que são genories?

— Essa é a sua pergunta…?! Eu esperava algo mais difícil. Genories são pequenos peixes azulados de seis centímetros que vivem em uma sociedade denominada genonmo, onde os mais velhos são capazes de fabricar um néctar adocicado que é usado como material para a construção de suas pequenas casinhas. Eles são bioluminescentes e só sobrevivem em baixas temperaturas, passando a hibernar quando a temperatura aumenta. Essa espécie foi criada para o planeta de Cephaloween, mas também foi reaproveitada em Atlansha e Arumona.

A sereia piscou os olhos rapidamente, surpresa com o tanto de informações.

— W-woow! Tem coisas aí que eu nem sabia…

— Mas a informação está correta, não está?

— Acho que sim…

— Ponto para mim!

O livro fechou o único olho; se ele tivesse lábios, com certeza estaria sorrindo.

Em seguida, ele o abriu com uma expressão ainda mais confiante que antes.

— Vamos para a segunda pergunta.

— S-sim…

A garota deu uma pausa, tentando manter os pensamentos em ordem enquanto formulava sua segunda pergunta. Ela deixou o ar escapar, e a frase que saiu de sua boca foi quase automática.

— O que acontece quando os residentes do meu planeta morrem?

O livro a encarou com uma expressão confusa. Que tipo de pergunta era aquela?

Ayase abaixou a cabeça, escondendo o semblante triste que dominou o seu rosto.

— Quando atlanshienses morrem… eles se transformam em corais. A depender da idade da sereia ou tritão, suas cores e formato mudam. Os mais jovens têm cores mais vívidas, enquanto os idosos são maiores e mais volumosos. Todos os corais de Atlansha contam uma história.

A sereia assentiu com a cabeça. Aquela resposta estava correta.

O livro de Minstur a encarou com uma expressão igualmente triste.

— Você está bem, senhorita de Atlansha?

— Aparentemente você não sabe de tudo, não é?

— …?!

Ayase passou a observá-lo com os olhos úmidos.

— Atlansha foi destruída… por aqueles malditos fractais.

— Fractais…?

Fractais.

De definição, figuras geométricas com múltiplas dimensões.

De vista, imagens coloridas que seguem um determinado padrão.

“Ela está falando… da energia azul? Aquela coisa que destruiu…?”

O olhar triste do livro se intensificou; ele conhecia o poder caótico daquilo.

Ayase enxugou as suas lágrimas rapidamente, engolindo a tristeza que tentava dominar o seu coração. Aquele não era o momento de mostrar fragilidade.

Seus olhos voltaram a encarar o livro com seriedade.

— Vamos para a terceira pergunta.

— Entendido, senhorita.

Um silêncio aterrador dominou o quarto.

Se o livro de Minstur estava disposto a contar a verdade detalhadamente, então aquela pergunta deveria ser a sua terceira. Ayase precisava saber dos mínimos detalhes daquilo.

Ela abaixou a cabeça mais uma vez; a pergunta saiu em um sussurro.

— Por que o Ryuuki estava preso em Atlansha?

— Ryuuki?! Aquele lagartinho com asas...?

— Sim...

O livro pareceu abafar uma gargalhada irônica.

Aquele barulho baixo logo se espalhou pelo quarto.

— É dessa forma que mediadores são punidos por seus crimes, senhorita.

— …?!

— Eles perdem grande parte de seus poderes e são confinados nos planetas mais primitivos das novas vizinhanças. É dito que um pacto é capaz de tirá-los de lá, mas isso não passa de uma falsa esperança. Mas é isso que monstros merecem, não é mesmo?

— O que você quer dizer com iss–...

— A liberdade é uma das coisas que mediadores mais prezam, senhorita… não foi por isso que aquelas coisas lutaram para saírem do domínio dos vesperes?

— Você ainda não respondeu a minha pergunta.

— Tem certeza que você quer saber o que aconteceu? A sua relação com o seu amável dragão pode ser destruída se eu contar o que houve desde o começo, senhorita.

— …

— Você quer saber, não quer…?

Ayase não respondeu aquela pergunta.

Ao perceber o silêncio da garota, o livro continuou.

— Para alguém que destruiu uma galáxia, ser aprisionado em um planeta primitivo foi uma punição leve. Talvez a origem daquilo influenciou no julgamento…?

— Eu não quero mais ouvir sobre isso.

— Ele e aquele draconiano mereciam ser mortos!!!

— Já chega…

— Uma vez mortos, suas almas jamais iriam renascer!

— Pare agora mesmo.

— A energia do universo 8 agradeceria por isso!!

— SILÊNCIO!!!

Todo o ar dos pulmões de Ayase foi posto para fora naquele grito.

Para a sorte da garota, ninguém tinha surgido ali para interrom–…

Ninguém tinha surgido naquele quarto para interrompê-los?

“Por quanto tempo estamos aqui? O Ryuuki não deu por minha falta?”

— Não precisa gritar... Neste espaço, somos só nós dois.

— O... que… O que você... quer dizer com isso?!

— Magia zarman. Eu precisava te manter presa aqui.

— M-mas você disse q-que... não tinha muita energia sobrando…

— E não tenho. Se eu não conseguir te convencer agora, eu dormirei por mais um milhão de anos… e talvez eu não viva o suficiente para ver as consequências do universo primordial.

— Consequências…?! Universo primordial? O que você quer dizer com isso?

— Essa é a sua última pergunta, senhorita?

Ayase deu uma pausa, apreensiva. Ela tinha esquecido da quarta pergunta.

Lá no fundo, a sereia ainda não tinha decidido o que deveria perguntar.

Desde a visita de Void, Rashidi e Ribbon, várias perguntas surgiram em sua mente.

Não… as perguntas existiam desde antes. Elas se originaram nos malditos fractais.

— O que sã–…

Outra pausa.

Talvez aquela pergunta não fosse a ideal para aquele momento.

Cada uma de suas dúvidas dançavam ao redor de sua mente, a deixando atordoada.

A origem e o nome de Void. O passado de Rashidi. O que é a Ribbon. O que levou Ryuuki a destruir a tal galáxia. Qual é o segredo por trás de seu adorável dragão-serpente. Por que ela é capaz de absorver os aglomerados. Como ela e Ryuuki sobreviveram aos fractais. O que são as malditas luzes que dizimaram tudo o que era importante para ela.

Ayase respirou fundo; ela tentava não enlouquecer com aquelas informações.

“E-espere aí… e se isso for…?!”

Após alguns segundos, a garota finalmente percebeu. A pergunta estava logo ali.

Ela encarou o livro com uma expressão séria; seus olhos verdes não piscavam.

— Por que eu deveria confiar em suas palavras, livro de Minstur? Tenho certeza que Void e Rashidi seriam donos bem melhores para você.

— Essa é a sua per—…

— Não…!

Ayase respirou fundo, finalmente fazendo a quarta pergunta.

— O que diabos você quer comigo, livro de Minstur?!

O objeto semicerrou os olhos com um ar confiante. Ayase era a pessoa certa.

— Eu estou interessado em sua energia, senhorita, afinal... A sua existência é uma incógnita. Você deixou de ser apenas uma “residente de Atlansha” a partir do momento que absorveu o primeiro fragmento da energia azul. O que você é agora...? Eu estou curioso para saber.

— ...

Os olhos de Ayase demonstravam receio; o que significava tudo aquilo?

O livro voltou a falar com sua voz desafinada, ainda com o olho fixo nela.

— Mais cedo, eu pensava que aquele grande potencial vinha do lagartinho com asas, mas estava enganado. Era a sua energia com ele. Vocês fizeram algum tipo de pacto, não foi? É isso que mediadores bastardos fazem: proteção em troca de liberdade. E se esse for o caso, como algo tão simplório como você tem tanto potencial…?! Isso me deixa intrigado.

— Eu não sei do que você está falando...

— Informações demais, não é? Não se preocupe com isso, você entenderá muito em breve… e eu quero ser o primeiro a ver isso.

— …

O livro de Minstur pareceu soltar um leve suspiro.

— Então, me diga…! Agora eu sou digno da sua energia vital?


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Notas finais do capítulo

Capítulo 5, parte 1/2. ʕ•̀ω•́ʔ✧

Estou aqui para enaltecer a mitose que meus capítulos fazem.
Ah! Terá outro capítulo amanhã! Além da minha "pressa" em finalizar o volume 1, eu enrolei DEMAIS esse capítulo ao ponto de exceder 5k de palavras, então eu decidi dividi-lo em 2 partes para a leitura não ficar tão cansativa.

A minha intenção era responder algumas perguntas do prólogo e capítulos anteriores, mas com certeza vão brotar ainda mais perguntas. Juro que tenho um bom motivo para enrolar com relação ao Ryuuki. De resto, vocês ainda podem esperar algumas respostas desse livretinho mono-olho. aí. (´ . .̫ . `)

Nos vemos amanhã! ♡

Obrigada por ler Stellarium~!

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