CAPÍTULO 4: BENTÔ

A pequena balançava as pernas impaciente, a todo momento dava olhadas no relógio que ficava acima do quadro, apenas ouvia o seu "TIC-TAC", estava ansiosa para ouvir o som do sinal indicando o recreio, era a primeira vez que ficava tão animada para o recreio afinal neste horário ela nunca tinha ninguém para lhe fazer companhia, mas agora era diferente finalmente tinha um amigo.

A rosada deu um pequeno pulo na cadeira quando ouviu finalmente aquele maldito sinal, todos continuaram sentados em seus devidos lugares enquanto o professor guardava seus pertences. A pequena olhava irritada para o homem que guardava despreocupado cada material em sua maleta, ela estava com vontade de pegar aquelas coisas e jogar logo dentro da maleta e expulsá-lo da sala.

Assim que ele finalmente terminou foi em direção a porta falando algo sobre fazer a atividade de casa que Sakura não deu a mínima atenção. Assim que o homem finalmente estava fora da sala ela foi a primeira a levantar e guardar suas coisas apressadamente o que chamou atenção dos outros alunos porém ela não se incomodou. Ela tirou um bentô de sua mochila e cuidadosamente o colocou sobre a mesa.

Assim que guardou tudo ela pegou seu bentō e saiu da sala as pressas indo para o lugar que conheceu seu amigo. Fazia um tempo que Sakura e Sasori se tornaram amigos, depois daquele dia eles sempre se encontram no recreio, conversavam, brincavam e comiam doces que Sasori mesmo trazia.

Depois do dia que ganhou seu novo amigo Sakura teve uma grande surpresa quando encontrou o ruivo em seu quarto, ela perguntou como ele havia chegado ali e ele apenas disse que podia abrir portais mágicos para onde ele quisesse ir, de inicio ela ficou surpresa, porém, não demorou muito para Sakura ficar feliz em saber que não ficaria mais sozinha em casa.

Seus pais são viciados em trabalho então nunca dão atenção a pequena e quase nunca estão em casa, saber que finalmente teria atenção e companhia a deixava feliz.

Sakura apenas achava que Sasori era um anjo por causa das coisas estranhas que ele conseguia fazer no qual ele dizia ser apenas truques, e por ele ter simplesmente aparecido em sua frente quando mais precisava iluminando seus dias.

— Sasori!

Chamou o amigo quando avistou uma cabeleireira ruiva, Sasori riu ao ver a pequena correr em sua direção, achava graça quando a rosada corria, sempre fazia uma cara engraçada.

A rosada se jogou nos braços abertos que a esperavam para um abraço caloroso.

Sasori as vezes se surpreendia com o afeto que a garota tinha com ele, as bonecas que tivera nunca demonstraram se preocupar com ele ou algo do tipo apenas se importavam com o que Sasori tinha a oferecer apenas queriam seus mimos e sempre pediam coisas a ele e logo o trocava por aquelas pessoas imundas que elas amavam tanto. Já Sakura nunca pedia nada a ele apenas sua companhia já era o suficiente ela apenas tinha ele e mais ninguém e ele gostava disso.

Depois de um tempo a rosada se soltou do abraço confortável do homem que sentiu algo estranho, queria sentir mais um pouco do calor confortável do pequeno corpo da rosada.

— Aqui!

Falou a pequena estendo o bentō que passara a noite fazendo.

— Para mim? - Perguntou apontando para si.

Sakura balançou sua cabeça para cima e para baixo.

— É que você sempre trás lanches então quis fazer algo dessa vez... - Falou olhando para seus próprios pés.

Novamente o ruivo fora pego de surpresa, por algum motivo seu coração batia forte, ele sentia algo estranho não sabia o que era, talvez porque era a primeira vez que alguém fazia algo para ele.

— M-Mas talvez n-não esteja bom então, não se obrigue a comer!

A pequena começava a ficar vermelha e seu nervosismo fazia ela gaguejar. Sasori agarrou o bentō tocando as mãos de Sakura que continha pequenos curativos em alguns dos seus dedos.

— Você fez isso pensando em mim, certo? Então estarei feliz em comê-lo.

Sakura se surpreendeu com a expressão de Sasori, ele sorria como sempre fazia, mas ela sentia algo diferente neste sorriso, este fora o mais belo que ela viu no rosto de Sasori.

Ela observava Sasori abrir o bentō era a primeira vez que via Sasori agir daquela forma, parecia uma criança abrindo o brinquedo que tanto queria ganhar. Sakura achava aquilo realmente fofo.

Abrindo o bentō a aparência da comida não estava ruim estava realmente ótimo parecia algo delicioso de se comer.

Sasori observava cada detalhe como se quisesse guardar aquilo em sua memória para sempre. Sinceramente ele preferiria ganhar algo que durasse eternamente e não algo que duraria nem um semana fora da geladeira. Mas ele ainda sentia algo estranho, isto era felicidade? Pela primeira vez alguém lhe deu algo e melhor ainda, feita com suas próprias mãos, só de pensar que Sakura fez aquilo com ele em seus pensamentos fazia seu coração bater mais forte.

Colocou a mão em seu peito, se perguntava o que era aquilo.

— Sasori...?

Resmungou a rosada ao seu lado que o olhava preocupada tirando Sasori de seus devaneios. Ignorando aquilo pegou o hashi e atacou primeiramente o enroladinho de ovo, assim que começou a mastigar um "crack" foi ouvido. Tinha pequenos pedaços de casca de ovo.

— Desculpa eu não devia ter feito! - Falou tentando pegar o Bentō de volta mas, foi afastado por Sasori que continuou comendo. - Por favor não se obrigue a comer...

— Não estou. - Falou pegando um pequeno polvo de salsicha que nem mesmo chegava perto de se parecer com um polvo.

Sakura sabia que era mentira mas, a expressão que Sasori fazia ao comer a deixava feliz.

— Aqui.

Se surpreendeu quando o ruivo estendeu o hashi com um enroladinho de ovo em sua direção, ela olhou para a comida e depois para Sasori, exitante ela acabou aceitando dando uma bocanhada na comida.

— Horrível.

Comentou colocando a mão na boca ao sentir o gosto de ovo levemente cru, fazendo Sasori rir de sua careta.

No final quando Sasori terminou o bentō, acabaram comendo o bolo de chocolate que o mesmo havia trazido. Assim seguiram sua rotina comeram doces conversaram e brincaram até o som irritante do sinal os atrapalhar desmanchando o sorriso de Sakura.

— Não faça essa cara. - Falou Sasori acariciando os cabelos rosados da pequena. - Nós vemos em casa certo.

Sakura apenas confirmou com a cabeça abrindo um pequeno sorriso logo dando um beijo na bochecha do ruivo em seguida indo para sua sala. Assim que a menina desapareceu de sua visão ele se levantou e pegou seu caminho.

***

Já era fim de tarde e as aulas finalmente haviam acabado Sakura saltitava alegre pelo corredor tingido pelo sol poente. Estava muito ansiosa para rever seu amigo novamente, esta noite iriam assistir filmes e comer várias besteiras até tarde afinal amanhã seria sábado não teria problema algum.

Estava lembrando do lindo sorriso que o ruivo havia dado, distraída acabou batendo em algo realmente grande à fazendo cair no chão.

— Olha se não é a testuda.

Sakura congelou reconheceu aquela voz masculina havia até mesmo se esquecido dele o garoto que lhe atazanava todos os dias com o seu grupinho.

— Não tenho te visto no intervalo. Onde estava?

Sakura permaneceu calada não queria falar sobre Sasori se descobrissem que um estranho entrava na escola todos os dias ela e Sasori estariam encrencados, e não poderia mais ver Sasori.

— Esta me ignorando?

Sakura sentiu seus curtos cabelos rosados serem puxados a fazendo encarar a cara feia do garoto, agora que verá que havia mais dois garotos com ele. Sakura sempre o achou um covarde mexia com os mais fracos e mesmo assim sempre tinha que ter companhia.

— Você anda bem alegre, não percebe que está incomodando a todos.

— Por favor me deixe...

Resmungou a rosada com uma voz trêmula, sentiu o aperto em seus cabelos aumentar.

— A aula inteira você fica ansiosa na cadeira e logo que o sinal toca você sai correndo para algum lugar e apenas aparece quando bate o sinal das aulas, diria que estaria se escondendo de nós porém com esse seu sorriso idiota em sua cara vejo que até mesmo havia se esquecido de nossa existência.

A voz do garoto ficou em um tom mais alto e irritado cada vez mais seu aperto nos cabelos rosados aumentava, Sakura ficava com mais medo e com dor em sua cabeça estava vendo a hora de ficar careca.

— Diria que está se encontrando com alguém...

Falou calmamente o garoto a sua direita ele parecia ser o mais inteligente entre eles.

Os olhos esmeraldas se arregalaram levemente.

— Alguém? Está falando de um garoto? - O garoto a sua esquerda falou em tom de deboche.

Uma risada exagerada veio de garoto do meio que segurava os cabelos rosados.

— Garoto? Se interessar por isso?! - Ele puxou os cabelos de Sakura fazendo com que se ajoelha-se . - Só se for cego.

— Com certeza deve ser algum doente.

Eles começaram a rir e soltarem comentários maldosos sobre Sasori. Sakura sentia raiva, eles estavam falando mal de Sasori não gostava disso não deixaria ninguém falar mal de seu precioso amigo.

— Calem a boca! - Os garotos ficaram em silêncio imediatamente, estavam surpresos era a primeira vez que ouviam Sakura gritar daquela forma. - Vocês não tem o direito de falar mal dele!

Sakura ao perceber o que fez também ficou surpresa, foi a primeira vez que deixou sua irritação falar mais alto.

— Huu, esta bem corajosa. Por acaso esqueceu com quem está falando?

Sakura sentiu o aperto em seus cabelos sumirem ao ser arremessada no chão.

— Farei com que se lembre de quem somos nós. - Falou o do meio estalando os dedos, sua expressão era assustadora.

— Não é uma boa ideia estamos no corredor alguém pode aparecer... - Falou o da direita.

— A essa hora não tem ninguém aqui e o professor que tranca as portas ainda vai demorar a passar aqui, ate lá já vamos ter terminado.

Sakura tremeu com a aproximação dos três...

***

— NÃO CHEGUE PERTO!

Exclamou uma garota de longos cabelos pretos que apontava uma faca trêmula para o loiro em sua frente que a olhava com um olhar divertido lentamente foi se aproximando, a garota tremia por inteiro mas ainda continha o olhar desafiador. Com mais um passo do loiro e a garota pulou em cima do homem e esfaqueou seu coração e os olhos do homem se arregalaram, ao ver sua reação a garota abriu um sorriso vitorioso.

— Brincadeirinha!

O sorriso do loiro surgiu novamente, indiferente sem se importar com a faca cravada em seu coração. A garota ficou imóvel por alguns segundos, mas ela estava possuída pelo desespero e começou a esfaqueá-lo diversas vezes, tentando desesperadamente fazê-lo reagir de alguma forma. O som nauseante de carne perfurada pela faca podia ser ouvido claramente, mas o loiro continua com sua mesma expressão.

— Liza, Liza, Liza...

Com uma mão ele apertou o pescoço da garota e com a outra segurou o braço dela que esfaqueou ele.

— Tão ingênua sabe que não consegue me matar.

Lentamente ele inclinou o braço dela na direção oposta. Ela gritou de dor, tentando se libertar, mas o loiro tem uma força enorme que ele poderia quebrar os ossos dela se quisesse, mas ele não queria isso, ele queria ver ela chorando de dor.

Sua expressão dizia que realmente estava se divertindo com aquilo até ser interrompido ao ouvir passos atrás de si nem mesmo precisou se virar para saber quem era.

— Que milagre ver você por aqui, pensei que estaria brincando com sua boneca.

— Esquecendo de seus compromissos como sempre.

Sasori respondeu com seu jeito frio de sempre.

— Oh sim aquilo... Bem nos despedimos aqui Liza. - Falou olhando para a garota apavorada em sua frente, antes de solta-la, ele tirou do bolso um pequeno rato vermelho com uma chave dourada em suas costas. Ele deu corda no brinquedo, e agarrou a mandíbula da garota e colocou o brinquedo dentro de sua boca. - Foi bem divertido enquanto durou.

Os olhos prateados da garota foi tomado por desespero querendo gritar porém sua boca foi tampada pelo loiro.

Uma luz apareceu e em seguida... uma explosão.

Ela caiu de joelhos, queixo, nariz e olhos se tornaram apenas uma poupa de carne onde antes era seu rosto. Ela caiu no chão. Sangue saia do seu corpo manchando todo o chão. Sangue e pedaços de carne dela respingou no rosto de Sasori.

— Tsc.

O ruivo tirou um lenço de seu bolso.

— Viu Sasori, isto sim é arte Un!

— Patético. - Falou indiferente enquanto limpava o rosto com o lenço. - Vamos logo, tenho coisas mais importantes a fazer.

— Brincar de casinha com a rosada?

Sasori lançou um olhar ameaçador a Deidara que apenas riu.

— Minha impressão ou está ficando apegado a ela?

—Ela é apenas mais umas de minhas belas bonecas, e não gosto quando mexem com coisas minhas.

Falou como um aviso para um certo loiro que apenas deu de ombros seguindo seu companheiro.