Andava de um lado para o outro no hospital, incapaz de controlar o nervosismo e a aflição. Já estava ali há quase uma hora e não tinha notícias! Tinha vontade de fazer um escândalo até que Tsunade o ouvisse e fosse obrigada a sair e lhe dar alguma notícia de Hinata.

— Está me deixando tonta! — Sakura brigou mais uma vez, impaciente. Foi obrigada a ficar na sala de espera com Naruto quando Tsunade percebeu que ela estava com pouco chakra, ainda consequência por ter salvado a vida de Naruto na lua. — Sente aqui e sossegue!

— Não consigo, Sakura-chan! — Seu tom estava dividido entre a tristeza e o desespero. — Ela desmaiou em meus braços! Ela estava bem! Aquele Toneri maldito...

Sentia calafrios só de pensar no herdeiro de Otsutsuki Hamura e sua ideia insana de destruir a Terra. Sentia o estômago revirar ainda mais ao lembrar que, para o plano dele seguir em frente, precisava se casar com Hinata para dar continuidade ao clã.

Naruto tinha vontade de quebrar algo sempre que lembrava que Toneri teve a coragem de sequestrar sua esposa, mesmo sabendo que era uma mulher casada.

— Ela me dará herdeiros — disse Toneri antes da batalha com Naruto. — Para garantir a minha linhagem e manter vivo o Byakugan. Você é só um obstáculo que terei o prazer de superar.

Lutaram até Toneri perder as forças. Hinata foi solta da jaula de chakra criada por Toneri e tomou de volta os olhos de Hanabi que o Otsutsuki usava.

— Toneri, me ouça — a Hyuuga falou para o ajoelhado derrotado. — Seu plano nunca daria certo. Destruir a Terra não traria seus antepassados de volta, muito menos me faria ficar ao seu lado. — Ela se ajoelhou também, suspirando. — Você viu, não foi? Assim que colocou os olhos de Hanabi, você viu o meu amor por Naruto-kun. Não é apenas emocional... é físico também. Você viu, não foi? Viu que meu amor se multiplicou... e eu jamais poderia ficar ao seu lado quando tenho mais um motivo para estar junto de Naruto-kun.

Então o homem de cabelos brancos contou sua história e resolveu passar o resto de seus dias sozinho na lua, como forma de pagar pelos crimes que cometeu. Naruto não acreditou em seu arrependimento nem por um segundo, mas o resto do time aceitou deixá-lo. A passagem secreta da Terra até a Lua foi destruída, e o Uzumaki pegou sua esposa nos braços e voou alto, beijando-a apaixonadamente sob o luar.

“Ela estava tão vermelha quando descemos!” pensou Naruto, meio bobo.

E então ela ficou pálida, perdendo as forças depois que a adrenalina da missão passou. Naruto fez com que os pássaros de tinta de Sai voassem o mais rápido que pudessem, temendo pela vida de Hinata, uma vez que Sakura não estava em condições de cuidar de ninguém.

Saiu de seus pensamentos quando Tsunade finalmente apareceu na sala de espera. Correu até a loira.

— Como está Hinata, vovó? Ela está bem? Já acordou? Posso vê-la?

A mulher respirou fundo, buscando paciência para o desespero do “neto”.

— Hinata perdeu muito chakra. Desmaiou por conta disso — informou Tsunade, contendo um sorriso. Naruto achou esquisito que a médica desse notícias ruins com uma careta de quem se controla quando conta uma piada. Olhou para Sakura por um instante e a amiga também parecia confusa. — Ela deve ter gastado mais do que podia, já que sua reserva está bem limitada. É normal que um bebê exija muito chakra nos primeiros meses. Com todo esse estresse de missão, foi demais para os dois...

Naruto parou de ouvir. Os olhos se arregalaram devagar. O coração parecia que ia explodir dentro do peito. Tsunade ainda estava falando quando voltou a si.

— Espere. O que disse?

— Qual parte? — A ninja lendária tinha agora um sorriso convencido no rosto, plenamente consciente do que estava fazendo.

— V-Você disse “bebê”... n-não tinha nenhum bebê com a gente...

— Eu disse que é normal que um bebê exija tanto chakra do corpo da mãe — falou pacientemente, ignorando a negação inicial do rapaz. — Especialmente nos primeiros meses de gravidez, que são os mais delicados — enfatizou bem a palavra “gravidez”.

Naruto abriu a boca diversas vezes, mas nada saía. Olhava de Sakura para Tsunade, uma emocionada e a outra ansiosa por sua reação.

“Você viu, não foi? Viu que meu amor se multiplicou...”. Agora entendia o que ela disse para Toneri... Hinata tinha descoberto primeiro.

— O-Onde ela está, vovó? — falou baixinho, fechando as mãos para conter o nervosismo. — Onde está minha Hina?

Tsunade pareceu decepcionada por um momento, mas concordou em guiá-lo até o quarto onde estava Hinata. Sakura preferiu esperar na sala mais um pouco.

— Ela está bem? — perguntou no caminho, ainda receoso.

— Sim, está. Um pouco exausta e quieta depois que eu confirmei a gravidez, mas fisicamente está bem.

Ele confirmou de leve, sem dizer mais nada até que a médica abrisse a porta do quarto da Uzumaki e dissesse que ia deixá-los a sós.

Hinata estava fora da cama e contemplava a paisagem pela janela, distraída. Ainda usava as roupas pretas para o casamento com Toneri, fazendo Naruto engolir em seco.

— Hina...

A morena não pareceu ouvi-lo. Resolveu se aproximar, as mãos trêmulas quando segurou uma dela. Hinata tomou um pequeno susto, mas não recuou. Seu olhar parecia um espelho dele próprio: temor, em sua maior parte.

Há quase um ano, Sakura apareceu na casa deles contando que, após muito estudo sobre o caso de Hinata, poderia ter encontrado um tratamento para a infertilidade da amiga. O útero se recuperara há um bom tempo, logo no início do casamento, mas Tsunade reafirmara que a ex-Hyuuga ainda não poderia gerar uma criança. Com a saúde da mulher já recuperada, Naruto e Hinata concordaram em não mais insistir no assunto, para evitar decepções e tristezas. Se um dia Hinata engravidasse, a criança seria mais do que bem-vinda. Se não acontecesse, poderiam adotar uma quando se sentissem prontos para ser pais.

Então hesitaram bastante com a notícia de Sakura. Demoraram algumas semanas para decidir, mas aceitaram a nova cirurgia. Os resultados pareceram promissores no começo, mas quando os seis primeiros meses terminaram sem uma gravidez, a decepção abateu o casal de forma brutal. Tiveram uma discussão horrível, onde a separação foi citada pela primeira vez...

“— Não dá, eu não consigo viver assim! — ele gritou, impaciente. — Não posso mais ir para a cama com alguém que não está pensando em mim, que só pensa em fazer um teste de gravidez algumas semanas depois! Não é a mim que você quer, Hinata! Você quer somente um filho!

— Como pode dizer algo assim?! — ela rebateu, chocada e furiosa, o rosto já banhado em lágrimas. — Achei que era algo que você queria também!

— Nós combinamos que não íamos ficar na expectativa! Que íamos esperar acontecer naturalmente!

— O naturalmente pode nunca chegar para mim, você sabe disso!

— Então por que toda essa insistência? Todo mês você fica ansiosa para os dias férteis, me convence a fazer amor com você... e para quê? Para ficar chateada de novo?

Hinata não respondeu de imediato. Levantou as sobrancelhas, como se enfim percebesse algo importante. Os olhos perolados brilharam mais com as lágrimas, mas ela não as deixou cair.

— É... eu fico chateada porque ainda sou boba demais para sonhar em formar uma família. — Ela enxugou o rosto com força, baixando o tom de voz e desviando o olhar. — Desculpe por insistir em algo que somente eu queria. Não irá mais acontecer.

Hinata virou as costas e foi até o quarto. Naruto, ainda confuso com a brusca mudança de decisão e de humor da esposa, a seguiu. Quando a encontrou, sentiu seu mundo despencar: a mulher colocara uma mala em cima da cama e começava a encher com algumas peças de roupa.

— O que está fazendo? — gaguejou.

— Uma mala para alguns dias — respondeu seca. — Depois eu mando alguém buscar o resto.

— N-Não! — Correu até ela, afastando-a da mala, subitamente aflito. — Não, pare com isso.

— Me solte!

— Não! Você está fazendo de novo! Está fugindo por achar que não tem solução para o que está acontecendo!

— Não estou fugindo! — Ela se soltou dele mesmo assim, os olhos faiscando. — Estou finalmente acabando com um casamento que eu sempre soube que não ia dar certo! — A voz vacilou ao ver o choque nos olhos dele, se arrependendo rapidamente. Recuperou logo a compostura, no entanto. — Não vamos discutir o óbvio, Naruto-kun. Nós queremos coisas diferentes, simples assim. Eu não vou mais incomodá-lo.

— N-Não está falando sério...

— Sim, estou. Em alguns dias você receberá os papéis do divórcio.

A mulher então fechou a mala e passou por ele, deixando-o sozinho por semanas a fio.”

Foram, de longe, os piores dias da vida de Naruto. Pela primeira vez se embebedou até perder a consciência, acordando somente no dia seguinte no hospital, levando uma bronca de Sasuke e Sakura, que o encontraram desmaiado no apartamento depois de dias sem sinal de vida. Hinata não apareceu no período em que esteve internado, afundando ainda mais seu ânimo. E quando completou quinze dias desde que a morena saíra de casa, o Hokage em pessoa foi visitá-lo, querendo saber o motivo para ele e Hinata recusarem tantas missões. Naruto suspirou, ciente de que a separação também a machucava, mas sem forças ou ideias do que fazer para resolver a situação.

O próprio Kakashi então “mexeu os pauzinhos” e armou um encontro para os dois, alegando para cada um que não poderiam faltar àquela “reunião”. Naruto perdeu o ar ao ver Hinata novamente.

“— D-Desculpe — ele gaguejou assim que abriu a porta do apartamento. — E-Eu fui chamado por Kakashi-sensei.

— Eu também — a mulher falou nervosa, evitando olhá-lo após o susto que levaram. — Fui chamada para uma reunião de última hora aqui. — Ela respirou fundo. — Entre, por favor. Não se incomode comigo.

— Você não me incomoda — disse simplesmente, antes de entrar no apartamento. Hinata ruborizou.

Fechou a porta atrás de si, sem conseguir desviar o rosto daquela mulher que ainda considerava a mais linda do mundo. Fazia dezesseis dias que não a via, então foi com muito esforço que parou de admirá-la.

— De quem é a casa? — perguntou envergonhado. — Kakashi-sensei só me mandou uma cópia da chave e pediu para vir esse horário.

— O mesmo para mim. — Ela deu de ombros.

— Chegamos muito cedo? Não tem mais ninguém.

Hinata conferiu o relógio, negando.

— Não. Você chegou bem na hora.

— E você deve ter chegado quinze minutos atrás. — Não conseguiu evitar a brincadeira, arrependido pela língua solta.

— Eu sou uma pessoa pontual.

— Não, eu sou uma pessoa pontual. Você é uma maníaca.

Ela riu, olhando-o de relance. Naruto sorria também, mas o peito doía como nunca. Foi terrível perceber o quanto eles eram bons juntos, apesar de sentir uma parede invisível ainda teimando em separá-los. Ele engoliu em seco, tentando afastar o sentimento.

— Bom, não tenho culpa se sou o único pontual dessa reunião! — falou decidido, quase animado. — Ficarei à vontade!

O loiro entrou em um corredor, sumindo das vistas de Hinata e entrando na primeira porta que encontrou. Ficou imaginando a morena balançando as pernas, num tique nervoso, agoniada por ele estar invadindo uma casa que não era sua. Descobriu-se em um escritório, com uma parede inteira coberta por estantes com livros. Um minuto depois, Hinata apareceu, ansiosa.

— Por Deus, Naruto-kun, volte para a sala! Essa casa não é sua!

Naruto riu alto.

— Deixe de bobagem. Estou tentando descobrir quem é nosso anfitrião.

Não era verdade, mas Hinata não precisava saber. Ela continuou parada na soleira, lançando olhares para o corredor de tempos em tempos. Naruto fingiu continuar sua busca, olhando em livros e abrindo alguns armários. Foi quando abriu o mais baixo e sorriu abertamente na direção da mulher que conseguiu toda a sua atenção.

— Descobri.

A morena se deixou levar pela curiosidade, entrando no escritório e olhando para o conteúdo do armário: várias edições da coleção Icha-Icha, de Jiraiya.

— Kakashi-sensei — falaram juntos, rindo.

— Nunca li nenhum desses livros, acredita? — Ela pegou um aleatório, abrindo em uma página qualquer e começando a ler.

— Eu não recomendo... — falou cauteloso, mas já era tarde. A mulher ficou corada até a raiz dos cabelos, devolvendo o exemplar para seu lugar.

— Que coisa vulgar.

— Eu não o chamava de “tarado” à toa.

— Achei que era só uma brincadeira de vocês. — Ela lançou um último olhar aos livros, teve uma tremedeira de desgosto e saiu do escritório, ainda envergonhada pela leitura.

Naruto sentiu um vazio imediato, fechando o armário e voltando para a sala. Não queria tocar naquele assunto, mas temia perder a chance de conversar com ela assim que as outras pessoas chegassem. Então tomou coragem e sentou na poltrona em frente a ela, respirando fundo antes de falar:

— Os papéis... da separação... eu não os recebi.

— Eu ainda não os mandei — falou séria, novamente evitando seus olhos.

Naruto hesitou muito antes de continuar:

— Por quê?

Conseguiu sua atenção, mas a frieza contida nas íris peroladas era como uma dor física no loiro.

— Estive ocupada procurando um lugar para morar. Por quê? Está com pressa?

— Não. Estou apavorado.

Conseguiu desarmá-la. A morena respirou fundo, a raiva sumindo de sua postura.

— São seis anos, Hina... quatro de casamento. Tem certeza que quer desistir de tudo isso por não entender meu lado?

— E você entende o meu?

— Perfeitamente. — Azuis e perolados se encontraram de vez. — Está claro como água para mim. Mas eu gostaria que me ouvisse agora... sem interrupções dessa vez.

Uma lágrima caiu teimosa no rosto feminino, rapidamente enxuta pelas mãos carinhosas do marido, que logo sentou ao seu lado. A proximidade, o toque... tudo fazia seu coração acelerar.

— Você ainda me ama? — Ela confirmou com a cabeça, o semblante choroso. Naruto sentiu o alívio invadir cada célula de seu corpo. — Então saiba que eu também amo você. Com todas as minhas forças! E você sabe que não são poucas! — Hinata soltou uma risadinha, ainda com as mãos presas nas dele. — Hina, eu amo a ideia de aumentar nossa família. Sempre amei! Eu lhe disse isso há anos, logo depois de pedi-la em casamento pela primeira vez. Você se lembra? — Mais uma vez o aceno afirmativo, um sorriso emocionado se formando. Hinata levou a sério seu pedido de não interromper. — Ainda é verdade, Hina. Eu quero aumentar nossa família, mas não quero viver preso em um momento, em um único objetivo, como se nosso casamento fosse resumido a isso. Eu quero aproveitar todos os momentos com você! Rir de cada um deles com você. Meu amor... eu não suporto quando fica triste. E vê-la arrasada todo mês estava acabando comigo! — Ele soltou uma mão para acariciar o rosto bonito de sua esposa. — Por favor, sem mais testes, sem mais pressão sobre nós dois. Se tiver que acontecer, vai acontecer. Não precisamos acelerar as coisas.

Hinata balançou com a cabeça repetidas vezes, concordando com ele.

— Sem mais testes — prometeu.”

Naquela noite eles ignoraram a suposta reunião, correndo para casa depois de um beijo. Naruto a amou a noite inteira, sem pressa, sem esperarem uma gravidez para dali alguns dias. Daquele dia em diante, evitaram falar sobre filhos ou quando tê-los. A maioria dos casais que conheciam eram novos ou recém-casados, então era raro quando o assunto “crianças” aparecia, deixando os Uzumaki mais livres e leves para se amarem. E como Hinata era péssima em mentir, Naruto sabia que, por mais difícil que tenha sido depois da reconciliação, ela não estava mais fazendo testes de gravidez.

E agora, pouco mais de três meses depois da reconciliação, Tsunade jogou a “bomba” como se fosse algo que esperavam todos os dias. Não somente choque, mas medo também era sentido. As mãos de ambos tremiam.

— Eu não quero te perder — ela quebrou o silêncio, falando baixo. Naruto reparou em seus olhos marejados, deixando seu coração partido. — Eu sei que...

— Também não quero te perder, Hina. — Sentiu os próprios olhos arderem. — Eu não posso... eu quase morri quando você se foi com Toneri!

— Eu precisava salvar Hanabi.

— Eu sei, eu sei. — Ele a abraçou apertado, escondendo o rosto no ombro dela. — Agora eu sei. Mas eu fiquei com tanto medo, Hina!

Hinata retribuiu o abraço, fungando no peito dele.

— Você ainda quer? — perguntou temerosa. — Ainda quer esse filho?

Ele se afastou um pouco para que a mulher o olhasse.

— Eu quero tudo que venha de você, minha Hina! — declarou, apaixonado. — Por favor, diga que ainda me quer também! Que vamos ser pais juntos.

Hinata sorriu, emocionada e aliviada.

— Sim, seu bobo! Eu ainda amo você! Sempre amei, sempre vou amar!

A morena pulou em seu colo, rindo aliviada. Naruto a segurou com força, inebriado pelo perfume natural dela, extremamente feliz por estar abraçando a mulher que amava novamente, sem dúvidas ou medo pairando sobre eles.

Porém, um pensamento o invadiu, deixando-o meio aéreo e abobalhado. Hinata, percebendo a mudança, se afastou um pouco, preocupada.

— Naruto-kun? Está tudo bem?

O mais forte dos sentimentos tomou conta, e ele sentiu os joelhos enfraquecerem. Um sorriso bobo apareceu quando a ficha finalmente caiu:

— Eu vou ser pai...

Hinata riu.

— E eu vou ser mãe.

— Nós vamos ser pais...

— Sim! — Ela pulou em seu colo novamente, rindo. — E vamos ser os melhores do mundo!

No dia de seu casamento, Naruto achou que não poderia ser mais feliz. Mesmo seu sonho de virar Hokage, cada dia mais próximo, não fazia seu coração querer sair pela boca, como acontecia quando estava com Hinata.

Mas agora, com uma criança a caminho... um bebê dele e da mulher que amava...

Não conteve as lágrimas.

Horas mais tarde, já em sua cama, não conseguia parar de encarar o teto. Hinata, deitada ao seu lado, estava na mesma situação.

— Como se sente? — ele perguntou a certa altura, ainda meio bobo.

— Não tenho certeza. — A mulher soltou um risinho em meio ao nervoso. — Feliz, sem dúvida. Ansiosa. Preocupada. Apavorada. — Ela se deitou de lado para olhá-lo. — Por Deus, Naruto-kun, temos uma criança a caminho! Há tantas coisas a se fazer!

— Roupas, berço, fraldas...

— Tantos ninjutsus a ensinar! E se não dermos conta?

— Você conseguiu tomar conta de mim por meses quando veio morar comigo. Não deve ser mais difícil.

Conseguiu fazê-la rir novamente.

— Você parece tão tranquilo! Como consegue? Sinto que vou explodir a qualquer momento!

“Bem, eu encontrei uma mulher
Mais forte que qualquer pessoa que conheço
Ela compartilha dos meus sonhos
Eu espero que um dia eu compartilhe seu lar
Eu encontrei um amor
Para carregar mais do que apenas meus segredos
Para carregar amor, para carregar nossos filhos”

Ela não tinha como saber de seus pensamentos, por isso pensava que estava calmo com a situação. Mas por dentro, Naruto se esforçava para controlar a respiração e o coração acelerado.

Kurama há pouco tinha lhe contado dos sentimentos de Mito e Kushina quando descobriram estar esperando um bebê. A raposa contou que, mesmo com tanto ódio que sentia na época, não podia ignorar o intenso e profundo amor que aquelas mulheres sentiam ao pensar em suas crianças, além da ansiedade de poder segurar seu filho pela primeira vez. Não era a mesma coisa com ele, Naruto sabia, mas também não conseguia ignorar aquele amor que o invadia... um amor por uma pessoa que ele sequer conhecia!

Virou-se para a esposa, segurando a mão pequena e levando-a ao próprio peito. Hinata arregalou os olhos.

— Eu também... mas me alivia muito saber que estaremos juntos nessa.

Porque nada mais lhe dava mais paz do que ter aquela linda morena de olhos perolados ao seu lado, em todos os dias de sua vida.

“Ainda somos crianças, mas estamos tão apaixonados
Lutando contra todas as possibilidades
Eu sei que ficaremos bem desta vez
Amor, apenas segure minha mão
Seja minha garota, eu serei seu homem
Eu vejo meu futuro em seus olhos”
(Perfect – Ed Sheeran)

Lembranças dos primeiros sorrisos de Hinata em seu antigo apartamento o invadiram, sendo seguidas por flashs dela cantando enquanto cozinhava ou limpava a casa naquelas primeiras semanas. Lembrou-se das primeiras vezes que compartilharam a mesma cama, envergonhados demais para olharem um para o outro... até que não conseguiam mais dormir separados e procuravam o corpo do outro para se aconchegar até o sono chegar.

Um sorriso bobo apareceu ao relembrar do tempo que se aproximaram mais quando ficaram presos dentro de casa devido à nova prótese criada por Tsunade. Naruto achou, por muito tempo, que foi naquele período que se apaixonou por Hinata, mas Sasuke lhe abriu os olhos algum tempo depois: desde o Exame Chunnin já olhava para Hinata com outros olhos... não sabia o que era naquela época, mas bastou que a moça entrasse definitivamente em sua vida para descobrir.

Hinata era tudo.

E agora, a poucos meses de ser a mãe de seu primeiro filho, Hinata era como um pedaço dele, algo que não conseguia viver sem. Pensando melhor, Naruto sequer sabia como vivera antes dela... a morena chegou e mudou tudo em sua vida.

Tudo ficou melhor depois dela.

E, como se ainda fosse possível, tudo tendia a ficar ainda melhor.

“Eu me sinto tão vivo hoje à noite
Você me fez sentir sublime
Eu quero gritar isso aos quatro ventos
Até que isso esteja terminado, e nós estejamos mais velhos”
(Tonight – Seether)

Naruto a puxou para mais perto, encostando suas testas e provando seus lábios.

— Acho que ainda não disse hoje... Hina, eu amo tanto você!

O sorriso dela lhe prometia o mundo...

— Eu também amo você, Naruto-kun!

... E ele estava ansioso para tê-lo.