Aquele dia escrita por Gessikk


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente! Tudo bem?
Confesso que estou um pouco nervosa...ou bem nervosa rsrs
Escrevo fanfics há alguns anos, mas nunca tinha escrito nenhuma palavra de The 100 e do nada, resolvi arriscar. Por isso é só uma One e em um Universo Alternativo, pois essa foi só uma forma deu testar, pela primeira vez, como é a sensação de escrever com esses personagens da série que me cativou tão rápido.
Espero que vocês gostem.
Boa leitura!



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Clarke não costumava sair tão tarde. Não em plena segunda feira. Mas aquela não era uma noite rotineira, na verdade, era uma noite incomum. Ou pelo menos, incomum para ela.

Por exemplo, Clarke não estava com o cabelo preso em seu típico rabo de cavalo. Seus fios loiros estavam soltos e revoltos, caindo sobre os ombros. Seus olhos claros não estavam cobertos por camadas de rímel, nem da sombra preta que sempre cobria sua pálpebra. Ela não usava nenhuma maquiagem.

No entanto, nem tudo estava tão diferente. Ela continuava usando seu all star predileto e as calças rasgadas. E claro, como sempre, ela usava seus fones de ouvido rosa choque, escutando músicas eletrônicas aleatórias.

— Eu não devia ter saído de casa. — Foi a conclusão deprimente que Clarke chegou sem dificuldades. Seu sussurro derrotado denunciou seu estado de espírito.

Ela tinha tentando, pela primeira vez em três anos, visitar o pai alcoólatra. Já não sabia mais como teve aquela maldita ideia, mas foi esse plano que a fez sair de casa em uma segunda à noite.

Por isso ela não usava a maquiagem preta que o pai não gostava e estava com o cabelo solto porque quando era pequena, ele costumava elogiar suas madeixas loiras.

Depois da visita frustrada, que terminou com brigas e o choro dela, Clarke se sentia estupida. Percebeu, finalmente, que nem devia ter tentado. Afinal, chegou à conclusão de que sua mãe estava certa: seu pai era um perdedor.

Mas ela já devia ter percebido isso. Percebido quando o pai não a telefonou nos aniversários e nem foi na sua formatura do ensino médio. Ele nunca foi presente em sua vida, tirando talvez, a primeira infância de Clarke, em que ele ainda vivia com a mãe dela.

Os pensamentos da garota caminhavam por curvas sombrias. A música animada não tinha nenhum efeito sobre ela, não ajuda em nada no seu humor. Ela olhava pela janela do ônibus vazio, encarando a paisagem de ruas escuras e silenciosas que passavam como um borrão.

Clarke só voltou a ter expressão no rosto cansado, quando sentiu uma dor aguda no pé esquerdo. Ela soltou um gritinho de dor e olhou, assustada e confusa para o lado.

— Desculpe! — Foi a fala da pessoa que pisou em seu pé.

Ela fechou a expressão, irritada. Porém, balançou a cabeça em forma de concordância enquanto analisava o garoto dos pés à cabeça. Alto, magro, pele bronzeado e o cabelo escuro em um corte quase infantil, caindo sobre a testa.

Ele não pareceu bonito, nem feio era apenas... normal. Não teve nada que chamasse atenção de Clarke. Por isso, ela voltou a encarar a janela, perdendo o interesse nele com muita facilidade.

— Não se importa se eu sentar do seu lado, né?

Clarke se surpreendeu ao ouvir, mais uma vez, a voz grave se sobrepondo a música que estava tocando em seus ouvidos. Com certa relutância, ela tirou os fones que usava e voltou a encarar o garoto.

Ele já estava sentando ao seu lado. Colocou no chão uma mochila pesada e teve dificuldades para equilibrar uma pilha de livros universitários no colo. Enquanto Clarke o observava, ele abriu um sorriso.

— Sou Bellamy Blake! — Ele se apresentou e ergueu, desajeitado, uma mão para cumprimentar Clarke.

— Tem bastante lugar vazio no ônibus.

Clarke não falou aquilo por mal. Ela não queria ser desagradável, mas infelizmente, era o tipo de pessoa que muitas vezes, dizia coisas que soavam grosseiras, mesmo sem ser sua intenção. Ela se odiava por isso.

— Eu não gosto de sentar sozinho — Bellamy respondeu antes que Clarke pudesse se desculpar. Ele encolheu os ombros e recolheu a mão que antes estava estendida. — O caminho é longo e eu costumo ser meio tagarela.

A garota desperdiçou longos instantes se perguntando como o tal Bellamy podia ser tão sociável ao ponto de falar com ela no ônibus e querer conversar, sem nunca ter a visto na vida. Assim, acabou demorando tempo demais para falar.

— Meu nome é Clarke. — Anunciou tardiamente, meio constrangida, meio desconfortável.

— Prazer, Clarke!

Ou Bellamy fingia bem, ou ele realmente não ficou incomodado com a grosseira de Clarke seguida da demora dela para responder. Ele permanecia com um pequeno sorriso nos lábios e os olhos pareciam ativos, despertos, como se tivesse acabado de tomar uma dose muito grande de café.

Clarke achou que o típico silêncio desconfortável estava prestes a dominar o ambiente. Ela já tinha voltado a segurar os fones de ouvido, pronto para colocar e começar a cantarolar uma música qualquer para disfarçar o incomodo da falta evidente de assunto. Mas não foi isso que aconteceu.

— Sabe, se alguém um dia falar para você que faculdade é divertido, ou que é uma boa ideia fazer medicina, faça um favor para mim e bata na pessoa! — Foi assim que Bellamy Blake começou a conversa — Todo mundo dizia isso para mim e olha agora como estou...

O garoto gesticulou para o próprio corpo, mostrando a roupa amassada, a quantidade de livros que carregava e mochila grande e cheia. Clarke não soube o que dizer, então se limitou a arquear as sobrancelhas.

— Pelo menos agora eu posso preparar minha irmã sobre o inferno que é estar na universidade. Eu conto para ela o que eu passo lá, sabe? Assim quando ela tiver mais velha, não vai ser pega desprevenida!

Clarke nunca, em seus vinte anos de vida, conheceu alguém que falasse tanto. Bellamy nem dava a oportunidade de ouvir alguma resposta, então a garota só precisava concordar com a cabeça e dizer coisas monossílabas como “sim”, “não’, “sei”. E por mais que ela mal abrisse a boca, o garoto não parecia se incomodar com isso.

Em poucos minutos, Clarke descobriu que Bellamy odiava a faculdade, mas amava a maioria das pessoas de sua turma. Soube que ele tinha uma irmã mais nova, Octavia e que ele amava gatos. Tinha três no pequeno apartamento que morava.

Ela teve a sensação de que já podia escrever uma breve biografia sobre o desconhecido que não era mais tão desconhecido, pelo tanto de informações que tinha descoberto dele.

Os gatos de Bellamy se chamavam princesa, pretinho e Emily. Segundo ele, escolheu o nome Emily porque era como imaginava que se chamaria sua filha. Ele também contou sobre a vida dos pais e descreveu como era suas séries prediletas.

 Até que não era chato ouvir Bellamy. Era óbvio que ele falava demais, mas a forma como dizia tudo, com entonação e expressões marcantes no rosto, fazia Clarke prestar muita atenção em tudo que ele falava. Além de que, por diversas vezes ele ria de suas próprias piadas e bem, ele tinha um riso gostoso de ser ouvido.

— E você? — Foi essa pergunta que fez o sangue de Clarke gelar.

— Eu?! — Ela pôs uma mão sobre o peito. Desejou ter entendido errado.

— Sim! O que você está fazendo no ônibus a essa hora?

Clarke podia responder que não queria falar sobre aquilo e seria verdade. Ela também tinha a opção de mentir, ou lembrar a Bellamy que eles nem se conheciam, apesar de ele ter descrito boa parte de sua vida para ela. No entanto, a garota não escolheu nenhuma dessas opções.

— Fui visitar o meu pai — Falou com sinceridade, suspirando em desanimo — Não devia ter feito isso.

Bellamy franziu o rosto e teve uma atitude intimida demais, mas, estranhamente, isso não incomodou Clarke. Ele segurou em seu braço como se a conhecesse e fosse uma velha amiga.

— Não ligue para seu pai. Pense que você saiu e acabou de conhecer um garoto legal e bonito — Com um novo sorriso, Bellamy apontou para o próprio peito — e o mais importante: Sou solteiro.

Clarke acabou rindo. Um som fraco e descontraído que fez com que todo seu corpo tremesse bem de leve. Bellamy aumento o sorriso, satisfeito por ter feito a garota rir.

Ela ia dizer alguma coisa, qualquer coisa. Ia lutar para ser simpática e dizer algo que parecesse agradável. Afinal, era o mínimo que Bellamy merecia por ter a distraído durante todo o percurso até sua casa.

No entanto, ela se deu conta que já tinha chegado no seu ponto. Precisava descer antes que o ônibus voltasse a andar. Afobada, levantou rápido e gritou para o motorista esperar.

— Eu preciso descer! Nem percebi que tinha chegado aqui. — Se justificou para Bellamy enquanto ajeitava a bolsa sobre os ombros.

— Espere!

Ele quase gritou e ela parou no lugar, em frente à porta do transporte coletivo.

Bellamy correu até Clarke com uma caneta da mão. Mais uma vez, agarrou o braço dela e ali, anotou algo rápido. Logo depois, se afastou e acenou com uma mão, se despindo.

— Ligue para mim. — Ele pediu ainda sorriso. Era incrível como ele nunca parava de sorrir.

Ela olhou para o braço e viu que Bellamy tinha escrito um número de celular. Foi capaz de retribuir o sorriso e acenar também.

— Vou ligar! — Prometeu e então, desceu do ônibus.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Sei que é uma One pequena, porém, espero que tenham aproveitado, porque foi delicioso escrever essas poucas palavras em uma história tão... "bonitinha".
Amaria receber comentários para saber a opinião de vocês!
Beijinhos



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