Trouxeram as roupas de Amaldiçoado e Aparelhado, e eles se vestiram com camisas sociais limpas, calças bem feitas, botas quentinhas e gorros de uma cor só. Devidamente vestidos, puderam sair da sala onde estavam, no sótão. Logo quando saíram, ouviram um mel em forma de voz. Vinha de uma mulher que reclamava com um menino loiro, em frente a uma porta aberta, que ficava ao lado de outra porta, bem semelhante, porém fechada.

— Caramelo lindinho, que história é essa de que você anda por aí com umas meninas sem saber o nome? – era a tal da Linda. Tinha sido dela que Caramelo herdara o loiro e o ondulado dos cabelos.

— Eu... – Caramelo tentava falar algo.

— Já não falei pra você pelo menos cobrar pela viagem? – ela tinha olhos castanhos e gostava de usar batons em tons avermelhados. Lembrava a ela de cerejas, que apreciava demais. – E se algum dia vier alguma pessoa de má índole e te fizer mal? E se roubarem a Carla?

— A CARLA! – ele entrou em desespero. – CADÊ ELA?! CADÊ?! – correu até as janelas.

Amaldiçoado e Aparelhado não estavam entendendo bulhufas daquela conversa. O rei se aproximou dos dois, e falou sobre seu sobrinho, que tinha trazido uma menina de outra cidade sem saber o nome, e que lá ela tinha sido dada como desaparecida. Ou seja, ela tinha fugido com a ajuda dele.

— Quem é Carla? – perguntou Amaldiçoado ao rei.

— É a Kombi dele. – respondeu. E sussurrou: — Mal sabe ele que já guardei no porão.

— Olhe, você me desculpe, queridinho, mas vou ter que te colocar de castigo. – Linda pegou o filho pelo braço, que era forte graças ao trabalho como lavadeira. Virou-se para o irmão, o rei. – Perdoe-o.

— Tudo bem, Linda. Quando a polícia vier, vou procurar você de novo, e vamos esclarecer tudo para eles.

Ela concordou com a cabeça, e levou Caramelo pelos corredores de Castle Hill.