A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 18
Lagaeto, a Cidade dos Ossos.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/729536/chapter/18

Depois de investigar muito o desenho e descobrir belos nadas, Amaldiçoado decidiu que era hora de dormir (apesar de ainda estarem no início da tarde). Não estava disposto a andar. Na verdade, estava disposto a fazer nada.

E, cansado de viver, entrou no mundo dos sonhos...

...

Nele, apareceu deitado, olhando para o teto de uma casa escura. Fechou os olhos para dormir dentro do sonho, mas a presença de alguém o impediu.

— Vivo? — perguntou esse alguém.

— Morto. — ele riu com o próprio trocadilho, e tentou se virar.

— Vivo. Vivo!!! — o alguém o puxou da cama branca, e o obrigou a se levantar.

Amaldiçoado encarou seu incômodo com raiva, e gritou:

— Me dEIxa Em p...! — sua voz falhou graças ao fato de estar doente.

Porém, de qualquer forma, se assustou com quem o chamava de "vivo".

A mulher do sonho tinha um desenho simples de caveira pintado no rosto, de cor branca, que contrastava com sua pele negra. Seu cabelo crespo era todo puxado para trás, formando um tufo, que era amarrado com uma tiara vermelha. De roupa, vestia uma confusão de cores, sem mangas.

— Vivo. — ela encarou os olhos de Amaldiçoado, vasculhando sua alma.

— Hã? Oi? — ele desviou o olhar, nervoso.

Foi quando percebeu que tudo ao redor estava num tom diferente de vermelho.

— VIVO!! — gritou a mulher, para quem quer que estivesse fora da casa.

E outras pessoas, com a mesma pintura no rosto e a mesma cor de pele vieram ao encontro de Amaldiçoado, animadas e surpresas. Todos vestiam algum acessório feito de ossos. Isso o deixou mais nervoso ainda.

Sem que percebesse, Amaldiçoado foi levado para fora da casa, para o coração da vila onde estava. Havia um campo enorme e circular, rodeado das casas dos moradores. Nele, milhares de túmulos estavam postos. Alguns mais bonitos, enfeitados com mármore e anjos, outros apenas com uma cruz de madeira.

— Todos os mortos de Portga. — a mulher lhe explicou. — Todos eles. Aqui. Mais bonitos são bons. Menos bonitos são maus. Somos justos.

Fazia tempo que Amaldiçoado não ouvia o nome do seu país: "Portga". Nem parecia que morava ali...

— O que eu estou fazendo aqui? — perguntou o meio monstro.

— Penas. — ela riu enquanto imitava uma galinha. — Penas... — e começou a se entristecer.

— O que tem ele? — ansiedade. Amaldiçoado já previa o que ela ia dizer.

"Túmulo". — a dedução e a voz da mulher ecoaram numa voz só.

— Onde??

— 'Li. — ela apontou para um túmulo de mármore azul, enfeitado com dois anjos sentados na tampa, chorando, e uma cruz no meio.

Amaldiçoado correu e viu o nome. Voltou e implorou a mulher que o acordasse.

— Mas, túmulo já aqui está. Fica feliz pela homenagem, sim? — disse ela.

Tudo ficou borrado de repente, na visão de Amaldiçoado. Lágrimas. De repente ele se viu diante de uma lagoa delas. Seu reflexo estava borrado. Contudo, isso não importava.

— De que adianta um túmulo bonito se tudo o que estiver dentro vão ser restos devorados por vermes?

Os anjos do túmulo, ao ouvirem isso, pararam de chorar.

Se a luz que está em ti se torna trevas... — disseram em uníssono. —  Quão terríveis serão elas...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Cidade do Sol" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.