A Cidade do Sol escrita por Helen
Os dois meio monstros estavam de frente para a velha, numa mesa pequena de madeira. Ela bebericava um café, e de vez em quando mordia um pedaço de banana. Seus dentes amarelos denunciavam que ela gostava muito de café.
— Quais são seus nomes? – perguntou ela.
— Bendito e Querido. – respondeu Querido.
— Os de verdade, eu quero dizer.
— Frank. – disse Querido, com tanta naturalidade que chega assustou Bendito. Querido não tinha dito que dizer o nome era um ato de rebeldia? E agora falava como se fosse algo tão banal...
— Eu... não sei. – Bendito mentiu.
— Claro que sabe. Se não soubesse, não teria coragem pra sair de onde quer que você tenha saído.
— Mas e se eu não quiser dizer?
— Tanto faz. Só acho estranho ter que chamar um bicho como você de Bendito... Enfim. Meu nome é Alva.
— Bem nome de velha mesmo... – sussurrou Bendito.
— E você? Sem nome nenhum.— ela disse com sarcasmo.
— Olha aqui, sua véia...
— Mais respeito com os mais velhos, Bendito. – repreendeu Frank.
— É, garoto. – afirmou a velha. – De qualquer forma, de onde foi que vocês vieram? Tu disse que não estavam escondidos na árvore, que tinham acabado de sair dela. Como pode?
— Senhora, Bendito, algum tempo atrás, encontrou uma árvore com uma marca de um sol. Ele subiu nela, e quando desceu, estava em outro lugar.
— Como? – ela franziu as sobrancelhas.
— Eu e ele fomos verificar isso. Descobrimos que o desenho era um adereço, e conseguimos tirá-lo. Mas quando olhamos dentro, não conseguimos entender. Era uma árvore misturada com uma máquina.
— Aí vocês vieram subindo e descendo nessas árvores pra descobrir o que diabos ela é.
— Exatamente...
— Como você deduziu isso? – perguntou Bendito.
— Porque é a única razão lógica de vocês aparecerem uma árvore do nada.
— Mas e se a gente estivesse mentindo?
— Vocês não teriam coragem de sair por aí só pra chegar aqui.
— Onde é aqui? – perguntou Querido.
— A Cidade da Cachoeira, Takinomachi. É uma cidade feita por fugitivos, para fugitivos. Não consta nos mapas, vocês já devem ter percebido.
— Nunca fui muito fã de geografia... – admitiu Bendito.
— É compreensível. Todas as diferenças geográficas neste continente éurpel se foram desde que só há nuvens e chuvas... – suspirou – Enfim. Acredito em vocês não só por causa disso.
— E acredita por causa de que, então?
— Peguem um guarda-chuva e sigam-me. – ela pegou o dela, que estava pendurado na cadeira. – A árvore de Takinomachi não é a última da sua jornada.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!