A Águia, o Leão, o Texugo e a Serpente escrita por Larissa Lima


Capítulo 2
Capítulo 2 - Rowena Ravenclaw


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito na visão de Rowena! Espero que gostem.

E obrigado às duas pessoas que estão acompanhando a história.



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ROWENA

Magna facta magnae res gestae, magni sed cordis

Quod est frigus

amet

latrans exsanguis terreat...

Magna facta magnae res gestae, magni sed cordis

Quod est frigus

amet

latrans exsanguis terreat...

Magna facta magnae res gestae, magni sed cordis

Quod est frigus

amet

latrans exsanguis terreat...

 

— Milady? Milady!

Rowena abriu os olhos assustada. O azul, sempre claro como o céu, estava escuro e conturbado. As palavras desconhecidas ainda ecoavam pela sua mente, fazendo seu coração acelerar.

— Está tudo bem? – Rowena se vira para a voz e encontra a dona da pousada, abaixada perto da lareira.

— Sim... sim, eu... apenas tive o sonho ruim. – Rowena responde tentando apresentar um sorriso firme. Já era horrível viajar sozinha e ter que enfrentar todos os olhares sobre uma mulher solitária, e demonstrar fraqueza tornaria tudo pior.

— Pesadelos... – a mulher diz balançando a cabeça. – Minha tia costumava dizer que pesadelos são criações de pequenos goblins, traiçoeiros, que adoram perturbar nossas noites. É claro... que ela também dizia que eles entravam pelos nossos ouvidos e ficam dentro de nossas cabeças. Eu morria de medo quando era pequena.

Rowena observou a mulher murmurar mais algumas palavras e fazer o fogo crescer na lareira, o calor e a luz tomando conta do quarto imediatamente.

— Me desculpe. – Rowena diz se sentando melhor na cama. – Mas eu nunca perguntei seu nome.

— Oh, meu nome é Helga. – ela responde sorrindo e chegando mais perto da cama. – Helga Hufflepuff.

— É um prazer. – Rowena diz acenando com a cabeça. – Eu fiquei muito contente com sua pousada. É muito limpa e organizada.

— Eu tento. – Helga diz encolhendo os ombros, o sorriso ainda fixo no rosto. – Não é nada fácil, se você considerar minha clientela.

— Imagino... – Rowena comenta. O rosto pálido demonstrando mais cansaço do que ela queria.

— Eu apenas vim acender o fogo. É melhor eu ir para a senhora ter uma boa noite de sono. – Helga então vá para a porta. – Bons sonhos.

— Obrigada. – Rowena agradece com um sorriso, agora sincero. Algo em Helga era simplesmente reconfortante.

Infelizmente, apesar dos desejos de Helga, Rowena não voltar a dormir. E como muitas noites, desde a infância, o sono simplesmente some, e sua mente começa a funcionar de maneira incansável.

Rowena sempre soube que era diferente dos demais, principalmente em sua família, que apesar de serem de uma antiga linhagem de bruxos, os Ravenclaw não eram um grupo que trazia orgulho à Rowena. E sim vergonha.

Tudo começou no Egito, quando seus antecedentes prestaram seus serviços aos faraós. Como se fossem servos, escravos, felizes em utilizar seus poderes apenas para satisfazer a vontade dos governantes. E depois de anos, ainda não haviam mudado.

Quando a caçada a bruxas começou pela Europa os Ravenclaw se juntaram rapidamente sob as asas das famílias reais da Inglaterra, se reduzindo a ajudantes e bobos da corte, conselheiros e servos, usando sua magia pelas ordens do rei.

Mas Rowena nunca concordou com a maneira que sua família se comporta. Não... ela via como tudo aquilo estava errado. Ela via o potencial de seu pai ser desperdiçado pelos prazeres da realeza trouxa.

É claro que sua forma de pensar nunca foi bem vista por sua mãe, que sempre a escondia, como sua fosse a vergonha da família por preferir estudar magia à entreter as princesas com truques de mágica. Rowena nunca se incomodou, certamente, em passar horas na biblioteca, lendo os livros de magia confiscados pelo rei, aprendendo tudo o que podia...

Porém, agora, tudo era diferente.

****

— Os duelos começaram depois do almoço. – Helga dizia animada quando Rowena desceu as escadas até a entrada da pousada, que agora estava cheia de mesas com os mais cheirosos pães e bolos. – Os participantes devem entregar seus nomes até às 10:00 da manhã...

— Você já se inscreveu mamãe? – um menino ruivo sentado no balcão perguntou, animado.

— É claro que sim Victor! – Helga responde, com o mesmo grau de animação.

— A senhora vai participar dos duelos? – um rapaz na mesa ao lado da que Rowena se senta pergunta, parecendo surpreso.

— Sim, eu vou Senhor Gryffindor. – Helga diz se aproximando de Rowena. – E eu sei que não serei a única mulher a participar.

— Certamente que não. – Rowena exclama sorrindo para Helga, que lhe dá um aceno afirmativo antes de servir outras mesas. – Eu acredito que nós seremos grades destaques nesse torneio. – ela acrescenta, encarando o homem.

— Não duvido que irão sem grandes adversárias. – ele diz. – Eu sempre pratiquei minhas habilidades em duelo com minha irmã mais nova... portanto devo dizer que sei como as mulheres podem ser oponentes dignas.

— Está nos dizendo que sua irmãzinha lhe derrotava muitas vezes, Senhor? – Helga indaga, tentando, sem sucesso, segurar o sorriso zombeiro. Os poucos hóspedes que estavam sentados naquela manhã deram risinhos com o comentário.

— Muitas vezes Senhora. – ele diz, se juntando aos risos. – Aquela pequena fuinha sempre foi muito hábil.

— Isso quer dizer que o Senhor se considera um forte candidato para os duelos. – Rowena murmura, observando o homem.

— Acredito que sim. – ele diz se levantando e se curvando em frente à Rowena. – Godric Gryffindor... é um prazer conhecê-la.

— Rowena Ravenclaw.

— Um lindo nome para uma linda donzela. – Godric comenta sorrindo. – Será uma honra enfrentá-la nesta tarde.

— Certeza que sim. – Rowena responde, educadamente, e observa Godric sair da pousada, com o perto estufado.

— Bonito, não? – Helga indaga seguindo o olhar de Rowena, e a morena encara a ruiva com as sobrancelhas erguidas. – O quê? Eu sou casada, não cega.

— Olhar não é proibido. – Rowena concorda rindo. – E sobre o Sr. Gryffindor... achei um pouco pretensioso.

— Mas bonito.

— Mas bonito. – Rowena repete e troca um sorriso com Helga. – E falando de seu marido... Ele não se incomoda com sua participação nos torneios?

— Edgawd está de viagem. – Helga responde recolhendo os pratos da mesa, o sorriso simpático substituído por um mais forçado. – Voltará daqui duas semanas.

— Então ele não sabe!? – Rowena diz intrigada.

— Não. – Helga diz. – E nem precisa saber. – acrescenta com uma piscadela. – E se eu ganhar, ele ficará muito contente com o prêmio para pensar em outra coisa.

Rowena terminou ser café-da-manhã observando os outros hóspedes, a maioria deles na cidade para participar dos duelos. Apesar de alguns olhares curiosos Rowena não foi incomodada até se retirar para seu quarto. Abrindo o malão ela trocou o vestido de seda por vestes azuis-escuros e botas de couro de dragão – presente de sua avó – a varinha presa no cinto, na cintura. O cabelo negro foi preso cuidadosamente para não atrapalhar a visão ou movimentos.

No centro da vila, ao redor de estádio onde aconteceria o principal evento do torneio, a multidão já estava se juntando. Alguns comerciantes vendiam pedras mágicas, varinhas de brinquedo e comidas. Ao centro do espaço Rowena avistou o palco comprido onde aconteceriam os duelos e as arquibancadas onde os locais sentariam para assistir.

— Nome? – o Senhor sentado nas mesas de inscrição perguntou sem erguer o olhar.

— Ravenclaw, Rowena.

— Ravenclaw. – ele repete lentamente, finalmente encarando Rowena. – Belo nome. – comenta com uma voz baixa e rouca, causando arrepios na espinha de Rowena.

— Obrigada. – ela responde, engolindo em seco, o olhar no senhor continua por alguns segundos apenas até ele chamar o próximo.

Rowena segura sua faixa de participante e caminha em direção à tenda dos duelos. Como esperado, a maioria ali dentro eram homens, falando alto e alguns já bebendo. Rowena revirou os olhos para a cena e procurou um dos bancos mais afastados, se sentando o focando nos seus concorrentes. Ela já havia aprendido desde pequena, com seu pai, à avaliar duelistas.Ali na tenda grande parte parecia inexperiente, eram jovens, impulsivos, fazendeiros desesperados por dinheiro, valentões convencidos que não demonstravam nenhuma leveza para duelo.

Apenas duas pessoas chamaram a atenção de Rowena no grupo. No canto da tenda um dos homens estava afastado, mas diferente de Rowena ele não demonstrava o menos interesse pelos outros participantes. Suas vestes eram negras e de tecido nobre, que ela sabia que eram caros. A expressão estava sombria, fria.

O outro que se destacava era com certeza Godric Gryffindor. O convencido intrigante da pousada. Godric estava no centro da tenda, conversando com outros concorrentes e causando risadas de vez em quando. Mesmo estando em uma competição, Rowena percebia muitos homens se inclinarem para Godric como se ele fosse um exemplo, uma espécie de líder. Em poucas horas Rowena tinha visto Godric ensinar um dos jovens competidores à adquirir uma postura de duelo, e dar informações sobre o cadastro para homens confusos e perdidos.

— Algo interessante? – Helga aparece algumas horas antes do início do duelo, segurando uma cesta no braço e seu filho na cintura. Victor estava observando os competidores com olhos curiosos e animados. – Eu trouxe almoço.

— Não estou com muita fome. – Rowena diz, tentando recusar educadamente a boa vontade de Helga.

— Bobagem. – a ruiva diz se sentando ao lado de Rowena e abrindo a cesta.  – Todos sentem fome depois de experimentar  o meu famoso sanduiche de cordeiro!

— É muito bom! – Victor diz colocando a mão na cesta, apenas para levar um tapa da mãe.

— Espere menininho guloso. – Helga diz com carinho, pegando três sanduiches, e entregando um para Rowena. – Espero que goste.

— Acredito que não têm como não gostar. – Rowena diz sorrindo agradecida. Mordendo no sanduiche e soltando um suspiro satisfeito. – Isso... é muito bom.

— Eu disse. – Victor diz sorrindo. Rowena repara na semelhança no sorriso de mãe e filho. – Mãe? Eu posso ir conversar com o Sr. Gryffindor?

— Vá em frente. – Helga responde, balançando a cabeça e comendo o sanduiche tranquilamente. Rowena percebeu que a mulher não parecia nervosa com os duelos, e, sutilmente, apresentava uma grande confiança. – E então? Já deu uma boa olhada em seus principais concorrentes?

— Alguns. – Rowena diz, vagamente, pensando que além dos dois homens que já havia observado Helga Hufflepuff também era uma forte ameaça.

 

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Helga Hufflepuff
:)
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