Raptada escrita por Jupiter rousse


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amoressss *-* Como vocês estão? Aqui está mais um capítulo fresquinho pra vocês, a gente se vê lá embaixo ;)



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Passaram-se três dias. Três dias em que Atena ficou presa naquele cubículo. Três dias sem fazer idéia do porquê dela estar ali. E nesse meio tempo, havia visto Poseidon apenas uma vez. O Deus dos Mares permanecia um mistério para ela tanto quanto antes de conhecê-lo e Atena não podia estar mais incomodada.

 No dia seguinte a discussão deles, Poseidon saiu de sua cabine cedo da manhã. O sol sequer havia nascido e poucas pessoas andavam no deck. Ele estava sério e com uma expressão preocupada enquanto andava de um lado para o outro. Poucos minutos depois, Helena apareceu confirmando as suspeitas de Atena de que ele esperava por alguém. A conversa entre os dois não durou muito, Poseidon parecia com pressa e apenas com poucos gestos encerrou a discussão. Assim ele se foi. Por dois dias.

 Sentia-se frustrada. Com olhos de águia, observou dia e noite a tripulação do navio. Aprendeu alguns nomes, quais velas eram içadas para cada tipo de vento, quais eram os horários de almoço e janta, mas nada que pudesse ajudá-la numa fuga. Ou que lhe desse qualquer pista sobre sua captura. Ou talvez para onde estavam indo. Ou qualquer resposta para as dezenas de perguntas que atormentavam sua mente.  A paisagem, tão pouco, lhe deu alguma dica. Três dias inteiros em alto mar sem nenhum sinal de Terra significava que eles poderiam estar, literalmente, em qualquer lugar.

Dafne costumava lhe fazer companhia durante o dia. A menina conversava com ela durante alguns minutos, sumia por horas e depois retornava. Aparentemente todos ali tinham tarefas a cumprir. Todos humanos. Talvez isso fosse o que mais intrigava Atena. Afinal, o pouco que havia escutado lhe fizeram imaginar um cenário totalmente diferente. É verdade que poucos no Olimpo falavam sobre Poseidon, a não ser é claro quando ele eventualmente aparecia nas páginas do Expresso Olimpiano. E nesses dias em que Atena passou no navio, parou para pensar nas matérias que leu e  percebeu que, na verdade, eram sempre muito vagas e repetitivas.

Sabia que Poseidon odiava Zeus, que a rivalidade dos dois sempre foi uma grande disputa de poder. Supostamente, esse era o motivo para o Deus dos Mares ter virado as costas para aquela guerra. Saqueava e destruía as vilas mortais que juravam fidelidade e idolatria a Zeus, matava inocentes para provocar o irmão. Deixava atrás dele uma trilha de sangue e destruição, com os mais temidos monstros e os semideuses mais rebeldes.

No entanto, nada que Atena havia observado nos três dias parecia colaborar com aquelas histórias. Tirando os sentinelas que sempre rondavam o convés, três humanos que pelo físico pareciam ter treinamento militar, Atena não via muitas armas circulando por aí.  Também não tinha notado nenhum semi-deus e muito menos monstros. Todos pareciam ordinários demais. Humanos demais. Não tinha sinal algum de nenhum envolvimento com Cronos.

 O que ele quer comigo, di immortales?

E por último, mas não menos importante, na lista de preocupações da deusa tinha, o Olimpo. Três dias inteiros trancada aqui, fora os três dias que passara desacordada se recuperando do duelo que tivera com Campe, maldita fosse. Quase uma semana sem notícias do Olimpo, de seu pai, de seus irmãos. Quase uma semana que Atena deixou o Olimpo, ou melhor, que fora sequestrada.

 Chegava a ser irônico. Milhares de vezes a deusa sonhou com o dia em que deixaria o monte Olimpo, que viajaria pelo mundo mortal. Tantos lugares que queria conhecer, tantas coisas que queria observar. Os olhos de Atena enchiam de curiosidade e empolgação apenas em pensar na possibilidade. Mas Zeus jamais permitiu que sua principal estrategista deixasse o Olimpo. Um risco muito grande, que não estou disposto a correr. A voz de seu pai ecoou clara em sua mente, como sempre cortante e fria. Ele está certo. Não é sequer prudente da minha parte cogitar isso. Ainda assim, como uma criança que sonha alto, ela não conseguia evitar o aperto em seu peito.

 Nada disso importava agora. Risco grande ou não, Atena havia sido levada do Olimpo em si. Estava a mercê dos deus dos Mares e o sentimento de impotência quase a sufocava. Se recusaria a viver dessa forma, aquilo era apenas temporário. Apenas.

[...]

 Poseidon

Era reconfortante estar de volta a bagunça monstruosa de sua cabine. Ver livros, mapas, planos de navegação, relatórios de guerra, estratégias militares espalhados por todos os cantos lhe deixavam confortável. Sua mente funcionava de maneira tão desordenada que precisava das coisas ao seu alcance e expostas. Era assim que o Deus operava.

Tinha vontade de causar outra tempestade ao pensar que os três dias que passou fora, de nada adiantaram. Foi mais uma, de tantas outras, tentativas falhas. A angústia que atormentava seu peito era o bastante para querer cortar algumas cabeças foras. Principalmente se envolvesse a do seu irmão. Com alguns passos, o Deus chegou até o outro lado da cabine, onde, afastado da mesa, havia um pequeno bar pessoal. Serviu uma longa dose de um de seus whiskys favoritos. E mais uma depois dessa.

Precisava adormecer. Adormecer seus sentidos, sua raiva, sua culpa. As vezes parecia que era movido por seus fantasmas e já bastava a sensação de ser controlado o tempo todo. As expedições sempre abatiam muito ele, confirmou erguendo seu rosto em direção ao espelho emoldurado que fica por de trás do bar. Olheiras fundas lhe cortavam os olhos, parecia ter envelhecido uns cinco anos e se olhasse bem, no misto de cabelos rebeldes, alguns fios brancos estavam aparentes.

Virando sua última dose, Poseidon respirou fundo antes de deixar a cabine. Precisava mostrar a sua tripulação que estava de volta, eles provavelmente estariam inquietos. Nunca ficava fora tanto tempo e isso, com certeza, tinha gerado certa preocupação. E claro, tinha uma deusa petulante da sabedoria para lidar.

Sentiu-se satisfeito quando abriu a porta da cabine e viu o dia ensolarado com ventos fortes e gelados. Se o tempo continuasse assim, até seria possível adiantar em alguns dias a viagem deles. E tempo definitivamente era algo que eles não podiam se dar o luxo de perder. Deixou que o vento sacudisse seus cabelos e sua capa, sentiu-o contra o peito e na palma das mãos. Eram poucas as coisas que acalmavam o Deus dos mares.

Um grito com seu nome delatou que sua paz havia acabado. Ainda de olhos fechados e apoiado na sacada de sua cabine, Poseidon sabia que Helena marchava em sua direção de olhos arregalados.

— O que é que você tem nessa sua cabeça oca? Três dias? Só pode estar LOUCO!

Poseidon lhe deu um meio sorriso, as bochechas de Helena estavam vermelhas, sempre um sinal de que a mortal estava furiosa.

— Isso tudo é saudade de mim? - arqueou a sobrancelha, um risinho inevitável saindo de suas narinas

— Ora Poseidon, francamente - ela revirou os olhos - Não podia nem ao menos ter mandado uma mensagem de Íris, seu idiota?

O Deus dos Mares lhe deu as costas, descendo as escadas em direção ao deck. As pessoas que passavam sorriam para ele, o cumprimentavam com um aceno de cabeça com o qual ele respondia genuinamente. Ao contrário de Helena, os demais pareciam felizes em vê-lo. Aliviados talvez fosse mais preciso, mas sim, também de certa forma felizes.

— Você sabe que mensagens de Íris são muito arriscadas Helena, apenas em…

—  Apenas em situações extremas, blá blá blá— ela terminou a frase por ele, irritada - Mas você podia muito bem ter arrumado um jeito de se comunicar, você é um Deus pelo amor dos deuses.

— As vezes você esquece - Poseidon ajudou dois tripulantes que passavam com duas caixas pesadas - a situação em que estamos.

Helena sentiu o tom na mudança de voz dele, o Deus dos Mares às vezes era cristalino como água. Fácil de se ler. Antes que pudesse perceber ele já andava a sua frente, mordendo uma maçã que ele havia pego dos caixotes e cumprimentando todo mundo. Mas aquela discussão estava longe de acabar.

— Três dias, Poseidon? - ela rebateu se desviando de outros dois carregamentos pesados - Acho que foi você que esqueceu em que situação estamos.

— Eu fui extremamente cauteloso - o Deus mordeu novamente a maçã, sua capa esvoaçava tanto atrás dele que Helena precisava tomar cuidado para não pisá-la - Tomei todas as medidas necessárias e eu não teria ficado três dias se não fosse preciso.

— A questão não é ser cauteloso - estava começando a perder a pouca paciência que tinha, a teimosia de Poseidon certamente era um teste divino para ela - A questão é que três dias foi arriscado demais!

— Eu não teria ficado três dias se não precisasse dos três dias - os olhos dele escureceram quando se virou para ela de supetão, estava nervoso e seu tom deixava claro que aquela discussão acabava ali - E eu não consegui nada, Helena, como sempre. Passei três dias fora porque achei que fosse conseguir alguma coisa, realmente achei, mas foi em vão, então eu realmente agradeceria se a gente pulasse toda essa discussão porque eu já me sinto mal o suficiente, obrigado.

Helena soltou o ar quando ele deu as costas para ela de novo, sentiu-se mal por um momento. A irresponsabilidade de Poseidon a irritava, mas as vezes a ruiva esquecia o que realmente estava por trás daquelas expedições e o quanto isso mexia com ele. Um pouco de sensibilidade da próxima vez. Deixou que ele caminhasse só e voltou para seus afazeres, Poseidon precisava de um tempo.

 Para Atena, a cena quase pareceu um dejá-vu. Há três dias atrás havia visto os dois discutindo daquela maneira, mas pela distância não conseguiu ouvir uma palavra sequer. Apenas sabia que Poseidon confiava muito naquela mortal, por algum motivo, já que ela foi a última pessoa a ouvir dele antes de partir, significava que Helena era a segunda no comando. E essa foi uma informação que Atena guardou com cuidado, observando-a atentamente nesses dias. Havia sido ela, também, que cuidou dos ferimentos de Atena. Assim que a Deusa acordou, Dafne mandou chamar Helena. Atena sabia que ela era importante, que deveria prestar atenção, Helena talvez fosse a chave para ela sair dali.

Mas dessa vez, Atena conseguiu escutar um pouquinho da conversa. O que será que ele procurava? Seja lá o que fosse, parecia importante e também, que não era de hoje essa busca. Por que seria arriscado deixar o navio? Um navio cheio de mortais e uma olimpiana, certo, mas um navio cheio de feitiços poderosos de ocultação e proteção. Atena podia senti-los com clareza.  Como sempre, nada daquilo parecia fazer o menor sentido.

A deusa foi desperta de seus pensamentos com o barulho da porta sendo aberta. Com olhos estreitos e o corpo em alerta, Atena estaria pronta para um combate caso fosse necessário. E Poseidon pareceu achar graça disso e com um sorrisinho debochado no rosto, abriu as portas daquele cubículo que a acolheu pelos últimos dias.

— Acho que precisamos conversar - ele se apoiava na grade, bloqueando a passagem dela - Mas antes, pelo bem da minha tripulação, acho bom garantir que você não vai ameaçar ninguém de novo.

 A deusa da sabedoria estreitou os olhos, o tom de voz debochado que ele dirigia a ela fazia seu icor ferver. Estava acostumada a ser tratada com o máximo de respeito e até a ser um pouco temida. Mas deboche? Tirando as implicações de Áries, ninguém falava com ela dessa maneira. Mas aquela estava longe de ser a hora para comprar uma briga e Atena era astuta demais para isso. Por isso, com um repuxar de lábio, deu dois passos para frente.

— Eu posso tentar, mas não costumo fazer promessas que não posso cumprir.

Fazia muito tempo que ele não conviva com outros deuses, talvez fosse por isso que ela parecia tão arrogante aos seus olhos. Atena o olhava como se ele não fosse bom o suficiente para estar perto dela. O que era ridículo, afinal ele era claramente mais poderoso do que ela. Mas isso não parecia incomodar a filha de Zeus, pelo contrário, não perdia em nenhum segundo sua imponência fria e o olhar cortante.

— Você vai aprender como as coisas funcionam aqui, Atena. - e falar seu nome foi tão estranho para ele quanto soou para ela - Até lá, não tenho a menor intenção de deixá-la presa.

Poseidon se afastou para o lado, deixando que ela passasse. Podia sentir a desconfiança nela, mas Atena fazia um ótimo trabalho para escondê-la com os músculos da mandíbula tensionados, os olhos inexpressivos e o caminhar seguro. Mas, de alguma forma, tudo nela exalava que não confiava nele. E como poderia?

— Mas só para que fique claro - ele fechou as grades atrás dela como um baque e se adiantou na frente, olhando-a por cima do ombro - Só porque não pretendo deixá-la presa não quer dizer que eu não vá fazer isso caso necessário.

Ela cerrou os punhos com raiva. Ainda olhando-a por cima do ombro, Poseidon deu um meio sorriso e começou a caminhar pelo convés, com um aceno de cabeça indicou que Atena deveria segui-lo.


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Notas finais do capítulo

AGORA SIM A INTERAÇÃO ENTRE OS DOIS VAI FICAR MAIS FREQUENTE. Honestamente, não consigo nem lidar com esses dois ♥ É demais para o meu coraçãozinho de manteiga *suspiros*

Espero que tenham gostado do capítulo e que estejam mega curiosossss. Pretendo fazer atualizações, no mínimo, semanais porém fico tão animada quando leio os reviews de vocês que posso até começar a postar mais *-* De verdade, reviews são o melhor combustível para a criatividade ♥ Por falar em reviews, juro que vou responder os que estão atrasados!!! É que eu realmente gosto de tirar tempo para ler e responder eles com carinho ♥

Enfim, espero que tenham gostado :) Até a próxima!



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