Janta escrita por Dark_Hina


Capítulo 18
Não existe um amanhã sem você




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/728266/chapter/18

Depois do que Lena falou fui até sua cama e me deitei calada, ela não tentou concertar nada do que havia dito ou feito. Fiquei calada por quase a tarde toda, deitada de costas para ela, e bom, ela não se importou muito. Quando a noite caiu, Consuelo foi até o quarto avisar que a janta seria entregue em alguns minutos e que, quando servida a mesa, ela iria embora. “Qualquer coisa, deixei o quarto de hóspedes preparado”, falou com um sorriso para mim.  Lena tinha o semblante fechado, mas não disse nada. Ela tinha passado a tarde dividida entre a televisão em alguma série aleatória e seu notebook, o silêncio era seu novo modo de combate.

Escutamos a janta chegar com o bipe do interfone, ela foi se levantando para receber e eu a acompanhei casualmente. Observei o entregador antes que ela abrisse a porta, aparentemente parecia tudo certo. Ela pegou as sacolas e era impressionante como ela não precisava pagar nada, o rapaz nem esperou ela fechar a porta para voltar ao elevador.

Na sala, a mesa estava posta para duas pessoas, fiquei com vontade de perguntar aonde o Bruce estava e porque diabos ele ia e vinha naquela casa como se fosse dele, mas contive minha língua felina e meus sentimentos ácidos em respeito ao atual estado de silêncio fúnebre que ela se encontrava. A questão era bem simples, Lena calada não me machucava tanto, talvez até ela mesma estivesse cansada de expelir tanto veneno, por mais que eu soubesse que ainda tinha muito ainda guardado.

Eu não percebi com quanta fome eu estava até sentir o cheiro da comida e começar a salivar. Nos servimos caladas e comemos ainda em silêncio. Ela, como sempre, comeu pouco, quando terminou, afastou a comida para perto de mim num sinal que eu deveria comer mais, apesar de que em nenhum momento olhou pra meu rosto. Ela levou seu prato até a cozinha e voltou de lá com uma garrafa de vinho aberta e uma lata de água tônica. Deixou os dois sobre a mesa e voltou a cozinha, saiu de lá com dois copos, um largo e fundo para mim, com gelo e limão siciliano e para ela uma grande taça de vinho.

—Tem mais na geladeira. – Ela disse seca. Não bebeu na minha companhia, pegou a garrafa e a taça que estava em sua mão e foi direto para o quarto. Assim que deu os dois primeiros passos na direção do corredor, ela se conteve e parou rapidamente, falou ainda de costas, sem olhar para mim. -Kara, no congelador tem sorvete. – Ela numa voz que não identifiquei o tom e voltou seu caminho para o quarto.

Eu comi o resto da janta sozinha, e eu poderia ter ficado mais triste se a comida não estivesse tão boa, eu obviamente não aguentava comer mais, entretanto a gula era algo impressionante. Peguei os pratos e os depósitos numa pilha e levei até a cozinha, deixando tudo na bancada ao lado de seu prato.

Fui até a geladeira considerando seriamente em tomar o sorvete, na frente dela havia um daqueles quadros de avisos divididos em dias da semana, tinha espaço para quatro semanas e por mera curiosidade eu resolvi dar uma olhada no que estava escrito. Era duas caligrafias completamente diferente, a primeira eu reconhecia como a de Lena e a segunda supus que era de Consuelo, eu não havia prestado atenção naquilo quando estive por ali mais cedo.

Eu fiquei meio chocada quando percebi quantas vezes se repetia meu nome, sempre na mesma letra de Lena. Eram frases rápidas como “jantar com Kara” ou “sorvete de Kara” ou “filme de Kara”, como se fosse um comunicação indireta entre elas ou como se fosse uma coisa que Lena gostaria que Consuelo fizesse. Toquei no quadro suspirando. Abri a porta do congelador e lá estava dois potes fechados do sorvete de morango e um do de chocolate. Peguei o de morango e fui procurando aonde estava a colher. A primeira colherada veio com urgência. Me deliciei levando o pote até sala e sentando na mesa limpa. O gosto do iogurte se misturando com o doce da fruta, era um festival de texturas.

Olhei para frente e não encontrei o sorriso dela me encarando encantada, nem sua mão cuidadosa limpando o sorvete na minha cara. O sorvete era muito bom, mas o real sabor vinha de sua companhia. De que adianta um sorvete italiano se a pessoa que manda busca-lo não está lá?

Terminei de tomar o pote e deixei as coisas na cozinha, depois segui para o seu quarto, imaginei que ela tivesse fechado a porta num sinal claro que, se fosse para eu dormir lá, eu já poderia me dirigir ao quarto de hóspedes. Mas, para minha surpresa, em contrapartida, sua porta estava aberta e ao seu lado na cama, sobre o travesseiro que fora minha companhia durante a tarde, pousava uma camisola branca, uma toalha, uma pequena sacola azul de seda e um lençol. Meus olhos arquearam surpresos.

Entrei no quarto sem que ela percebesse, estava concentrada demais no seu notebook, ela só veio se tocar da minha presença, quando fechei a porta atrás de mim em um baque.

—Isso é pra mim? – Perguntei ainda escorada na porta. Ela só levantou o olhar e confirmou com um balançar de cabeça.

Eu pensei nas possibilidades, em ir para casa, tomar banho e trocar de roupa, e voltar para dormir lá, no quarto de hóspedes... Suspirei, resignada, pegando as coisas ao seu lado na cama.

—Eu posso usar o seu banheiro? – Ela voltou a me responder com aquele vago balançar de cabeça, sem se dirigir diretamente a mim.

Quando entrei no banheiro observei as coisas que carreguei comigo, dentro da sacola encontrei uma lingerie de algodão, extremamente macia. Coloquei sobre o corpo assim que tirei minha roupa e, bom, me cabia, mas ficava grande. Lembrei remotamente do meu tato contra os contornos de Lena, o avantajado em seu quadril e fartura em seu busto, eu era muito mais reta que ela e bem mais musculosa, sua pele macia sem necessariamente ser flácida, era muito mais maleável que se encaixava muito bem nessas roupas que precisavam de curvas, Lena era involuntariamente sexy, sempre culpei a sua postura muito mais do que sua beleza física, se bem que era uma excelente combinação – Lena não precisa demonstrar que era bonita, porque ela já sabia disso, ela se comportava assim, de maneira que todos na sala sentiam quando ela se aproximava.

Entrei no chuveiro considerando se eu deveria ou não lavar os cabelos, olhei seus produtos no pequeno quadro de vidro dentro do box e quase tive um susto. Eu conhecia todos aqueles cremes de cabelo, eram de uma linha especial que a CatCo fez a cobertura do lançamento.  Lembro remotamente de meu choque na época porque só o shampoo custava um terço do meu salário. Pelo sim e pelo não, resolvi não tocar em nenhum daqueles cremes, e prendi meu cabelo em um coque.

Sai de lá com ela acompanhando todos os meus passos com o olhar, eu peguei o restante das coisas em cima da cama e fui saindo para o quarto de hóspedes – seja lá aonde ele fosse.

—Para onde você vai? – Ela perguntou com a voz entrecortada. Parei antes de chegar na porta.

—Dormir. – Ela bateu as palmas três vezes a iluminação do quarto e foi, a única luz presente era a que vinha da tela do seu notebook e lhe banhava o rosto. -O que? É pra eu dormir aqui? Não era você quem queria espaço?

Seus olhos voltaram para a tela, fugindo de mim. Seus dedos continuaram a teclar rapidamente.

—Eu não gosto de dormir sozinha, - ela falou daquele jeito recluso e indiferente - não é sempre que eu tenho companhia em casa.

Deu vontade lhe dar um bom sermão, se ela queria que eu lhe fizesse companhia não tivesse me tratado tão pessimamente como fez ao longo do dia. No mesmo instante parei e refleti sobre uma coisa.

—O Bruce dorme com você quando ele está aqui?

Ela ergueu seu olhar fulminante me encarando com um ligeiro tom de raiva

—Por que essa implicância com o Bruce?

—Não tenho implicância com ele, só curiosidade.

Seus olhos continuavam estreitos me encarando.

—Bruce não passa de um bom amigo, eu tenho uma dívida muito grande com ele.

—Por que você não conversa comigo e me conta? – Disse um pouco receosa, abraçando o travesseiro contra meu corpo, esperando que ela novamente voltasse a jogar pedras em mim. Ela tinha abaixado o olhar de volta ao notebook.

—Foi ele quem fez a articulação política e econômica para que eu ficasse a frente da LexCorp e pudesse transformá-la em L-Corp.

Por essa eu não esperava.

—Como assim?

—Apesar do Lex ser o CEO e ter as ações majoritárias, haviam várias cláusulas contratuais que ressarciam os demais acionistas com a baixa dos lucros depois dos escândalos. Sem o Bruce, com seu capital econômico e suas influências, quem teria ficado a frente da empresa seria um comitê de diligentes, alguns deles escolhidos pessoalmente pelo Lex, minha mãe também estava cotada. – Lena deu de ombros. – A única coisa que Bruce pediu em troca foram as pesquisas sobre energia alternativa, eu cheguei a pensar que ele as queria como um pagamento por sua ajuda, sinceramente eu não me importaria que fosse. Mas ele pagou um altíssimo valor pelas patentes e pelas clausulas de sigilo. Foi com esse capital que conseguimos administrar a mudança de Metrópoles para cá e reorganizar nossas linhas de pesquisa e produção. Bruce nunca foi menos do que um verdadeiro amigo e quando as coisas aconteceram com Lex ele foi o mais próximo que eu tive de um irmão, me ajudando a todo momento. Ele pode ser esse cara sedutor e misterioso, e eu fico até de certa forma lisonjeada por pensar que ele vive flertando comigo, mas não é realmente assim que acontece. Eu sempre vou vê-lo com o amigo que chegou na hora mais difícil.

Eu fiquei um pouco desconcertada com o que ela disse, só depois de ter falado aquilo tudo foi que ela levantou o olhar pra mim, parando de teclar, me procurando na escuridão, imagino que na expectativa para saber se eu ficaria no quarto ou não.

Eu exalei e refiz meus passos de volta para cama, me deitando ao seu lado, virada de banda, de frente para ela. Ela exalou ligeiramente aliviada e fechou o notebook, deixando-o a lado do criado mudo perto da garrafa e da taça de vinho, ambas vazias. Ela deixou seu corpo escorregar pela cama, ficando deitada e encarando o teto, mesmo no escuro poderia observá-la facilmente, e ela sabia disso, seus olhos corriam impacientes em suas órbitas como se sentissem que estavam sendo observados.

—Kara...?

—Sim...?

Ela também se deitou de lado, virada de frente pra mim.

—Kara...!

—Sim?!

Sua mão avançou sobre meu rosto tocando no contorno da bochecha se subindo por meus olhos.

—Você alguma vez já parou pra pensar o que teria acontecido naquela noite se não fossemos interrompidas?

—Lena...?

Senti minha respiração parar abruptamente com ela se aproximando de mim.

—Eu ia te beijar com seu gosto ainda na minha boca, nós iriamos vir pra cá... Eu te traria pra minha cama e aqui eu tiraria sua roupa, eu esperava te fazer gritar baixinho porque eu sabia que você teria vergonha de fazer um escândalo, eu ia olhar pro seu rosto, toda vermelha, toda suada e eu ia beijar cada parte do seu corpo. - A cada palavra que saia de sua boca o ar ficava rarefeito, eu sentia meu coração descompassar e um calor esquisito contraía fundo no meu ventre, ainda tinha aquela umidade que me desconcertava, me fazendo engolir a seco. Cale-se, cale-se, minha mente gritava com medo dos efeitos de sua voz sobre mim.. - Na manhã seguinte eu esperava acordar ao seu lado, em seus braços e fazer tudo de novo. Por que isso não aconteceu, Kara?

Quando eu comecei a ficar sufocada, sem ar, fugi de seus olhos lascivos, olhei desesperada para todos os cantos menos para ela. Todos os cantos, inclusive o criado mudo. Foi quando eu me toquei o que significava a garrafa e a taça de vinho vazias. Droga. A decepção me atingiu como uma paulada, e eu quase senti meu corpo curvar pela dor abstrata. Segurei seu rosto e beijei sua bochecha. Era por isso que ela estava falando aquelas coisas, era por isso ela me queria ali. Eu sabia que tudo que ela estava falando era dolorosamente sincero, ela estava privada de sua infalível racionalidade e por isso dizia aquela coisas aleatórias – sinceras, mas que jamais seriam confessadas ou explicadas em seu estado normal. Voltei a beijar sua testa e ela tinha calidamente os olhos fechados, sentindo aquele momento com a alma embriagada.

Do tempo que eu conheci Lena, nunca a vi beber para ficar naquele estado. Era comum ela levar vinho e tomar algumas taças enquanto comíamos. “Sinta pelo menos o cheiro do vinho”, ela pediu estendendo a taça, e eu, que nunca tive paladar para aquilo, dispensava educadamente, ela aceitava sem se sentir ofendida com recusa, com o passar do tempo parou inclusive de oferta-lo em respeito à minha caretice. Agora, em uma semana, praticamente todas as vezes que a vi, ela estava bebendo, quando já não estava completamente embriagada.

—Por Rao, como eu perturbei sua cabeça... – disse suspirando, ainda alisando seu rosto. -  Eu sinto muito por estar te fazendo passar por isso.

Ela me puxou na cama e rolou nossos corpos ficando por cima de mim, foi tão rápido que me assustei como gesto. Antes que eu pudesse processar uma reação ela ergueu-se na cama de joelhos com meu corpo entre suas pernas e começou a levantar o camisola beijando minha barriga.

Entreabri a boca procurando minha voz para manda-la parar. Mas a única coisa que eu achava era o sentir de seu toque, a maciez de sua pele contra a minha, os arrepios que ela me provocava subindo por minha espinha...  Droga. Eu era a criatura mais forte da terra, uma das mais poderosas do universo, como eu tão desesperadamente sucumbia ao seu toque?

—Le-Lena... – Chamei baixo com seus lábios subindo por meu tórax e indo de encontro ao meu pescoço. Ela tinha levantado a camisola de seda até a parte de cima dos meus seios, afastou facilmente o pano com a ponta dos dedos, mordiscando a carne clara dos mamilos turgidos. Eu arfei me debatendo conta a cabeceira da cama, lapidando o suporte de madeira. Merda!

Isso não pareceu incomodá-la pelo contrário, acredito inclusive que ela nem sequer percebeu. Tinha a cabeça e as mãos muito ocupadas por lá. Sua língua quente e impiedosa me fez reprimir um alto gemido, eu estava suando frio.

Novamente não protagonizávamos nenhuma daquelas cenas de amor dos filmes românticos, em seu lugar toda a divina conexão era preenchida com paixão e luxúria, naqueles beijos lascivos, naquele desejo latente... Talvez aquele fosse meu karma: uma história de amor pelos avessos, um amor embriagado que aconteceria no meio da raiva e sempre com a possibilidade de um final trágico.

Ela desceu seus beijos para meus quadris, se posicionando no meio da minhas pernas, levando para baixo a pouca roupa que eu vestia, jogando para o alto sem se importar aonde caia, ela ergueu minha pernas sobre seus ombros e eu literalmente cravei meus dedos no colchão da cama, com meu corpo todo tencionado com as investidas de sua língua.

Se eu tivesse só um pouco de amor próprio sem dúvidas eu não estaria tão entregue ao seu toque, tão rendida ao seu manejo do meu corpo, a habilidade de sua boca contra minha pele, ao efeitos do ébrio que lhe atingiam tão pesadamente. Mas... Por Rao, aquela mulher me tirava toda e qualquer lucidez.

—Lena... – Arfei no ímpeto de sua primeira estocada.

Ela chiou apaziguadora, beijando o interior de minhas coxas.

—Não sei se isso vai ser gentil, mas tentarei que seja doce. – Ela falou com um sorriso que blindou meu claro pensamento, tê-la de joelhos entre minhas pernas, alisando daquela maneira minhas curvas, tocando em todas as partes por dentro e por fora, com certeza não me permitia ter qualquer sensato pensamento.

A noite foi dolorosamente rápida, meu corpo caiu pesado sobre a cama. O colchão estava perfurado por minhas mãos e boa parte da sua estrutura estava comprometida. Lena se aninhou me meu peito desnudo envolvendo minha cintura com seus braços, usando meu ombros de travesseiro ela suspirava plena com os olhos fechados em um estado êxtase inominável, nesse meio tempo ela também tinha jogado os lençóis brancos sobre a gente, os panos macios caiam gelados sob nossa pele quente e suada. Minhas pálpebras pesavam do mesmo jeito que meu corpo e eu tive que me perguntar se eu já não estava dormindo, porque aquilo seria um bom exemplo de quão cruel minha luxuriosa imaginação poderia ser.

 

Na manhã seguinte ela acordou sobressaltada, era um bipe que tocava insistentemente, o quarto ainda estava completamente escuro, ela se levantou da cama num pulo procurando a origem do ruído. Ela cambaleou pelo quarto sem precisão nos passos, sem visão nítida de aonde se encontrava, embriagada dessa vez pelo sono. Eu me debrucei para o meu lado da cama, perto das minhas roupas e era meu celular que gritava nós duas. Já passavam das 9 horas e era a sexta ligação de Alex pra mim. Porra!

—Ei, Alex.

—Céus, Kara, aonde diabos você está?

—Eu estou com Lena, na casa dela, acabei adormecendo. – Eu escutei um fungar na linha e só depois eu repassei sua voz em minha mente percebendo que algo estava errado. – Aconteceu alguma coisa?

—Você pode vir aqui no DEO?

—Claro. – Disse num impulso, sem perceber que isso significava deixar Lena sozinha. Saí da cama sentindo minha pernas bambas, achando muito esquisito a falta de roupa.

Lena tinha voltado para cama, estava sentada com a uma expressão vaga, talvez incomodada pela certa ressaca que começava a consumi-la.

—Alex está me chamando, - minha voz saiu hesitante, dirigi meu olhar para ela, que se encontrava com os olhos fechados completamente enrolada nos lençóis da cama, como se tentasse voltar a dormir - o que você vai fazer agora de manhã?

Terminei de falar e ela demorou um instante para ter certeza que tinha escutado o que eu havia dito, ela se virou da cama para meu lado e abrir os olhos falou numa voz embargada pelo cansaço

—Eu deveria ir na L-Corp.... Ver o andamento de umas... alguma coisa?... Depois almoçar... E o jantar.

 Ela terminou de dizer com um bico, em uma voz fraca seguida de um bocejar. Eu sorri com sua expressão esgotada, tão preciosa.

—Você poderia ficar aqui? Eu não quero que isso te atrapalhe, mas me sinto mais confortável se você ficar por aqui até eu voltar. – Ela concordou com a cabeça e novamente me perguntei se ela tinha entendido o que eu havia dito. Em poucos segundos tomei uma ducha e vesti minha roupa de Supergirl, voltei para o quarto com ela quase adormecia. –Lena, querida, por favor, tem como liberar a janela? – Perguntei sem saber se ela ainda me escutava, ela levantou o braço molenga e deu três batidas na parede, novamente aquela engenhoca em seu quarto voltou a se mexer e as películas que deixavam seu quarto na escuridão foram recolhidas. Ela estava deitada contra as janelas e quando eu pensei que ela já estivesse voltando a dormir sua voz me parou.

—Kara?

—Sim? – Perguntei circundando a cama.

—Vem cá. – Parei olhando seu corpo deitado e voltei a contornar a cama. Parei a sua frente. – Vem cá! – Ela disse de novo. Eu me inclinei sobre ela e quando menos esperei sua mão veio direto em minha nuca puxando minha cabeça para ela, seus lábios vieram em seguida. Só foi um simples encostar, um toque desavisado que não teve nenhum tipo de desejo, nenhuma língua atrevida, nenhum sentido velado.

Seu corpo caiu logo em seguida, pronto para finalmente voltar a dormir. Eu sorri, ligeiramente feliz, indo até a janela.

—Eu já volto. – Disse numa promessa mais pra mim do que pra ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!