Inquebrável escrita por Larissa Carvalho, MorangoeChocolate


Capítulo 3
The Stranger


Notas iniciais do capítulo

Ooooi pessoaaaaaau! Tudubomm?!
Desculpem a demora pra postar, mas, eu e a Zozoy estavamos emboladas com a facul, masss, cá estamos nós! Espero que gostem, pessoas lindas!
Desculpem qualquer erro, estou postando pelo celular! Pra vcs verem, né! Kkkk
Mais uma vez, perdão pela demora, respondi a algumas pessoas que o cap. sairia antes, mas, infelizmente pelo motivo explicado, não saiu. Mas, agora saiu, raça! Aproveitem!



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— Bom, tudo indica que é apenas uma infecção de garganta, e gripe.– tirei o palito da boca da menina de olhos castanhos e fitei-o.– Ela nunca operou, não é?


— Não. – disse Dimitri, de braços cruzados. Ele ficava ainda melhor preocupado.


   Naquele momento eu soube que se esse homem fosse meu, eu o preocuparia todos os dias só para que ele fizesse esse olhar.


— O anti-inflamatório vai fazer essa mocinha aqui melhorar. O analgésico vai aliviar a dor e permitir que ela durma bem, e com o antitérmico que dei, a febre vai abaixar. – Sorri para a pequena, enquanto prescrevia a medicação em uma folha sobre a minha prancheta. – Oh, sim! – Disse em um leve sobressalto.- E claro, nada muito gelado ou muito quente, tente não falar muito, e, nesse frio, um pouco de repouso e cobertores quentes fazem bem. – Passei a folha para Dimitri e sorri de forma casta, tranquilizando-o.- Não se preocupe, siga tudo que esta na folha e ela ficará bem!


— Que bom. – disse ele, visivelmente mais relaxado, fitando-me.


   Olhei para a garotinha e sorri, ela me olhou como se eu fosse a pessoa mais incrível do mundo. Ela parecia com ele.


— Você é bonita. – disse ela.


— Acho que os analgésicos que dei para aliviar a dor estão fazendo efeito. – Ri fazendo piada, olhando para o Dimitri. Ele deu um rápido e pequeno sorriso. – Muito obrigada, pequena! Você que é uma gracinha! – Sorri para a menininha, de fato, era muito bonita.


— Ela não é bonita, tio?


— Tio? – perguntei, embasbacada pelo fato de como uma pessoa carrega uma filha no ventre por nove meses, pra criança vir cuspida e escarrada a aparência do tio! Revoltante! Apesar do tio ser um belo partido.


— Sim, ela está passando essa semana comigo enquanto a mãe trabalha.


— Nossa! – murmurei comigo mesma, admirada.


— O que? – perguntou, levantando o cenho.


— Você está mesmo me explicando algo? Achei que nem tivesse nome.


— Ahh.. Naquele dia...


— Não precisa explicar. – olhei para a garota e lhe estendi um pirulito do potinho em cima da minha nova mesa de trabalho. – Este é porque você se comportou bem e ajudou a tia fazendo um “A” bem lindo! – Ela sorriu largamente e com olhos brilhantes fitando o pirulito, o aceitando imediatamente.


   Olhei para Dimitri e lhe ofereci um pirulito, ele pegou-o fitando meus olhos, eu entendia o claro sinal de interrogação em seu olhar em mim e depois no coração vermelho feito de puro corante. Enquanto a menina balançava os pezinhos feliz com o seu pirulito, ele me olhava ainda com olhar interrogativo.


— E este é pra você ficar menos azedo. – falei, virando-me para sorrir para a garotinha pela última vez, me despedindo.


   Saí da sala com a minha prancheta, rindo internamente pela expressão de Dimitri com a minha última fala, mas não lembrei de ter sido a causadora da porta bater atrás de mim. Então, uma mão pegou em meu braço e virou-me com delicadeza, bom, quer dizer, com o máximo de delicadeza que ele conseguiu, afinal ele é da altura do muro de Berlim, principalmente perto de mim.


— Algum problema com seu pirulito, senhor Belikov? – perguntei, me lembrando do sobrenome que Alberta tinha mencionado.


— Na verdade... – Quase sorri com a expressão que ele fez ao me ouvir chamá-lo pelo sobrenome - O problema está com a minha nova vizinha. – disse ele. Dimitri ajeitou-se e olhou à nossa volta, mas ninguém parecia querer nos espionar. Ele sorriu do mesmo jeito de sempre, pequeno e rápido, pareceu meio sem graça e abaixou seu olhar para mim.


— Só acho que um pouco de gentileza não faz mal à ninguém, senhor Belikov. - Eu disse de forma irônica e pouco séria, porém com voz macia e suave. Dimitri ainda me fitava.


   Ele era uma pessoa fechada e aparentou não ser lá um grande fã de sorrir. Seus sorrisos, até então os que eu tinha visto, foram poucos, e sempre rápidos e pequenos. Eu também nunca fui lá uma pessoa fácil de lidar, sempre tive respostas na ponta da língua, mas, essa o Belikov brutamontes mereceu, vai!


— Sinto muito por aquele dia. – disse ele. Ele estendeu a mão, ainda sério e ajeitou-se. – Dimitri Belikov, como já sabe. Sou seu vizinho do 308.


    Sorri levemente e apertei a mão dele, e o mundo parou. Houve aquela necessidade de olhá-lo e pegar ainda mais em seu corpo. Algo passou dele para mim, e não foi o azedume. Era uma eletricidade que percorreu meu corpo e me deixou bamba. Sabe o efeito “pernas de gelatina”? Ah, qual é, Hathaway, você já saiu da adolescência!
No entanto, acho que não fui a única a sentir isso, porque depois de alguns segundos se olhando de um jeito esquisito no meio do hospital, ele soltou minha mão e pigarreou.


— Vejo você por aí, Hathaway.


   Ajeitei minha postura, ajeitando uma mecha de cabelo teimosa que caiu no meu rosto, e assenti de forma firme, enquanto ele voltava para sala. Apesar de ter me ajeitado para passar uma postura firme, não falei nada, não conseguia emitir nenhum som e muito menos questioná-lo por saber meu sobrenome, quando eu nem tinha falado meu nome direito. Após ele ter fechado a porta do quarto, me permiti piscar os olhos ainda atônita e ergui uma sobrancelha.


   Eu não sabia o que, quem ou como ele era, mas, se existia algo como uma segunda impressão, o achei... Enigmático.


   Rose detesta mistérios.


   Rose é muito curiosa.


   E, bem sabemos, a curiosidade matou o gato.

E eu não queria ser essa gata, não uma segunda vez.

                  ***
 

 Assinei meu ponto horas depois. Além da emergência da sobrinha de Dimitri, chegou uma outra criança com suspeita de apendicite e não foi tão simples de resolver.


   Joguei o copo do café fora e fui até minha sala novamente. O cheiro dele ainda estava lá. Um pós barba que nunca mais eu ia esquecer – tipo aquela eletricidade toda que houve quando ele me tocou.


   Era incrível como eu nunca liguei para namorados. Eu já tive meus momentos de loucura, como matar aula para pegar o quarterback na sala de leitura – mas nunca pensei em uma família, filhos e um cachorro. Eu só queria viajar e ficar de boa na minha profissão.


   Talvez isso tivesse mudado por poucos segundos quando Dimitri pegou na minha mão. Eu podia estar imaginando coisas como uma garotinha idiota que não tinha tempo para nada além de pensar na mãe que já falecera e tentar aprender a andar de bicicleta. Sacudi a cabeça. Deve ser o sono e cansaço do plantão. Ele é bonitão, apenas, isso, é isso.


   Bocejei e comecei a colocar tudo dentro da minha bolsa, até que algo tocou. Não era meu celular, porque aquela música dava vontade de chorar de tão ruim. Algo – mais ou menos – antes do muro de Berlim cair – o que me lembrou Dimitri.


   Olhei para o celular em cima da mesinha no canto, perto do pote de pirulito e fitei o aparelho, curiosa. Era um celular grande, preto e de tela fina, enquanto tocava, aparecia na tela a foto de uma mulher de cabelos pretos, olhos azuis e franjinha. Arqueei a sobrancelha direita levemente curiosa, mas decidi não pensar nisso, afinal, não era meu celular, não era da minha conta. Desliguei o aparelho e coloquei na minha bolsa. Eu não podia acreditar que Dimitri tinha esquecido o celular em minha sala, ele pareceu ser cauteloso e observador demais pelo o que pude observar. Como eu sabia que o celular era de Dimitri? Bom, acredito que a doce e preocupada senhorinha que chegou com sua netinha de 4 anos com suspeita de apendicite, não colocaria o crânio de uma caveira com uma faca atravessada como papel de parede do celular. E elas duas foram as únicas que entraram em minha sala além de Dimitri e a sobrinha.


   Peguei meu telefone e liguei para Cristian. Eu esperei por quatro Bips até ele finalmente me atender. Senti uma respiração pesada e irritada do outro lado, mas sorri mesmo assim.


— Hathaway... – começou ele. –Você ligou errado.


— Liguei não. – falei rindo baixo. – Eu preciso de um favor.


— E nem pergunta se eu estou bem. – falou, fingindo indignação.


— Ah, por favor... – comecei. – Você está ótimo. Está na cama com Lissa e ela deve estar dormindo.


— Tudo bem, já pode parar agora.– disse Cris. – Está me assustando.

— Vai me ajudar ou não? – perguntei.


— Vou. – disse ele, desgostoso. – O que quer?


— Me passe o endereço da delegacia? Acho que precisarei fazer uma visita lá amanhã.- O que não fazemos pra tentar ser gentis.



                ***


— Achei que não voltava mais para casa. – disse Lissa, ao me escutar bater a porta. Eu ainda estava com minha roupa de hospital e minha cara de cansada.


   Ela tinha uma calça jeans azul clara e uma regata branca, com um casaco de crochê por cima. Eu sorri e joguei a bolsa no sofá, fitando-a.


   Eu coloquei uma das mãos na cintura e respirei fundo cansada, massageando levemente a têmpora com a outra mão enquanto ela saía de trás do balcão. Dorzinha de cabeça chata, sempre que tenho plantão e bebo muito café, a danada aparece pela manhã, ou seja, sempre!


— Vou precisar sair novamente.


— Para aonde? – perguntou Lisa, encostando-se ao balcão. Eu levantei o cenho e tentei emitir algum som, mas Lissa colocou o pote que tinha na mão em cima do balcão e pegou um biscoito de chocolate, mordendo-o.


— O senhor armário ambulante esqueceu o celular no meu consultório, atendi a sobrinha dele ontem, e veja só, ele sabe falar! – Sorri irônica. – Vou tomar um banho pra evitar contaminação hospitalar e vou lá devolver o celular do nosso querido vizinho pé-grande, porque estão ligando pra ele, e eu quero me fundir com a minha cama de tanto dormir, sem interrupções e sem ter que atender alguém vitima de enfarto no hospital amanhã, por achar que aconteceu algo com o Belikov. - Disse pegando um analgésico no armário e colocando um pouco de água no copo.


— Coincidências demais, Rose.


— Será? - Disse terminando de engolir o comprimido - Não, ele foi um ogro no primeiro dia que me viu. E, parece ser muito fechado. Fora isso, estou bem em um relacionamento sério com a minha cama, e os cafés da Starbucks. - Lissa riu.


— Nunca se sabe, até que seria bom, senhorita viciada em trabalho.


— Ah, me deixe. –Disse rindo.


   Lissa deu de ombros com uma risada, conhecia aquele olhar.


   Ela já fazia suas apostas.


  Eu, sinceramente, achava perda de tempo.


   Sorri para ela e sai da sala balançando a cabeça negativamente.


   Fui para o meu quarto, tomei um banho demorado, enquanto meu estômago roncava por comida ou qualquer coisa com maior consistência e valor calórico do que apenas alguns copos de café.


   Coloquei uma meia calça preta grossa, um vestido preto pouco justo ao corpo, de mangas longas, de tecido grosso que ia até o meio das coxas. Calcei um salto social de bico fino preto  com tiras com tachinhas como um valentino, passei perfume e deixei meus cabelos caírem como cascatas em seus cachos nas minhas costas. Vesti meu sobretudo vermelho escuro de botões pretos e faixa também vermelha na cintura como um tipo de cinto de tecido, com fivela vermelha da mesma cor do sobretudo e do mesmo material que os botões, abotoando-o completamente e fechando a espécie de cinto, o sobretudo ia até um pouco abaixo do vestido. Passei um hidratante labial, afinal, nesse frio de 2 graus. É, o tempo aqui esta congelando agora, nem parece que ainda ontem fez sol pela tarde, chegou o inverno e foi uma mudança brusca de temperatura.


   Peguei minha bolsa preta e as chaves do carro. Lissa estava vendo televisão e eu sorri ao abrir a porta e passar por ela. Lissa tinha razão na maioria das vezes, mas dessa vez eu esperava que ela estivesse errada, mesmo que um pequeno pedaço de mim desejasse que ela realmente acertasse mais uma. Ele é um gato, mas, estou bem sem dores de cabeça à mais.


   Comprei rosquinhas no caminho e comi parada na porta da delegacia. Cristian estava fora no momento, mas, tinha avisado ao cara da recepção que eu passaria por lá.


     O cara, que a propósito se chamava Carl, era o típico policial gorducho que adorava rosquinhas. Soube disso pois ele secava minha rosquinha na maior cara de pau.


     Carl me pediu para esperar na sala do Belikov, avisando-me que ele já chegava. O gordinho bigodudo me levou até lá e saiu.


     A sala tinha cheiro daquele pós barba e eu sorri por isso. Caminhei pela sala e observei uma parede com um diploma e também alguns troféus nas prateleiras. Observei tudo, admirada, é, o cara parecia ser bom em tudo o que fazia.

Caminhei ouvindo o barulho oco dos meus saltos pelo chão de assoalho encerado e impecavelmente limpo, até umas cadeiras em um canto meio escondido ao lado da porta. Sentei-me, cruzando as pernas de forma confortável para checar algumas mensagens no meu próprio celular.


     Cinco minutos depois, ouço o barulho da maçaneta girar, e sinto o cheiro do pós-barba ficar mais forte, e o som de passos pesados sobre o assoalho.

Levantei o cenho, ele ainda não tinha me percebido. Parecia cansado e tinha a arma presa ao cinto, com uma calça jeans escura e uma blusa social preta de botões e o colete grosso do FBI com distintivo. U-a-u... É, devo admitir, o Belikov realmente não é nada mal. Mas, ainda sim, prefiro continuar na minha.


— Quero saber tudo dela. – dizia ele ao telefone fixo móvel. - Quero origem do sobrenome, pai, mãe, escola que frequentou, amigos... Tudo.


— Rosemarie Hathaway, certo? – Pude ouvir, o som do telefone era alto e a sala, silenciosa.


— Isso. – disse Dimitri.


    Ri baixo, de braços cruzados, atraindo a atenção de Dimitri para mim.


— Acho que perguntar a mim seria uma boa alternativa, Belikov. – falei, com as sobrancelhas levemente arqueadas, sorrindo para o moreno.


— Rose. – disse ele, fitando-me. Sua expressão parecia a de uma criança travessa sendo pega em flagrante pelos pais.


— Olá, camarada.


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Notas finais do capítulo

Eeita, que a coisa não parece legal pro lado do nosso querido armário Belikov! Heheh
Foi pego, camarada! Essa Rose também parece ser osso duro de roer! Oh bichinha dificil! Hahaha! Espero que tenham gostado, pessoal! E não vou dar palhinha, pq amanhã mesmo eu e a Zozoy estaremos montando o próximo pra postar!

xx

Strawberry



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